Poesias

quinta-feira, 1 de abril de 2021

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 8

Tão ansioso que não percebeu a aproximação da moça.
Feliz, Ludmila trazia vários papéis nas mãos.
Aproximou-se lentamente, procurando não fazer barulho.
Enquanto Lúcio brincava de jogar pedrinhas no riacho, Ludmila cobriu os olhos do moço.
Sussurrando no ouvido do rapaz, a moça pediu para que adivinhasse quem era.
Lúcio segurou as mãos da moça.
Perguntou-lhe onde ela estivera.
Ao ouvir isto, o moço aborrecido, perguntou-lhe por que não havia esperado por ele.
Argumentou que gostaria de ter ido junto.
Neste momento, ao perceber que a moça trazia um sorriso nos lábios, perguntou-lhe se não havia nenhum problema.
Ludmila disse que sua saúde estava perfeita.
Curioso, Lúcio perguntou-lhe o que havia acontecido.
A fazendeira mostrou-lhe os exames.
Lúcio abriu os envelopes, leu os laudos, mas não compreendeu a linguagem técnica.
Desta forma, ao término da leitura, perguntou a moça o que queriam dizer todos aqueles exames.
Sorrindo, Ludmila respondeu-lhe o médico lhe dissera que não tinha nenhum problema grave.
Disse-lhe apenas que dali há alguns meses haveria mais um membro naquela família.
Lúcio, ao ouvir as palavras de Ludmila, abraçou a moça.
A jovem disse que estava grávida.
O moço abraçou-a ainda mais forte.
Disse que estava muito feliz.
Chorando, ainda abraçado a moça, mencionou agora teria uma família de verdade.
Ludmila, ao ver o marido emocionado, comentou que ele não estava mais sozinho. Agora teria um sucessor, alguém que daria continuidade a sua história.
A fazendeira dizia estas palavras, olhando nos olhos do moço.
Feliz, o jovem segurou-a nos braços, levantou-a. Balançou-a.
Ludmila zonza, pediu para que ele parasse.
Lúcio, percebendo que havia se empolgado, cessou o movimento e colocou-a no chão.
Aflito, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Ludmila, um pouco atordoada, respondeu que sim.
Lúcio então, pediu-lhe desculpas.
A moça respondeu que estava tudo bem.
O jovem por sua vez, perguntou-lhe se não estava cansada. Disse que precisava descansar.
Neste momento, aproximou-se da moça, fazendo menção de segurá-la novamente nos braços.
Ludmila, um pouco cansada, respondeu que não precisava, estava bem.
Lúcio, argumentando que ela parecia cansada, ergueu-a.
A fazendeira, deixou-se carregar. Estava de fato cansada.
Enquanto caminhava em direção ao seu cavalo, o moço percebeu que Ludmila também fora a cavalo até lá.
Lúcio, ao perceber isto, comentou que não era aconselhável ela continuar a cavalgar.
Ludmila respondeu que já estava acostumada.
O moço, ao ouvir estas palavras, respondeu:
- Acostumada! Pois bem. Conversaremos sobre isto mais tarde.
Ludmila tentou argumentar, mas Lúcio, segurando-a nos braços, pediu para que ela não se cansasse.
A mulher, percebendo que não conseguiria argumentar, perguntou sobre seu cavalo.
Lúcio respondeu-lhe ela iria em sua garupa, e que o seu animal não seria abandonado.
Nisto, o moço ajudou a moça a subir em seu cavalo, e sinalizou para que o animal da fazendeira o acompanhasse. Ludmila ficou impressionada.
Perguntou:
- Como você consegue dominar o animal desta forma?
Lúcio respondeu-lhe que eram anos de prática.
Com isto, o casal se encaminhou para a sede.
Ao chegar em frente as escadarias da fazenda, o homem apeou do cavalo.
A seguir, ajudou Ludmila a descer do animal.
Jurema e Rosa, ao verem a patroa serem carregada por Lúcio, perguntaram aflitas, o que havia acontecido.
Lúcio respondeu que não havia ocorrido nada de grave, e que mais tarde, contaria a todos uma novidade.
Nisto, o homem adentrou a casa e caminhou pelo corredor.
Ao entrar no quarto, Lúcio acomodou Ludmila no leito.
Disse que ela precisava se recompor.
Ludmila respondeu que já estava bem, que o cansaço já havia passado.
Argumentou que precisava trabalhar.
Lúcio respondeu que ela não estava proibida de cuidar da fazenda. Só que teria que se cuidar um pouco mais.
Ludmila tencionou levantar-se, no que foi impedida por Lúcio.
