Ludmila, ao tomar conhecimento do suposto sumiço de Lúcio, apontando o dedo na direção do delegado, chamou-o de mentiroso.
Gritando, disse que sabia que o marido estava morto. Relatou que Lúcio estava muito machucado, que não teria condições de fugir, de se embrenhar pela mata. Caso conseguisse escapar da prisão, seria facilmente capturado.
Silvério por sua vez, disse para que ela tivesse cuidado com o que dizia. Argumentou que o moço poderia ter sido auxiliado por cúmplices.
Ludmila rindo, comentou que ninguém teria coragem de ajudar um procurado da justiça. Alguém que estava sendo acusado de terrorismo.
Gritando, argumentou que as pessoas tinham medo da polícia, da truculência dos militares.
Silvério ameaçou-a publicamente, dizendo que ela deveria ter cuidado com suas palavras. Falou-lhe que deveria cuidar para não falar demais e vir a ter problemas.
Emerson, ao se deparar com a cena em frente a igreja da vila, resolveu intervir.
Dizendo que a missa iria começar, convidou a mulher para ficar ao seu lado.
O homem trazia Odara nos braços.
Silvério ao ver a criança, comentou que ela crescia a olhos vistos. Mencionou que Ludmila deveria ter muito cuidado com a menina. Argumentou que a vida era muito frágil.
Emerson, fingindo-se de desentendido, comentou que não havia compreendido o comentário. Disse que a menina vendia saúde, e que ele não precisava se preocupar.
Silvério respondeu que ficava contente por isto.
Mais tarde, o homem comentou com Ludmila sobre os comentários de Silvério.
Aflita, ao perceber que se passavam as semanas, meses e não obtinha notícias a respeito de Lúcio, começou a encher-se de aflição.
Silvério continuava assediando-a.
Dirigia-lhe ameaças.
Dizia que se não se acautelasse, outras pessoas de sua família poderiam desaparecer.
Temendo que o homem fizesse algum mal a mais um ente querido seu, a mulher resolveu proteger a filha.
Com os olhos cheios d’água, comentou que era o único tesouro que Lúcio deixara para ela.
A esta altura, todos tinham certeza de que algo havia acontecido ao moço.
Muitos acreditavam que ele estava morto.
Ludmila sofria com o fato de não ter dado um enterro digno ao rapaz.
Com o tempo, chegou a conclusão de que o moço devia estar morto de fato.
A fazendeira sabia que se vivo estivesse, já a teria procurado, ou de alguma forma, mantido contato.
Ao chegar a esta conclusão, a moça se desesperou.
As margens do riacho, chorou copiosamente.
Desesperada, gritou o nome de Lúcio.
Deitada na grama, começou a chorar.
Abatida, ao retornar a casa grande, a mulher recolheu-se a seu quarto.
Ficou a sonhar com o marido sendo torturado.
Imaginou todo o sofrimento pelo qual havia passado.
Lágrimas saíam abundante em seus olhos.
Chorando, perguntava por que ele a havia abandonado.
Com o tempo, a mulher pensou em uma forma de fazer com a filha deixasse a fazenda, sem levantar suspeitas.
Auxiliada por Emerson, que nos últimos tempos se ocupara em ajudá-la a libertar Lúcio, e agora se empenhava onde estava o corpo do rapaz, combinou a forma como a criança deixaria a propriedade.
Ajustados com um casal que havia perdido uma filha recentemente, Ludmila combinou de ajudá-los financeiramente em troca do compromisso em cuidar de Odara.
Zélia e Olavo concordaram com a proposta.
Desolada com a perda da primeira filha do casal, a mulher encheu-se de alegria ao saber que ganharia uma filha.
Chegou até a recusar a oferta de dinheiro.
Ludmila porém, argumentou que o dinheiro era para a criança.
Para que pudesse ter a melhor educação possível.
Zélia concordou.
Ludmila comentou que seria bom que a menina passasse a ter outro registro, ou seria facilmente localizada.
A fazendeira se comprometeu em providenciar a documentação.
Emerson comentou que precisariam de um novo batistério.
Ludmila só impôs uma condição, que ninguém soubesse da combinação.
Para todos os efeitos, ela era a mãe da criança.
Zélia e Olavo concordaram.
Com os documentos da criança em mãos, Zélia e Olavo viajaram para longe dali.
Iriam se estabelecer longe dali.
Ludmila prometeu a criança que um dia a buscaria, e ela voltaria a viver na fazenda.
Odara, registrada como Laura, cresceu sua infância longe das terras de Ludmila.
Até a adolescência, nem sequer suspeitava que Zélia não fosse sua mãe.
Estudou em colégio interno, e depois de formada, voltou a viver em fazenda.
Ludmila, depois de ver a filha partir, continuou a procurar por Lúcio.
