Continuou trabalhando, para desgosto de Maximiliano, que queria que a mulher ficasse em casa, cuidando das filhas.
Brigaram muitas vezes por isto.
Laura argumentava que não seria feliz sendo uma simples dona de casa.
Dizia que nunca o enganara quanto a isto.
Maximiliano retrucava dizendo que ela poderia trabalhar menos.
A mulher respondia que estava acostumada a trabalhar e que não se furtava em dar atenção as meninas. Só não podia estar presente o tempo inteiro.
Isaura, tentava amenizar as coisas dizendo que ele precisava ter um pouco de paciência com a mulher. Dizia que ele sabia que Laura era uma pessoa independente, e que não seria brigando com ela que a faria convencê-la a se dedicar mais a família.
Isaura falou-lhe que precisava ter jeito para conduzir as coisas.
Maximiliano, procurando se acalmar, concordou.
Aos poucos, Laura foi diminuindo o ritmo de seu trabalho.
Contudo, em certas ocasiões, não era possível ficar mais tempo em casa.
Tal fato deixava Maximiliano incomodado.
Laura por sua vez, sempre que podia, procurava cuidar das meninas.
Aproveitava para dar banho nas crianças, alimentava-as, brincava com elas, lia histórias para dormirem.
Maximiliano ficava enternecido quando via a mulher cuidando das crianças.
Comentava que Dandara e Júlia gostavam muito dela.
Laura respondia que sabia disto, e que também as amava muito.
Com isto, a mulher continuou suas atividades empresariais.
Dandara e Júlia a esta altura estavam no colegial.
A caçula era uma aluna aplicada, sempre às voltas com livros e se dedicando aos estudos.
Dandara por sua vez, gostava de cabular as aulas, fumava, bebia e vivia às voltas com festas.
Dizia a Júlia que a vida era muito curta para se prender aos estudos, e que se era para viver desta forma, era melhor viver pouco.
Júlia por sua vez, achava graça nas palavras da irmã.
Laura no entanto, não achava a menor graça dos comentários.
Por conta disto, as duas viviam às turras.
Maximiliano tentava apartar as brigas, mas raramente conseguia obter êxito neste intento.
Dandara sempre lhe dizia que estava do lado de Laura, e que nunca a defendia.
A moça se dizia incompreendida e injustiçada. Falava que todo o afeto de seus pais, era para Júlia, o motivo de todo o orgulho da família.
Ela não, sentia-se toda errada, e sem amor.
Chateada, procurava chegar cada vez mais tarde em casa.
Passava as noites em baladas, bebendo e dançando.
De manhã, quando precisava ir a faculdade, estava sempre com muito sono.
Razão pela qual sempre chegava atrasada, chegando a perder as primeiras aulas, ou nem ia.
Laura, ao notar a displicência de Dandara com os estudos, a recriminava.
Dizia que estava investindo muito dinheiro em sua educação, para vê-la desperdiçando a oportunidade de um futuro confortável.
Irônica, Dandara dizia que seu futuro estava assegurado, pois era filha de uma mulher rica.
Laura, ao ouvir estas palavras, argumentou que se ela não administrasse bem o dinheiro, em pouco tempo, dissiparia todo seu patrimônio. Ademais, tentando ameaçá-la, dizia a ela que não existe herança de pessoas vivas e que se pudesse, poderia se desfazer de todo seu patrimônio em vida. Nervosa, falou a filha para que não contasse com aquilo, ou poderia se dar mal.
Dandara dava de ombros.
Muitas vezes se sentava a mesa para tomar café da manhã, por volta das onze horas da manhã.
Às vezes só se levantava duas, três horas da tarde.
Erotildes esquentava a comida para a moça.
Laura, ao saber deste fato, proibiu a empregada de providenciar comida para a filha.
Argumentou que se Dandara quisesse almoçar, que ela fosse até a cozinha e se virasse.
Ressaltou que se descobrisse que algum dos criados estava fazendo as vontades da filha, seria sumariamente demitido.
Laura respondeu que não teria pena, mesmo que se tratasse de uma pessoa com quem trabalhava há anos.
Avisadas, as empregadas acobertavam os maus feitos da moça.
Quando Laura perguntava da moça, Erotildes dizia que Dandara já estava na faculdade.
Um dia, desconfiada das palavras da empregada, a mulher dirigiu-se ao quarto da filha e notou que mesma dormia a sono solto.
Furiosa, a mulher puxou o cobertor em que a moça estava enrolada.
Chacoalhou Dandara instando-a a levantar-se.
A moça, irritada, gritou com a mãe.
Disse-lhe que ela não tinha direito de fazer o que estava fazendo. Argumentou que ela não escrava para ser tratada daquela forma.
