Poesias

sexta-feira, 2 de abril de 2021

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 15

A mulher examinou a documentação. Elogiou a presteza do rapaz em tirar xérox de todos os documentos necessários a contratação. Até mesmo do que não fora pedido.
Com isto, a mulher ofereceu-lhe um café.
Conversou mais um pouco com o moço.
Explicou-lhe as condições de trabalho. Comentou que ele passaria por um período de experiência, e que transcorrendo tudo bem, como acreditava que aconteceria, seria efetivado.
Leonilde comentou que duas mulheres moravam na casa, e que a mais nova era a dona do imóvel e a mais exigente. Exigia pontualidade e presteza.
Contudo, quem não a desapontava era regiamente recompensado.
Neste ponto, a mulher comentou que o salário informado no jornal, não englobava vale transporte e convênio médico. Falou que não seria oferecido vale-refeição, pois ele faria suas refeições na cozinha com os demais empregados.
Por fim, relatou que em algumas ocasiões seria necessário pernoitar na residência.
Maximiliano respondeu que não haveria problemas.
E assim, o moço foi contratado.
Leonilde parabenizou-o pela contratação.
Apertaram as mãos.
Erotildes, ficou felicíssima pela contratação.
Efusiva, chegou a comentou que seria mais um homem bonito circulando pela casa.
A governanta, ao ouvir o comentário da cozinheira, censurou-a.
Pediu para que tivesse compostura, pois o rapaz poderia não gostar da brincadeira.
Maximiliano respondeu então, que não se importara.
Ao ouvir isto, Erotildes emendou:
- Já está acostumado, não é mesmo? Esses homens bonitos, sempre tem alguém mais esperta que lança o olho neles antes da gente! Ah se eu tivesse alguns anos a menos!
Nisto, todos os empregados da casa caíram na gargalhada.
Maximiliano achou graça.
Brincando, disse para que ela parasse de lhe dizer aquelas coisas ou ficaria convencido.
Leonilde desculpou-se pelos modos de Erotildes.
Disse que todos estavam felizes com a contratação, e que ele se acostumaria com o jeitão dela.
Chamando o rapaz em um canto, comentou que a cozinheira era muito brincalhona, mas tinha um ótimo coração.
Maximiliano comentou que não se ofendera com a brincadeira. Argumentou que era melhor ser recebido com festa do que com hostilidade.
Leonilde concordou.
Com isto, o moço começou a trabalhar na casa.
Isaura, sempre que podia utilizava os préstimos do moço.
Maximiliano a levava e buscava nos restaurantes.
A mulher passava por todos os restaurantes. Verificava a preparação dos cardápios, o trabalho dos funcionários.
O moço também levava a cozinheira da casa, as compras, a feira.
Erotildes se sentia uma madame indo para lá e para cá no carro da patroa.
Leonilde também utilizava os serviços do motorista.
A proprietária da casa, contudo preferia ela própria dirigir até o escritório onde trabalhava.
A moça só ficou conhecendo o empregado, quando precisou do motorista para levá-la a todas as lojas e a confecção instalada no centro da cidade.
Qual não foi sua surpresa ao perceber que se tratava de Max.
O rapaz também ficou surpreso ao se ver diante de Laura.
Impressionado, perguntou-lhe o que fazia naquela casa.
Indagou se também era funcionária.
Laura, um tanto chocada com a novidade, respondeu que não, era apenas a dona do imóvel.
O espanto de Max foi ainda maior.
Nisto, a jovem chamou Leonilde.
A governanta, ao ser inquirida pela patroa, argumentou que ela não impusera empecilhos a contratação e que Max era um ótimo funcionário. Nunca lhe criara problemas. Contudo, ela era a patroa e ela definia quem ficava e quem saía dali.
Desculpou-se pelo mal estar criado, mas dizendo que não via problemas na permanência do moço na residência, relatou que não compreendia sua reação.
Nisto, percebendo o ar de desaprovação da moça, Leonilde disse:
- Os senhores se conhecem!
Diante disto, pediu desculpas e retirou-se.
Ao se afastar, Leonilde pode perceber um silêncio.
Somente quando Laura notou que a mulher estava longe da sala, perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
Max respondeu que havia sido contratado para ser motorista. Argumentou que nunca poderia imaginar que ela morava naquela casa, e que era a dona do imóvel.
Nisto o moço perguntou-lhe por que ela havia ido embora sem ao menos lhe dar uma explicação.
Laura engoliu em seco.
Disse que não lhe devia explicações.
Maximiliano respondeu-lhe que ela lhe devia uma explicação sim.
Comentou que sofrera anos a fio, que a esperara por muito tempo, e que ao ver que ela não voltaria mais, decidiu rumar para a capital.