Um dia, um estranho chegando a fazenda lhe disse que havia abandonado sua filha, e que iria responder por isto.
Emerson, ao se deparar com a cena, respondeu que Ludmila não havia abandonado ninguém. Conforme fora combinado, o homem disse que a menina morrera, pouco tempo depois do desaparecimento de Lúcio.
Combinados com os empregados da casa, foi providenciado um enterro para a filha de Zélia e Olavo.
Os moradores da fazenda acompanharam o enterro.
Na lápide constava o nome de Odara.
Todos os empregados da fazenda, acreditavam que a filha da fazendeira estava realmente morta.
Estranharam a partida do casal, mas não sabiam que o casal levava Odara para longe dali.
Com o tempo, Emerson conseguiu fazer com que Silvério fosse transferido.
Auxiliado por Nilton e alguns amigos influentes, o homem conseguiu fazer com que o delegado fosse para outras paragens.
Com isto, continuou a pagar um investigador para descobrir o paradeiro de Lúcio.
Conhecedor da dor de Ludmila, sabia que enquanto o corpo do peão não fosse localizado, a fazendeira não se libertaria daquele sofrimento.
Contudo, o tempo passava, e nenhuma notícia sobre a localização do corpo.
Emerson, ao perceber que mulher estava se afundando em tristezas, chegou a comentar com Jurema e Rosa, que daquele jeito, ela acabaria morrendo.
Ludmila por sua vez, chegou a dizer para Emerson, se não seria melhor que morresse, afinal de contas, sempre que começava a ser feliz com alguém, acontecia algo para atrapalhar.
Falou que foi assim com Antenor e depois com Lúcio.
Chorando, comentou que até a filha lhe foi tirada.
Emerson, ao perceber a tristeza da moça, abraçou-a.
Passou a ajudá-la a cuidar da fazenda.
Certo dia, quando Ludmila estava na beira do riacho, contemplando as águas, chamou-a.
Alertada por Valdomiro, o homem acorreu para aquelas paragens.
Emerson notou que a mulher estava perigosamente próxima das margens do local.
Aflito, o homem chamou-a.
Ludmila não ouviu.
Emerson, apeou do cavalo, amarrou-o em uma árvore e correu em direção a mulher.
Ludmila caminhou em direção ao lago.
Emerson aproximou-se e segurou-a pelo braço.
A fazendeira, estacou.
O homem, ao perceber que a moça agia de maneira mecânica, perguntou-lhe o que pretendia fazer.
Ao cair em si, a mulher respondeu chorando, que a vida não valia a pena.
Emerson, segurando seu rosto, falou-lhe que havia um motivo para continuar vivendo.
Disse que sempre a considerou uma mulher de fibra. Comentou que admirou-a quando resolveu administrar a fazenda, e cuidar do patrimônio deixado por Antenor.
Ludmila respondeu que não tivera escolha.
- Não importa! – respondeu Emerson. – Foi um ato de coragem. Outras mulheres em seu lugar, teriam vendido as terras e ido para outro lugar.
Ludmila, disse com o ar perdido, que seu lugar era ali.
Comentou que parecia que tudo o que vivera até chegar ali, indicava que ali era seu lugar.
Emerson, tentando consolá-la, disse que ela era uma mulher de sorte.
Havia vivido duas lindas histórias naquelas paragens, naquele cenário e que poucas pessoas podiam dizer que tiveram o privilégio de terem sido tão amadas.
O administrador comentou que muitas pessoas viviam muito tempo sonhando com um amor igual aqueles, e poucas conseguiam vivê-lo.
Rindo, o homem comentou que nem todas as pessoas vinham para este mundo para vivenciar este tipo de experiência.
Tocando em seus cabelos, o homem disse que ela era uma privilegiada. Mulher linda, amada, querida por todos.
Visivelmente emocionada, a mulher respondeu:
- E sozinha!
Emerson, ao ouvir as palavras da moça, retrucou dizendo que ela não estava sozinha. Falou-lhe que ela poderia estar se sentindo só, mas que sua solidão era passageira.
Sorrindo, comentou que se olhasse em volta, perceberia que tem uma pessoa que sempre gostou dela e durante todo este tempo, ficou esperando um pequeno gesto de afeto.
Ao ouvir isto, a mulher ficou intrigada.
Emerson, abrindo seu coração, confessou que há muito tempo vislumbrava a possibilidade de viver ao lado da moça.
- Você? – perguntou a moça.
Emerson, constrangido com a pergunta, soltou os cabelos da jovem.
Ludmila ao perceber a tristeza nos olhos do homem, perguntou por que ele não dissera nada antes.
Emerson, olhando nos olhos dela, comentou que não achou que não era o momento oportuno.
Em dado momento, começou a rir.
A seguir, falou que por ter sido tão comedido, acabou por abrir caminho para que Lúcio entrasse em seu coração.