O moço, ao notar que a fazendeira resistia a idéia de se resguardar, comentou que ele também descansaria um pouco.
Dizendo que o dia tinha sido puxado, comentou que também tinha o direito de descansar.
Desta forma, ajeitou o travesseiro da moça, e recostou-a na cama.
Disse que pediria a Jurema para fazer um almoço leve.
Nos dias que se seguiram, o moço era todo zelo com a esposa.
Lúcio pediu a moça para que não andasse a cavalo. Preocupado, dizia que a moça poderia cair do animal, se ferir, se machucar.
A fazendeira, percebendo a preocupação do moço, prometeu que passaria a andar de charrete. Mas argumentou que não deixaria de trabalhar.
Com isto, Ludmila continuou a cuidar da fazenda.
Lúcio passou a auxiliá-la na empreitada.
Zeloso, o moço auxiliava a moça a subir e a descer da charrete.
Ludmila achava graça no excesso de preocupação do rapaz.
Lúcio a todo o momento perguntava se ela estava bem, recomendava que não se cansasse.
Jurema e Rosa faziam coro as recomendações do moço.
Diziam que ela deveria comer direito e descansar mais. As mulheres diziam que ela era a fazendeira, que não precisava se matar de trabalhar como os peões da fazenda.
Ludmila argumentava dizendo que não achava que seu trabalho era um sacrifício.
Com efeito, quando a moça voltava do trabalho, ceava com o marido, e ouvia um pouco de rádio.
Quando se recolhiam, o jovem auxiliava a moça a se deitar na cama, retirava seus sapatos.
Lúcio, feliz, comentou com todas as pessoas conhecidas na fazenda, que dentro em breve seria pai.
Valdomiro foi o primeiro a parabenizá-lo pela novidade.
O tempo foi passando.
Lúcio adorava admirar a barriga de Ludmila.
A criança, nasceu em um hospital, em uma cidade próxima da região.
Ludmila batizou a menina de Odara.
Lúcio, ficou surpreso com a escolha do nome.
A fazendeira por seu turno, comentou que ouvira o nome em algum lugar, mas não se recordava onde, e gostara da sonoridade do mesmo. Dizia que ninguém teria o mesmo nome de sua filha.
Lúcio concordou com a escolha. Argumentou que como mãe, ela tinha a primazia na escolha do nome.
Com isto, o moço registrou a criança no cartório da cidade.
Desta forma, encaminhou-se para o lugar.
Ao dizer o nome a ser registrado, o escrevente ficou surpreso.
Tanto que perguntou se ele tinha certeza de que seria aquele nome que ele gostaria de registrar.
Lúcio comentou que sim.
Mais tarde, o moço apresentou a certidão de nascimento, a mãe da criança.
Dias depois, a mulher saiu da maternidade acompanhada do marido e da filha.
O casal estava feliz com o ingresso do mais novo membro da família.
Ao retornarem a fazenda, ao passarem pela porteira, observaram que todos os que os viam de carro, levando uma criança, paravam para olhar.
Cumprimentavam o casal.
Lúcio feliz, fazia questão de passear de charrete com a criança.
Exibia Odara para todos.
Valdomiro e Leocádia, foram escolhidos para serem os padrinhos da criança.
Odara foi batizada na igreja da vila.
Com uma criança na casa, Ludmila continuou a cuidar e administrar a fazenda, auxiliada por Emerson.
Odara, contudo, ocupava boa parte de seu tempo, razão pela qual Lúcio passou a acumular também a função de administrador da fazenda.
Para auxiliar nos cuidados com a criança, Ludmila contratou os serviços de uma babá.
De vez em quando, a jovem levava a filha para fazer passeios a cavalo.
Levava a filha para ver o pai trabalhando.
Lúcio adorava as visitas da esposa e da filha.
Também gostava de acompanhá-las nos passeios pelo riacho.
O homem ensinava a filha a atirar pedrinhas no rio.
Mostrava-lhe as nuvens do céu, e dizia para a filha que elas se deslocavam no firmamento.
Brincando, dizia que a ensinaria sobre as estrelas do céu, que este seria o vínculo que teriam, um código que os aproximaria para sempre.
A menina caminhava pela relva.
Ludmila e Lúcio faziam pequenique no lugar.
Os dias seguiam repletos de trabalho, e cheios de encantamento.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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