Assim, encheu-se de esperanças.
Murilo, interessado na moça, há muito tempo já dava sinais disso.
Tanto que a própria Elisa já havia percebido isso e comentado com Melissa, que não era comum o interesse que ele demonstrava ter por Carolina.
Isso por que, sempre prestativo e atento ao que menina falava ou fazia, não se cansava de elogiar sua inteligência.
Além disso, sempre que podia levava um presente para ela e para Carolina.
Isso tudo, segundo Elisa, com o intuito de encantá-la e mostrar a ela, que sabia cuidar muito bem de crianças.
Para ajudar, tanto Jane como a própria Carolina, se encantaram com ele. Achando ele educado, Carolina chegou a convidá-lo inúmeras vezes para visitar sua casa, para conhecer seu quarto, e também para fazer companhia a mãe.
No início, sem perceber quais eram as verdadeiras intenções do rapaz.
Mas depois, percebendo o comportamento dele com relação a sua mãe, observando o modo como ele a olhava, a garota notou que ele gostava dela.
Em razão disso, indiscreta, certa vez, chegou a comentar com sua mãe, sobre o interesse de Murilo.
Melissa, ao ouvir comentário da filha, ficou surpresa com sua observação.
Sem esperar por aquilo, comentou com a menina que ela estava sendo muito indiscreta. Além disso, ela ainda era muito nova para entender dos sentimentos alheios.
Carolina, ao ouvir isso, contudo, não se inibiu nem um pouco. Aborrecida com o comentário da mãe, respondeu:
-- Ah, é? Mas parece que eu sei prestar mais atenção nas pessoas do que você. Ou vai me dizer que a senhora não percebeu como ele te olha?
Foi então a vez de Melissa tecer um comentário:
-- É mesmo, espertinha? Pois então, como ele me olha? Me diga, heim, espertinha!
Melissa começou então a fazer cócegas na barriga de Carolina, que não agüentando mais segurar o riso, pediu a mãe para parar de fazer isso.
Mas Melissa não quis saber. Continuou a fazer cócegas na barriga da filha.
Carolina não estava agüentando mais. Por esta razão, resolveu responder:
-- Tá bom mãe. Tá bom. Para de fazer cócegas por favor, que eu não agüento mais rir, eu conto.
-- Então conte. – insistiu Melissa.
Carolina contou então que já se cansou de ver Murilo olhando todo derretido para ela. Abusada, comentou que até mesmo Jane havia percebido.
Melissa comentou então, que nunca havia percebido nada disso.
Isso por que, sempre que o rapaz visitava sua casa, estava muito bem acompanhado. E muito embora o rapaz apresentasse sua companhia como apenas amiga, não sabia ao certo, se os dois eram apenas amigos.
Contudo, depois do toque da amiga e dos comentários da filha, Melissa passou observar mais atenção o comportamento do rapaz.
Murilo então, meio sem jeito, ao perceber que ela notara os olhares, tentou arranjar uma desculpa para ir embora.
Melissa porém, fez de tudo para retê-lo.
Isso por que, não queria criar falsas expectativas.
Como ainda era casada, muito embora não vivesse mais com Mauro, sabia que não seria nada fácil resolver esta questão, até por que, sentia muito medo dele.
Assim, a moça explicou muito claramente sua situação ao rapaz.
Murilo, ao constatar que a conversa seria séria, retrucou dizendo que já sabia disso e que não seria esse simples detalhe que os afastaria.
Melissa, surpresa, perguntou a ele, como sabia disso.
Murilo então comentou que a própria Elisa havia lhe contado, quando ela percebeu que ele estava interessado nela.
Preocupada com os prováveis problemas que esse interesse acarretaria, resolveu lhe alertar. Isso por que, sabia de cátedra, que sua amiga estava farta de problemas. O que Melissa mais queria agora era sossego. Com sua vida organizada, um emprego, uma casa, e o curso que estava fazendo, o que era mais importante agora para ela era sua segurança.
Melissa ao ouvir as explanações do rapaz, ficou mais uma vez estupefata. É que ela era a última pessoa a saber disso.
