Ao chegar ao hotel, pagou a corrida e entrou no prédio.
Preocupada com o ocorrido, preparou-se para dormir, mas ao deitar-se na cama, não conseguiu dormir. Impressionada com a ousadia de Handolph, no dia seguinte, ao entrar em contato com a portaria do hotel, pediu ao gerente para que passasse instruções aos funcionários para que Handolph fosse impedido de adentrar as dependências do mesmo enquanto ela estivesse ali hospedada.
Cumpridas as ordens, Handolph não pôde mais se aproximar da moça.
Herman, porém, ao contrário de Handolph, continuava se encontrando com Eleonora.
Eleonora contudo, temendo que a história se repetisse com ele, comentou que nos próximos dias estaria de partida e assim, não poderiam mais se encontrar.
Herman, ao perceber que agora a despedida era definitiva pediu novamente para que ela passeasse com ele no boulevard.
Assim, mesmo quando ela fosse embora, ele a teria sempre por perto em suas lembranças.
Eleonora, ao ouvir o comentário, sorriu.
Depois, dizendo que quando ele encontrasse uma pessoa especial ele se esqueceria dela, ouviu como resposta, que ele nunca se esqueceria dela.
Eleonora achou graça nas palavras do rapaz. Contudo, diante da insistência acabou concordando com seu pedido.
E assim, finalmente numa tarde dessas, a moça seguiu com ele até o boulevard.
Lá, como ela fizera diversas vezes com Handolph, tomaram café, compraram jornais e revistas, e depois, avistando um fotografo, os dois tiraram vários retratos juntos.
Herman, encantado com a moça, prometeu guardá-los todos.
Eleonora então, despediu-se dele e retornando ao hotel, preparou suas malas.
Arrumando tudo com o maior cuidado, já estava pronta para partir.
Ansiosa, já havia até colocado suas malas no carro.
Não fosse Handolph aparecer furioso, Eleonora teria conseguido fugir.
Mas o rapaz, ao descobrir que o insucesso de sua empreitada se devia a ela, começou a fazer um escândalo e puxando-a para longe dali, jogou-a dentro de um táxi e levou-a dali.
Enfurecido, Handolph trancou Eleonora num quarto e dizendo que eles tinham contas a acertar, jurou que ela pagaria muito caro pelo que havia feito.
A moça ao ouvir as palavras do moço, esperou pelo pior.
Nisso Herman, sabendo que ela estava de partida, resolveu tentar se despedir novamente.
Porém, qual não foi sua surpresa ao saber do ocorrido.
Preocupado, o rapaz tratou logo de pedir ajuda. Assim, foi questão de tempo para que ele conseguisse localizar a ambos.
Enquanto isso, Handolph tomado de um ódio repentino de Eleonora, comentou que acabou ligando as coisas, ao constatar que ela sempre tivera curiosidade com relação ao seu trabalho.
Foi desta forma que Handolph chegou a conclusão, que ela poderia estar envolvida com o insucesso dos seus planos.
O rapaz, dizendo que aquele era o único fornecedor que estava disposto a vender as matérias-primas, comentou que perdeu muito dinheiro com aquela história. Aborrecido, o rapaz comentou que até esclarecer o mal entendido e voltar a trabalhar com o estrangeiro, levaria muito tempo, e assim não poderia ajudar no esforço de guerra como queria.
Eleonora, tentando despistar, comentou que não estava entendendo o que ele estava querendo dizer com aquilo.
Handolph, irritado com a atitude de Eleonora, desferiu um soco em seu rosto.
Eleonora, com o impacto soco, virou o rosto para trás. Depois colocando a mão na boca, percebeu que a pancada ocasionou um corte.
A moça, então, pegou um lenço para limpar o corte.
Handolph, ao ver a cena, comentou que aquele era apenas o começo.
O rapaz, revoltado, começou a falar sem parar.
Chamando-a de mentirosa e leviana, Handolph fez questão de deixar bem claro que ela pagaria muito caro por tudo o que havia feito.
Eleonora só ouvia.
Nisso, Herman, com a ajuda de alguns amigos, ao chegar no lugar onde Eleonora estava presa, arrombou a porta e entrando na casa, e depois de passar algum tempo procurando pelos dois, acabou encontrando-os numa sala.
Herman ao ver os dois juntos, pediu para que o amigo não fizesse nada sem pensar.
Handolph que até então estava voltado para a moça, olhou para Herman e dizendo para que ele não se intrometesse, apontou uma arma em sua direção.
Eleonora então, percebendo o perigo, pediu para que ele fosse embora.
Herman, ao ver que Eleonora não podia se defender, respondeu firme, que não sairia dali.
Handolph, irritado com a teimosia do amigo, resolveu então lhe contar tudo o que ela havia feito. Dizendo que ela era uma espiã e que só havia se envolvido com eles para descobrir informações úteis para ela, o rapaz deixou bem claro que desejava vê-la morta.
Herman, atarantado com a revelação, sem acreditar nas palavras do amigo, perguntou a moça se era verdade tudo o que Handolph havia dito.
Eleonora, percebendo que não adiantava mentir, assentiu com a cabeça concordando.
Herman ficou desapontado.
Por um instante, concordando com o amigo, chegou a pensar que o melhor a fazer seria matá-la.
Mas depois de alguns instantes, pensando em sua vida e em tudo de bom que ela havia proporcionado a ele, Herman, que estava interessado nela, resolveu reconsiderar.
Handolph, observando o comportamento do amigo, por um instante chegou a acreditar que ele o apoiaria em seus planos.
Contudo, Herman, tomado de um ímpeto, lançando-se em direção a Handolph, revelou que não o deixaria executar seus planos.
Handolph, percebendo que o rapaz investia contra ele, resolveu atirar. Não fosse sua pontaria ruim, e certamente o teria atingido.
Herman ao se aproximar de Handolph tomou sua arma, e em seguida, pediu para que Eleonora saísse dali.
A moça atendeu o pedido do rapaz.
Voltando ao hotel, vendo um táxi na porta, entrou e sem nem se preocupar com suas malas, partiu. Saindo da Riviera, parou na cidade mais próxima e pegando um trem, viajou para bem longe dali.
Foi assim que Eleonora escapou.
Nisso, conforme as coisas foram se acalmando, a moça tomando coragem, escreveu uma carta agradecendo a ajuda de Herman.
O rapaz a leu.
A carta trazia a seguinte mensagem:
‘Caro Herman.
Gostaria de ter me despedido, mas, diante das circunstâncias, que você bem o sabe, não foi possível. Muito embora tenha me ajudado, seu perfeitamente que eu te enganei e o prejudiquei. Saiba porém que o fiz pensando em um bem maior que você provavelmente ainda não viu.
Sinto por isso.
No entanto, ainda que estejamos em lados opostos devo-te minha vida. Obrigada.
Não fosse a sua galhardia e destemor, hoje eu não poderia escrever-te esta diminuta carta.
Obrigada por tudo.
Eleonora.’
Herman ao ler o conteúdo da mensagem, tentou por diversas vezes verificar nas entrelinhas, se havia alguma mensagem.
Muito embora estivesse magoado com a moça, não gostava da idéia de que nunca mais a veria.
E assim, embora tivesse um pouco de raiva dela, guardou com todo o cuidado as fotos que tiraram. Como prometido ele nunca se esqueceria dela.
Eleonora, ao desempenhar sua missão, foi bastante elogiada pelos chefes da organização.
Como prêmio pelo sua contribuição valiosa para o bom desempenho da missão, Eleonora poderia finalmente gozar de suas merecidas férias.
A moça, ficou profundamente agradecida, mas dizendo que o dever era mais importante que o descanso, pediu para ser designada para uma nova missão.
Assim foi feito.
Foi assim que corajosamente, infiltrada entre os oficiais nazistas, Eleonora conseguiu novamente, resgatar judeus que haviam embarcado como prisioneiros em um trem.
Usando de artimanhas, unida a um grupo de agentes, simulou uma invasão.
Durante a missão, os passageiros da primeira classe nem perceberam o que se passava. Somente os oficiais nazistas que guardavam os vagões dos judeus foram atacados.