Confessou que durante os primeiros anos em que viveu na cidade, procurou-a em todos os lugares por onde passou, mas que com o tempo, deixou de lado sua busca.
Nisto, começou a rir.
Com os olhos cheios de água, falou quase aos prantos, que havia perdido as esperanças de encontrá-la.
Desta feita, perguntou-lhe novamente por que o havia abandonado.
Laura emudeceu.
Não sabia o que dizer.
Maximiliano insistia para que lhe desse uma explicação.
Até que a certa altura, a moça disparou:
- Eu é que tenho que dar uma explicação? Fui enganada por uma mulher que se dizia ser minha amiga, mas que na verdade não quisera me reconhecer como filha... Fui enganada por você, que prometeu que me ajudaria a prosseguir em meus estudos e não moveu uma palha para me ajudar. Muito pelo contrário, fez tudo o que pode para me deixar presa naquela fazenda... O que você queria, que eu ficasse ali eternamente sendo enganada por todos?
Ao ouvir as palavras duras de Laura, o moço ficou profundamente magoado.
Em dado momento, chegou a perguntar-lhe se não sentia falta de seus pais, de Zélia e Olavo, de seus irmãos, dele.
Quando o moço se referiu aos seus pais e irmãos, Laura perguntou-lhe se estava se referindo aos seus pais adotivos, ou aos ingratos que a abandonaram.
Maximiliano, tentando recuperar-se do choque, respondeu que estava se referindo a sua família de criação.
Neste momento, comentou que conversara com Ludmila e que a mulher lhe dissera que não a abandonara, que fizera o que fizera, visando protegê-la.
Ao ouvir isto, a moça irritou-se. Argumentou que a mulher não precisava de advogados.
Maximiliano calou-se.
Laura nutria profunda mágoa de Ludmila e Zélia.
Em todos aqueles anos, não se preocupara em manter contato com quaisquer pessoas que lembrassem sua vida na fazenda.
Em dado momento, Maximiliano lembrou-lhe que possuía família, e que eles se ressentiam da falta de notícias.
Comentou que Antonio e Vicente haviam se casado, e que Olavo estava cada dia mais triste com sua ausência.
A moça, ao recordar-se de Olavo, ficou com os olhos cheios d’água.
O rapaz, percebendo isto, perguntou-lhe se não gostaria de falar com sua família.
Laura respondeu que não queria falar sobre isto.
Com isto, tentando se explicar, Max disse que viera para a cidade em razão da necessidade de ganhar dinheiro, e de proporcionar uma vida melhor a sua família.
Laura, ao ouvir isto, perguntou o que fizera finalmente passar a viver na cidade.
O moço argumentou que a vida na fazenda estava muito ruim. Mencionou que não agüentava mais ser apontado como coitado, como o marido que fora abandonado.
Sentia-se muito desconfortável nesta situação.
Laura ficou constrangida ao ouvir a explicação.
Maximiliano por sua vez, comentou que quase pensou em se casar novamente.
Laura então deu-se conta de que continuava legalmente casada com o rapaz.
Diante disto, perguntou-lhe se gostaria de receber um bom dinheiro para sair da casa.
Espantado, o homem respondeu que gostaria de ganhar dinheiro com o seu trabalho.
Argumentou que não estava ali para se aproveitar da situação, e que se ela não estava satisfeita com seu trabalho, que o mandasse embora.
Isaura, que a esta altura voltava a residência, ao perceber o clima tenso entre os dois, perguntou a Laura se havia algum problema.
Maximiliano respondeu que estava apenas acertando suas contas.
A mulher, ao ouvir isto, perguntou a Laura o motivo da demissão.
Laura retrucou dizendo que não estava demitindo ninguém.
Isaura não compreendeu.
Razão pela qual insistiu por uma explicação.
A jovem tentou argumentar dizendo que se tratava de um assunto particular.
Isaura ao ouvir isto, relatou que independente de qualquer coisa, o moço não poderia ser demitido. Mencionou que foi muito difícil encontrar alguém de confiança e tão responsável para executar o trabalho.
Com isto, pediu licença e se afastou.
Laura chamou então o rapaz para adentrar seu escritório.
Ao entrarem, Laura encostou a porta do ambiente.
A mulher respondeu-lhe então, que teria um prazo para deixar a casa, e arrumar um novo trabalho. Comentou que todas as verbas rescisórias seriam pagas, que não precisava se preocupar.
Ressalvou contudo, que não tinha interesse em mantê-lo como seu empregado. Argumentou que não havia possibilidade de convivência.
Maximiliano, magoado, retrucou dizendo:
- É sempre assim! As pessoas são descartadas quando não mais interessam! E depois, questiona o fato de ter sido abandonada! Você fez o mesmo com sua família de criação!
Laura, ao ouvir as palavras do moço, exigiu que ele se calasse.