Murilo, então, aproveitando a deixa, disse que mesmo diante da delicada situação de Melissa, não tinha motivos para desistir de viver com ela. Até por que, naqueles tempos de lei do divórcio, desfazer o vínculo do casamento, não era a coisa mais intrincada do mundo. Assim, era só ela entrar em contato com Mauro para que toda a confusão fosse resolvida.
Melissa contudo, receosa, comentou que nem tudo era tão simples como parecia. Alegando que Mauro era um homem extremamente violento, respondeu que não seria nada fácil convencê-lo a lhe dar a separação.
Murilo retrucou então, que não cabia a ele concordar ou não com isso.
Melissa então revelou, que temia que, ao mexer com isso, ele voltasse novamente a aparecer, e mais uma vez, infernizasse sua vida como antes.
O rapaz, ao perceber o temor de Melissa, comentou que mesmo que ele quisesse, não havia como ele voltar a atormentá-la. Isso por que, os dois estavam separados de fato, há mais de um ano.
Mas Melissa sabia do que estava falando.
Mesmo depois de tanto tempo, sabia que Mauro jamais se esqueceria do que fizera. Além disso, ao ligar recentemente para sua mãe, descobriu que ele ainda não desistira de encontrá-la e de acertar contas com ela.
Isso refletia claramente, que Melissa tinha razão em manter sua preocupação e prevenção em relação a Mauro.
Murilo contudo, fazia de tudo para convencer a moça a tomar uma atitude.
Melissa, então, diante de insistentes apelos para que mudasse sua vida, prometeu que iria pensar. Depois daria uma resposta.
Enquanto isso, cansado de ficar afastado dela, Murilo aproveitava todas as oportunidades que tinha para ficar próximo e namorá-la um pouco.
De vez em quando, quando não era Elisa que ía sair com seu namorado, era a amiga quem tomava conta de Carolina, para que ela pudesse sair para jantar e passear com Murilo.
Cúmplices, as duas sempre se ajudavam.
Com isso, os laços entre Murilo e Melissa, foram se estreitando cada vez mais. Namorando, Melissa aproveitava para de vez em quando ir a praia acompanhada de Murilo e sua filha.
Quanto a esses passeios, cabe um comentário. Sempre que as pessoas viam os três juntos, todos achavam que Carolina era filha dele. Encantados com a família feliz, chegavam a elogiar a beleza do casal, que se via refletida na filha.
Melissa sem graça, fazia menção de que iria dizer algo, mas Murilo, sensatamente, toda vez que lhe atribuíam a paternidade de Carolina, fazia questão de confirmá-la.
A moça, ao ver a atitude do rapaz, ficava encantada com ele.
Elisa, sempre que conversava com Melissa sobre o namoro com Murilo, não se cansava de elogiá-lo. Além disso, com base no que a amiga dizia a respeito do ex-marido, o rapaz era muito melhor. Portando-se exemplarmente, o rapaz era um exemplo de educação para qualquer homem. Principalmente para o tal do Mauro, em suas palavras.
E assim, o namoro do casal feliz, ia de vento em popa.
Carolina, acostumada com o rapaz, chegou a comentar com a mãe, que não ficaria nem um pouco chateada se ele passasse a ser seu novo pai.
Melissa, ao constatar a aprovação da filha, sentiu-se aliviada. Isso por que, se a menina não se opunha a seu relacionamento com Murilo, não havia mais com o que preocupar. Feliz, abraçou longamente a filha.
Sua felicidade se refletia até no seu trabalho.
Suas colegas, percebendo que ela estava diferente, foram logo lhe perguntar qual era a razão de sua felicidade.
Melissa porém, cautelosa, fez questão de dizer que não era nada de mais.
Suas colegas, contudo, perceberam que a razão da felicidade só poderia ser um namorado novo.
Realmente, estava tudo indo muito bem.
Não fosse pela insistência de Mauro em descobrir seu paradeiro, tudo seria uma maravilha.
No entanto, essa era uma situação que ela teria que enfrentar de qualquer jeito. Até por que, por ser ainda jovem, mais cedo ou mais tarde acabaria se ajeitando com Murilo, – e mesmo que fosse com outro rapaz – acabaria se casando novamente.
