Poesias

quinta-feira, 1 de abril de 2021

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 9

Um dia, depois de uma tarde de trabalho, policiais adentraram a propriedade.
Estavam procurando um guerrilheiro, que segundo informações, havia se acoitado naquela propriedade.
Ludmila ao ler o mandado de prisão, estranhou.
Tanto que chegou a comentar com o policial que aquilo tudo era muito estranho.
Disse que não escondia subversivos em sua fazenda, que conhecia todos ali, e que aquelas pessoas trabalhavam para ela há muitos anos, e nunca deram quaisquer motivos para que ela desconfiasse deles. Intrigada com a informação, perguntou se poderia saber quem havia feito a denúncia.
O policial, ao ouvir as indagações de Ludmila, retrucou perguntando se ela tinha algo para esconder.
Ludmila, perplexa com a pergunta, respondeu que não, mas argumentou que tinha o direito de saber o que estava acontecendo.
Foi então que ela perguntou quem ele estavam procurando, já que o mandado de prisão não dizia o nome do procurado.
O militar respondeu que o mandado fazia a descrição do procurado.
Ludmila então, releu o mandado de prisão.
Espantou-se com a descrição do suposto foragido.
No mandado de prisão constava a descrição de que se tratava de um homem alto, moreno, magro, peão, conhecido como Alencar, idade entre vinte e seis e trinta anos, hábil na utilização de armas de fogo, inteligente, articulado, em que pese a aparente pouca escolaridade. Neste documento, constavam outros detalhes na descrição.
Ludmila ficou perplexa.
Nisto, o policial perguntou se alguém na fazenda, conhecia alguém com aquela descrição.
A moça permaneceu silente.
O militar insistiu.
Ludmila respondeu que desconhecia quem quer que fosse, com aquela descrição.
O homem agradeceu, mas ressaltou que gostaria de fazer perguntas aos trabalhadores e funcionários. Comentou que faria buscas pelo lugar.
O que foi autorizado pela fazendeira.
Nisto, o policial perguntou se ela vivia sozinha na fazenda.
Ludmila questionou a pergunta.
O policial comentou que uma mulher jovem e bonita, devia ser casada.
A fazendeira, apreensiva comentou que sim, era casada, mas que seu marido não se encontrava na fazenda. Estava de viagem pelo interior do estado, com vistas a aquisição de animais para sua propriedade.
Nisto Jurema adentrou a sala perguntando se poderia servir a comida de Odara.
O policial, ao ouvir o nome Odara, perguntou quem era.
Ludmila incomodada, respondeu que era sua filha.
O homem comentou então, que também possuía uma filha pequena.
Percebendo que Ludmila pretendia cuidar da filha, pediu licença.
Educadamente, desejou boa noite.
Jurema, ao ver o homem se afastando, perguntou o que estava acontecendo.
Ludmila pediu-lhe para que nem ela, nem tampouco qualquer criado da casa, comentasse a respeito de Lúcio.
Aflita, a fazendeira recomendou que dissessem que o moço se encontrava de viagem, como de fato se encontrava, sem previsão de retorno.
Jurema concordou.
Questionou apenas o fato da patroa estar nervosa com a visita.
Ludmila respondeu-lhe que não estava nervosa, era apenas uma impressão.
Nisto, passou a observar a noite pela janela.
Ludmila parecia temer que suas palavras fossem ouvidas.
Notou à distância, que haviam homens vigiando a sede da fazenda.
Nervosa, percebeu que a situação era mais séria do que imaginava.
Intrigada, no dia seguinte, a mulher questionou o fato dos homens montarem guarda em frente a sua casa.
Silêncio absoluto.
Nervosa, Ludmila argumentou que se tratava de propriedade particular, e que ninguém poderia permanecer no local, sem sua autorização.
Nisto, eis que o militar que conversara com ela, chega novamente.
Sorridente explica que se trata de uma mera formalidade. Argumentou que por questão de segurança, aqueles homens guardariam a entrada e os fundos da casa, assim como havia soldados na entrada da fazenda.
Ao ouvir isto, Ludmila ficou perplexa.
Tanto que chegou a perguntar de onde teria vindo a autorização para o procedimento.
O militar respondeu que a autorização viera de autoridades constituídas, conforme se pode constatar na leitura do mandado de prisão.
Ouvindo as palavras do militar, a fazendeira redargüiu dizendo que em nenhum momento, o documento mencionava a necessidade de se montar guardar em frente sua residência.