Argumentou que ele não era ninguém para se dirigir a ela daquela maneira.
Maximiliano irritado, gritou dizendo que era marido dela.
Diante de um possível escândalo, a mulher pediu para que ele se calasse.
Furioso, o moço respondeu que não se calaria, que não se sujeitaria a seus desmandos, e que ela lhe devia algumas explicações.
Laura nervosa, elevou a voz e começou dizendo que não lhe devia nenhuma explicação.
Maximiliano, segurando seu braço, insistia em dizer que ela lhe devia satisfação.
Isaura, ao perceber a altercação, resolveu intervir.
Bateu na porta do escritório, e do lado de fora, perguntou se estava tudo bem.
Laura respondeu irritada que sim.
Isaura retrucou então, dizendo que todos haviam percebido que eles estavam discutindo.
A moça ao ser advertida do fato, resolveu abrir a porta para a mulher.
Isaura adentrou o recinto.
Preocupada, a mulher perguntou:
- O que está acontecendo? Vocês se conhecem?
Laura precisou então explicar que fora casada com o moço.
Maximiliano, argumentou que ela o abandonara, assim como toda sua família.
Isaura olhou nos olhos da moça e indagou se o que o moço dissera era verdade.
Laura então respirou fundo.
Contou que fora criada em uma família de criação.
Estudou em colégio interno. Vindo a se casar, com a promessa de que assim que reunisse condições, o moço e ela viveriam na capital e fariam faculdade. Comentou que somente depois de uma discussão dos pais de criação, descobriu que era filha adotiva.
Relatou que em dado momento, teve curiosidade em conhecer sua mãe biológica, mas que ao conhecê-la, percebeu que não era digna de confiança.
Isaura indagou-lhe o porquê de tal afirmativa.
Laura respondeu que a mulher se fizera passar por uma estranha, e que não fosse a intervenção de Zélia – sua mãe adotiva – nunca teria descoberto a verdade.
Aborrecida, argumentou que não agüentava mais ser enrolada por Max, ser enganada por sua família de criação, e pela mulher que dizia ser sua mãe biológica.
Com isto, arrumou suas coisas e partiu da fazenda. Argumentou que estava cansada de viver uma vida sem perspectivas.
Isaura ouvia a tudo com atenção.
Em alguns momentos Max tentou argumentar.
Dizia que nunca a enganara, apenas não tinha dinheiro suficiente para partir.
Nestes momentos, Laura exigia que ele se calasse, e Isaura pedia para que ambos ficassem calmos.
E assim, a conversa prosseguia.
Em dados momentos, os olhos de Laura enchiam-se de água.
A moça então, parava de falar.
Maximiliano também estava comovido.
Ao terminar de falar, Maximiliano pediu para conversar com Isaura.
Inflexível, Laura respondeu que ele tinha um prazo para permanecer na casa, e que deveria se preocupar em arrumar um emprego.
Isaura ao perceber que a moça tinha a intenção de demitir o moço, argumentou que ela não podia agir de forma tão precipitada.
Comentou que o rapaz não era um estranho, que eles precisavam se entender.
Laura nervosa, comentou que precisava ficar sozinha.
Pediu que para ambos a deixassem sozinha.
Como Maximiliano insistisse na conversa com Isaura, e a própria mulher tivesse interesse em seu relato, Laura decidiu retirar-se.
Max por sua vez, argumentou que a conversa não terminara, e que eles retomariam o assunto, nem que para isto, precisasse fazer plantão em frente a residência.
Isaura, tentando amenizar a situação, argumentou que isto não seria necessário, e que Laura seria razoável. Isto após uma noite de descanso, e ao colocar a cabeça no lugar.
Mais tarde, após se despedir de Maximiliano, orientando-o a se acalmar, a mulher abraçou a moça. Isaura comentou que ela nunca lhe contara que fora casada, que não fora criada em sua família biológica.
Laura mencionou então, que estava cansada.
Isaura desejou-lhe boa noite.
Perguntou-lhe se não gostaria que servissem o jantar em seu quarto.
Laura comentou que não sentia fome. Insistiu em dizer que pretendia ficar sozinha.
Nisto, a moça dirigiu-se ao toilett.
Cansada, decidiu tomar um banho.
Trocou de roupa, e aborrecida, deitou-se.
Contudo, não conseguiu dormir.
A todo o momento se virava de um lado para o outro.
Maximiliano e Isaura por sua vez, conversaram.
Dias depois, o moço explicou que procurou ganhar tempo.
Argumentou que não tinha vontade de sair da fazenda, afinal de contas, gostava daquela vida. Revelou que acreditava que com o tempo, acabaria por convencer a moça de que continuar ali, era a melhor opção.
