Quando de passagem pela linda região do Estado do Rio de Janeiro, Felipe conheceu uma
narrativa curiosa, relatada inclusive na obra literária ‘A Moreninha’, do ilustre autor Joaquim
Manoel de Macedo:
Conhecida como A gruta dos Amores, remonta a uma bela história de amor.
Na Baía de Guanabara há cerca de uma centena de ilhotas, ilhas.
Três são as mais
conhecidas: Governador, Paquetá, Flores.
Nenhuma delas é mais encantadora do que a Ilha de
Paquetá, palco onde se desenrolou o romance clássico de Joaquim Manuel de Macedo – A
Moreninha.
Em Paquetá, onde tudo é encanto, é sonho, é devaneio, há também lendas.
Uma delas
é a da ‘Gruta dos Amores’.
Era no tempo dos tamoios que Itanhantã, jovem forte como pedra, ia constantemente pescar
e caçar nessa ilha.
Remando em sua ligeira ubá, ali apanhava os peixes para sua tribo ou caçava com sua
flecha veloz e certeira as aves ou caças abundantes.
Itanhantã, após a pesca ou caçada, repousava
numa loca de pedra, numa sombra amena e acolhedora dessa gruta.
Uma jovem indiazinha, no viço de seus quinze anos, quantas vezes não fora apanhar a caça
para o jovem caçador.
E ele nunca se apercebera do olhar envolvente da indiazinha gentil.
Quanta e quantas vezes
ela não repetira isto.
Itanhantã não lhe dava a mínima atenção.
A indiazinha começou a curtir sua dor.
Subia no alto da pedra que formava a gruta, e ao vê-lo lá embaixo, repousando na sombra, punha-se a chorar.
Suas lágrimas molhavam a pedra.
A indiazinha pensou em espantar o seu desengano, cantando.
E eram os mais ternos cantos
que até hoje se ouviram em Paquetá.
Diariamente, logo que o dia amanhecia, a indiazinha subia na pedra e cantava esperando
Itanhantã chegar para pescar, caçar e descansar.
E todos os dias suas lágrimas caíam na pedra.
Seu
canto e suas lágrimas não amoleceram o coração empedernido de Itanhantã, mas transpassaram a
pedra e um certo dia caíram sobre os olhos do caçador adormecido.
Ele se assustou, e saiu correndo para sua ubá, quando avistou a indiazinha e disse: “cunhaporã”, moça linda.
Noutro dia, ao voltar àquele local onde sempre repousava, prestou atenção na linda voz da
indiazinha.
No dia seguinte, apaixonou-se por Poranga – a indiazinha.
E Itanhantã subiu ao alto da pedra da gruta, tomou Poranga nos seus braços fortes e se
casaram.
Foram felizes o resto da vida.
E as lágrimas de Poranga se transformaram na fonte d’água que existe na Gruta dos
Amores.
E quem quiser encontrar um amor para a vida inteira, basta tomar, junto com a pessoa
amada, umas gotas da água da Gruta dos Amores...
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5 Texto de Alceu Maynard Araújo. BRASIL, histórias, costumes e lendas. São Paulo: Editora Três Ltda, s/d.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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