O homem então riu.
Assustada, Ludmila perguntou o motivo do riso.
O policial respondeu-lhe então, que havia conversado com moradores da propriedade, que disseram não haver ninguém na propriedade com aquela descrição.
Ou melhor dizendo, havia muitos peões com aquela descrição física, mas desprovidos das habilidades mencionadas. Afinal, nenhum deles havia saído daquela fazenda para além da vila nas proximidades.
Silvério, o militar, confessou que esta tomada de informações quase o satisfez, mas que pretendia ter certeza de que o tal homem procurado por ele, de fato, não vivia naquele lugar.
Comentou que seu trabalho envolvia muita responsabilidade, sendo por demais meticuloso.
Ludmila, tentando aparentar tranqüilidade, respondeu que não havia problemas.
Silvério respondeu agradecido que seria ótimo se não houvesse tentativa de obstrução de seus trabalhos. Argumentou que não pretendia agir, além do necessário.
A fazendeira tentou esboçar um sorriso.
Nos dias que se seguiram, a mulher dirigiu-se a vila.
Temendo ser seguida, a mulher, auxiliada por Jurema, utilizou um disfarce para sair da sede, sem que os policiais notassem que se tratava dela.
De óculos escuros e lenço cobrindo os cabelos, além de trajes rústicos, a mulher, ao passar pelos policiais, não levantou suspeitas.
Afinal para eles, se tratava apenas de uma caipira. Tanto que riram da figura.
Ludmila então, caminhou até um lugar onde havia uma charrete.
De lá seguiu para a cidade mais próxima.
Apreensiva, não passou pela vila. Utilizou um caminho diferente.
Recordou-se de um caminho ensinado por seu primeiro marido, Antenor.
Em suas cavalgadas pela fazenda, o homem ensinou-lhe alguns caminhos diferentes, mas recomendou que somente os utilizasse em caso de necessidade. Argumentou que eles eram tortuosos e até um pouco perigosos.
Ludmila contudo, não podia esperar que os fatos se sucedessem, sem tomar uma providência.
Com isto, encaminhou-se para uma cidade próxima.
De lá telegrafou para Lúcio, recomendando-lhe que não retornasse para a fazenda.
No telegrama constava a informação de que homens rondavam a fazenda. Homens esses que estava atrás de um militante.
Tentando não levantar suspeitas, no telegrama dizia que talvez precisasse notificar a polícia do fato, para que os estranhos se afastassem, e que ele somente deveria retornar, quando a polícia tiver agido com relação a situação. Por fim, mencionou que tudo estava bem na medida do possível, e que apenas um deles passando por dificuldades, era mais do que suficiente.
Para não levantar suspeitas, chamou o marido de Lu, no telegrama.
O homem que transmitiu as informações, perguntou a mulher se ela não precisava de ajuda.
Solícito, comentou que ela poderia se encaminhar para o posto policial da cidade, e relatar o que estava acontecendo.
Ludmila agradeceu dizendo que iria em seguida.
Obviamente não se encaminhou para lá, pois de nada adiantaria, já que os homens que montavam guarda em frente a sua propriedade, eram policiais.
Com isto, retornou a sua fazenda.
Ludmila passou novamente pelos militares.
Jurema, aflita, ao vê-la subindo as escadarias da sede, conduziu-a até a cozinha.
Nervosa, disse que Silvério procurava por ela, e que havia dito que ela havia saído para acompanhar a colheita.
Nisto, comentou que o militar retrucou, dizendo que seus homens não viram a fazendeira saindo da propriedade.
Jurema sem jeito, inventou a desculpa de que Ludmila estava indisposta, mas não queria que soubessem. Argumentou que por ser mulher e estar sozinha, a última coisa que precisava era de peões indisciplinados.
O homem concordou.
Diante disto, perguntou se era possível uma visita.
Jurema sem graça, comentou que ela guardava leito, e que não ficava bem um homem adentrar o quarto de uma dama.
Silvério concordou.
Ludmila, ao ouvir o relato da empregada, comentou que se seguisse pelo corredor com aqueles trajes, levantaria suspeitas.
Jurema, percebendo a confusão, comentou que poderia buscar uma roupa sua em seu quarto, e com isto, verificar se o homem permanecia na sala.
A fazendeira agradeceu a solicitude da criada. Tanto que recomendou-lhe dizer ao homem que estava recolhendo roupas para lavar, caso ele lhe perguntasse.
Jurema pegou um vestido antigo e outras roupas e levou para Ludmila.
Aliviada, ao chegar na cozinha, comentou que o homem havia se dirigido a varanda.
Ludmila aproveitou então para entrar na sala e se dirigir ao seu quarto.
Ao adentrar o cômodo, retirou os óculos, o lenço.
Jurema bateu na porta e entrou logo em seguida.
Trouxe as roupas de volta.
Nervosa, perguntou a patroa por quanto tempo mais, aqueles homens permaneceriam na fazenda.
Ludmila respondeu desolada que não sabia.
Com efeito Lúcio, ao receber o telegrama, ficou chocado.
Nervoso, teve ímpetos de se dirigir a fazenda, mas decidiu aguardar um pouco o retorno.
Contudo, visando obter mais informações sobre o que de fato estava acontecendo, decidiu pedir auxílio a um conhecido.
Comentou com um antigo colega, que havia se casado, e que possuía uma filha pequena.
Preocupado, disse ter recebido um telegrama o qual dizia que sua esposa estava com problemas, mas ele, em razão dos compromissos assumidos, não poderia retornar para ajudá-la. Razão pela qual estava pedindo ajuda ao amigo para fazê-lo.
Lúcio respondeu que lhe compraria a passagem e que se pudesse ir até a fazenda para auxiliar a esposa, ficaria muito agradecido.
Roberval prometeu auxiliá-lo.
Lúcio agradeceu.
Comentando que precisaria viajar pelos próximos dias, pediu para dissesse a Ludmila, que estava preocupado, e que assim que pudesse, retornaria para a fazenda. Mas que em razão do trabalho, precisaria permanecer mais algum tempo afastado.
Roberval perguntou-lhe então, como faria para informá-lo do que estava acontecendo na fazenda.
Lúcio respondeu poderia enviar-lhe telegramas, posto que ele avisaria onde estaria nos próximos dias, por este meio. Recomendou-lhe apenas que tomasse cuidado ao enviar as mensagens e que medisse suas palavras.
Roberval perguntou-lhe o porquê de tanta preocupação.
Lúcio respondeu-lhe que isto se devia ao fato de que tudo poderia ser tomado como uma afronta ao exército, aos militares. Daí o cuidado nas palavras.
O amigo concordou.
Dias mais tarde, lá estava ele na fazenda.
Cauteloso, comentou com Silvério que fora até lá para rever o amigo e conhecer sua nova família.
O militar perguntou-lhe então, se eram conhecidos há muito tempo.
Roberval respondeu-lhe que desde criança conhecia Lúcio.
Mais tarde, o rapaz foi apresentado a fazendeira.
Gentil, Roberval comentou que o amigo não exagerara ao descrever a beleza da esposa.
Ludmila agradeceu o elogio.
O militar concordou com a lisonja.
A fazendeira, ao ouvir o comentário do policial, ficou um tanto quanto constrangida.
Em conversa, Roberval contou que estava noivo de uma jovem, e que dentro em breve se casaria com a moça.
Ludmila mostrou ao jovem a fazenda, apresentou-lhe a filha.
O moço, percebendo que era seguido, comentou com Ludmila, que Lúcio estava aflito com a falta de notícias. Disse que o amigo tinha uma vaga idéia do que estava se passando.
Ludmila comentou a meia voz com o moço, que precisava encontrar um jeito de ver o marido, sem levantar suspeitas.
Roberval, apreensivo, comentou que faria o possível para ajudar.
A mulher agradeceu, mas retrucou dizendo que ele já havia se arriscado demais ao se dirigir a fazenda, apresentando-se como amigo de Lúcio.
Ludmila comentou que o delegado Silvério, já estava bastante cismado com a demora no retorno de Lúcio.
Recomendou-lhe que voltasse para sua terra.
Roberval respondeu que o faria, mas que antes a ajudaria a se encontrar com Lúcio, sem levantar suspeitas.
Dito e feito.
Ludmila novamente disfarçada, saiu de charrete estrada afora.
Percorreu novamente o caminho ensinado por Antenor.
Só que desta vez, dirigiu-se a uma nova cidade, de onde encaminhou um telegrama.
Neste novo documento, dizia que estaria esperando-o na praça da matriz da cidade.
Na correspondência, dizia que era uma noiva saudosa que o aguardava em frente a igreja da cidade.
Com isto, dias depois, o casal se reencontrou, após semanas de ausência.
Lúcio ficou eufórico ao vê-la.
Ludmila usava um bonito vestido, salto, cabelos presos, e um pouco de maquiagem.
Surpreso, o moço comentou que não conhecia aquele vestido.
A fazendeira respondeu-lhe precisou comprar algumas roupas no lugar.
Aflita, sugeriu que fossem para um lugar mais discreto, onde não ouviriam sua conversa.
Lúcio concordou.
Encaminharam-se para um hotel.
O moço, de mala na mão, hospedou-se num hotel na entrada da cidade.
Mais tarde, a sós, o casal conversou.
Lúcio comentou sobre as aquisições que havia feito.
Ludmila relatou os últimos acontecimentos. Mencionou que a fazenda estava vigiada, que havia um mandado de prisão onde constava a descrição de uma pessoa com suas características.
Nervosa, a mulher perguntou-lhe por que não dissera estar envolvido em atividades subversivas.
Lúcio, ao ouvir as palavras da mulher, retrucou dizendo que não estava entendendo nada.
Segurando os braços de Ludmila e colocando as mãos em seu rosto, disse olhando em seus olhos, que nunca havia se envolvido com guerrilha ou qualquer outra atividade, ou militância política.
- Jura? – perguntou Ludmila, com os olhos cheios de angústia.
Lúcio, tentando acalmá-la, contou que jamais se envolveu em atividades ditas subversivas e que não estava entendendo por que estava sendo procurado.
Ludmila, espantada, perguntou-lhe se não possuía inimigos.
O moço respondeu que não.
Intrigados, tentavam entender quem poderia ter interesse em prejudicar o moço.
Neste momento, Lúcio se recordou do entrevero que tivera com um estranho, em uma cidadezinha da vizinhança, quando viajou com a esposa.
Ludmila não acreditou que um simples médico de uma pequena cidade, tivesse poder para acionar a máquina do estado, por uma picuinha.
Lúcio ao observar o tom da esposa, comentou que ele não conhecia o sujeito.
Não sabia se o mesmo não tinha parentes importantes, amigos influentes.
A fazendeira perguntou então, como ele poderia saber onde vivia, como teria feito para descobrir seu paradeiro.
Ademais, para alguém que descobrira onde vivia, não seria impossível descobrir outros detalhes, saber seu nome, e descrevê-lo mais exatamente no mandado de prisão.
O moço, perguntou onde ela pretendia chegar.
A mulher respondeu que para que o homem tivesse tantas informações a seu respeito, somente se o estivesse seguindo, e se de fato o estava  fazendo, seria questão de tempo para descobrir onde ele estava, naquela ocasião.
Lúcio, ao ouvir as palavras da esposa, concordou.
O tal sujeito não teria tanto poder. Até por que, indagou, por que esperar tanto tempo para se vingar?
Ludmila comentou que somente uma pessoa muito ruim remoeria seu ódio por tanto tempo, aguardando o melhor momento para dar o bote.
Lúcio concordou dizendo que somente pessoas muito ruins, agem desta forma.
A moça porém preocupada, pediu para que ele fugisse, que fosse para outro país. Que se escondesse até que as coisas se acalmassem por ali.
Tensa, Ludmila perguntou-lhe novamente se não estava envolvido em atividades políticas, na militância, na luta clandestina.
O moço, ao notar o modo seguro com que a esposa falava, chegou a perguntar-lhe o que ela sabia sobre a guerrilha.
Ludmila, respirando fundo, respondeu que apenas o que conseguia obter de informações pelos jornais, sempre pichando os integrantes da luta armada de terroristas, bandidos.
Lúcio explicou-lhe que os guerrilheiros não eram propriamente bandidos, e sim, pessoas que estava lutando por algo que acreditavam, por um ideal.
A mulher, ao ouvir as palavras do marido, insistiu em saber se o mesmo estava envolvido naquele tipo de atividade.
Lúcio assegurou que não.
Afirmou que embora não gostasse de injustiças, não estava disposto a arriscar sua vida numa luta desigual, por que sabia que entrando em uma luta onde o lado vencedor já está previamente definido, não se há justiça na luta. Afirmou que não costuma entrar em uma briga para perder, embora perdesse algumas vezes, e não seria desta vez, que se meteria em encrenca.
O moço argumentou que agora tinha duas razões para querer se manter vivo. Possuía uma esposa a quem amava, e uma filha para qual precisava ensinar toda uma história de vida. Não poderia simplesmente deixar tudo isto de lado, e lutar por algo que já considerava perdido.
Ludmila tentou retrucar dizendo que as injustiças eram passageiras, que ao longo do tempo as coisas mudariam.
Lúcio argumentou que as mudanças eram muito lentas.
A fazendeira insistiu em dizer que embora as mudanças demorassem a ocorrer, elas acabavam acontecendo.
Nisto o casal se abraçou.
Ludmila, insistiu para que ele partisse.
O moço porém, teimoso que era, retrucou dizendo que não.
Argumentou que somente os covardes fugiam, e que ele não tinha nada a temer, posto que não havia feito nada de errado.
A mulher ao ouvir isto, respondeu que os militares não estavam preocupados com isto.
Com efeito, caso suspeitassem que ele estava envolvido em atividades subversivas, certamente o levariam para uma delegacia, e ele poderia não sair vivo de lá.
Assustada, Ludmila comentou ter ouvido histórias horríveis sobre presos políticos. Pessoas que foram encarceradas e não mais voltaram para suas famílias. E que é pior, dizia, sem que seus familiares tivessem o direito de enterrar seus mortos.
Com os olhos cheios d’água, Ludmila respondeu que não queria passar por isto.
Mencionou que já havia ficado viúva uma vez, e que já era o bastante. Comentou visivelmente emocionada, que não agüentaria passar por isto novamente.
Lúcio, percebendo a voz trêmula da esposa, segurou-a nos braços.
Ludmila estava apavorada.
Olhando-o nos olhos, disse assustada, que ele tivesse cuidado, que não se deixasse apanhar.
Pediu, insistiu para que ele deixasse o país.
Mencionou que assim que as coisas se acalmassem, poderia retornar ao Brasil.
Com efeito, ao ouvir os apelos da moça, Lúcio sugeriu que ela vendesse suas propriedades no país e fosse com ele para fora do Brasil.
Ao ouvir isto, Ludmila respondeu-lhe que não poderia fazê-lo.
Argumentou que assim agindo, poderia levantar suspeitas, e fazer com que ele fosse investigado em outras terras e talvez, deportado para o Brasil.
O moço, ao perceber que a mulher não acompanharia na viagem, relutou em ir.
Disse que se partisse sozinho, poderia correr o risco de nunca mais tornar a vê-la.
Ludmila comprometeu-se em ir ao seu encontro assim que fosse possível, mas Lúcio sabia que a esposa provavelmente estava sendo seguida, e que este encontro levaria muito tempo para ocorrer.
Decidido, o homem respondeu que permaneceria no Brasil.
Relatou que se apresentaria a polícia, esclareceria todo o mal entendido, e voltaria a viver ao seu lado.
Ludmila olhou-o comovida.
Sabia que o otimismo de Lúcio era inapropriado, e que ele se assim o fizesse, seria preso.
Razão pela qual insistiu para que ele fugisse, mas o moço, teimoso, insistia em ficar.
Nisto, quando a moça avisou que retornaria a fazenda, Lúcio insistiu em acompanhá-la.
A mulher insistiu para que não o fizesse.
Lúcio contudo, era muito teimoso.
Mas Ludmila conseguiu convencê-lo a não acompanhá-la.
A mulher argumentou que saíra escondida da fazenda, e que somente Rosa e Jurema, além de Roberval, sabiam que ela não estava por lá, e que seria difícil esconder seu sumiço do delegado, caso ele resolvesse investigar.
Argumentou que se as pessoas o vissem por ali, ela teria que explicar de quem se tratava e não teria como esconder que ele era seu marido.
Lúcio ao ouvir a história do mandado de prisão, perguntou-lhe se de fato, a descrição do homem fazia com que o mesmo fosse associado a ele.
Ludmila comentou que quanto ao conhecimento intelectual e algumas características físicas sim.
Lúcio ao perceber que o documento não era exato na descrição, comentou que o suspeito poderia ser qualquer pessoa com aquela descrição física.
A fazendeira respondeu que sim. Mas argumentou que a única pessoa que preenchia a maioria das características daquela descrição física era ele.
Intrigada a mulher insistiu em dizer que o mandado era realmente endereçado a ele.
Lúcio, para ser convencido a não acompanhá-la no regresso, fez uma única exigência.
Que ela não voltaria aquela tarde e sim no dia seguinte.
Ludmila tentou argumentar, mas, percebendo que seria melhor esperar o melhor momento para voltar, concordou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.












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