Ludmila espantou-se.
- Mas então você gosta de mim há tanto tempo assim?
Emerson confessou que se interessara por ela, desde quando a vira ao lado de Antenor, de braços dados com ele.
A mulher ficou admirada.
Emerson comentou que pensou em se afastar da fazenda, mas algo o impedia de fazê-lo.
Ao se recordar dos últimos acontecimentos, comentou que agora entendia o que o prendia ali. Comentou quase chorando que precisava passar por tudo aquilo, para ter certeza de que não era um simples capricho.
Ludmila ao ver o homem tão emocionado, abraçou-o.
Emerson respondeu-lhe que nunca sentiu por ninguém, o que sentia por ela.
Neste momento, enchendo-se de coragem, comentou que agora não poderia perder a oportunidade.
Não poderia deixar que outro homem tomasse novamente a sua frente.
Ludmila riu.
Comentou em tom amargurado, se ele não tinha medo de se casar com uma mulher que já enviuvara por duas vezes.
Brincando, disse que ele poderia ser a próxima vítima.
Emerson rindo, comentou que adoraria ser a próxima vítima.
Brincando falou que ela poderia partir antes dele.
Ao proferir estas palavras, o homem respondeu que não gostaria de ficar sozinho.
Ludmila por sua vez, argumentou que não estava mais disposta a casar-se. Respondeu que com duas experiências tristes, não se sentia encorajada a casar-se novamente.
Emerson porém, não se daria por vencido.
Dizendo que não havia esperado tanto tempo para se contentar com um não, comentou que não iria desistir.
Com isto, Emerson passou a visitar Ludmila.
Gentil, levava flores para a mulher, convidava-a para passear pela fazenda.
O administrador com o passar do tempo, venceu a resistência da fazendeira.
Todos torciam para o desenlace.
Jurema, Rosa, Valdomiro, Leocádia. Todos se condoeram com o passamento de Lúcio, mas, cientes do sofrimento de Ludmila, desejavam que ela voltasse a ser feliz.
Com o tempo, foi providenciada a Declaração de Ausência, e informada a Morte Presumida de Lúcio.
Nisto, meses depois, a moça se casou com Emerson.
Com ele teve três filhos.
Ludmila contudo, nunca se esqueceu de Odara.
Tempos depois, a jovem descobriu que era filha adotiva de Zélia e Olavo.
Ao descobrir o fato, a garota desejou conhecer a mãe.
Zélia tentou convencer a filha a desistir da idéia. Em vão.
Dizia a filha que sua mãe a abandonara quando ainda era criança e que não tinha interesse em conhecê-la.
Decepcionada, a moça por seu turno, deu continuidade aos estudos.
A jovem descobriu que fora adotada, ao ouvir uma conversa de Zélia e Olavo, discutindo sobre a circunstância.
Para o homem, a moça tinha o direito de saber sobre sua origem.
Zélia, por sua vez, argumentava que Laura era sua filha, fora criada por ela.
Olavo, ao notar o tom da esposa, argumentou que Ludmila custeava os estudos da filha, e que a moça já havia percebido que a forma com que era criada não era a mesma de seus outros irmãos.
O homem dizia que esta preferência estava causando desavença entre os irmãos.
Zélia, por sua vez, argumentava que havia criado sua filha para ser uma princesa.
Olavo retrucava dizendo que Laura estava mal acostumada, e que com o tempo, acabaria por se afastar deles.
A mulher dizia que Laura jamais os abandonaria, como fora abandonada por Ludmila.
Irritado, Olavo respondeu que a fazendeira não abandonou a filha, e sim que circunstâncias a levaram a se afastar da criança, para a própria segurança da menina.
Laura, ao ouvir a discussão, ficou perplexa.
Como poderia ser?
Nervosa, acabou derrubando um vaso, o que fez com que a atenção de Zélia e Olavo se dirigissem ao local de onde viera o barulho.
Laura, ao perceber que os pais haviam interrompido a conversa, tentou se encaminhar para seu quarto, no que bateu fortemente a porta.
Zélia, ao ouvir o som, comentou aflita que ela havia ouvido a conversa dos dois, que já sabia de tudo.
Olavo, também desconfiou.
Com isto, se encaminharam para o quarto da filha.
Laura havia trancado a porta.
Zélia, aflita, chamou a filha insistentemente.
Laura, colocando o travesseiro na cabeça, tentou não ouvir o chamado.
No dia seguinte, a jovem tentou sair da casa, sem que seus pais percebessem.
Zélia porém, a aguardava.
Desta forma, quando a moça saiu do quarto, a mulher chamou-a.
Conversaram.
Laura, disse-lhe que ouvira a conversa tivera com Olavo.
Perguntou sobre a tal mulher, Ludmila.