Pegando os oficiais desprevenidos, soltaram os prisioneiros e usando de auxílio externo, pararam o trem e conduzindo os prisioneiros para longe dali, conseguiram levá-los para outros países.
Bem sucedida a operação, mais uma vez Eleonora recebeu congratulações.
E novamente ela estava disposta a se aventurar em mais uma missão.
Assim, terminou mais uma fascinante história.
Na rádio, os locutores disseram: ‘E assim, terminam as aventuras de nossa charmosa espiã. Aguardem nas próximas semanas mais uma emocionante história. Um homem, uma cidade...’
Clarissa ao terminar de ouvir a rádio-novela, desligou o rádio.
Cansada de ficar em casa aguardando as últimas decisões de Bruno, a garota resolveu contatá-lo. Dizendo que estavam há muito tempo parados, a moça disse que já estava na hora de agirem.
Bruno, percebendo então que já haviam ficado muito tempo parados, concordou. Sim, já estava mais do que na hora de voltarem a agir.
E assim, ao término da algumas semanas o grupo voltou a se reunir.
Animados, trataram de confeccionar uma nova edição para o jornal.
O jornal ‘Revolução Fabril: A Voz do Operário’, tinha que voltar a circular.
E assim, todos se puseram a trabalhar.
Clarissa, para sua satisfação, finalmente pôde escrever. Empolgada, colocou toda a sua emoção no texto que redigiu com todo o cuidado.
Depois de dois dias, com o texto pronto, foi levá-lo para ser aprovado por Bruno. O rapaz, dizendo que estava ótimo, comentou que ela era sabia melhor do que ninguém o que estava bom e o que não estava, assim não precisava pedir sua autorização para publicar nada do que quisesse.
Clarissa tratou de imediatamente levar o artigo para a prensa.
Os demais redatores então, ao terminarem seus textos foram logo levá-los para que Clarissa os lesse. A moça, percebendo que os mesmos podiam ser publicados, autorizou os demais integrantes do grupo a imprimirem os artigos.
Assim, foi questão de tempo para que o jornal voltasse a circular e causasse mais alvoroço pela cidade.
Os empresários, ao lerem as matérias do jornal, não gostaram nem um pouco de saber que os operários não haviam desistido.
Muito embora tivessem ficado um longo tempo sem circular, na sua segunda edição as matérias do jornal causou ainda mais furor.
Mesmo que os empresários se referissem a ele como jornaleco, o certo é que ‘Revolução Fabril: A Voz do Operário’, estava tirando a tranqüilidade de todos aqueles homens de negócio.
Contudo, mais irritados do que antes, os empresários começaram a agir.
Com o auxílio da polícia, foram vasculhados todos os ambientes suspeitos de atividades subversivas.
No entanto, apesar dos policias terem descoberto o local das reuniões e destruído todo o maquinário que os operários utilizavam, os mesmos não conseguiram arrefecer seus ânimos.
E assim os operários, ao verem a destruição no galpão, percebendo que precisavam tomar medidas drásticas, resolveram enfim, realizar uma greve na fábrica.
Bruno, preocupado com a segurança dos operários decidiu realizar a reunião longe dali.
Clarissa, percebendo a exaltação de ânimos, pediu a todos os operários para que se acalmassem.
Afinal de contas, se ele havia dito que a reunião não poderia ser realizada ali, era por que, em razão da destruição do maquinário, certamente os policiais, sabendo que eles se reuniam ali, só estavam esperando o momento oportuno para pegá-los.
Assim, quando todos ouviram as palavras da garota, percebendo então que todo o maquinário que possibilitava a impressão do jornal fora destruído, concordaram em sair dali, e aguardando novas decisões, esperariam para pôr o plano de fazer greve em prática.
Para não levantarem suspeitas, os operários foram saindo pouco a pouco do galpão.
Por fim, Clarissa e Bruno, vendo que todos já haviam saído, resolveram também sair.
Quando saíram da velha fábrica, por pouco não foram pegos pelos policiais.
Isso por que, dois pastores alemães, rondando o local, logo notaram que havia pessoas por ali.
Clarissa ao ver os dois cachorros se aproximando, perguntou a Bruno, o que fariam.
O rapaz, ao ver os cães se aproximando, puxou Clarissa pela mão, e mandando-a segui-lo, encaminhou-se para a outra saída.
Clarissa que não viu nenhuma saída, estranhou a atitude do rapaz, mas este, ao levantar uma tábua solta, ensinou a rota de fuga para Clarissa. Lá, como havia imaginado, não havia ninguém esperando por eles.
Saída perfeita.
Clarissa e Bruno, ao se verem longe da confusão, até riram do incidente.
Contudo, a moça percebeu que não fosse a presença de espírito do amigo, certamente os dois estariam presos.
Bruno no entanto, comentou que não fosse ela tê-lo avisado, os dois teriam sido pegos de qualquer jeito.
Clarissa contudo, agradeceu o amigo, e despedindo-se dele, voltou para casa.
Lá mais uma vez Raquel inquiriu querendo saber onde ela havia estado.
Mais uma vez a moça disse que ficara fazendo serão.
Raquel que já conhecia a história, tornou a ficar preocupada. Contudo, como não tinha como controlar a sobrinha, a mulher resolveu deixar a questão de lado. Dizendo que não sabia o que fazer, falou que deixaria tudo nas mãos de Deus.
Bartolomeu ao perceber a preocupação de Raquel, resolveu conversar com Clarissa.
Chamando a atenção para o fato de que Raquel estava muito preocupada com ela, Bartolomeu pediu para que ela não voltasse mais tão tarde.
Clarissa dizendo que não podia prometer algo que não podia cumprir, deixou Bartolomeu igualmente preocupado.
E assim a moça, decidida a lutar pelo que acreditava, continuou a deixar seus tios cada vez mais preocupados.
Isso por que, cada vez mais ausente, nos últimos tempos, só preocupava em se ocupar dos detalhes da greve que realizariam. Visando captar o maior número de adeptos, Bruno e Clarissa não mediam esforços. Por isso mesmo, diversas vezes os dois foram vistos fazendo discursos para arregimentar forças para a luta.
Dizendo palavras de ordem, os dois tentavam a todo custo convencer os operários que aquela luta não era de um ou de outro, mas sim de todos eles, e desta forma arregimentavam até mesmo os corações mais empedernidos.
Contudo, nem todos os operários estavam convencidos de que esta era a melhor solução e temendo represálias, alguns resolveram desistir de participar da greve.
Clarissa e Bruno no entanto não se deram por vencidos.
Tentando a todo custo convencer a todos de que aquela luta era importante e que não podiam temer nada, ainda assim nem todos aderiram a idéia.
Contudo, diante do enorme quadro de pessoas que aceitou integrar o movimento operário, havia gente mais do que suficiente para fazer pressão no dono da fábrica.
Assim, nos dias que se seguiram, os operários, reunidos em outro local, combinaram com detalhes quando e como se desenrolaria a greve.
Preparando faixas e cartazes, os operários estavam prontos para fazer um grande barulho. Dispostos a acabarem com o despotismo dos patrões, os mesmos não tinham a menor idéia das proporções que aquela greve tomaria.
Isso por que, quando chegou o dia combinado, em que finalmente ocorreria a greve, os operários, munidos de faixas, cartazes e todo o mais necessário para mostrarem que não estavam brincando, postaram-se diante dos portões abertos da fábrica e não entraram.
O dono da fábrica percebendo que os operários estavam medindo forças com ele, ficou profundamente irritado. Contudo, não deixou por menos.
Dizendo que não podia deixá-los tomar conta da situação, tratou logo de chamar a polícia.
Sim por que, se ele não podia resolver tudo sozinho, os policiais certamente podiam.
E assim depois de meia-hora diante da fábrica, os operários, aguardando os últimos acontecimentos, pacientemente esperaram que o dono da fábrica se apresentasse diante deles para discutirem suas reivindicações.
No entanto, o que eles menos esperavam aconteceu.
Os policiais chegando até lá com patrulhas, avançaram contra os grevistas.
No meio da confusão a massa se dispersou.