Desalentado porém, contou que a moça não desistia da idéia de voltar a capital. E que após descobrir quem era a mãe biológica, e sentindo-se enganada por todos, resolveu deixar tudo para trás.
Isaura, conversando com o moço, retrucou dizendo que ela não estava de todo errada em sentir-se enganada por todos, afinal de contas ninguém lhe dissera de fato suas verdadeiras intenções.
A mulher, tentando entender as razões da moça, argumentou que Laura se sentia em um mundo de mentiras, e que ainda nutria profunda mágoa de todos.
Chocada, relatou que Laura nunca lhe dissera que era casada, e que não costumava falar sobre sua família. Relatou que a moça sempre ficava incomodada quando tentava trazer o assunto à baila.
Comentou que agora entendia as razões da moça.
Isaura, simpatizando com o moço, pediu para que ele tivesse um pouco de paciência.
Recomendou-lhe que não ficasse cobrando respostas, que nem mesmo ela, estava preparada para oferecer.
Maximiliano retrucou dizendo que tinha sim, direito a explicações.
Isaura redargüiu que as explicações seriam dadas no momento oportuno.
A mulher aconselhou-o a se afastar um pouco.
Falou-lhe que não aceitasse o pedido de demissão da jovem. Comentou que eles não poderiam se afastar novamente.
Maximiliano concordou.
Relatou que faria o possível para que Laura se esquecesse pelo menos por enquanto que ele estava ali.
Nos dias que se seguiram, o moço evitou se apresentar a Laura.
Quanto Isaura solicitou seus préstimos, fê-lo discretamente.
A moça porém, sabia que Max continuava na residência, mas atarefada, preferiu dedicar-se ao seu trabalho.
Passava doze, quatorze horas no escritório.
Com o tempo, passou a jantar fora, em restaurantes.
Evitava ficar em sua residência.
Isaura, percebendo isto, insistiu diversas vezes para que a moça jantasse em casa.
Argumentava que não gostava de jantar sozinha.
Mas Laura, dizendo que tinha muito trabalho a fazer, dizia que assim era mais prático.
A moça evitava tocar num certo assunto.
Isaura certa vez, tentando trazer o tema à baila, só conseguiu irritá-la.
Aborrecida, Laura perguntou se Max estava procurando outro trabalho.
Isaura respondeu-lhe que era contra a demissão do rapaz. Argumentou que Max era muito prestativo e responsável.
Laura retrucou dizendo que não podia ter um estranho em sua casa.
Ao ouvir isto, a mulher aborreceu-se com Laura.
Dizendo-lhe que ela não tinha o direito de desfeitear o moço, relatou que ele era seu marido, querendo ela ou não.
Neste momento, a mulher perguntou-lhe por que não havia cuidado da separação, já que não tinha a menor intenção de reatar o relacionamento.
Laura respondeu que deixou a questão de lado por que não achou importante.
Argumentou que por vezes até se esquecera que ainda era casada.
Disse que sempre utilizava seus documentos de solteira e acreditou que Maximiliano se encarregaria de providenciar a separação de ambos.
Isaura reprovou a conduta da moça.
Laura, ao notar que Isaura a censurava, criticou-a.
Disse-lhe que ela estava do lado de Max.
Questionou a atitude do moço, e argumentou que Isaura achava correta sua inação.
A moça mencionou que ele havia feito uma promessa e que não cumprira.
Nisto, retirou-se do recinto.
Neste dia, recolheu-se a seu aposento. Permaneceu em seu quarto. Não jantou.
Irritada, depois de tomar um banho e vestir uma camisola, sentou-se em frente ao espelho de sua penteadeira e pensando em voz alta, disse para si mesma que no dia seguinte daria um ultimato para Max. Ou ele arrumava um novo emprego ao término de um mês, ou seria demitido.
Com isto no dia seguinte, antes de sair para o escritório, a moça mandou chamar Max.
O moço apreensivo, acompanhou-a até o escritório.
Isaura ao ver o jovem ao lado de Laura, pediu-lhe para que não agisse precipitadamente.
No que a moça respondeu que sabia o que estava fazendo, e que ele não seria prejudicado.
Isaura por sua vez argumentou dizendo que não estava certo o que estava fazendo.
Mencionou que Max era um bom rapaz, e que eles precisavam se entender.
Laura por sua vez, tentando manter a calma, mencionou que não iria discutir com ela. Disse que eram amigas de longa data, e que não seria isto que estragaria o relacionamento de ambas.
Ao ouvir isto, Isaura calou-se, mas lançou um olhar de desaprovação para a moça.
Laura então se fechou no escritório com o rapaz.
Perguntou-lhe se estava procurando trabalho.
Maximiliano, tentando ganhar tempo, respondeu que sim, estava procurando, mas que não estava sendo fácil encontrar um emprego.