Comentou que sempre estranhou o dinheiro que eles utilizavam para pagar o colégio interno onde estudava, as boas roupas que usava. Argumentou que sempre estranhou a diferença que havia entre ela e seus irmãos. Mencionou que as crianças da região, viviam de forma simples, muitos, de pés no chão.
Laura comentou que se sentia uma estranha no meio deles.
Recordou-se de como era ridicularizada por eles, por vestir roupas elegantes, e sempre ser proibida de brincar, por estar sempre muito arrumada.
Comentou que sempre se sentia só, e que por diversas vezes, chorou por conta disto.
Zélia argumentou dizendo que ela não fora criada para viver de pé no chão, que era uma princesa.
Irritada, Laura, perguntou se, sendo filha de fazendeira, por que vivia em um casebre, em meio a gente tão simples. Por que não fora criada por sua mãe? Por que precisava viver longe dela?
Zélia, ao ouvir as perguntas da moça, calou-se.
Incomodada com o silêncio da mulher, Laura insistiu para que ela lhe deixasse conhecer sua mãe biológica.
Foi o bastante para que Zélia a torpedeasse com palavras duras.
Disse que Ludmila não queria conhecê-la, que abandonou-a, entre outras barbaridades.
Com efeito, sempre que a moça tocava no assunto, Zélia utilizava-se do discurso de que Ludmila a havia abandonado.
Olavo criticava a mulher por isto.
Contudo, em que pese este fato, Zélia continuava a desestimular a filha a se reencontrar com a mãe.
Laura, ao ouvir pela enésima vez que Ludmila não queria vê-la, chorou copiosamente.
Decepcionada, a moça decidiu voltar ao colégio interno.
Lá, concluiu os estudos.
Após, retornou a fazenda onde fora criada.
Ali, conheceu Maximiliano.
O moço trabalhava com peão da fazenda.
Laura, ao retornar ao lugar, resolveu passear pela propriedade.
Curiosa, resolveu pegar um cavalo.
Passeando pela propriedade, a moça reviu as paisagens de sua infância.
O lago, as matas verdes.
Recordou-se das tardes em que brincou de correr entre os laranjais.
Laura brincava escondida de sua mãe.
Certa feita, ao retornar para a casa, toda suja de terra, Zélia ralhou com ela.
Segurando a menina pelo braço, argumentou que ela não devia usar uma roupa tão bonita como aquela, para correr no meio das plantações.
Berrou com ela. Disse que ela estava de castigo.
Laura chorou.
A garota também passava as tardes em casa, estudando.
Mas sempre que podia, saía para brincar.
E apesar das gozações da maioria das crianças que viviam no lugar, ela possuía alguns amigos.
Zélia e Olavo, trabalhavam nas plantações, na colheita e no cultivo das plantas.
Certo dia, Zélia viu a filha correr pela fazenda.
Estava a brincar de pega-pega com os amigos.
Ao vê-la toda descomposta, a mulher gritou, chamando-lhe a atenção.
Laura, recordava-se com saudade das tardes que passou a beira do lago, de quanto foi pescar com seu pai.
Dos bailes na vila.
Desajeitada, não sabia dançar.
Por conta disto, ficava observando as pessoas dançarem, ficava a ouvir a música.
Havia alguns moços, e um deles chegou a convidá-la para dançar.
Laura porém, sem saber dançar, recusou o convite.
Disse que estava com os pés machucados e que não poderia dançar.
Caminhar por aquelas paragens, a fazia se recordar de sua infância.
Por certo tempo, estudou no grupo escolar que havia na vila.
Depois, necessitando de uma educação mais esmerada, Laura passou a estudar em um colégio interno.
Zélia contatou Ludmila, que enviou dinheiro para o casal.
Ludmila também retomou sua vida.
Conforme já dito, casou-se no civil com Emerson.
Para comemorar o enlace, foi organizado um almoço para alguns convidados.
Receosa de represálias contra sua filha, a mulher omitiu a existência de Odara.
Henrique, Carlos e André, não sabiam da existência de uma irmã.
Ludmila achou que seria o melhor a ser feito.
Não gostava de se recordar dos momentos que vivera ao lado de Lúcio.
Dizia para Emerson, que recordar-se de Odara, era uma lembrança dolorosa.
Emerson chegou a criticar a esposa por isto.
Dizia que a moça poderia se ressentir do fato.
Ludmila comentou que Zélia não mencionara sua existência para a moça.
Emerson por sua vez, continuava a investigar o desaparecimento de Lúcio.
Nunca desistiu de entender o que havia acontecido.
Certa vez, chegou a dizer a Valdomiro em segredo, que somente conseguiria viver plenamente feliz com sua esposa, quando fosse dada a oportunidade a mulher, de se libertar do passado, e que isto só iria acontecer, quando aquela história estivesse plenamente esclarecida.
O tempo passou, e continuava a existir um hiato, uma lacuna entre eles.