Houve tiros, manifestantes que enfrentaram a policia foram agredidos e no fim da confusão, alguns manifestantes, sem terem como fugir, foram pegos. Bruno e Clarissa estavam entres.
Levados até a delegacia, logo foram apontados pelos outros presos como os líderes do movimento grevista.
Bruno ao ser delatado, contou ao delegado que Clarissa não tinha nada a ver com aquilo, e pedindo para que ela fosse liberada, alegou que ela só estava no meio da confusão por que estava passando por ali.
O delegado ao ouvir a história, começou a rir.
Depois visivelmente irritado, perguntou ao rapaz se ele tinha cara de idiota.
Bruno tentando desconversar, respondeu:
-- Desculpe. Eu não entendi o que o senhor perguntou.
O delegado, que já estava impaciente, mandou então levar os dois para a cela.
Bruno percebendo que não convencera o delegado, gritou pedindo para que soltassem Clarissa.
O homem, irritado com a balbúrdia que o rapaz estava provocando, mandou que o guarda lhe desse um recado: Ou ele se mantinha calado, ou então as coisas iriam ficar muito ruins para ele.
Depois que ele foi levado para sua cela, um outro policial, foi logo levar o recado ao preso.
Bruno então se calou.
Nisso chegaram os outros prisioneiros. Entre eles, estavam os delatores.
Alguns dos presos, fiéis a Bruno, não gostaram nem um pouco de saber que ficariam na mesma cela que notórios traidores da causa.
Contudo, não podiam fazer nada para impedir.
Nisso, conforme a noite caía e as horas passavam, Raquel e Bartolomeu, percebendo que Clarissa não voltava, começaram a ficar preocupados.
Porém, sabendo que ela costumava demorar para voltar para casa, os dois resolveram esperar mais um pouco.
Esperaram tanto que um novo dia surgiu.
Todavia, nada de Clarissa aparecer.
Preocupados, os dois foram até a tecelagem onde a moça trabalhava, e ao lá chegar, descobriram que no dia anterior houve uma grande confusão em frente o portão da fábrica e enquanto a questão não se resolvesse, os portões da mesma não seriam abertos.
Raquel, ao ouvir as meias-palavras do porteiro, percebeu tudo o que se sucedera ali.
E mesmo sem ter certeza que a sobrinha estava envolvida na confusão, a mulher pediu ao irmão para que a levasse até a delegacia.
Bartolomeu também preocupado com o sumiço de Clarissa, tratou de levar a irmã até lá.
Ao chegarem na delegacia, o escrevente, dizendo que o delegado não atenderia ninguém, recomendou aos dois que retornassem a delegacia no dia seguinte. Raquel ao ouvir o escrevente tentou argumentar, mas o homem irritado, respondeu:
-- Ô mulher. Não ouviu o que eu disse? O delegado está ocupado.
Bartolomeu, ao notar que Raquel estava nervosa, puxou-a pelo braço e levando-a para fora da delegacia, prometeu a ela que voltariam no dia seguinte.
Raquel tentou convencer Bartolomeu a conversar com o escrevente.
Ele no entanto, dizendo que precisavam falar com o delegado, alertou a irmã de que não adiantaria gastar saliva com o escrevente. O certo seria aguardar e esperar para falar com o próprio delegado.
Sim, por que falando com ele, certamente saberiam se Clarissa estava lá ou não.
Enquanto isso, Bartolomeu, aventando a possibilidade de ter ocorrido o pior, falou com a irmã, que precisavam percorrer os hospitais para saber se ela não estava ferida.
Raquel ao ouvir as palavras do irmão, começou a chorar. Porém, ciente de que ele tinha razão, resolveu acompanhá-lo.
Bartolomeu tentou convencer a irmã a ficar em casa, mas ela dizendo que não iria conseguir ficar calma, teimou em ficar com ele.
E lá se foram os dois. Percorrendo os vários hospitais da cidade, descobriram que Clarissa não havia sido internada em nenhum deles.
Mais tarde visitando o Instituto Médico Legal, também constataram que a moça, para alívio deles, não estava lá.
Diante disso, Clarissa só poderia estar presa.
Muito embora essa não fosse a melhor notícia do mundo, saber que ela estava viva e bem, era reconfortante para eles.
Contudo, a moça não passaria incólume pela cadeia.
Isso por que, o delegado sabendo que havia outras pessoas envolvidas na confusão, começou a pressionar os dois para que revelassem o nome dos demais responsáveis.
Como Bruno e Clarissa diziam que eles haviam sido os únicos mentores da idéia, o delegado ficou irritado.
Acreditando que havia muita gente envolvida, ele queria saber os nomes.
Como porém, nenhum deles passava as informações que ele queria ouvir, tanto Clarissa como Bruno sofreram horrendas torturas.
Muito embora Bruno tenha tentado proteger Clarissa, a moça percebendo que não tinha como esconder sua responsabilidade por tudo o que havia ocorrido, destemida, resolveu assumir sua participação em tudo.
Bruno ao constatar que Clarissa não se escondera, nem negara nada do que era acusada, tentou ralhar com ela, mas ela decidida, respondeu-lhe que não tinha por que se arrepender de nada que fizera.
Bruno ficou orgulhoso da moça ao ouvi-la dizer isso.
No entanto, a moça assinou sua sentença ao proferir essas palavras.
O delegado, sabendo da atenção que Bruno dedicava a ela, aproveitando-se disso, usou a moça como arma.
E assim, torturando-a na frente do rapaz, fez com que ele revelasse os nomes dos demais participantes do movimento operário.
O delegado no entanto, só resolveu usar a moça, depois que percebeu que não importava o que fizesse, o rapaz nada falaria.
Contudo, foi só envolver Clarissa na história para ele revelar tudo o que sabia.
Esse golpe foi duro para ele. Isso por que ele, ao entregar seus amigos, seus companheiros, estava traindo a causa. Tal fato era indefensável para ele. Mesmo tendo que fazê-lo para proteger uma amiga, ele nunca se perdoaria por isso.
Clarissa combalida, depois de muito apanhar, nem sequer imaginava o que se passava com Bruno.
Enquanto isso seus tios, preocupados com seu sumiço, ao descobrirem que ela estava presa, fizeram de tudo para tirá-la da prisão.
Contudo, não foi nada fácil libertá-la.
O delegado estava determinado a dar uma lição nos baderneiros.
No entanto, depois que Raquel conseguiu levar o caso para os jornais, o delegado acabou libertando a moça.
Contudo, quando Raquel falou nisso pela primeira vez, o delegado rindo, comentou que era o presidente quem controlava os jornais. Assim, só seria publicado o que ele quisesse.
Raquel percebendo o desdém da autoridade, comentou que havia um jornal que aceitaria publicar a história.
O homem então, percebendo que Raquel não estava brincando, resolveu colocá-la a prova.
A mulher aborrecida, pediu para que ele aguardasse.
Determinada, Raquel, sabendo que havia um jornal clandestino que publicava matérias contra o governo, resolveu denunciar o que vinha acontecendo.
Os jornalistas, comprometendo-se a publicar a matéria, trataram logo que a mulher saiu do local, de averigüar a autenticidade da informação.
Quando descobriram que a notícia era verdadeira, trataram de publicá-la. E assim, um jornal operário, de pequena circulação, ao parar na porta das casas das melhores famílias de São Paulo, acabou por causar uma grande comoção.
O delegado, ao saber disso, passou a ameaçar a mulher.
Mas Raquel dizendo que não tinha medo dele, comprometeu-se a fazer um acordo com ele. Se o mesmo soltasse sua sobrinha, nunca mais ele ouviria falar dela.
O homem, sem ter alternativas, acabou concordando.
Mandou aos policiais que libertassem a garota.
Mas Clarissa dizendo que não podia sair sem seu amigo, recusou a liberdade.
Somente depois do delegado concordar com sua soltura, a moça concordou em sair dali.
Incomodado com a situação o homem pediu para os três nunca mais aparecessem em sua frente.
Clarissa, ajeitando sua boina, tratou de sair dali.
Triste, passou muito tempo sem vontade de nada.
Trabalho para ela era, passou a ser só para ajudar a família.
Raquel ao vê-la sem ânimo e sem coragem, resolveu contar a história de seu pai.