Ao ouvir isto, Laura indagou sobre sua qualificação, no que Max respondeu que tinha formação em um curso técnico de contabilidade.
A mulher ao ouvir isto, comentou que possuía amigos contadores, e que poderia indicá-lo para algum deles.
Maximiliano por sua vez, ao perceber o interesse de Laura em ajudá-lo, espantou-se.
Tanto que chegou a comentar que acreditava que ela iria demiti-lo.
Laura respondeu que precisava de uma carta de recomendação de seu antigo emprego.
Max respondeu-lhe que havia entregue este documento a Leonilde.
Laura prometeu que iria verificar com sua governanta.
Disse que ela também redigiria uma carta de próprio punho, recomendando seu trabalho.
Maximiliano agradeceu-lhe.
Minutos depois, saiu da sala, passando por Isaura, que surpreendeu-se ao perceber seu semblante sereno.
O moço esboçava até um sorriso.
Curiosa, Isaura perguntou-lhe o que havia acontecido.
Max respondeu-lhe que assim que fosse possível, conversariam.
A seguir, Laura saiu do escritório.
Isaura, ao perceber que a moça não iria tomar seu café da manhã, insistiu para que ficasse.
Chegou a dizer-lhe que saco vazia não parava em pé.
Mas Laura estava com pressa.
Com isto, desejou um bom dia a mulher e encaminhou-se a garagem.
Seguiu de carro até seu escritório.
Isaura lamentou sua teimosia.
Mencionou que ela ficaria doente se continuasse correndo daquele jeito.
Laura contudo, não lhe dava ouvidos.
Mais tarde a mulher seguiu com Maximiliano até os restaurantes.
Como o trânsito já estivesse pesado, com engarrafamento, Isaura e Max puderam conversar longamente sobre a conversa que tivera com Laura.
Isaura, ao perceber que Laura não queria o mal do moço, e que se importava com sua sorte, fez um comentário indiscreto.
Disse a Max que talvez existisse algum sentimento de Laura por ele. Animada, chegou a dizer que se nem ela, e ele tampouco, se mobilizaram para realizarem o divórcio, era por que havia afeto entre eles.
Max ao ouvir isto, retrucou dizendo que não tivera oportunidade de correr atrás dos papéis necessários para isto.
Isaura por sua vez, diante das palavras do moço, comentou em tom brincalhão, que acreditava muito nele. Nisto, começou a rir.
Maximiliano ficou sem graça.
Isaura, ao perceber isto, comentou:
- Não precisa ficar assim não. Eu vou te ajudar a reconquistar a moça... Isto é, se ainda for de seu interesse reatar este relacionamento, o que me parece ser o caso. Ou eu estou enganada? – perguntou, finalizando com um sorriso maroto.
Maximiliano, ao ouvir as palavras e a proposta da senhora, sorriu.
Disse que sim, ela estava certa. Confessou que gostaria de novamente privar da convivência com Laura.
A certa altura porém, comentou que Laura, estando rica e sofisticada, não iria se interessar por ex-morador da roça.
Isaura sugeriu que ele se qualificasse mais.
Aconselhou-o a aceitar a proposta de Laura. Falou-lhe que a moça era muito bem relacionada, e que conseguiria um bom emprego para ele. Assim, com este emprego, poderia investir em estudos e melhorar aos poucos, sua qualificação.
Maximiliano agradeceu o empenho de Isaura em auxiliá-lo.
Nisto, chegaram em seu destino.
Com efeito, sempre que conduzia a mulher para o trabalho, a dupla aproveitava para falar sobre amenidades.
Em dado momento, o moço perguntou como ela e Laura se conheceram.
Isaura comentou que era dona de uma pensão e que Laura se hospedou no local.
Lá, procurou trabalho, e aos poucos foi estudando e melhorando profissionalmente.
A mulher comentou que a moça fora recepcionista, secretária, até resolver investir em um restaurante. Elogiando a jovem, Isaura falou que ela tem tino comercial, e que aos poucos, passou a ter vários restaurantes. Estudou culinária, aperfeiçoou-se.
Depois, passou a investir em uma confecção, e agora tinha um grande escritório, de onde administrava seus bens.
Max, ao ouvir estas palavras, comentou desanimado, que ela jamais voltaria para ele.
Isaura indagou-lhe o porquê de tanto pessimismo.
Maximiliano respondeu-lhe que ela pensaria que ele estava tentando aplicar um golpe nela.
Ao ouvir isto, Isaura aconselhou-o a deixar as coisas acontecerem.
Max respondeu-lhe que precisava se tornar ainda mais rico do que ela.
Somente assim, ela poderia acreditar que ele não está interessado em seu dinheiro.
Isaura por sua vez, respondeu-lhe que com o tempo, ele poderia demonstrar isto, de um modo mais fácil.