Assim, precisava resolver sua situação com Mauro.
O problema, era que ela não tinha coragem de procurá-lo.
De tão apavorada com essa possibilidade, não conseguia nem pensar em vê-lo novamente.
Contudo, não podia mais viver também, numa eterna indefinição.
Porém, como fazer para resolver a situação?
Murilo, percebendo a angústia de Melissa, sugeriu que ela promovesse uma ação mais para frente. Assim, poderia, ao invés de promover uma separação, entrar logo com o pedido de divórcio.
Melissa ao saber que poderia fazer isso, ficou um pouco mais aliviada. Mas não suficiente para esquecer de um detalhe:
-- E se ele alegar que eu abandonei o lar? E se ele pleitear a guarda de Carolina? – perguntou Melissa aflita.
Murilo, percebendo a gravidade da situação, recomendou a ela, que arrumasse testemunhas para comprovar as agressões que sofria do marido.
Melissa comentou que poderia chamar enfermeiras dos prontos-socorros e hospitais onde esteve internada. Além disso sua mãe, e até mesmo antigas colegas de trabalho, sabiam que ela sofria agressões de Mauro.
Murilo, ao ouvir isso, respondeu que em decorrência disso, mesmo que Mauro entrasse com um pedido de guarda, nada conseguiria em razão das circunstâncias.
A moça, ao ouvir isso, ficou aliviada.
Sim por que, se não tinha nada a temer, era só esperar um pouco para entrar com o pedido de divórcio.
O que ela não contava, era que nesse ínterim, Mauro acabaria por descobrir seu paradeiro.
Apesar de todo o cuidado que a moça e sua mãe tiveram, Mauro acabou descobrindo que Melissa estava no Rio de Janeiro.
Isso ocorreu, por que a diretora do colégio onde Carolina estava estudando, preocupada com sua ausência durante as aulas, resolveu contatá-lo, para tentar entender o que estava acontecendo já que ele nunca aparecia, por lá.
Indiscreta, chegou até a perguntar se eles estavam se separando.
Surpreso, Mauro perguntou a mulher, como ela descobrira seu telefone.
A mulher então contou que sua filha Carolina estudava naquela escola, e no momento da matrícula da menina, Melissa havia dado o endereço de São Paulo.
Talvez distraída, acabou dando o endereço de outra cidade.
Mauro então perguntou:
-- E de onde a senhora está me ligando?
A mulher respondeu que aquela ligação era do Rio de Janeiro.
Mauro ao ouvir isso, disse:
-- Quer dizer então, que Melissa levou minha filha para o Rio de Janeiro? Mas que absurdo! Nunca em minha vida vi uma situação tão absurda como essa! Abandonou minha casa, levou minha filha embora, e se escondeu por quase dois anos de mim. Onde já se viu, tamanho absurdo?
A diretora da escola, ficou espantada:
-- Dois anos? Quase dois anos? Mas não é essa a história que ela contou para nós. Ela disse que o senhor viaja muito.
-- Viajo muito! A maior viajante dessa história é ela que mentiu e enganou todo o mundo. Inclusive a mim. Afinal de contas, isso é atitude de uma mulher decente?
A diretora, percebendo que Mauro estava alterado, percebeu que por sua voz pastosa, provavelmente o homem estava bêbado.
Mas não bêbado o suficiente para deixar de pedir informações sobre a localização da escola.
No tocante a localização da nova residência de Melissa, isso não foi possível descobrir, em razão da mesma ter fornecido o endereço de São Paulo na escola.
Todavia, seria apenas questão de tempo para ele, descobrir onde as duas moravam.
O ponto de partida para tanto, seria justamente a escola.
E assim, determinado a encontrar a esposa, lá se foi ele para o Rio de Janeiro.
Primeiro, arrumou as malas e depois foi direto para a rodoviária.
Agora, era apenas uma questão de tempo, para que Melissa e Carolina fossem encontradas.
Decidido, pediu afastamento por uns dias do trabalho, e lá foi ele.