Enciumado, Emerson chegou a dizer algumas vezes a Ludmila, que sabia que ela não havia esquecido completamente o moço. Dizia que Lúcio era uma sombra entre eles.
Ludmila tentava desconversar, argumentava que era passado, e que ele deveria se preocupar com o futuro.
Emerson se incomodava com o olhar ás vezes perdido da esposa.
Incomodado, o moço sabia que ela ainda se lembrava de Lúcio.
Henrique, Carlos e André, estudavam em um colégio interno.
Mas voltando ao passeio de Laura, a moça cavalgava entretida em seus pensamentos.
Escolhera um caminho próximo da estrada.
Pensou em ir até o vilarejo.
No caminho, encontrou um peão da fazenda, também seguindo a cavalo.
Maximiliano vinha a toda a velocidade.
Laura, que seguia com o cavalo lentamente, assustou-se com a velocidade do animal conduzido pelo rapaz.
Seu cavalo parecia indócil.
Em dado momento, começou a empinar.
Maximiliano, ao perceber isto, resolveu interromper sua cavalgada.
Apeou de seu cavalo e acorreu em direção a moça.
Tentando controlar o animal, o jovem pediu para que ela não se preocupasse.
Laura procurou se acalmar.
O peão começou a emitir sons e a controlar o animal.
Por fim, o cavalo parou de empinar.
Laura, tentando se refazer do susto, agradeceu o moço por ajudá-la.
Maximiliano agradeceu. Disse que não fora nada.
Laura pediu-lhe então, para que a ajudasse a apear do animal.
O moço atendeu prontamente.
Laura, ao descer do cavalo, encostou-se em uma árvore.
Maximiliano perguntou-lhe se estava tudo bem.
- Estou bem! Fora o susto! – respondeu a moça.
Nisto, a jovem tentou montar novamente seu animal.
Neste momento, Maximiliano perguntou-lhe se vivia na fazenda.
Laura respondeu-lhe que sim.
- Curioso! Não me lembro de tê-la visto antes. – comentou o jovem, procurando puxar assunto.
Laura respondeu-lhe que passara muito tempo fora, pois passou os últimos anos estudando em um colégio interno.
Maxiliano então, comentou que ela era uma moça letrada, que muito provavelmente nunca havia conversado com os moleques da fazenda.
Laura retrucou dizendo que antes de partir para estudar, freqüentou o grupo escolar da vila.
Curioso, o peão perguntou se estava há muito tempo na fazenda.
Laura respondeu que havia voltado há pouco tempo, e que terminara os estudos. Comentou que agora estava pronta para fazer um curso universitário.
Maximiliano respondeu constrangido, que só havia estudado até a oitava série.
Laura ao ouvir isto, respondeu que ele poderia se mudar dali e continuar a estudar.
Maximiliano redargüiu dizendo que gostava muito dali e que não gostaria de se afastar da fazenda.
Laura perguntou-lhe se não gostaria de estudar agronomia, ou algo parecido.
O peão respondeu-lhe que até tinha vontade de se especializar, mas que não tinha condições financeiras para fazê-lo. Comentou que havia uma faculdade com o curso em uma cidade próxima, mas não tinha como se deslocar até lá. Ademais, gostava do trabalho na fazenda.
Laura riu.
Comentou que embora tenha sido criada em uma fazenda, não se identificava com o ambiente.
Disse observando a paisagem, que se sentia uma estranha ali.
Maximiliano, falou que isto se devia ao fato de ter ficado muitos anos ausente. Argumentou que ao inteirar do dia-a-dia do lugar, não iria ter mais vontade de sair dali.
Laura comentou que talvez ele tivesse razão.
Nisto, a moça começou a perguntar sobre as plantações, se havia mudado alguma coisa no modo de se realizar as colheitas.
Maximiliano respondeu-lhe que, segundo seu pai, havia menos pessoas vivendo no campo.
O moço comentou que o proprietário da fazenda estava investindo em gado, e que ele trabalhava cuidando dos animais.
Laura curiosa, perguntou sobre o trabalho do moço.
Maximiliano, cheio de orgulho, falou de seu trabalho.
Elogiou a vida na fazenda.
Disse que aquele viver, era a mais próxima tradução do que era viver no paraíso. Comentou que acordava cedo, vivia uma vida simples, mas sempre estava cercado das pessoas que amava, da vida que gostava. Argumentou que poucos podiam se gabar dizendo que faziam o que gostavam.
Laura comentou curiosa, que estava tentando descobrir do que gostava.
Maximiliano chegou a dizer-lhe que encontraria o que buscava, na vida na fazenda.
Laura riu novamente.
A certa altura, dizendo que estava ficando tarde, comentou que precisava voltar para casa.
Maximiliano chegou a argumentar que estava cedo.