O rapaz não compreendeu as palavras da mulher.
Nisto, em certa tarde, Laura chamou-o novamente para conversar em seu escritório.
Disse-lhe que havia conversado com alguns amigos, e que um deles estava precisando de um contador experiente, para auxiliá-lo em suas tarefas.
Maximiliano respondeu novamente, que trabalhou por alguns anos na atividade e que tinha curso técnico na área.
Laura recomendou-lhe que fizesse um curso superior.
Max concordou.
Disse que sabia que ela não havia deixado de ser a boa pessoa que sempre fora.
O moço tentou se aproximar, mas Laura se afastou.
Nisto, disse ao moço o horário da entrevista, e orientou-o, para que levasse seus documentos pessoais.
E assim, na data agendada, o rapaz passou por uma entrevista, realizou exame psicotécnico.
O homem gostou do desempenho do moço, mas recomendou-lhe prosseguir nos estudos.
Max comentou que em reunindo condições financeiras, pensava em cursar uma faculdade.
Dias depois, o moço recebeu um telefonema em sua residência informando que havia sido contratado.
Razão pela qual dirigiu-se a casa de Laura.
Insistiu para conversar com a moça, disse que precisava acertar sua demissão.
A empresária o atendeu.
Acertaram o pagamento das verbas rescisórias.
Laura comentou que Maximiliano receberia tudo o que a lei determinava.
Quanto a isto, Max disse que estava pedindo demissão e que não cabia o recebimento de todas a verbas.
Laura argumentou que fazia questão de pagar todas elas.
Mais tarde, despediu-se de Leonilde, a qual lamentou sua partida, e de Erotildes que comentou que havia perdido seu colega de trabalho mais bonito.
Maximiliano riu do comentário.
Leonilde por sua vez, comentou que Erotildes não tinha jeito.
Isaura então, ao saber que Laura estava pagando todas as verbas rescisórias, e que havia se empenhado pessoalmente na contratação, comentou que ela ainda se importava com ele.
Brincando, disse que ela não tinha tanta mágoa dele quanto imaginava.
Laura por sua vez, procurou desconversar.
Pediu licença e se dirigiu ao seu trabalho.
Max por sua vez, tratou de se despedir de Isaura.
Enquanto conversavam, o moço perguntou se Laura tinha alguém.
Curiosa Isaura respondeu com outra pergunta.
- Por que tanta curiosidade a respeito?
Sem jeito, o moço procurou desconversar.
Disse que perguntou por perguntar.
A mulher, percebendo o interesse do rapaz, recordou-se de alguns relacionamentos amorosos da moça.
Lembrou-se que por duas vezes, a jovem fora pedida em casamento.
Contudo, sempre o assunto era trazido à baila, Laura desconversava.
Dizia que estava muito cedo para se casar.
Argumentava que o namoro era a parte mais interessante de um relacionamento, para espanto de Isaura, que percebeu o desapontamento estampado no rosto de dos dois moços que a pediram em casamento.
Isaura, comentando sobre o assunto com o moço, alegou que eram rapazes de boas famílias.
Contou que durante os anos em que amealhou seu patrimônio, a moça procurou fazer boas amizades. Freqüentava os círculos sociais, participava de eventos. Conhecia a boa sociedade do lugar.
Maximiliano, ao ouvir as palavras da mulher, ficou enciumado.
A mulher, ao perceber o desconforto do moço, perguntou-lhe se ele havia ficado sozinho todo este tempo, a esperar por Laura.
Constrangido, o rapaz respondeu que não.
Mas enciumado que estava, argumentou que ele era homem, e que não havia problema nenhum nisto.
Isaura, ao ouvir as palavras do moço, comentou rindo:
- Então aos homens é dado fazer tudo, e as mulheres nada? Olhe rapaz, parece que Laura não reza muito por sua cartilha não. Pois não é que a moça quase se casou duas vezes?
Maximiliano ficou deveras aborrecido com as palavras da mulher.
Nisto, dizendo que precisava partir, comentou que estava tarde.
Isaura então, percebendo que o moço estava chateado, comentou que Isaura tivera namoros sim, alguns relacionamentos, e que em alguns deles chegou a acreditar que a moça iria finalmente casar-se.
Cada palavra de Isaura parecia uma flecha indo na direção do moço.
Isaura, ao notar a tristeza do rapaz, comentou que agora entendia por que a moça não havia se casado.
Irônico, o moço respondeu que ela não poderia fazê-lo, sendo ainda casada.
Neste ponto, a mulher discordou.
Disse que não era apenas isto, comentando que se Laura realmente quisesse, já poderia ter se separado dele, e que se não o fizera, era por que não queria de fato.
Maximiliano ficou confuso com os dizeres de Isaura.