Enquanto isso, Melissa e Murilo aproveitavam os poucos momentos sozinhos para namorar. Juntos iam ao cinema, ao teatro, a restaurantes, a discotecas, e passeavam pelos principais pontos turísticos da cidade.
Certa noite, chegara a ir até Copacabana e caminharam à noite pela beira da praia.
Decerto estavam felizes e despreocupados.
Já Mauro, mal podia ver a hora para se vingar da esposa.
Por esta razão, assim que chegou na cidade, tratou de arrumar uma pensão para se hospedar.
No dia seguinte fez plantão nas proximidades da escola onde Carolina estudava.
Decidido, ficou o dia inteiro esperando.
Porém, a escola era grande e demorou algum tempo para que finalmente visse a filha entrando no colégio.
Contudo, conforme se passaram os dias, finalmente acabou encontrando com Carolina. Cauteloso porém, resolveu não se apresentar de imediato. Até por que, se queria descobrir onde ela e sua mãe viviam, não podia espantar a garota.
E assim, Mauro esperou pacientemente.
Ao término das aulas, quando Elisa foi buscar Jane e Carolina, Mauro à distância, passou a segui-las.
Lentamente, o homem percorreu ruas e logradouros públicos. Finalmente chegou em frente a uma residência.
Exatamente nessa residência era que Carolina passava as tardes com sua amiga Jane.
Mais tarde Melissa, depois de um longo dia, após muito trabalhar e estudar, finalmente foi buscar a filha e levá-la para casa.
No trajeto, foi acompanhada de longe por Mauro.
Melissa então, desconfiada de que era seguida, diversas vezes, olhou para trás, na tentativa de ver se alguém. No entanto, toda vez que se virava, Mauro se escondia.
Assim, quando finalmente as duas chegaram no prédio, entraram, e Mauro ficou do outro lado da rua espreitando.
Enquanto isso, as duas subiram para o apartamento.
Nisso Mauro, resolveu sondar o porteiro do prédio.
Mas qual não foi a surpresa, quando ao tentar conversar com o porteiro, foi logo dispensado. Com a recomendação de que não cabia a ele comentar sobre a vida da moça, o porteiro foi logo despachando o rapaz.
Aborrecido, chegou a comentar com uma das faxineiras do prédio que aquele rapaz era muito impertinente.
Mauro, aborrecido, começou a andar, como se estivesse indo embora dali.
No entanto, sequioso de saber se era ali que ela morava, ficou observando o prédio a noite inteira. Esperando, esperando, ficou durante toda a madrugada.
Quando amanheceu e o sol começou a aparecer timidamente, Mauro viu Melissa e Carolina saírem do prédio.
Ao perceber que era ali que as duas moravam, Mauro foi até elas, que distraídas, nem perceberam que era ele quem se aproximava.
Diferente, Mauro estava mais mal cuidado. Com barba cerrada, nem dava para reconhecê-lo. Mas, foi só ele falar alguma coisa, que finalmente Melissa percebeu que era ele:
-- Minha cara. Não está lembrada de mim?
Um arrepio percorreu a espinha de Melissa.
Carolina, assustada, começou a olhar ressabiada para o homem que as cercava.
Mauro, percebendo o temor da filha, perguntou a ela:
-- Mas o que é isso Carolina? Sou eu, teu pai. Não vai me dar um abraço não?
Enquanto proferia estas palavras, Mauro tentou se aproximar da menina, mas Carolina tinha verdadeira aversão por ele. Por esta razão, assim que encontrou uma forma de escapar, saiu correndo em direção a casa de Elisa.
Melissa, percebendo que Carolina estava correndo, tentou ir atrás da filha, mas foi impedida por Mauro.
O rapaz, segurando-a pelos braços, disse a ela, que não seria daquela vez que ela escaparia, até por que os dois ainda tinham muito o que conversar.
E assim, mesmo Melissa tentando se soltar, não conseguiu. Sem saída, acabou tendo que ir com ele para onde quer que ele a quisesse levar.