Laura respondeu-lhe então que vivera tanto tempo afastada daquela vida campestre, que se desacostumara a montar a cavalo, e que precisava voltar logo para casa.
Comentou que da próxima vez, sairia de charrete.
O rapaz, ao ouvir as palavras da moça, comentou que ela estava com medo.
Disse que aquilo fora um incidente, e que ela precisava ganhar confiança.
Neste momento, pediu desculpas a moça. Relatou que fora o causador do incidente. Disse que se não tivesse passado a toda a velocidade, não teria assustado seu animal.
Laura respondeu que ela também não sabia controlar o animal.
Caso tivesse controle, aquilo não teria acontecido.
Neste momento, a moça comentou que era muito desajeitada.
- Desajeitada, não! – retrucou o rapaz.
Nisto, o moço ajudou a jovem a montar o animal.
Recomendou-lhe que fosse devagar.
Laura começou a volta para o lar.
Neste momento, o moço perguntou-lhe onde morava.
Laura respondeu-lhe que morava em um casebre, e que seus pais se chamavam Zélia e Olavo.
Ao ouvir os nomes, o moço comentou que conhecia o casal, bem como os filhos Antonio e Vicente.
Curioso, comentou que não sabia que o casal tinha uma filha.
Laura rindo, contou que era quase uma desconhecida na fazenda.
Nisto, dizendo que precisava voltar para casa.
Despediu-se do moço dizendo-lhe até logo.
Maximiliano retribuiu.
Ao chegar em casa, Zélia comentou com a filha, que ela havia se demorado.
- Fiquei passeando por aí! – respondeu a moça.
Desde que descobrira que não era filha biológica do casal, Laura passou a se distanciar dos pais. Sentia-se enganada por haver descoberto a história através de uma discussão do casal.
Olavo, ao perceber o distanciamento, procurou conversar com a filha.
Tentou explicar os motivos pelos quais não havia contado a verdade.
Zélia, ao perceber isto, resolveu interromper a conversa.
Laura por sua vez, ao perceber que Zélia não deixaria Olavo lhe contar o que quer que fosse, decidiu ir para seu quarto.
Estava aborrecida.
Olavo, ao se deparar com a atitude intempestiva da esposa, censurou-a.
Argumentou que Laura devia estar se sentindo enganada, e que ela tinha direito a uma explicação.
Nervoso, o homem mencionou que quanto mais tentasse esconder a verdade, pior seria quando ela descobrisse todos os detalhes sobre sua origem.
Aflita, ao ouvir isto, a mulher pediu ao marido para que parasse de dizer aquelas palavras. Comentou que ela poderia ouvir.
Olavo comentou que para ela descobrir a verdade, seria uma questão de tempo.
Nisto, durante o jantar, Antonio e Vicente comentaram sobre o baile que haveria na vila.
Laura jantava.
Distraída, não ouvia as palavras dos moços.
Olavo, ao notar que a filha estava distante dali, disse:
- Quanto valem estes pensamentos?
Laura, distraída, não ouviu as palavras de Olavo.
Vicente chamou sua atenção. Gesticulou.
Em seguida disse que o pai havia feito uma pergunta.
Laura perguntou qual fora a pergunta.
Olavo disse que estava curioso em saber no que ela estava pensando.
Laura, surpreendida com a pergunta levou algum tempo para responder.
Pensou no que iria dizer.
Medindo as palavras, a moça disse que pensava em dar continuidade aos estudos.
Zélia, ao ouvir as palavras da filha, comentou que ela havia acabado de terminar os estudos, que ainda estava cedo para pensar em faculdade.
Laura comentou que não gostaria de se enterrar na fazenda. Argumentou que não seria útil vivendo ali.
Zélia falou que ela poderia auxiliá-la nos serviços domésticos. Poderia arrumar um bom homem e casar-se.
Ao ouvir isto, Laura começou a rir.
Contou que não estava em seus planos casar-se, que pretendia se formar e dedicar-se a uma profissão.
Olavo comentou que não tinha dinheiro para isto.
Laura redargüiu dizendo que poderia pedir ajuda a tal Ludmila.
Zélia, ao ouvir as palavras da moça, ficou inconformada.
Contou que não havia possibilidade de fazê-lo.
Nervosa, relatou que a mulher não continuaria a mandar dinheiro para eles.
Laura, ao ouvir as palavras de Zélia, ficou furiosa.
Tanto que levantou-se da mesa.
Mencionou que havia perdido a fome.
Zélia, ao ouvir isto, insistiu para que a filha não fosse para o quarto. Comentou chorosa que não dissera aquilo para chateá-la. Tentando animá-la, contou sobre o baile que aconteceria na vila.
Desanimada, Laura comentou que não estava interessada em bailes e que tampouco sabia dançar.
Olavo, Antonio e Vicente, comentaram que ela precisava aprender.
