Contudo, depois de quase duas semanas, o corpo foi liberado.
Finalmente poderiam providenciar um digno enterro para a filha amada de Dona Solange.
E assim, zelosos, os vizinhos cuidaram de tudo.
Preocupados, não queriam incomodar Dona Solange.
Mas esta, ao saber da notícia, fez questão de acompanhar tudo. Não queria que sua filha ficasse sozinha, nem que fosse por um minuto.
Assim, quando o corpo foi liberado, fez questão de ir até lá junto com as amigas para retirar o corpo do local. Ela mesma lavou o corpo da filha e vestiu-a com sua melhor roupa. Estranhamente, queria que ela estivesse bem.
Foi então que, nesse momento lembrou-se que as duas, constantemente visitavam o túmulo da irmã falecida.
Quando entravam no cemitério, tinham que caminhar por uns quinze minutos até chegar ao túmulo da criança. Nesse caminhar, freqüentemente Lúcia ficava emotiva. Quando chegava no túmulo e lá deixava as flores que sempre levava, quase sempre chorava.
Espantada, Dona Solange nunca entendia o comportamento da filha.
Para ela, era como se Lúcia conhecesse a irmã, que só vira ao nascer.
Intrigada, chegou certa vez a perguntar a filha, o porque da emotividade e da tristeza ao visitar o túmulo da irmã.
Afinal de contas, as duas não tiveram a oportunidade de se conhecerem. Muito embora fosse normal se entristecer com o que sucedera a ela, achava estranha a dimensão do sentimento que Lúcia dedicava a irmã. Por que tanto apego?
Nisso, Lúcia sempre respondia que tinha a sensação de que estava sendo chamada por alguém, quando lá entrava.
No entanto, a despeito de ser um ambiente triste, ao visitar o túmulo de seu suposto pai, Lúcia não sentiu o mesmo. Não teve a mesma estranha sensação.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
sexta-feira, 23 de abril de 2021
O BEM E O MAL - CAPÍTULO 16
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