Com isso, enquanto os dois caminhavam juntos, Mauro comentou com ela, que fazia muito tempo que estava no encalço das duas. Dizendo que perguntou a Elena, mãe dela, sobre seu paradeiro, nunca conseguiu nenhuma resposta.
Mauro então, respondeu que mesmo insistindo muito e até fazendo ameaças, nada a convencia a falar. Furioso, chegou até a agredi-la. Por conta disso, teve que responder um processo por lesões corporais.
Ao ouvir isso, Melissa espantada, comentou que sua mãe nunca comentara nada sobre isso.
Mauro começou a rir. Sarcástico perguntou:
-- E por que ela comentaria? Por acaso ela não é a mãe zelosa que vive a proteger a filhinha querida? Por que ela te deixaria preocupada? Não é assim que todas as boas mães agem? Elas não cuidam muito bem de suas crias?
Irritado, Mauro começou a empurrar Melissa, que segundo ele, estava andando muito devagar.
Nisso, enquanto Melissa era ameaçada por Mauro, Carolina já havia chegado a casa de Elisa, que informada da situação, tratou de avisar Murilo.
Carolina, nervosa, não conseguiu explicar direito o que estava acontecendo.
Contudo, ao dizer que seu pai estava com sua mãe, Murilo – depois de ir até a casa de Elisa – entendeu perfeitamente o que a menina queria dizer.
Sim, o rapaz ao saber da situação, foi logo a casa de Elisa.
Ao lá chegar, ficou conhecendo detalhes da história.
Preocupado, pediu que a menina lhe indicasse onde elas encontraram Mauro.
Carolina, ele, Jane e Elisa foram até o local.
Mauro, pedindo para que a menina se acalmasse, prometeu que traria Melissa de volta.
Foi então que a menina mostrou o local do encontro.
Murilo então, procurando Melissa e Mauro pelos arredores, não viu nenhum sinal dos dois. Preocupado, ao ver a aflição de Carolina, resolveu chamar a polícia.
Contudo, ao explicar o que estava acontecendo, o policial que atendeu a ligação, respondeu que não tinha nada a fazer. Se ele era o marido, estava no direito dele, querer conversar com ela. Além disso, segundo o que ele relatou, não havia nenhuma evidência de que ele poderia fazer algo de mal.
Murilo então, comentou que ela já fora vítima de violência doméstica por parte dele.
O policial perguntou a ele, se ela já havia tomado alguma providência com relação a isso.
Murilo respondeu que não.
O policial respondeu então, que não havia nada a ser feito.
Murilo então, ao receber a negativa do policial, ficou profundamente aborrecido. Contudo, preocupado, ao perceber que a policia nada faria, resolveu ele próprio ir atrás da moça.
Elisa, constatando a gravidade da situação, falou que pediria a um conhecido, ajudá-lo a procurá-la.
E assim, lá se foram os dois procurar Melissa.
Aflito, Murilo vasculhou as principais praias e pontos turísticos do Rio de Janeiro.
O conhecido, por sua vez, procurou Melissa em todos os lugares improváveis em que ela poderia estar. Pensando na história que Elisa lhe contara, chegou a conclusão de que ele talvez estivesse a pouco tempo no Rio de Janeiro. Se estivesse há muito tempo, já teria ido atrás dela há muito tempo. Pensando nisso, constatou que ele não conhecia bem a cidade. Por isso, seria mais fácil ele tê-la levado para onde estava hospedado.
Desta forma, imaginando que a situação financeira do sujeito não devia ser das melhores, pelo que Elisa contara da convivência dele com a mulher, certamente Mauro devia estar em alguma pensão barata, próxima de algum lugar muito conhecido.
Ao pensar nisso, passou a procurar o rapaz pelas pensões e hotéis mais baratos da cidade.
Enquanto isso Mauro, continuava a ameaçar Melissa.
Dizendo que ela iria pagar por tudo o que fizera a ele, comentou que ela não era digna.
Ao deixá-lo para viver em outra cidade, Melissa desrespeitou-lhe. Fez pouco do seu casamento com ele.
Melissa, ao ouvir as palavras de Mauro, tentou retrucar, mas ele, agressivo, mandou que ela se calasse.