A mulher por sua vez, ao perceber isto, comentou que Laura não havia percebido ainda, mas gostava dele.
Max, ao ouvir isto, passou a tecer comentários irônicos, do tipo: “Se ela realmente gostasse de mim, não teria partido sem nem ao menos se despedir.” Entre outras frases.
Isaura, ao ver o rapaz se depreciando, ralhou com ele.
Disse que ele tinha que se valorizar mais, pois somente assim a moça voltaria a olhá-lo com atenção.
Max disse que quando eram amigos na fazenda, a jovem lhe dera um livro de poesias, que trazia guardado com seus pertences.
Isaura recomendou-lhe que mostrasse interesse nos estudos, que investisse nisto, que procurasse se instruir.
Abraçando o rapaz, disse-lhe acreditar que eles ainda ficariam juntos novamente, e que desta vez, não mais se separariam.
Diante destas palavras, os olhos de Max se encheram d’água, mas procurando disfarçar, o moço lhe disse que seguiria seus conselhos.
Por fim, confessou que também teve outros relacionamentos naqueles anos todos.
Voltou para casa.
Dias depois, começou a trabalhar no escritório de Adenor.
Com tempo, passou no vestibular.
Decidir cursar administração de empresas.
O moço trabalhou no escritório do homem por quatro anos e meio.
Neste tempo, analisou muitos documentos, fez muitos cálculos, freqüentou a faculdade a noite.
Aos finais de semana, aproveitava para estudar bastante.
Com dificuldade, concluiu os estudos.
Pouco tempo depois, o moço conseguiu um emprego na área em que se formou.
Nesta época, namorou uma moça, mas o relacionamento não prosperou.
Laura também continuava investindo em sua atividade como empresária.
A esta altura, já possuía um prédio próprio.
Investira em outros ramos de atividade.
Ludmila, Emerson e seus filhos: Carlos, Henrique e André, se viam esporadicamente.
Henrique havia se formado em agronomia e trabalhava na fazenda.
Havia se casado.
A esta altura, a fazendeira já possuía um neto.
O menino se chamava Cláudio.
Carlos e André, ao concluírem os estudos - cursaram engenharia -, passaram a trabalhar na cidade.
Com o tempo, Ludmila foi se desincumbindo das atividades na fazenda.
Emerson passou a auxiliá-la nos trabalhos, assim como o filho, Henrique.
Aflita, a mulher ainda aguardava por notícias de Laura, assim como Zélia e Olavo; além de seus irmãos de criação, Vicente e Antonio.
Todos se preocupavam com a sorte da moça.
Zélia porém, era quem mais sofria com a ausência da moça.
Sentia-se responsável por seu sumiço.
Com efeito, ao perceber que a jovem não voltaria mais, acusou Ludmila dizendo-lhe impropérios.
Acusou-a do sumiço da garota. Disse-lhe que não tivesse aparecido, nada daquilo teria acontecido.
Ludmila resolveu então, contratar um detetive.
Entristecida, dizia que pela quinta vez, perdera alguém que lhe era caro.
Primeiro foram seus pais, quase ao mesmo tempo, depois, seu primeiro marido Antenor, Lúcio, e Odara. Esta, ela dizia que havia perdido por duas vezes.
A primeira quando decidiu entregar a filha para Zélia e Olavo cuidarem, e a segunda, logo após vê-la crescida.
Com os olhos lacrimejando, disse a Emerson que não conseguia suportar conviver com tantas perdas.
Neste momento, observando seu leal companheiro de anos, a mulher pediu para que ele também não a deixasse sozinha.
Comentou lamentosa, que seus companheiros anteriores lhe fizeram a falseta de deixá-la sozinha.
Emerson, ao ouvir as palavras da mulher, comentou rindo que ele não podia prometer nada. Mas que faria o possível para permanecer ao seu lado, ainda por muitos anos.
Ao notar a preocupação da mulher, prometeu ajudá-la a encontrar a filha.
Paralelamente as investigações da esposa, o homem contratou um detetive particular para cuidar deste assunto.

Nisto, Max se encaminhou para o escritório onde realizaria sua entrevista de emprego.
Conversou com o gerente da empresa.
O moço falou sobre sua experiência profissional.
Nisto o gerente falou-lhe que se tratava de uma empresa grande a qual investia em vários ramos de atividade. Comentou que dali administravam uma rede de lojas, confecções, restaurantes, e uma fábrica de louças.
O gerente comentou que a dona dos empreendimentos era uma mulher, jovem e arrojada, que começou do nada.
Ao ouvir as palavras do gerente, o moço respondeu que com seu trabalho, as finanças da empresa ficariam em ordem.
Maximiliano mostrou ao gerente seus documentos, e uma carta de recomendação do escritório de contabilidade onde trabalhou.
O contratador, ao ver que se tratava de um grande escritório, ficou impressionado.
