Poesias

quinta-feira, 29 de abril de 2021

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 28

Abandonada ainda em criança por sua mãe, fora criada por uma família desajustada, que a todo o momento fazia questão de lhe dizer que ela era apenas uma adotada.
Revoltada, Diá passou a nutrir um profundo sentimento de rancor pela família que a criara. Por esta razão, resolveu fugir de casa.
Porém ao fugir, a menina de quatorze anos, acabou se envolvendo com criminosos.
Fascinada pela idéia de ganhar dinheiro fácil, a garota acabou acreditando nas palavras de um sujeitinho que se aproximou dela.
Este lhe prometendo que vendendo umas mercadorias, ganharia muito dinheiro, acabou convencendo-a.
Porém, o que ele nunca poderia imaginar era que Diá, muito astuta, poderia tentar lhe passar a perna.
Diá, gananciosa, desejando ficar com todo o dinheiro da transação, resolveu que venderia as mercadorias por um alto preço. Porém, ao invés de devolver parte do dinheiro para o aludido homem, Diá resolveu que embolsaria todo o dinheiro da venda.
Foi aí que a garota assinou sua sentença de morte.
Isso por que, bandido não brinca em serviço.
De formas que, o meliante, ao perceber que fora enganado por Diá, tratou logo de acertar as contas com a mesma. Obcecado pela idéia de desforra, o bandido, permaneceu em seu encalço por semanas, até encontrá-la.
Com isso, ao encontrá-la dormindo em um banco de praça, sua caçada finalmente chegou ao final.
Ao saber que ali a garota passava quase todas as noites, seu algoz finalmente encontrou a oportunidade ideal para se vingar da mesma.
Porém, como última tentativa, apareceria para ela, cobrando o dinheiro.
Foi o que fez.
Diá, no entanto, alegou que não tinha dinheiro nenhum. Dizendo ter sido assaltada, comentou que não trazia nenhum centavo consigo.
Ao ouvir isso, o meliante ficou revoltado e disparou seis tiros em sua direção. Diá, morreu na hora.
Diá, ao lembrar-se disso, ficou horrorizada.
Chocada, começou a correr feito uma desesperada pelas ruas da cidade onde vivera, assustando a todos.
Assustando por que os moradores da pequena cidade, não estavam acostumados com tão tresloucados gestos.
Diá parecia enlouquecida correndo pelas ruas da cidade.
Todavia, a certa altura, depois de muito correr, um jovem rapaz, preocupado com ela, perguntou-lhe se ela estava precisando de ajuda.
Diá, porém, ao invés de agradecer a atenção, comentou com o rapaz que se ela precisava ou não de alguma coisa, não era problema dele.
Foi o bastante para o rapaz se afastar.
Aborrecido, o rapaz prometeu para si mesmo que nunca mais se ofereceria para ajudar ninguém.
Nisso, Diá, mais calma, prometeu que se vingaria do homem que a matara.
Parece estranho, mas desde que desencarnara, a moça apagara por completo a lembrança de sua morte. Agora porém, ao retornar para o plano físico, passou a se dar conta de tudo o que acontecera em sua vida. Lembrando-se me detalhes de sua vida, passou a ser atormentada por horríveis lembranças.
No meio de todas elas, veio-lhe a mente a imagem de duas crianças em um berçário. As gêmeas, inadvertidamente foram trocadas pela enfermeira displicente que cuidava dos bebês.
Com isso, uma das mulheres que tivera um bebê que morrera momentos antes do parto, acabou levando a filha de uma outra que tivera gêmeas.
Diá, ao deparar-se com essa lembrança, não conseguia entender o sentido de tudo aquilo.
A garota espantada, se perguntava:
Por que ela tinha a lembrança de algo que não havia acontecido consigo? Por que ela trazia consigo a lembrança de outra pessoa?
Não conseguia entender. Para ela, toda aquela história lhe era muito confusa. Confusa demais para fazer algum sentido.
Nesse instante, Diogo, percebendo a ausência de Diá, ordenou-lhe que retornasse imediatamente ao inferno.
Diá porém, ao ouvir o chamado, fez de tudo para protelar seu retorno para lá. Isso por que, desejosa de se vingar de tudo o que lhe fizeram de mal em vida, queria por que queria, permanecer no lugar em que estava.
Diogo, no entanto, não ficou nem um pouco satisfeito com isso. Sentindo-se afrontado, ordenou mais uma vez que ela voltasse para o inferno.
Diá, mesmo aborrecida, foi obrigada a acatar a ordem.
Assim, teve que retornar ao inferno e lá, dar detalhadas explicações sobre o seu proceder.
Além disso, como resposta a desobediência às suas ordens, Diogo ordenou a seus asceclas que a confinassem em um dos piores lugares do inferno.
Ao ser enviada para a aludida região, Diá passou péssimos momentos.
Isso por que, em meio as almas penadas, e torturadas que lá viviam, Diá, passou a ser alvo fácil de suas maldades.
Torturada dia e noite, prometeu para si mesma e para Diogo que nunca mais o desobedeceria. De tão desesperada, chegou a pedir diversas vezes que o honorável carrasco das profundezas a libertasse de tamanho suplício.
Diá, no entanto, só seria libertada quando Diogo assim entendesse necessário.
E assim, Diá permaneceu um longo período padecendo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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