E assim, continuou a dizer cada vez mais impropérios.
Nisso, o conhecido de Elisa, depois de horas procurando, finalmente encontrou uma pensão, onde provavelmente estaria. Pedindo para que ela passasse o endereço para Murilo, quando ele ligasse, ficou espreitando para ver se o homem saía.
Murilo, ao saber disso, foi direto para o local onde o conhecido estava.
Afobado, perguntou a ele, se tinha certeza que Mauro estava ali. O homem então comentou, que em todos os outros lugares por onde passou, não descobriu nem sombra de Mauro.
Isso por que, utilizando-se da desculpa de que tinha uma encomenda para entregar ao sujeito, descobriu que ele não estava hospedado em nenhum daqueles lugares.
Com isso, o único lugar que sobrou, foi aquele.
Contudo, temendo espantar o sujeito, resolveu não usar a história da entrega da encomenda para descobrir se ele estava ali.
Murilo porém, temendo pela moça, pediu a ele que sondasse.
E assim, o homem, usando novamente da desculpa de que tinha uma entrega a fazer, descobriu que Mauro estava hospedado ali.
Contudo, a dona da pensão, ao saber da encomenda, quis logo avisar Mauro. Não fosse a agilidade do homem, e ela teria posto tudo a perder.
Nisso, Murilo entrou na pensão e armou-se a confusão.
A dona do lugar, percebendo que algo estranho estava acontecendo, começou a gritar com os dois, pedindo para que saíssem de lá.
Murilo porém, resistiu a ordem. Irado, começou a bater na porta de todos os quartos da pensão. Nervoso, começou a gritar.
Melissa, ao ouvir os gritos do rapaz, respondeu:
-- Estou aqui.
Murilo ao ouvir isso, foi direto no quarto onde ouviu o som.
Ao se aproximar da porta, ouviu os gritos de socorro de Melissa, que aquela altura, estava sendo agredida por Mauro, que insistentemente, pedia para que ela calasse a boca.
A dona da pensão, ao ver a confusão armada, tentou empurrar Murilo.
O amigo de Elisa, ao perceber isso, ameaçou chamar a polícia, se ela não abrisse a porta do quarto e deixasse o rapaz entrar.
Sem ter outra alternativa, a senhoria acabou concordando. Abriu a porta do quarto.
Porém, ao abrir a porta do quarto, o pior aconteceu.
Mauro, armado, ameaçou atirar em Melissa se alguém se aproximasse.
Murilo, sem saber o que fazer, acabou distanciando-se dos dois.
Nisso Mauro e Melissa foram embora dali.
O rapaz, enfurecido, ao fugir, pegou um carro que estava ali por perto e foi embora.
Sem saber para onde ir, acabou indo para um lugar afastado, cheio de morros.
Murilo e seu acompanhante, partiram no encalço dos dois. Ao saírem da pensão, trataram logo de entrar no carro de Murilo e procurar os dois.
Saindo a toda velocidade, acabaram seguindo a pista dos dois.
Alucinado, o próprio Mauro acabou dando a pista certa para que os dois encontrassem-no.
Além disso, perdido numa cidade que não conhecia, acabou sendo encurralado.
Sem ter para onde correr, arrastou Melissa com ele.
A moça, ameaçada com uma arma, não teve outra alternativa senão segui-lo.
Murilo, aflito, pediu ao companheiro para que tivesse cuidado.
O conhecido de Elisa, então, sugeriu que cada um fosse para um lado, cercá-lo. Fingindo que estavam indo embora, aproveitariam para distraidamente, cercarem-no.
Com isso, os dois inicialmente, foram embora juntos.
À uma certa altura, percebendo que não tinham como serem mais notados, começaram a caminhar cada um para um lado. Vagarosamente, foram se aproximando.
Enquanto isso, Mauro ficava a ameaçar Melissa. Dizendo que ela tinha acabado com sua vida, prometeu que se vingaria dela.
Melissa ao ouvir as palavras de Mauro, percebeu que ele iria matá-la.