Provocando a moça, Antonio e Vicente ficaram falando que assim ela não arrumaria marido, que ficaria encalhada.
Aborrecida, a jovem respondeu que não estava interessada em se casar.
Zélia comentou:
- Você está dizendo isto, por que não encontrou o homem de sua vida. Quando gostar de verdade de alguém, você vai mudar de idéia.
Com isto, ficaram insistindo para que a moça fosse ao baile.
Olavo e seus irmãos, se comprometeram a ensiná-la alguns passos de dança.
Pacientes, ensinavam a dançar, com passos lentos.
Laura por sua vez, aprendeu a dançar até a famosa valsa.
Vicente e Antonio riam das dificuldades da moça em aprender a dançar.
Diziam que ela havia estudado, mas se esquecera de aprender o mais importante, que era se divertir.
Irritada, Laura respondeu que sabia se divertir sim, mas que não perdia seu tempo com bobagens.
Olavo, ao perceber a provocação dos irmãos censurou-os.
Disse para que eles parassem de provocá-la. Argumentou que a moça estudara, por que possuía uma benfeitora.
Antonio e Vicente, perguntaram de quem se tratava.
Zélia interveio dizendo que era uma pessoa bondosa, que caíra de encantos por Laura.
Antonio e Vicente perguntaram por que não tiveram a mesma oportunidade.
Olavo, ao ouvir as palavras dos filhos, argumentou que eles tiveram a oportunidade de cursar o primário, que tinham uma boa educação.
Zélia perguntou aos moços se já haviam escolhido as roupas que usariam no baile.
Os moços pediram a mulher, para providenciasse calças sociais e camisas.
Nisto, Zélia perguntou a filha se ela gostaria de ganhar um vestido novo.
Laura comentou que vestiria qualquer roupa.
Zélia, ao notar o desdém da jovem, insistiu que ela deveria usar uma roupa bonita. Comentou que ela era linda, e que precisava valorizar sua beleza.
Desanimada a moça disse que mais tarde pensaria nisto. Mencionando que estava cansada, pediu licença para se recolher.
Olavo autorizou-a a sair da copa.
Laura dirigiu-se a seu quarto.
Arrumou-se, vestiu uma camisola, penteou os cabelos.
Sentou-se diante da penteadeira.
Ficou a imaginar se possuía alguma semelhança com a tal fazendeira. A tal Ludmila.
Olavo certa vez, comentou com Zélia que ela estava a cada mais parecida com Ludmila.
Zélia discordava.
Dizia que sua filha era linda, e que a cada ficava mais e mais bela. Coruja, dizia que ela seria ainda mais bela que Ludmila.
Chegado o dia do baile, a família estava produzida para o evento.
Zélia estava elegantíssima em um vestido de gala. Vestido longo.
Desacostumada a usar trajes tão finos, estava desajeitada em um salto de cinco centímetros.
Olavo usava um terno que estava um pouco apertado.
Antonio e Vicente estavam impecáveis em suas roupas sociais.
Animados, comentaram que estava parecendo o dançarino do filme que viram na cidade.
Laura por sua vez, depois de muita insistência de Zélia, aceitou que a mulher comprasse tecidos e fizesse um vestido para ela.
A mulher, dizendo que faria um vestido estampado, comentou que faria uma roupa tão bonita que ninguém no baile estaria vestido com algo parecido. Disse que todas as moças ficariam com inveja.
Laura retrucava dizendo que não queria causar inveja em ninguém.
Zélia por sua vez, estava felicíssima.
Finalmente apresentaria sua filha dileta para toda a vizinhança.
Chegaram ao baile de carroça.
Laura ficou sentada na frente, ao lado do pai.
Quando apresentou-se a todos, Olavo, Antonio e Vicente elogiaram o garbo da moça.
Disseram que ela estava lindíssima.
Zélia ficou feliz ao ver a moça usando seu vestido.
Orgulhosa, comentou que a roupa ficara perfeita.
Depois dos elogios, todos se encaminharam para a carroça.
Zélia e os irmãos, ficaram na parte traseira.
Quando chegaram no baile, Olavo desceu da carroça.
Ajudou a filha a descer.
Ao adentrarem no salão, todos os que lá estavam, ficaram observando a moça.
Zélia comentou que Laura estava causando sensação.
Olavo brincando, disse que ela era uma mãe coruja.
Nisto, Antonio e Vicente conduziram a moça para o centro do salão.
Laura tentou resistir, mas os moços disseram que ela deveria começar a desfilar pelo salão. Precisava arrumar um parceiro para dançar.
A moça retrucou dizendo que não fazia questão de dançar.
Nisto, eis que surge Maximiliano, que ao vê-la de vestido, comentou que ela estava muito bonita.
Laura, um pouco sem jeito, agradeceu.
Antonio e Vicente, se olharam cúmplices e se afastaram.
