Dali seguiu o cortejo.
Diante da repercussão do caso, muitos curiosos acompanharam o trajeto do caixão até o cemitério.
Pelo caminho, muitas pessoas, solidarizando-se com o sofrimento de Dona Solange, lhe gritavam palavras de consolo.
Outros, curiosos, só acompanhavam de longe o cortejo.
O trajeto foi realizado a pé.
Alguns amigos, generosos, se ofereceram para levar o caixão até o cemitério. Sim, Solange não estava sozinha. Neste momento de dor, podia contar com os vizinhos, verdadeiros amigos nos momentos de dificuldade.
Todos se ofereceram para ajudá-la. Prestativos, cuidaram de sua casa, quando não estava em condições de fazê-lo.
Mas enfim, o cortejo caminhou pela cidade.
Durante cerca de quinze minutos, passaram por casas, lojas, uma praça, e diversas pessoas. Até finalmente adentrarem o cemitério. Lá, no entanto, só puderam entrar os amigos e colegas de Solange. Alguns seguranças acompanharam o cortejo e impediram a entrada de curiosos.
Durante o enterro, boa parte dos funcionários do hospital esteve presente. Precisavam ser solidários com uma funcionária dedicada, que havia passado por uma situação tão triste.
Quase todos que puderam, fizeram questão de acompanhar o enterro.
E assim foi.
Adentrando o cemitério, todos seguiram em direção ao túmulo.
Ao lá chegarem, um padre se aproximou, e começou a dizer algumas orações. Não foi uma cerimônia demorada.
Isso por que, somente um dos amigos de Solange é que fez um pequeno discurso. Em seu discurso, disse que a alma de Lúcia ficasse em paz.
E com essa intenção, todos rezaram por Lúcia.
Do lado de fora do cemitério, o mesmo aconteceu.
Muitas pessoas permaneceram próximas a entrada do local e rezaram pela jovem moça brutalmente assassinada. Muitos indignados, aproveitaram para protestar, exigindo que a polícia solucionasse o caso.
Não houve violência.
O que houve, foi uma passeata pacífica pela paz.
Preocupados, os moradores da cidade, não queriam que situações como essa, voltassem a acontecer. Não queriam que isso se tornasse comum, banal. Repudiavam isso.
Mas enfim, muitos rezavam por Lúcia. Desejavam que sua doce alma encontrasse a paz eterna. Que fosse descansar nos braços de Deus.
Quando o caixão ía ser descido, Dona Solange interrompeu a todos.
-- Esperem. Eu preciso vê-la pela última vez.
Os coveiros, condoídos com o pedido da mãe, abriram o caixão e a deixaram dar um último beijo, no rosto da filha. Era seu adeus definitivo.
Nesse momento, quase todos os presentes se emocionaram. Os vizinhos, as amigas próximas, todo mundo sabia que as duas eram muito ligadas. Viviam grudadas. Sabiam que dali por diante seria muito duro para Solange, prosseguir sem a filha.
Após, finalmente, o caixão foi descido.
Os presentes jogaram muitas flores sobre ele. E esta foi a homenagem que fizeram. As flores simbolizando a vivacidade, a vida.
Vida esta, que fora roubada por alguém muito covarde em uma atitude muito estúpida.
Atitude esta, sem justificativa.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 29 de abril de 2021
O BEM E O MAL - CAPÍTULO 23
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