Por esta razão, constatou que precisava ficar atenta, ou ele acabaria lançando-a ao mar. Diante disso, ao ver alguns arbustos, tratou de enrolar seus pés neles. Acreditando que Murilo e seu amigo haviam ido embora, julgou que só podia contar consigo mesma.
E assim, procurou se defender o quanto pôde.
Mauro então, percebendo que ela estava muito quieta, começou a empurrá-la cada vez mais para a beira do precipício.
Murilo e seu colega, começaram a se aproximar cada vez mais.
Mas o plano deu errado. Mauro percebendo a aproximação, deu um tiro pro alto.
Depois, diante da distração de Melissa, empurrou-a.
Sem ter onde apoiar um dos pés, Melissa se desequilibrou e caiu.
Murilo ao ver isso, ficou desesperado.
Acreditando que Melissa havia caído no mar, começou a chorar compulsivamente.
Depois, percebendo que Mauro continuava parado no lugar, Murilo avançou para cima dele.
Mauro, covardemente, empurrou-o para a beira do penhasco.
Foi aí que Murilo ouviu gritos. Gritos cada vez mais constantes.
Murilo percebeu então, que Melissa estava enroscada em uns arbustos.
Quando Mauro percebeu que era isso que mantinha Melissa viva, resolveu lançar mão de mais uma de suas maldades. Ou seja, cortar o arbusto.
Mas não conseguiu.
Murilo, ao perceber a intenção do sujeito, foi logo o empurrando para longe.
Mauro então, começou a socá-lo.
Por pouco Mauro o não atirou do precipício.
O mal de Mauro, foi justamente este, ao tentar empurrar Murilo, ele próprio acabou tropeçando em uns arbustos, e caindo numas pedras.
Nisso, eis que surge a polícia e Elisa.
Preocupada, a moça ligou para o namorado. Comentando sobre a situação, pediu a ele, se suas empregadas não podiam olhar as meninas por dia. Isso por que, ela estava tão preocupada, que precisava ver de perto o que estava acontecendo.
Foi justamente ela, que ligando novamente para a polícia, insistiu para que alguém a acompanhasse. Desta forma, ela foi até a pensão. Lá, ao chegar, descobriu a confusão.
Desesperada, ela e os policiais, passaram a procurar os dois carros que saíram em disparada da pensão.
Foi assim, que chegaram até lá.
Ao chegarem no local onde Melissa estava, constataram que a mesma estava presa em um arbusto. Percebendo a gravidade da situação, trataram logo de improvisar uma corda.
Foi por esta corda, segurada pelos policiais, que Murilo desceu até o ponto onde Melissa estava, e auxiliando-a, fez com que ela subisse.
Enquanto isso, os policiais trataram logo de chamar uma ambulância.
Percebendo que o estado da moça inspirava cuidados, providenciaram logo a remoção.
Nisso, Melissa finalmente foi resgatada.
Ao pisar finalmente em terra firme, foi prontamente socorrida.
Imobilizada, foi levada de maca até a ambulância.
No hospital, a moça foi tratada, e em uma semana recebeu alta.
Por sorte a maior seqüela de todo acidente foi só o susto. Com a queda, a moça sofreu algumas escoriações, mas nada de mais.
No tocante a Mauro, com a queda, o mesmo faleceu.
Carolina, ao saber da notícia, ficou um pouco impressionada, mas não culpou a mãe.
Durante sua vida, nunca tivera uma boa relação com o pai.
Contudo, isso não impediu que ela lamentasse a perda. Afinal de contas, era seu pai.
Porém, sabedora de que o melhor para sua mãe era viver em paz, concordou quando esta lhe contou que depois do casamento, que ela passaria a viver com Murilo.
E assim foi.
Alguns meses depois deste lamentável acidente, finalmente Melissa se casou com Murilo.
Numa cerimônia no campo, durante a manhã, Melissa deu o passo definitivo para uma nova vida.
Elisa e seu agora novo marido, foram os padrinhos dos noivos. Elena também compareceu a cerimônia.
Carolina, foi a dama-de-honra.
Até os pássaros abençoaram a união.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 8 de abril de 2021
DE TRISTEZA E DE SOMBRAS - CAPÍTULO 5
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