Clarissa, mesmo desalentada, parou um instante para ouvir.
Sua tia contou então, que quando ela ainda era muito pequena, ele partira para lutar na Revolução de 1932. Segundo suas palavras, lá ele lutou. Lutou duramente. Lutou bravamente. Contudo, a certa altura do confronto, alvejado pelos inimigos, foi atingido por vários tiros e acabou morrendo no campo de batalha.
Clarissa ao ouvir isso, ficou comovida com a história.
Raquel então, ao observando o semblante da moça, comentou com ela que apesar de tudo o que se passara, ela ainda tinha a oportunidade de escolher. Escolher entre viver do passado, vagando com uma sombra ou então tentar construir um futuro.
Clarissa ao ouvir as palavras da tia, perguntou a ela que futuro podia ter. Dizendo que não havia esperança, comentou que tudo o que acreditara até então ruíra, e que não havia mais nada em pudesse colocar sua fé.
Revoltada, a moça chegou a perguntar:
-- De que adiantou eu ter chegado até aqui? Nada valeu a pena. Nada mudou. Nada vai mudar.
Ao proferir essas palavras, Clarissa conseguiu atravessar o coração de sua tia com a mesma precisão de uma flecha.
Isso por que a pobre mulher ao ver a sobrinha naquele estado lastimável, não sabia mais o que fazer. Desde que a mãe de Clarissa morreu, era ela quem cuidava da garota, com o mesmo desvelo de uma zelosa mãe.
Todavia, por mais que se esforçasse, sabia que nada a seguraria ali por muito tempo. Sentindo que o melhor seria libertá-la, Raquel falou que se ela não se sentia feliz ali, ela deveria buscar a felicidade que estava procurando.
Dito isto, foi preparar o almoço.
Nisso, Bruno, amargurado com o que tivera que fazer, depois de ser liberado pelo delegado, resolveu se afastar da luta operária e indo para longe dali, por pouco quase não se despediu de Clarissa.
A moça porém, ao saber de sua partida, foi logo se despedir do amigo. Não fosse um colega da fábrica avisá-la e o moço teria partido sem se despedir dela.
Clarissa então ao saber da partida do amigo, foi até seu encontro.
Correndo muito, – pois Bruno estava prestes a partir – finalmente depois de passar por ruas e mais ruas, finalmente encontrou o lugar onde o rapaz morava.
Bruno, segurando uma mala em uma das mãos, estava pronto para partir.
Clarissa ao vê-lo de partida, comentou decepcionada:
-- E você nem ía se despedir de mim!
Bruno ao perceber o desapontamento da amiga, pediu-lhe desculpas, mas dizendo que precisava partir, achou melhor não encontrá-la para se despedir, ou acabaria desistindo.
Clarissa, surpresa com a resposta, perguntou:
-- Então! Por não fica?
Bruno sorriu.
E assim, dizendo que se sentia culpado por tudo de errado que fizera, contou a ela que apesar de ter delatado os companheiros de luta para ajudá-la, nunca se perdoaria por isso.
Clarissa tentando consolá-lo comentou que ele não devia se sentir culpado por isso.
Afinal de contas, se ele havia feito isso para ajudá-la, não havia feito por mal. Ademais se havia alguém que era responsável por tudo o que esses homens suportaram, esse alguém era ela.
O rapaz contudo, discordou, e dizendo que eles entenderam a razão de tudo o ele fizera, disse ela para que não se culpasse por nada.
Clarissa, ao ouvir as palavras de conforto do amigo, comentou:
-- Eu queria consolá-lo e quem acaba sendo consolada sou eu.
O rapaz ao ouvir essas palavras, abraçou-a.
Bruno dizendo que não voltaria mais, sugeriu que a amiga fizesse o mesmo.
Clarissa triste, prometeu que pensaria.
E assim os dois se despediram.
Quando Bruno pegou sua mala, Clarissa, acenando para ele, disse adeus.
Ele por sua vez, ao vê-la acenar-lhe, fez o mesmo.
Ao virar uma rua, enquanto o rapaz continuava caminhando, Clarissa continuou acenando. Só parou quando ele sumiu na distância.
Emocionada, no caminho de volta para casa, não parou de pensar nem por um minuto na certeza de que nunca mais o veria...
Quando finalmente Ludovico voltou da guerra, Raquel emocionada, assim que o viu entrando pelo corredor do cortiço, correu em sua direção. Sem perceber que o mesmo estava ferido, abraçou-o e feliz disse que não acreditava que o veria mais.
Os vizinhos ao verem-no ali, perguntavam a ele, por que os outros não voltavam.
Com pesar, ele respondeu que a guerra não havia acabado, e que muitos morreram. As famílias dos mortos, quando tiveram a notícia, ficaram desoladas.
Foi nesse momento que Bartolomeu voltando do trabalho, ao ver o irmão, abraçou-o. Em seguida, percebendo que o mesmo estava ferido, chocou-se ao ver que ele havia perdido parte de sua perna esquerda.
Para a família, perceber que ele havia voltado mutilado da guerra, causou-lhes profundo pesar.
Clarissa ao saber disso, chorou copiosamente.
Desiludida com a luta operária e cansada das injustiças da terra, também resolveu partir. Cansada de viver a vida que queriam impôr a ela, arrumou suas coisas, e sonhando em viver uma vida de aventura como Eleonora – a heroína da rádio-novela –, lá se foi Clarissa.
Clarissa porém, sem coragem para se despedir da família que a acolhera, resolveu escrever um bilhete.
Assim, cuidando para que ninguém a visse partir, Clarissa aproveitando a neblina da noite, sumiu na escuridão da noite.
Como o amigo lhe dissera dias antes quando ela se despediu dele, nunca mais voltaria, e seus tios também nunca mais a veriam.
E assim, quando Raquel, Ludovico e Bartolomeu deram por sua falta, já era tarde demais. Clarissa, já estava muito longe dali.
Raquel, ao ver um bilhete em cima da cama da moça, antes mesmo de o ler, teve a certeza de que ela havia ouvido seu conselho.
Apreensiva por saber o que dizia a carta, não teve coragem de pegá-la.
Bartolomeu então, vendo a carta, pegou e abriu. Ao ler a mensagem, contou a todos, desesperado, que Clarissa havia partido...
Mesmo sabendo que a partida era inevitável, Raquel ficou sentida ao ver que ela partira sem ao menos de se despedir dela.
Ludovico e Bartolomeu por sua vez, inconformados com o teor da carta, saíram em seu encalço. No entanto já era muito tarde.
Triste Ludovico, depois de muito procurá-la, cansado de andar pela cidade com suas muletas, deu-se por vencido:
-- Clarissa não quer ser encontrada. E infelizmente diante disso, nós não podemos fazer nada. – comentou quase chorando.
Não havia mesmo.
Nem mesmo Ataúfo ouviu o nome da sobrinha nos lugares por onde passou. Pesaroso, ao saber do que se sucedera a ela e a irmão Ludovico, prometeu que abandonaria a luta operária e mudando-se para São Paulo, ajudaria a família.
E assim foi.
Ludovico, mesmo com suas limitações, retomou sua vida e trabalhando numa bilheteria de cinema, acabou se adaptando a sua nova condição.
Quando finalmente superou a tristeza, Ludovico revelou que perdeu parte da perna, quando pisou em um campo minado. Não fosse os cuidados das enfermeiras, não estaria ali, de volta ao Brasil, retomando sua vida.
Homenageado, juntamente com os soldados que pereceram na guerra, independente da ajuda do governo, Ludovico retomou sua vida.
Ataúfo, trabalhando em São Paulo, deixou de lado a luta política. Como havia prometido, se comprometeu com Raquel a procurar Clarissa.
No entanto, a moça não queria ser encontrada.
Para consolo dos parentes, somente a carta que ela escrevera se despedindo:
‘Meus caros tios.
Antes de escrever esta missiva, pensei em muitas coisas. Temerosa de magoá-los, tentei ao máximo não escrever coisas tristes.
Por esta razão rabisquei muitos papéis.
Escrevi tanto, que por um momento, pensei não ter o que contar a vocês.
