Poesias

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 3 – REGIÃO SUL CAPÍTULO 19

Em Canela, os turistas foram conhecer o Museu do Castelinho. 
Castelo em estilo enxaimel, de 1913, é a primeira construção da cidade – herança alemã. 
Possuí objetos do início do século da família Franzem e uma casa de chá onde é servida a apfelstrudel, num bosque de pinheiros. 
Depois, os turistas visitaram a Catedral de Pedra. 
A edificação, construída com pedra basáltica, em estilo gótico inglês, tem torre de sessenta e cinco metros e carrilhão de doze sinos. 
No Mundo a Vapor, os turistas passearam por um parque com vegetação nativa, e miniaturas a vapor contam a história da Revolução Industrial. 
Há miniaturas de unidades de produção – siderúrgica, olaria e pedreira com estação de britagem. 
Um trenzinho faz passeios com turistas. 
É um programão para os guris. 
Artesanato e lanchonetes em casinhas européias, encantam a todos. 
No Parque das Sequóias, os turistas caminharam em meio a árvores frondosas, cultivadas pelo obstinado Curt Mentz. 
Além de sequóias, metassequóias e ginkgo biloba, a espécie mais antiga da Terra, tem veados, lebres, gralhas azuis. 
No Parque do Caracol, os turistas se divertiram a mil. 
Lá a, Cascata do Caracol, de cento e trinta e um metros, é formada pelo Rio Caracol, cujo leito tem curvas que imitam o bichinho. 
Fica num vale exuberante: cobertura vegetal nas encostas e mata de araucária no alto. 
Passeios orientados por guias. 
Aproveitando o passeio, desceram exatos seiscentos e noventa degraus e foram à base da cascata. 
No parque, brinquedos, quadras esportivas, churrasqueiras, artesanato e restaurante. 
No Vale da Ferradura, os turistas avistaram o desfiladeiro de quatrocentos metros, por onde corre o Rio Santa Cruz. 
Admiram ainda, uma exuberante mata nativa e uma cascata formada pelo Rio Caçador. 
Bela vista do mirante! 
No dia seguinte, os turistas foram passear no Parque do Pinheiro Grosso. 
Em meio à mata nativa, uma araucária de setecentos anos, velhinha, tem quarenta e dois metros de altura e é bem roliça: possuí dois metros e setenta e cinco centímetros de diâmetro. 
Já no Parque Bromberg, os turistas se deslumbraram com trezentos hectares de mata, quase toda nativa e preservada. 
Possuí dois mirantes: vista da Cascata do Caracol, do Vale do Rio Santa Cruz e do Morro do Gato Preto. 
Nos Morros Pelado, Queimado e Dedão, deles se tem espetacular vista do Vale do Quilombo. 
Em Nova Petrópolis, os turistas conheceram uma réplica de aldeia alemã no Vale dos Sinos, caminho para Gramado e Canela. 
Na Rua Quinze, ofertas de malhas, roupas de couro e artigos de pele. 
Mais tarde, foram assistir ao Rodeio Crioulo. 
Em janeiro, a farra é cavalgar animais xucros, fazê-los corcovear sem cair, disputar o tiro de laço ao bezerro, sapatear um fandango e jogar um futebol – pelada disputada com um boi dentro do campo.
A seguir, foram acompanhar o Festival de Bonecos, onde puderam apreciar espetáculos de marionetes, fantoches e teatro de sombras, com participação de russos, espanhóis, chineses, alemães. 
Em Bento Gonçalves, os turistas, logo que chegaram a cidade, foram ver o Pipa-Pórtico, um portal de entrada à altura da capital da uva e do vinho: uma pipa gigante com dezessete metros e trinta e cinco centímetros. 
No Museu do Imigrante, os turistas ao passearem pelo casarão tombado, se depararam com sala de vídeo, documentos e objetos dos imigrante italianos. 
Já na Igreja de São Bento, os turistas conheceram um monumento a Deus e ao vinho: em forma de pipa e altar feito com barris. 
Na Capela das Neves, os turistas puderam admirar a edificação construída por imigrantes durante a seca de 1907. 
Detalhe: com a falta d’água, a argamassa levou vinho. 
Ao conhecerem a Ferradura, os turistas viram o Rio das Antas contornar um morro e marcar a paisagem com uma enorme ferradura. 
Na Ponte do Rio das Almas, os turistas descobriram que esta é uma das maiores do mundo com arcos paralelos, com cento e oitenta e seis metros de vão. 
Oferece uma bela vista da Ferradura. 
Na Colônia de São Pedro, entre plátanos e araucárias, a vila de casas de pedra construída pelos italianos em 1889, com destilaria – réplica de um castelo de Vêneto – e ferraria movida por rodas d’água. 
Venda de geléias caseiras, travesseiros de pluma de ganso e artesanato local. 
Depois, os rapazes foram passear de Maria Fumaça. 
Partindo da Estação Ferroviária, ao som de bandinha, os turistas se deliciaram com o passeio, além de beberem vinho. 
Durante o passeio o trem percorre vinte e três quilômetros de montanhas e vales, com parada em Garibaldi, onde se simula um assalto. 
Passado o susto, dá-lhe champanha e música italiana até Carlos Barbosa. Por fim, assistiram a Festa Nacional do Vinho. 
A homenagem ao deus Baco acontece nos anos ímpares, em julho, com muita música e comida.
 Contudo, como ninguém é de ferro, todo ano tem o Festival do Vinho. 
Em Caxias do Sul, os turistas foram conhecer a Igreja de São Pelegrino. 
Esta construção, em estilo gótico, com pinturas de Aldo Locatelli, tem suas portas de bronze em alto-relevo e contam a epopéia da colonização italiana. 
Destaque para a réplica da escultura ‘Pietà’, de Michelangelo, doada pelo Papa Paulo VI nos festejos do centenário da imigração italiana. 
No Museu Casa de Pedra, os turistas conheceram uma construção camponesa típica do século passado, feita com pedras irregulares e decorada com móveis e objetos trazidos pelos primeiros imigrantes. 
No Museu Municipal, os turistas viram filmes, fotos, documentos e objetos pessoais e obras de arte da colonização italiana. 
Ao passearem pelas principais ruas da cidade, os turistas avistaram o Monumento ao Imigrante. 
Com estátuas de pedra e bronze com quatro metros e meio de altura, retrata um casal de imigrantes com uma criança no colo. 
No local, o Museu da Uva e do Vinho exibe utensílios centenários para fazer vinho, ainda usados nas pequenas cantinas – máquina de moer uva, balaio de colheita e engarrafador de vinho. 
Na Réplica da Cidade, os turistas se encantaram com a maquete em tamanho natural de como era Caxias do Sul em 1885, dez anos depois de sua fundação. 
A pitoresca vila tinha dezoito casas de madeira, igreja e até coreto da praça. 
No CTG Rincão da Lealdade, os turistas conheceram o Museu de Cultura Gaúcha, com objetos e instrumentos de trabalho dos primeiros habitantes, além de pratos típicos e shows de música e dança.
Mais tarde, os turistas assistiram, a Festa Nacional da Uva, realizada no segundo maior centro de exposições da América Latina. 
A mostra é feita desde de 1931 – com artesanato, produtos e vinhos da Serra Gaúcha. 
Depois, os cinco rapazes novamente partiram. 
Agora em direção as Missões. 
As ruínas das Missões guardam trezentos anos de memória, das povoações criadas pelos jesuítas espanhóis para catequizar os índios. 
São relíquias da utopia que visava construir uma comunidade cristã coletivista, onde ninguém era dono de nada, e Deus, o senhor de tudo. 
Mas entre os índios e o verbo havia a verba: bandeiras paulistas escravizaram milhares de índios. 
E a fé da Companhia de Jesus, diante desses brancos selvagens, pediu falência em 1641, quando os religiosos sentiram que os bandeirantes não estavam para brincadeira, e que era Deus no céu e ouro na terra. 
Contudo, o mundo gira e a Igreja roda. 
Tanto que, em 1680, os jesuítas voltaram, encontraram os velhos amigos índios e fundaram os Sete Povos das Missões: São Borja, São Nicolau, São Luís Gonzaga, São Miguel, São Lourenço, São João Batista e Santo Ângelo. 
Nos povoados a disciplina era militar. 
Os índios recebiam educação esmerada, tornando-se agricultores, escultores, músicos. 
Mas o sonho não resistiu ao toma-lá-dá-cá entre Portugal e Espanha, quando, sem consultar os índios e os jesuítas, as duas coroas assinaram um acordo, passando as terras das Missões para os lusos. 
Os guaranis se revoltaram até o massacre. 
E o fim vive em ruínas. 
São Ângelo registra sonhos de diversas épocas. 
A Catedral Metropolitana está no mesmo local da igreja missioneira de 1707, com traços renascentistas e barrocos, estátuas do austríaco Valentin von Adamovich e afrescos de Tadeu Martins. 
O Monumento ao Índio Guarani homenageia o herói Sepé Tiaraju, que defendeu o território contra os espanhóis. 
E a plataforma da Estação Ferroviária entrou para a história em 1924, quando Luís Carlos Prestes partiu daqui com sua tropa para o movimento conhecido como Coluna Prestes. 
As ruínas jesuíticas de São Miguel, tombadas pelo Patrimônio da Humanidade, são o mais impressionante monumento deixado pelas Missões – colunas, arcos e capitéis erguidos com pedras empilhadas, sem argamassa. 
A igreja renascentista exibe blocos de mais de mil quilos e paredes com espessura de até três metros.
Restos de construção revelam prédios que abrigaram a prisão, um refeitório com adega, salas de aula, oficinas de carpintaria, o hospital e a casa de recolhimento, abrigo de órfãos e mulheres desamparadas.
E no Museu das Missões, projetado por Lúcio Costa, mais de cem estátuas da arte missioneira, em estilo barroco e com traços indígenas. 
À noite, as ruínas de São Miguel ganham vida com o espetáculo de som e luz, que conta a história de Sete Povos nas vozes dos artistas como Lima Duarte e Fernanda Montenegro. 
O Santuário de Caaró, onde se veneram os jesuítas mortos pelos índios, é palco de romarias em novembro. 
E São Borja, a mais antiga povoação das Missões, ganhou fama no século passado como terra natal e jazigo dos presidentes João Goulart e Getúlio Vargas. 
Nos Pampas, os turistas descobriram que o apego ao prado e o cavaleiro, construíram a identidade do povo gaúcho. 
Isso por que, o gaúcho surgiu nas coxilhas, na relva macia das planícies arredondadas por colinas suaves, filho mestiço de índios, portugueses e espanhóis. 
Sentinela do campo, tornou-se pelejador por necessidade, para defender sua posse – e afinal, é a fronteira do Brasil. 
Tornado gaúcho por menosprezo, transformou o apelido em tradição, numa auto-elogio que ele cultiva e venera. 
Ser gaúcho é ter raízes nas estâncias, no fogo de chão que faz da terra a mesa de seu churrasco, no chimarrão que sorve silencioso, no pilchado autêntico do vestuário. 
Ser gaúcho é orgulhar-se das bombachas – as calças folgadas presas ao tornozelo –, das botas, das esporas, do poncho, do lenço atado ao pescoço, do chapéu de abas redondas. 
É guiar o gado, laçar o novilho, galopar o cavalo, enfrentar o rodeio e cair no fandango. 
Esse gaúcho verdadeiro, talhado nas disputas territoriais, moldado pelas trocas culturais, habita as terras da fronteira. 
Enfim, Santana do Livramento está a uma avenida de Rivera, sua irmã siamesa uruguaia sempre lotada de brasileiros por causa dos frees-shops e do Cassino de Estado. 
Uruguaiana a uma ponte da argentina Paso de Los Libres e suas ofertas de couro e lã. 
Em Rosário do Sul, o gaúcho se desnuda no verão nas praias do Rio Santa Maria, e se apresenta típico nas portas do casario português, de pé direito baixo, tomando chimarrão na calçada. 
Os sítios históricos, os muros da fortaleza de pedra, vestígios das trincheiras, os abrigos subterrâneos de armas e os museus de São Gabriel, Dom Pedrito e Caçapava do Sul revelam as lutas em que se meteram no passado. 
Alegrete, terra de Mário Quintana e Oswaldo Aranha, é reduto do fandango, os bailes campestres de danças sapateadas ao som de músicas regionais puxadas pela viola. 
Bagé também é festeira, especialmente durante a Semana Crioula, em março, quando recebe uruguaios, argentinos e paraguaios para os concursos de laço, fandango e tertúlias – reuniões típicas nas casas locais. 
Só fica tristonha no dia 24 de maio, dia de Nossa Senhora Auxiliadora: aí, as mulheres mantêm a tradição de acender velas nas janelas desde a Guerra do Paraguai. 
Por que, se um gaúcho não foge à luta, sua companheira jamais esquece o homem que tombou na batalha.  

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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