Brincando, disseram que não queriam ficar segurando vela.
Laura, ao ouvir a palavra dos moços, tentou repreendê-los, mas foi contida por Maximiliano, que a convidou para dançar.
A moça tentou argumentar que não sabia dançar direito.
O jovem redargüiu dizendo que poderia ensiná-la.
Nisto, estendeu sua mão para ela.
Laura acompanhou-o.
Dançaram juntos.
Antonio e Vicente também arrumaram parceiras.
Enquanto dançavam observavam Laura e Maximiliano.
A moça ria.
Olavo e Zélia observam os filhos à distância.
Estavam sentados em uma mesinha.
Conversaram com os moradores da vila, os empregados da fazenda em que viviam.
Todos comentavam sobre a jovem que dançava com Maximiliano.
Zélia, ao ouvir alguns comentários sobre a beleza da moça, disse orgulhosa que era sua filha.
Algumas mulheres questionavam o fato. Diziam que a moça parecia uma princesa, não lembrava nem de longe uma sertaneja.
Zélia retrucava dizendo que ela não fora criada para ser uma simples camponesa. Orgulhosa, comentou que a filha tinha mais estudo que a maioria das pessoas que freqüentava o salão.
Olavo, ao perceber o tom da esposa, comentou que ela não precisava falar daquele jeito.
Zélia por sua vez, ao ouvir a censura do marido, desculpou-se. Disse que o orgulho em ter uma filha tão estudiosa, a fazia se esquecer que nem todos tiveram a mesma oportunidade. Preocupada, comentou que Laura precisava pensar no futuro.
As mulheres da vizinhança, entendiam a preocupação de Zélia.
Depois de dançar com a moça, Maximiliano ofereceu-lhe um ponche.
Comentou que não a vira mais. Perguntou se tinha planos para o futuro.
Laura respondeu desanimada, que não sabia ainda. Mencionou que ainda estava pensando.
O moço, segurando as mãos da moça, perguntou-lhe quanto tempo permaneceria na fazenda.
Laura falou-lhe que não tinha previsão de quanto tempo permaneceria por ali. Disse em um tom tristonho, que sua estada seria prolongada.
Maximiliano, respondeu que lamentava sua tristeza, mas que ficava muito feliz em saber que ela ficaria por mais algum tempo na fazenda.
Laura por sua vez, tentou esboçar um sorriso.
Mais tarde, a moça se encaminhou para a mesa dos pais.
Não sem antes dançar um pouco mais com o moço.
Laura, ao sentar-se, percebeu que era bastante observada.
Chegou a se sentir incomodada com isto.
Zélia animada, perguntou-lhe se estava gostando da festa.
Monossilábica, Laura respondeu que sim.
- Que bom! – comentou a mulher.
- Eu sabia que você iria se divertir. O povo é simples, mas acolhedor, sabe receber bem as pessoas. – completou Olavo. – Sem que contar que você virou a atração da festa. Olha só como todos olham procê!
Ao ouvir isto, Laura retrucou, mas Zélia concordou com o marido.
Feliz, comentou que ela estava perfeita naquele vestido. Indiscreta, comentou que ela já havia até arrumado um pretendente.
Laura negou. Comentou que Maximiliano era apenas um amigo.
Antonio e Vicente, que se aproximavam com duas garotas, comentaram rindo que Laura havia arrumado um namorado.
Irritada, a moça negou.
Irônicos, os garotos cantaram:
- Com quem será? Com quem será que Laura irá se casar? Vai depender, vai depender se o Max aceitar.
Laura aborrecida, levantou-se.
Ao se aproximar da mesa onde estavam os comes e bebes, a moça foi abordada por outros rapazes. Os moços a convidaram para dançar.
Laura tentou recusar, mas uma moça que estava por perto, relatou que não ficava bem recusar.
Desta forma, sem jeito, Laura dançou com os moços.
Em dado momento, Maximiliano novamente se aproximou.
Ao vê-la dançando com um rapaz, o moço pediu licença.
Disse que tinha algo importante para conversar com ela.
O jovem, contrariado, argumentou que a dança não havia acabado.
Maximiliano então, esperou.
Ao conseguir conversar com a moça, o jovem disse brincando:
- Agora eu vou ter que pegar senha pra falar com você?
Laura tentou dizer que estava dançando, que não podia deixar o moço dançando sozinho.
Rindo, Maximiliano respondeu que estava brincando.
Nisto, conduziu a moça para o centro do salão.
Dançaram.
Mais tarde, a moça despediu-se dos donos da festa.
Todos ficaram encantados com a moça. Elogiavam sua beleza.
No final da festa, Maximiliano lamentou sua partida. Comentou que gostaria de revê-la.
A moça sorriu.
A família voltou para casa de carroça.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 1 de abril de 2021
CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 11
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário