Poesias

quinta-feira, 29 de abril de 2021

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 36

Seguindo a moça, percebeu que por um momento, Lúcia parou em frente a casa de Solange.
Intrigada Diá, passou a se perguntar se aquela moça, tão parecida com ela, era a tão famosa Lúcia, que Diogo, insistentemente, pedia para que fosse destruída.
Lúcia, pressentindo que conhecidos iriam passar em frente a casa naquele momento, resolveu ir embora. Temendo ser reconhecida, resolveu sair o quanto antes do lugar.
Diá, por sua vez, interessada em descobrir a verdade, continuou no encalço de Lúcia. Sem ter certeza se essa era a moça que deveria destruir, Diá, passou a segui-la.
Estava disposta a descobrir tudo sobre aquela moça que muito se assemelhava a ela.
Lúcia, absorta em seus pensamentos, nem percebeu que estava sendo seguida pela inconveniente Diá.
Seguindo a moça, Diá constatou que a mesma se hospedara em uma pensão.
Isso por que, Lúcia entrou na casa e de lá não mais saiu.
Diá, então, percebendo que a moça não tornaria a sair, resolveu voltar para a casa onde estava morando.
Ansiosa, Diá, estava decidida a acompanhar a estranha em todos os seus passos.
No dia seguinte, acordando cedo, Diá, se arrumou rápido e apressadamente saiu de casa.
Foi logo em direção a pensão onde a moça estava hospedada. Aguardando ansiosa a moça sair da pensão, Diá esperou impaciente Lúcia aparecer.
A espera demorou algumas horas.
Isso por que Lúcia só saiu da pensão, quase dez horas da manhã.
Mas logo que saiu, a moça foi diretamente para a igreja.
Diá, ao perceber a direção que a moça estava tomando, não gostou nem um pouco de saber que ela freqüentava a igreja. Irritada, ao perceber isso, tratou logo de ir embora.
Nisso Lúcia entrou na igreja, e fez a genuflexão. Depois, ajoelhando-se, pegou seu terço e começou a rezar. A moça, rezou um terço inteiro.
Quando a moça terminou de rezar, Alexandre – o coroinha da igreja – aproximou-se para conversar com ela.
Intrigado com a religiosidade da moça, elogiou seu comportamento discreto e o hábito de sempre rezar.
Alexandre então, comentou que era muito raro uma pessoa tão jovem ser tão religiosa quanto ela.
Isso por que, a maioria dos jovens, estava mais interessada em festas e diversão, do que em ter um verdadeiro contato com Deus.
Lúcia, que se apresentara a ele como Luíza, comentou que ele também era bastante jovem.
Alexandre, ao ouvir as palavras de Lúcia, comentou que não era tão jovem quanto ela imaginava. Como já havia algum tempo que estudava para ser padre, já era de se supor, que não era tão jovem.
Lúcia, curiosa, perguntou-lhe então a idade.
Alexandre respondeu:
-- Tenho dezenove anos.
Lúcia riu.
Intrigado, o seminarista perguntou-lhe, qual era o motivo do riso.
A moça respondeu:
-- Nada demais. É que eu achei engraçado você se considerar tão velho, sendo tão moço.
Nisso, Alexandre concordou:
-- Sim. Você tem razão. É que você é tão nova, que eu pensei que fosse me considerar um velho.
-- Um velho. Que bobagem! – respondeu ela, amável.
-- Sim, um velho. É assim que a maioria das adolescentes pensam, Luíza.
-- Que injusto! Eu nunca pensei que você fosse um velho. Nem um senhor de quarenta anos chega a tanto, que dirá você.
-- É verdade. Você é muito gentil. Tão gentil que as vezes até me esqueço que é tão menina ainda. – respondeu Alexandre.
-- Eu sei. Sei também que apesar de estar a pouco tempo nesta igreja, auxiliando o padre, conhece quase todos os moradores da cidade. – comentou ela.
-- Sim, quase todos. Não conheço a todos, por que nem todos, como a senhorita, vem a missa aos domingos. Alguns nem se aproximam da igreja.
-- Eu sei. Me perdoe. Sei que não entende, mas eu tenho minhas razões para não participar da missa. Muito embora eu não as possa explicar, eu tenho os meus motivos.
-- E por que não pode? – perguntou Alexandre, intrigado.
-- Por que eu tenho um segredo que não posso revelar. – respondeu Lúcia, visivelmente angustiada.
-- Um segredo?
-- Sim. Mas não me peça para revelar. Você não compreenderia. Mas ... deixando este assunto de lado, posso te pedir um favor?
-- Se estiver ao meu alcance atendê-la. – respondeu ele solícito.
-- Eu acho que sim. Por acaso, o senhor pode me contar, como está Dona Solange?
-- E por que você quer saber sobre ela? – perguntou Alexandre, um pouco curioso.
-- Por que ... por que. Por que, eu a conheço, e soube por algumas pessoas, que ela não estava nada bem. Gostaria de saber se ela já se recuperou, ou se ainda precisa de ajuda.
-- Se precisa de ajuda?... Não estou entendendo. Se você está tão preocupada, por que não a visita?
-- Não! – respondeu ela, decidida.
Alexandre ficou surpreso com a reação da moça.
Lúcia, percebendo isso, respondeu:
-- Desculpe-me. Não quis ser grosseira. Mas é que eu já tentei ir até lá e falar com ela. Mas toda vez que eu tento falar com ela, a mesma não me atende. Por favor, me ajude! Esta senhora está precisando e muito, de ajuda. Por favor! Diga ao padre que se ele puder, reze por ela.
-- Sim, Luíza. Nós rezaremos por ela.
-- Obrigada. Mas isso só, não basta. Eu gostaria que vocês fossem visitá-la. Digam que Lúcia está bem.
-- Que Lúcia? A filha dela?
Lúcia, percebendo que já era hora de ir, saiu abruptamente da igreja, e descendo as escadarias, partiu em desabalada carreira rua afora.
Alexandre, bem que tentou alcançá-la, mas sem sucesso.
Isso por que, ao vê-la sair da igreja, partiu em seu encalço. Quando chegou num determinado ponto, acreditando que havia cercado Lúcia, ao se aproximar, percebeu que a moça não estava mais lá.
Intrigado, o seminarista relatou o ocorrido ao padre, que impressionado com a história, prometeu a ele, que assim que pudesse, visitaria Solange.
O sacerdote, sabendo do grave estado de saúde da mulher, já havia pensado em visitá-la. E assim diante do ocorrido, esta visita, precisava ocorrer o quanto antes.
Impressionado com o relato de Alexandre, logo que pôde, foi visitar a mulher.
Porém, ao baterem na porta e se fazerem anunciar, notaram que ninguém na casa, se prontificava a atendê-los. Diante disso, o padre insistiu mais um pouco, mas, percebendo que sua insistência de nada valia, resolveu, depois de quase uma hora tentando, voltar para a igreja.
Enquanto isso, o estado de saúde de Solange, se tornava cada vez mais delicado.
Como não se cuidava, a doença se agravou.
Solange, mal conseguia ficar de pé.
Sem forças para nada, se não fosse tomada uma atitude em breve, ela acabaria morrendo, vitimada pela enfermidade.
Lúcia, percebendo isso, apareceu-lhe em sonhos.
Chorando, disse que ainda não era chegada sua hora de partir.
Solange, ao sonhar com a filha, pediu para ela, que ficasse a seu lado.
Mas, a visão, a despeito de sua vontade, insistia em desaparecer.
Isso a deixava arrasada.

Enquanto isso, Diá, continuava seguindo Lúcia.
A certa altura, percebendo que alguém a seguia, a moça resolveu tomar uma atitude.
Fingindo que não havia notado, Lúcia levou Diá até uma rua sem saída.
A garota, sem perceber que Lúcia havia percebido sua presença, continuou em seu encalço, até se deparar com a rua sem saída.
Lúcia então, percebendo que a moça caíra no engodo, resolveu se esconder atrás de umas caixas abandonadas, para depois aparecer atrás de Diá.
Diá, intrigada com o sumiço de Lúcia, resolveu procurá-la atrás das aludidas caixas.
Lúcia, ao ver a moça procurando-a, deixou ela olhar cada um das caixas que havia na rua.
Quando percebeu que Diá estava cansada de procurá-la, Lúcia finalmente apareceu atrás dela e lhe perguntou se era ela que procurava.
Diá, ao ver Lúcia diante de si, ficou assustadíssima. Percebendo o logro, Diá notou que a moça era mais astuta do que imaginava.
Ao se dar conta de que Lúcia não era a tola que imaginara que fosse, Diá ficou profundamente irritada. Isso por que, não seria nada fácil, destruí-la como Diogo queria.
Além disso, a luminosidade que emanava de Lúcia, incomodava-a sobremaneira.
Sentindo-se sem forças Diá, logo sumiu, sem deixar pistas para Lúcia.
A moça preocupada, passou a se perguntar, onde a moça viveria.
Pensando nisso Lúcia percebeu que não seria nada fácil encontrá-la. Sim por que a moça, se a estava seguindo, não era boa coisa. Diante disso, a Lúcia constatou, que teria problemas com aquela estranha moça.

Sim, Diá, era perigosa e atrevida.
Certa vez, vendo Alexandre caminhando pelas ruas da cidade, resolveu provocá-lo. Sabendo que ele era amigo de Lúcia, ao vê-lo foi logo lhe dirigindo comentários desairosos a respeito da amizade dos dois.
O seminarista irritado, segurando sua raiva, resolveu deixar de lado as provocações.
Diá, percebendo isso, começou então, a irritá-lo cada vez mais.
A moça irritou-o tanto, que a certa altura, perdendo a paciência, o seminarista, ao adentrar a pensão onde morava, vendo-se seguido pela moça, aproveitou para se sentar no sofá da sala e aguardando a entrada da mesma, puxou-a pelo braço e desferindo umas palmadas nas suas nádegas, disse agressivamente:
-- Eu nunca bati em ninguém dessa maneira, mas você, com seu atrevimento, mostrou que merece cada uma dessas palmadas. Então vai.
E continuou batendo.
Nisso Diá, pedia para ele parar. Mas ele não parava.
Mesmo quando alguns hóspedes pediram para ele parar, Alexandre continuou batendo.
Finalmente parou de bater quando se cansou.
Diá, humilhada, prometeu que daria o troco.
Alexandre, então, desafiando-a disse que se ela quisesse eles poderiam conversar muito sobre Deus e religião. Insinuando que a moça precisava da presença do Altíssimo, o jovem fez com a moça fugisse como um raio da pensão.
Até mesmo os hóspedes se espantaram com a reação da moça.
No dia seguinte, pressentindo que aquela moça não era boa coisa, Alexandre pediu para que o padre o benzesse. Pediu também para que benzesse seu quarto e a pensão onde morava.
O padre mesmo sem entender bem a razão do pedido, atendeu o pleito.
Assim, Alexandre acreditava que estava se protegendo.
Foi por isso mesmo que o rapaz nunca mais foi importunado por Diá.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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