Porém, pensando melhor, achei que vocês mereciam uma explicação.
Assim, em razão de vocês terem sido os pais que nunca tive, resolvi escrever esta missiva.
Primeiramente, não pensem vocês que o fato de não me despedir significa que guardo qualquer sentimento ruim.
Pelo contrário, amo-os muito.
Amo-os tanto que não quero mais preocupá-los com meu inconformismo e insatisfação com esta vida.
Diante disso, o melhor a fazer é partir. Partir como fizera meu amigo. Partir para não magoar mais do já magoei vocês, membros da minha querida família. A melhor. A que foi constituída por pessoas que se amam de coração.
E é em razão disso que não me despeço.
Sei que seria por demais penoso para todos dar o último adeus. Bem o vi quando fui me despedir de Bruno.
Foi muito difícil vê-lo sumindo aos poucos do meu campo de visão. Não recordo de um sentimento mais triste do que este.
Assim, diante desta experiência dolorosa, não quero repeti-lo.
Sei que talvez esteja sendo covarde. Se o estiver, perdoem-me. Não foi minha intenção magoá-los, como já escrevi.
Contudo, sinto que esta carta está tão triste quanto as outras. Preciso pensar em escrever coisas alegres.
Quando vocês lerem esta carta, estarei muito longe daí. Contudo, não pensem vocês que sou ingrata. Não sejam tristes por isso. Continuem felizes, por que eu tentarei sê-lo à minha maneira.
Pensem enquanto estiverem lendo esta carta, que estarei caminhando por uma longa estrada deserta. Estrada deserta e escura, mas que em certo momento tudo se clareia e a escuridade que faz par com a minha solidão, um dia se acabará.
Não digo adeus, por que essa palavra trás em seu sentido a certeza de que nunca mais se encontrará a pessoa de quem se despede.
Digo apenas, até logo.
Até logo.
De um pássaro que anseia por novos horizontes.
Amo a todos vocês.
Clarissa.’
Raquel, sempre que lia a carta, dizia que nunca mais a veria.
Seus irmãos, quando a ouviam dizer isso, censuravam-na.
Mas Raquel, sabia perfeitamente que um novo encontro com Clarissa jamais tornaria a acontecer. Dizendo que ela era como seu pai, Raquel insistia em dizer que ela era livre demais para se conformar com a vida que levavam.
Estava certa, posto que nem ela nem Bruno, voltariam.
Para se consolar da ausência de Clarissa, Raquel preferia acreditar que os dois estavam juntos.
Porém, como saber?
A resposta para essa pergunta não estava ao alcance deles.
Somente Bruno e Clarissa podiam responder a ela.
Mas infelizmente, eles não estavam por perto para responder.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
BARRACÃO DE ZINCO - CAPÍTULO 5
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
2020 ...
Ano de 2020 👀😨😰😱...
Prefiro nem comentar.
Mas já que não consigo me conter, foi o ano que na minha opinião, nem deveria ter começado.
Preocupante é que 2021 tem poucas perspectivas de ser melhor, e não se tomar cuidado, poderá ser até pior...
Mas enfim, deixemos isto para lá e passemos as celebrações!
Seguem abaixo, fotos da decoração de natal.
Feliz 2021! 🎈🎉
![]() |
Enfim vamos celebrar!🍷🍸🍹🍰🍮 Com segurança. Parabéns ao aniversariante, Jesus! |
E o sol, acredito que um dia nascerá. Como já cantava Cartola: "A sorrir, eu prefiro levar a vida. Pois chorando, eu vi a mocidade perdida..."🙏🙏 |
![]() |
Enfim, comemoremos! "Sorria, nem que seja a força..." Já cantava Inezita Barroso. 😅😅😅 Que estejamos preparados para 2021! 🙏🙏🙏🙏🙏🙏 |
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
A Vida
Dizem que a vida da gente
É a vida que a gente leva
Devemos portanto, muito bem aproveitá-la
Pois ao dela partirmos, nada dela levamos
A não ser as experiências vividas
Bem ou mal experienciadas!
Dispersos
A vida cheia de riscos é
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar
E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar
Pensamento
Pensamentos dispersos,
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria
Divagações
Aproveitando o dia em gostosas leituras
Contemplo o universo da literatura
Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências
Da vida morna, repetida e cotidiana
As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida
Assim como a desejamos ter
Vivê-la, como merecemos viver
Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão
Por que?
Por que tanta ignorância
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?
Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?
Não pelo menos da forma como imaginam
Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre
Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?
Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?
Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?
Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?
E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa
Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!
Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano
Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?
Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então
Enamorar, enumerar
As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer
Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização
Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar
O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas
Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar
O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar
Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras
E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também
Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres
Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente
E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Sortilégios
Infância
Templo do amor-perfeito, onde tudo e todos tem um quê de onírico. As recordações que tenho da minha infância são silentes, mas de certa forma também são eloqüentes, posto que remetem ao um tempo de magia e de muitas brincadeiras. Tudo é motivo para encantamento, deslumbramento. Os canudos multi-coloridos usados para tomar refrigerante, se tornam uma festa sem igual nas mãos de uma criança imaginativa.
Buliçosa que de traquina apronta mil aventuras em sua fértil imaginação. Os bonequinhos do bolo se transformam em mil e uma brincadeiras, cada qual, uma forma de contar variadas histórias. Os amigos, a praça defronte a nossa casa, as noites enluaradas em meio a brincadeiras e balanços, alegrias, choradeiras, confusões...
Pérolas de Sabedoria
Desde as priscas eras o ser humano tentava explicar de alguma forma, o fenômenos e os elementos que circundavam sua vida. Assim a chuva pode ser a ira de alguma divindade que, descontente, lançava raios furiosos para amedrontar os homens, e assim por diante. Para explicarem o surgimento de algo tão maravilho como a pérola foi preciso mais. Foi preciso se criar um mito para que fosse apreciada sua adoração. Dizem que as pérolas são as lágrimas de uma deusa em tributo à eterna infelicidade, pois, despojada de seu maior desejo, perdeu o significado da vida ... Muitos povos acreditaram durante muito tempo, que por toda a eternidade essa deidade ficara a lacrimar ... Outras lendas existem ainda para tentar explicar a magnitude de tão maravilhosa criação, mas nenhuma capaz de suplantar com seu esplendor a beleza da mais bela criação divina definida como um glóbulo, duro, brilhante e nacarado, que se forma nas conchas dos moluscos bivalves. A pérola.
Algumas Palavras
Palavras são como fúrias ao vento. Dão vida ao mais singelo papel desde que devidamente empregadas. Se mal empregadas só farão por diminuir o encanto e o deleite que repousam sobre a folha de papel. Não temas as palavras, deixem-nas tocarem com suas liras o coração humano mais insensível. Toquem-nas com a alma, como quem toca as teclas de um piano. Assim como a brisa dos ventos tocam nossos cabelos, deixem que o fervor das palavras tome conta de sua vida. Deixem que as palavras se liqüefaçam nos seus interiores, assim como a água entra em ebulição e o papel encontra em seu elemento, numa perfeita simbiose com as letras, palavras que combinadas formam um texto. Como já dizia Caetano Veloso, “a nossa flor do Lácio”. Flor que encanta, mas que também pode assustar...
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Sonhos
Por fora da casa, toda pintada de amarelo claro se dava a impressão de ser uma casa de tamanho razoável, realmente, não era muito pequena. Só que ao fundo da construção, se esta pudesse ser visível para quem de fora olhasse, poderia se perceber a magnificência da vasta construção. A casa fora estrategicamente construída para que ninguém pudesse perceber quais eram suas reais dimensões. Nem mesmo quem lá trabalhava, sabia exatamente o seu tamanho. Os únicos que conheciam detalhes da casa, eram os pais da referida moça. Nem mesmo ela conhecia todos os segredos da casa.
Em seu interior, a casa era bem maior do que parecia, tão grande, que mais parecia um labirinto cheio de secretas passagens e muito suntuoso. Cheio de móveis antigos, esculturas que remontam do período grego, grandes pinturas nas paredes, flores, abajour’s caríssimos.
A cozinha por exemplo, abrigava um exército de trabalhadores que preparavam durante todo o dia o ambiente para as refeições da família, suas festas, e seu dia-a-dia. Neste ambiente, cujo piso era de mármore, havia vários fornos, fogões, armários para guardar os utensílios domésticos, e até uma mesa de mármore para preparar as refeições dos patrões. Parecia uma cozinha industrial, tamanha a quantidade de equipamentos que lá havia. Em outro cômodo da casa mais armários guardavam as louças e as pratarias da dona do imóvel. A despensa era imensa, possuía todas as espécies de alimentos que se podia imaginar. Cumpre salientar que esta dependência da cozinha, era de uso exclusivo dos donos da casa.
Atrás da cozinha estava a lavanderia, com vários cômodos. Num deles, inúmeros tanques de lavar roupa. No outro ficava o depósito com armário para guardar os produtos de limpeza, ferros de passar, as tábuas que ficavam escamoteadas no armário, sabões, etc.. Ali também havia um outro espaço para se guardar as roupas passadas e tudo o que fosse necessário, e por último, uma grande área reservada só para os varais, ainda dentro da casa.
Com efeito, resta falar de um depósito de quinquilharias que existia ao fundo da casa, onde estavam guardadas as tralhas imprestáveis da família.
Num imenso corredor que saía da cozinha, se avistavam os quartos de empregados, em torno de uns trinta e cinco quartos. Tais quartos consistiam em: uma entrada e uma sala com sofás de madeira com tecido salmão, com mesa de centro e uma pequena estante com rádio e outros produtos de consumo da época. Lá também havia uma mesa com quatro lugares, para celebrar as refeições do fim do dia, bem com em alguns quartos, havia uma pequena cozinha. No mesmo ambiente, estava ainda o quarto dos filhos, geralmente com duas camas e três aparadores(geralmente), amplos armários, toilet com chuveiro, pia e sanitário, além de uma pequena sala repleta de brinquedos. No quarto propriamente, um ambiente com cama de casal e dois aparadores de cada lado da cama, um sofá de tecido salmão aos pés da cama, penteadeira com cadeira revestida também de veludo salmão, ao fundo um pequeno closet, e um toilet com chuveiro, uma pequena banheira, pia com um grande espelho e sanitário.
Esta é basicamente a composição dos quartos dos empregados, com poucas diferenças. Geralmente quem trabalhava na casa levava sua família junto.
Agora, com relação o local das refeições dos empregados, o piso deste era de um mármore singelo, possuía cerca de umas quarenta mesas de vidro com pés de mármore e quatro cadeiras cada, todas de espaldar alto. Tal cômodo ficava em outro setor da casa, onde ficava também a cozinha onde preparavam a comida que os outros criados da casa iriam comer. Havia também uma imensa dispensa para esta cozinha. Para os serviçais, havia também uma lavanderia, quase do mesmo tamanho da dos patrões, para que pudessem cuidar de suas roupas.
Na área da casa onde ficava a cozinha havia um enorme local para refeições, onde havia fornos especiais para se prepararem pizzas, entre outras delícias, e era onde a família e os amigos eventualmente se reuniam, geralmente em finais de semana. Enfim, a casa era um verdadeiro palácio. Magnifico.
A seguir pude ver outros ambientes na casa: a entrada, suntuosa com grandes esculturas de pedra, colunas de mármore, e piso igualmente de mármore; após, a sala, com sofás de madeira trabalhada e recoberto por fino tecido, além de mesinhas e aparadores cheios de fotos, abajour’s e algumas esculturas. Havia uma mesa de centro também em madeira, onde repousava um imenso vaso com flores e onde se tinha uma vista deslumbrante de um jardim de inverno que ficava dentro da casa.
Ao fundo havia ainda outras salas, uma com lareira, esta adornada com ricas esculturas de gesso como também com móveis de madeira e sofás recobertos de veludo verde e mesinhas e aparadores, como na outra sala. Ao lado desta a sala de descanso, com inúmeros pufes para amparar as pernas cansadas dos moradores do majestoso lar. Quanto a decoração, nada de sofás de madeira recobertos de tecido, e sim de tecido, ricamente revestido de veludo salmão. Ao centro do cômodo um sofá redondo, no mesmo estilo. E ao fundo uma pequena estante com divisórias para as correspondências dos moradores, bem um como um bar com sete lugares, igualmente feito em madeira, e repleto de bebidas, atrás dele, uma adegada climatizada.
Na casa havia também uma sala de som, um estúdio para as músicas, um cômodo para guardar filmes, e uma sala íntima, com muitos sofás e de onde se podia avistar um dos inúmeros jardins internos da casa. Num desses jardins existia um pergolado, e várias espécimes de flores, bem uma praça com esculturas e fonte de onde jorrava água.
Na outra sala estava um piano de calda, e também estava adornada a semelhança das salas anteriores. Entre as inúmeras salas pude ver uma colossal escada, e ao me aproximar dela, pude constatar a presença ainda, de uma sala de almoço com umas vinte ou até mais, cadeiras e uma mesa de vidro com pés de mármore, bem como de alguns móveis ao redor do que deve ser a sala de jantar, assim como imensos arranjos de flores e algumas pequenas esculturas clássicas. Ao lado, uma sala de almoço, com uma mesa redonda, umas quinze cadeiras, e uma ornamentação um pouco mais simples.
No escritório havia toilet, uma biblioteca de livros técnicos, sala de espera e uma pequena copa, tudo para que o senhorio pudesse trabalhar em casa. Duas secretárias organizavam sua agenda, em uma sala só para elas, e lá mesmo ele atendia seus clientes.
Pude ver ainda outras duas salas, uma de estudos, com várias carteiras de madeira de lei, uma imensa biblioteca dividida em várias seções e que pelo tamanho devia ter uns trezentos ou quatrocentos metros quadrados. Também pude ver uma farta sala de brinquedos, com tantas bonecas e brinquedos, que mais parecia uma loja. Tudo isso meu pareceu imenso, se fosse calcular a dimensão destes cômodos, acredito eu, que dariam cada um uns cem metros quadrados ou mais.
Pude avistar ainda uma enorme piscina olímpica, assim com os salões de jogos, com área para jogar pingue-pongue e uma quadra poli esportiva, bem como salão de festas, que possuía serviço de cozinha própria, toilet’s separados e tudo mais o que fosse necessário, até um barzinho com cinco lugares cada e com sua própria adega.
Havia ainda sala de ginástica, com vários ambientes, vestiário, e sauna. No ambiente externo havia vestiários para a piscina, churrasqueira, barzinhos, uns três, com oito lugares, várias varandas e alpendres.
A casa possuía ainda uma capela com cem lugares, para os empregados rezarem, assim como os moradores da casa. A capela era tão imponente que possuía inúmeros vitrais, confessionário, e um grande altar com inúmeras imagens de santos. E uma sala de costuras, com três ambientes para que a mãe pudesse se distrair durante o dia. E ainda, uma garagem para uns cinqüenta carros.
Ademais, não posso deixar de esquecer de fazer menção de quem, em todos os ambientes da casa existem toilet’s ou lavabos sem exceção.
Por fim, surgiu o corredor que dava acesso aos quartos, no andar superior da casa, e neste pude ver o magnifico quarto onde a moça repousava, com móveis antigos, trabalhados, em madeira. Nesse quarto, uma imensa janela dava acesso a uma bela vista do lugar (este só visível para quem lá morava), e que poderia ficar escondida pela rica cortina azul que ficava sobre a janela. Ainda neste ambiente havia uma penteadeira, com objetos de uso pessoal e uma cadeira com estofamento em veludo azul, um sofá comum também revestido de veludo na mesma cor, e ao redor da cama de casal, cortinas azuis. Próximo a janela ficava a escrivaninha, acompanhada de uma cadeira de espaldar alto e revestida de azul, e uma estante, com livros e os objetos e estudo. Ao lado da cama, um pequeno móvel de madeira de cada lado com abajour’s trabalhados datando da belle époque. Na saleta que fazia parte do quarto, estavam os sofás de madeira revestidos do mesmo tecido, uma mesa de centro de madeira de lei, com flores, dois pequenos móveis de madeira atrás dos sofás, uma mesa com dois lugares e ao fundo se podia ver a porta do toilet e antes um imenso closet onde havia uma passagem.