Com isto, ao longo de uma semana, o moço recebeu um telefonema, informando que estava contratado.
Animado, passou a trabalhar no escritório.
Com o tempo, passou a usar terno e gravata.
Seus amigos, ao verem-no tão elegantemente trajado, elogiaram o garbo do moço.
Brincando, lhe disseram que agora estava com cara de gente.
Todos riram.
Com o tempo, o moço finalmente reuniu dinheiro para quitar seu imóvel.
Em seguida, comprou um carro.
Tempos depois, o rapaz encontrou Laura nos corredores da empresa.
Surpresa com a presença do moço, ela perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
Laura usava um elegante tailleur, os longos cabelos estavam arrumados, maquiagem leve, batom vermelho.
Maximiliano ficou impressionado com a elegância da mulher.
Mesmo quando a vira quase seis anos atrás, dona de vários negócios, Laura não se vestia com tanto luxo. Usava calças jeans, saltos mais baixos.
Agora Laura estava até mais alta.
Maximiliano por sua vez, estava com um elegante terno.
Nisto, o moço respondeu-lhe que trabalhava ali.
Laura ficou surpresa com a resposta.
Max falou-lhe que havia se formado em administração de empresas e que estava trabalhando no escritório há um ano e meio.
Laura comentou:
- Que bom! Você então fez uma faculdade. Que bacana!
O empregado sorriu. Ficou feliz com as palavras.
Nisto, a moça se despediu.
Com o tempo, Laura e Max passaram a se encontrar com bastante freqüência pelos corredores da empresa.
Em dado momento, ao ouvir alguns executivos comentando que ela era a dona da empresa, Maximiliano percebeu que trabalhava no escritório de Laura.
Surpreso e perplexo, não sabia o que fazer, o que pensar.
Nervoso, pensou em pedir demissão.
Nisto, telefonou para a casa de Laura, sendo atendido por Isaura, que reconheceu sua voz.
Preocupada, ao notar o tom de nervosismo do moço, perguntou-lhe se estava bem.
Maximiliano procurando se acalmar, disse que precisava conversar, mas que esta conversa não poderia ser por telefone.
Desta forma, dias depois, o moço se encontrou com a mulher.
Comentou que estava trabalhando na empresa de Laura e que só descobrira isto agora. Relatou que Laura sabia que ele trabalhava por lá, mas não fizera nada para obstaculizar sua presença no lugar.
Isaura ouviu a tudo com muita atenção.
Depois, quando o moço se acalmou, a mulher comentou que isto só poderia significar uma coisa.
Curioso, Max perguntou-lhe o que ela estava querendo dizer.
Isaura respondeu com uma pergunta:
- Você não entendeu?
Maximiliano continuava sem entender.
Isaura respondeu-lhe então que Laura havia mudado.
Comentou que a moça estava namorando firme um rapaz.
Ao ouvir isto, Maximiliano ficou deveras aborrecido.
Isaura respondeu-lhe que ela ainda não havia se ocupado do divórcio.
Nisto a mulher comentou que a moça cogitou entrar com uma ação, mas que desistira.
Isaura completou dizendo que Laura ainda tinha sentimento por ele.
Maximiliano comentou decepcionado, que estava cansado de investir em algo que tinha tudo para dar errado. Chateado, comentou que se a relação não vingara quando se casaram há anos atrás, por que agora daria certo?
Triste, o moço comentou que Laura não gostava dele, ou então teria ido procurá-lo.
Ao revê-lo, não o trataria com tanta indiferença. Argumentou.
Isaura então, comentou que não poderia exigir que ele acreditasse em suas palavras. Relatou que ele tinha o direito de recomeçar sua vida. Nisto, alegou não entender por que ele não tomava a iniciativa de ingressar com a ação para se divorciar de Laura.
Maximiliano não respondeu.
Isaura redargüiu dizendo, que ele também não queria desvincular de Laura.
Max argumentou que isto só poderia ser uma doença. Comentou que sempre que se aproximava de alguém, o relacionamento não ia para frente.
Isaura, ao perceber isto, perguntou-lhe o por quê.
O moço respondeu-lhe que talvez não quisesse ter um relacionamento sério com alguém.
A mulher, ao perceber a angústia do rapaz, prometeu ajudar-lhe.
Asseverou-lhe promoveria um encontro entre os dois.
Disse a ele que contasse a moça tudo o que havia lhe dito, que procurasse se entender com ela. Relatou que talvez fosse preciso dar um ultimato a moça, e que o fizesse, caso fosse necessário.
Desta forma, a mulher conversou com Laura.
Dizendo que ela precisava resolver sua história com Max, insistiu para que ela marcasse um encontro com o moço.
Laura tentou desconversar mas a mulher insistiu.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.


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