Os demais quartos em muito se assemelhavam com esse, e por isso seria desnecessários descrevê-los, só atente para o fato de eram uns trinta quartos ao longo de um imenso corredor, sendo quase todos com varandas e algumas passagens secretas.
No último andar ficava um sótão também mobiliado e com alguns ambientes ricamente decorados e aparentemente abandonados, os quais nem a filha dos donos tem acesso.
Pois bem, nesta casa morava uma jovem moça. E neste sonho, a jovem moça estava procurando algo que eu saberia explicar. Procurou, procurou, chegou a sair de sua casa escondida para que pudesse encontrar o que almejava. Não conseguiu.
Por essa razão, em boa parte do sonho, ela estava fora da casa. Somente no final do sonho é que ela entrou na casa. Ao entrar foi logo recebida por uma empregada que cuidou para não a vissem entrando. Nervosa, a empregada cobriu-a e a levou para o quarto.
A moça, devia viver como uma verdadeira lady neste monumento da arquitetura.
E tudo seguiria calmamente, não fosse o fato de a moça ter um amigo muito impertinente e atrevido. Amigo este que conseguiu adentrar o palácio e se esconder nos aposentos da jovem mulher. Viveu um bom período escondido a lhe fazer companhia, e quase foi descoberto, não fosse sua vivacidade e esperteza ao se esconder numa das passagens escondidas da casa a tempo. Isso porque uns dos empregados de seu pai adentrou seu quarto inesperadamente.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Saudosa
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz
Se a Débora Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é meio west
Eu sou o chique Valentino
Mas de repente
O filme pifou
E a turma toda logo vaiou
Acenderam as luzes,
Cruzes
Que flagra, flagra...”
Rita Lee, “No Escurinho”
Lembrei-me dos tempos de outrora
Os tempos de minha antiga meninice
Onde recordo com saudade...
As lembranças que nunca tive
De um tempo suave e breve,
Revolto e sisudo
Lembranças de tempos que não são meus...
Nas ondas do rádio,
Tão longínquas e dolentes
As canções magníficas que eu já gostava de ouvir
Saudosas canções nostálgicas
Doces baladas, melodias românticas
Jackson’s Five, Beatles, Elvis Presley
Lindas canções que remetem
As mais belas épocas
Uma época de saudades
De um tempo que não vivi
Recordo-me que em criança, deitada, dormindo
Sonhava com esse mundo
Que a mim não pertencia...
Ao acordar, não entendia
Porque sentia tão vívida em mim
As lembranças dessas décadas
Recordações tão vivazes!
Os anos cinqüentas
Sua moda, suas vestimentas
Seus vestidos bufantes, compridos e inesquecíveis
E suas camélias a enfeitar
As saias rodadas com poás
Anáguas, blusas, pulseiras coloridas
A pesada maquiagem de suas mulheres
O cabelo cuidadosamente penteado com gel
“Brilhantina”, fazendo as cabeças masculinas
Sapatos, plataformas, scarpins
Jaquetas de couro, camisetas brancas
Calças jeans, botas de cano curto
No imaginário da época
Havia ainda as Lambretas, Romisetas
Os carros, o deleite da sociedade
A sociedade consumo que começava a se formar
Limusines, carros conversíveis
Buick’s, Mustangues, Landaus, Cadillac’s
Gordinis, e até mesmo Fuscas
Tudo para encher as ruas de roncos e barulhos de motor
As épicas construções do início do século passado
O século XX ...
Surgem nesse momento ...
Repaginadas, com ares modernos
Móveis coloridos, televisões antigas,
Imagens em branco e preto
As séries de TV sucesso no momento
“Papai Sabe Tudo”, programas nacionais
“O Céu é o Limite”, Jota Silvestre
“Almoço com as Estrelas”, “Repórter Esso”
As grandes rádios e os ídolos da época
As novelas saídas do rádio, agora nas telinhas
“Sua Vida me Pertence”, e outras
Como forma de entretenimento
Namoricos na praça...
Lugares bucólicos, aprazíveis
Fontes monumentais,
Belos passeios,
Jardins esplendorosos,
Jardim da Luz, o Parque do Ibirapuera, recém inaugurado
As flores, os monumentos históricos
Saudade de uma época que não mais existe
De uma educação esmerada
De lindas canções de amor, de romances...
De sonhos
Que de leves a brisa os desfez
“Blue Moon”, “Moon Light Serenade”, Frank Sinatra
Ray Connif, “My Way”
Tudo era divertido, um eterno bailar
Luvas brancas, tomara-que-caia
Poás brancos, vermelhos
No jardim, belas esculturas renascentistas
Com a banda ao fundo tocando algum sucesso
“Noturne”, não seria nada mal
Coca-cola, “Bossa Nova”, João Gilberto
Juscelino Kubstchek, “O Presidente Bossa Nova”
Na ilustre canção de Juca Chaves
No cinema, as pessoas trajadas elegantemente
Homens de terno e gravata
“Givenchi”, o sonho de consumo das mulheres
Os desfiles de Moda
A tranqüilidade do centro bem cuidado
Da terra da garoa
A outrora acolhedora cidade de Castro Alves
E os poetas românticos,
Que com sua neblina envolvente e sedutora
Deu-me vontade de conhecer-te
No seu passado de glória
Que pena não poder te ver assim
Cidade querida
No Rio de Janeiro
O Hotel Quitandinha, em seu eterno esplendor
Os Concursos de Miss
Ah! O Brasil parou para olhar
O ideal de beleza que não mais existe...
“O Cruzeiro”, “Revista Manchete”
Marilyn Monroe e “O Pecado Mora ao Lado”
“Sabrina”, Audrey Hepburn
“A Place in Sun”, Montgomery Clift, Elizabeth Taylor
“Here from to Eternity”, com Burt Lancaster
“Absolutamente Certo”, com Anselmo Duarte
“Apasionata”, “Tico-tico no Fubá”
No eminente estúdio Vera Cruz
A derrota de 1950 e a grande conquista de 1958
O sonho do futebol
O torneio de Winbledon, o tênis
Maria Esther Bueno, a grande conquistadora...
James Dean e sua eterna
“Juventude Transviada”
O rebelde sem causa
E o desidério das jovens dessa geração
As chanchadas da Atlântida, na cidade carioca
Grande Othelo, Oscarito, Derci Gonçalves
Grandes estrelas do nosso cinema nacional
A seguir surgem
Os anos sessentas
Com suas cores psicodélicas, roupas curtas
Minissaia, Mary Quant e suas cortinas
Jovem Guarda, Roberto Carlos, Wanderléa,
Eramos, Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e companhia
TV Record, MPB
Elis Regina, Jair Rodrigues, “O Fino da Bossa”
Jorge Bem
Os filmes estrelados por essas pessoas maravilhosas
Ditadura, Anos de Chumbo
Da rosa que tortura e mata
Tropicália, Os Mutantes
“Divino Maravilhoso”
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque
Gal Costa, Maria Bethânia
Os Hippies, a Contra-Cultura
Geraldo Vandré, os Festivais da Canção
E pensar que todas essas elegantes referências
Pairavam na minha infância
Sem que eu as percebesse
Posto que nunca as sonhara
Somente a eterna sensação de nostalgia
De uma vida que não vivi
De alguma coisa que nunca tive
Tendo somente por companhia,
As minhas saudosas lembranças...
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Rosa
• “Tu és, divina graciosa
• Estátua Majestosa
• Do amor, por Deus esculturada
• E formada com ardor
• Da alma da mais linda flor
• Que mais a ti volor
• E que na vida
• É preferida pelo beija-flor...
• Perdão, se ouso confessar-te
• Eu hei de sempre amar-te
• Ó flor, meu peito não resiste
• Ó meu Deus o quanto é triste
• A incerteza de um amor
• Que mais me faz penar...”
• (Rosa - Pixinguinha)
• Reza a lenda que a Lua Jaci, é a Lua Mãe, protetora dos índios. Índios, civilização que dera nome a ti apesar de sua ascendência portuguesa. Além desta, outras lendas remetem a palavra Mãe, como a Lenda da Iara, conhecida igualmente como Mãe D’água.
• O dicionário Aurélio, p. 1063, assim define a palavra Mãe: Mulher que dá a luz á um ou mais filhos. Pessoa muito boa, dedicada, desvelada. Fonte, origem, berço. Madre. Materno, maternal. Muito grande, forte intenso. Mãe de Deus - Nossa Senhora. Mãe de Família - Mulher casada e com filhos. Nossa Mãe - Nossa Senhora.
• Ou seja, até os anjos conspiram em favor de tal vocábulo Mãe. Por isso, tudo a ti é pouco em consideração a teu nome, querida.
• Feliz efeméride, feliz dia-das-mães, minha flor!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Subjetividade
Observar um lusco-fusco, pode tornar melhor seu dia. Desde que você observe os contornos indivisos ganharem forma. As brumas darem vez ao sol. Contemplar o colorido do céu, mesmo que diante de uma janela de trem. Mesmo em meio a multidão. Pessoas alheadas da sublime constatação de que felicidade está aqui, e não em outro lugar. Que a felicidade está em todos os lugares, e quase sempre a nos acompanhar.
Embora não a percebamos.
E existem muitas pessoas que em busca de uma felicidade fajuta, são capazes de desperdiçar os melhores e bons momentos, e somente se darem conta de que eram felizes, quando a felicidade, o tal pássaro azul, levantou asas e voou.
Ser feliz é apreciar uma lua bonita quando da noite escura. É observar as nuances do céu durante o cair da tarde. Tomado de várias cores, vivo e misturado.
Ser feliz é se ver lua cheia, redonda, perfeita, branca e cheia de luz. Possivelmente rodeada de algumas estrelas. É contemplar vaga-lumes a beira da estrada, ou um belo portal a desejar boas vindas aos viajantes.
É viajar, conhecer novos lugares, novas culturas, novos saberes. É regressar a um lar, depois de longas horas de trabalho longe de casa.
É executar um bom trabalho, mesmo que não seja o trabalho de seus sonhos.
Ouvir boa música e sair cantando, cantarolando, mesmo que errando a letra, sempre procurando acertar.
Ser feliz é adormecer ouvindo música, as boas coisas da vida, e despertar ainda em companhia das melhores canções.
É poder apreciar uma boa história, seja em uma novela, um filme, uma minissérie, ou os bons e velhos livros. Ó! A quanto tempo não os leio. Tenho sentido muitas saudades suas. Mas tenho lido lindas poesias.
Poesias nutrem e enriquecem o dia!
Ser feliz é se contentar com os detalhes agradáveis do cotidiano, e deixar os desagradáveis de lado.
Apreciar as belas coisas. Uma linda flor, uma árvore frondosa ou não. Um chão repleto de folhas ressequidas, flores caídas, ou do alto das árvores. Observar as flores da primavera, do verão e do outono.
Sim, elas existem!
É dançar mesmo sem querer dançar, como na canção.
Procurar, em momentos de tédio, se distrair com coisas úteis, como os estudos, ou agradáveis, como a música. Se possível, tudo junto e misturado.
Leio no trem, no metrô. Livros, provas, me preparo para a vida, e para os concursos. E em me preparando, aprendo sempre coisas novas.
E a vida é assim! Um eterno aprender, sempre novidadeira. Até por que, sem ser assim, não teria graça!
Ser feliz, é tomar um banho quente, poder vestir uma roupa boa e bonita, se sentir bem. Cuidar da vaidade, pois quem não se enfeita, se enjeita. Como queremos ser agradáveis aos outros, se não formos agradáveis a nós mesmos? Se olhamos no espelho e não gostamos do que vemos?
Ser feliz é estar feliz consigo mesmo, mesmo em não sendo a vida, aquilo que queremos, e mesmo que muitas vezes fracassemos, em nossos melhores propósitos.
Por que sempre existe uma possibilidade para melhorarmos, enquanto ainda houver vida, e enquanto as pessoas nos permitirem mostrarmos o nosso melhor. Por que se assim não for, também não esforçarei. Não tentarei provar nada para quem já possuí uma ideia preconcebida de mim. Nunca gostei de rótulos, e tento ao máximo, não aplicá-los aos outros, embora falhe nesta tarefa, mais do que gostaria.
Gosto da natureza, embora não tenha muito contato com ela. Sinto-me feliz na praia, em meio a flores, plantas e árvores. Em não sendo possível tê-los perto de mim todos os dias, contemplo seus pequenos mistérios em meio a cidade, selva de concreto.
Ser feliz, é um cabelo bem arrumado, sapatos bonitos e confortáveis. Os que apertam são horríveis, por sua falta de praticidade. É colorir as unhas das cores mais discretas ou mais inusitadas. E se sentir bonita ao se admirar em frente ao espelho. É descobrir um novo jeito de se arrumar o cabelo.
Ser feliz é não se submeter a um padrão de beleza inalcançável e irreal. É se aceitar sendo o que se é.
Ser feliz é poder assistir aos filmes preferidos, aos programas de tevê preferidos, ir ao cinema, ainda que de vez em quando, e assistir um bom filme. Ouvir uma historia, não importa em qual plataforma seja.
É abrir o facebook encontrar postagens divertidas, curiosas, interessantes, irônicas, culturais, bem humoradas ou críticas. Navegar em meio a rede mundial de computadores.
Ter uma família ao lado.
Tentar driblar ou superar as dificuldades. Nesta equação, eu sempre perco.
Curtir um sol de verão, e estar bem agasalhada no inverno.
Nunca estar só. Sempre em boa companhia. Podendo ser esta companhia, ou um bom livro.
É usar saia, short, ou vestido, ainda que de vez em quando. Exibir um bronzeado bonito. Nadar no mar, apreciando toda aquela beleza. É resgatar sonhos perdidos de infância e aprender a andar de bicicleta, já adulta.
É ter uma infância feliz, apesar de todas as dificuldades que fazem parte da vida. Momentos especiais para guardar de minha adolescência, dos tempos de estudos e da faculdade.
É passar pela vida e dizer que apesar dos pesares, ela foi muito bem aproveitada por mim.
Rir à toa, rir de tudo, ou pelo menos, de tudo o que for possível, do ridículo, e das pessoas ridículas.
E assim, minha vida é muito bela, por que ela é muito diversa do que o olhar das demais pessoas podem alcançar. Para elas verem o meu viver, e sentirem o meu sentir, teriam que pousar seus olhos e o seu sentir, e os mergulhar para dentro de mim.
Coisa impossível de se fazer.
Assim, só podemos conhecer o modo de viver e sentir de outrem, através de suas palavras.
Talvez algumas coisas nos escapem por seus gestos ou maneira de agir. Não sei. Ainda não aprendi a fazer este tipo de leitura.
Enfim, ser feliz é saber aproveitar cada vão momento, e descobrir mesmo em meio as coisas mais insuspeitas, instantes de felicidade. Afinal ela é efêmera, inconstante, e arisca. Mas às vezes, podemos segurá-la.
Eu acho, pelo menos para mim o é, ser feliz, é aproveitar os instantes, os minutos, aqueles que de fugidios, podemos deixar passar despercebidos. A felicidade está nos detalhes. Um instante pode nos trazer intensa felicidade.
Subjetividade, olhar pessoal impresso sobre o que é a vida.
Enfim, aproveitem o dia. Todo o dia, os seus menores e melhores momentos.
Por fim, “carpe diem”.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Dispersos
A vida cheia de riscos é
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar
E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar
Pensamento
Pensamentos dispersos,
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria
Divagações
Aproveitando o dia em gostosas leituras
Contemplo o universo da literatura
Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências
Da vida morna, repetida e cotidiana
As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida
Assim como a desejamos ter
Vivê-la, como merecemos viver
Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão
Por que?
Por que tanta ignorância
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?
Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?
Não pelo menos da forma como imaginam
Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre
Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?
Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?
Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?
Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?
E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa
Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!
Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano
Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?
Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então
Enamorar, enumerar
As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer
Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização
Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar
O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas
Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar
O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar
Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras
E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também
Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres
Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente
E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.