Laura, ao ouvir as palavras de desafio da filha, respondeu que enquanto ela vivesse debaixo de seu teto, teria que se submeter as suas ordens. Acrescentou que ela deveria se vestir, se compor e ir para a faculdade. Relatou que não estivesse satisfeita com o tratamento dispensado, que fosse cuidar da própria vida.
Dandara reclamou, mas ao notar o olhar severo de Laura, encaminhou-se para o banheiro.
Nisto, quando soube que Erotildes estava acobertando a filha, Laura ficou furiosa.
Conversando com a empregada, disse-lhe que ela tinha um mês para arrumar um novo emprego.
Desesperada, a mulher argumentou que com a idade que tinha, não conseguiria um emprego com tanta facilidade.
Laura não se comoveu.
Disse que não podia continuar trabalhando com uma pessoa em que não confiava.
Nisto, falou que iria indicá-la para alguns amigos. Ressaltou porém, que não devia desobedecer as ordens de seus novos patrões, ou ficaria novamente sem trabalho.
Maximiliano, ao tomar conhecimento do fato, criticou a esposa.
Laura respondeu que não podia continuar a passar a mão na cabeça da filha, ou deixar que outros o fizessem. Relatou que ou Dandara se emendava, ou eles teriam sérios problemas no futuro.
Ao ouvir isto, Maximiliano argumentou que ela fora uma mãe ausente.
No que Laura retrucou dizendo que nunca fora ausente.
Apenas não ficara em casa, cuidando das filhas.
Neste tempo, Isaura morava em outra residência.
Quando o casal decidiu voltar a viver juntos, a mulher optou por se afastar.
Argumentou que eles precisavam de privacidade.
De vez em quando porém, a mulher visitava a família.
Júlia adorava conversar com a senhora.
Dandara invariavelmente estava ausente.
Sempre as voltas com conhecidos, e até com estranhos que conhecia na noite.
Certo dia, ao voltar para casa certa noite, completamente bêbada, a garota se deparou com Laura, que a aguardava na sala.
Tentando disfarçar a bebedeira, a moça falou que estava bem, que havia se divertido muito e que ia se recolher.
Laura, percebendo que a moça estava alcoolizada, segurou seu braço, e, subindo as escadarias, levou-a até seu quarto.
Lá, encaminhou a garota para o chuveiro.
Dandara ficou esperneando, mas Laura abriu o chuveiro.
Toda molhada, a moça começou a gritar dizendo que a mãe era uma estúpida, que ela não tinha o direito de molhá-la.
Irritada, Laura mandou Dandara calar a boca.
Disse que estava cansada de seus modos grosseiros. Argumentou que ela nem mesmo parecia uma garota, com aquelas roupas rasgadas, aquele cabelo pintado de vermelho, e os modos grosseiros.
Nisto, tirou a filha do chuveiro.
Exigiu que tirasse a roupa molhada e vestisse uma roupa limpa.
Dandara irritada, respondeu que ela não lhe dava ordens, que não mandava nela.
Foi o bastante para Laura desferir um tapa no rosto da filha e lhe dizer que mandava sim.
Completou dizendo que enquanto ela não soubesse cuidar da própria vida, mandaria nela, e ditaria as regras que devia seguir, e que se não estivesse satisfeita, poderia arrumar suas coisas e sair daquela casa.
Dandara irritada, respondeu que seria isto mesmo que faria.
Tentando ferir a mãe, a moça falou que ela estava fazendo com a filha, o mesmo que fizera tempo atrás com Zélia.
Ao ouvir isto, Laura ameaçou bater novamente na moça.
Chegou a levantar o braço, mas se deteve.
Pensando no que a filha dissera, argumentou que ela não sabia o que dizia.
Comentou que para criticá-la, teria que primeiro conhecer os fatos. Argumentou que ela não sabia da missa a metade. Razão pela qual, não tinha o direito de opinar.
Dandara, em tom provocativo, exigiu que ela lhe contasse a história.
Laura por sua vez, respondeu que ela tinha cinco minutos para se trocar, ou levaria uma surra.
Nisto afastou-se. Antes, trancou a porta do quarto.
Dandara, ao perceber isto, começou a bater na porta e a gritar.
Maximiliano e Júlia, ao ouvirem os berros, levantaram-se de suas camas.
Assustados, foram verificar o que estava acontecendo.
Quando perceberam que era Laura e Dandara brigando, tentaram conter a briga.
Em vão.
Maximiliano, percebendo que a mulher estava irredutível, pediu para entrar no quarto.
Laura, cansada de brigar, concordou.
Mas recomendou que exigisse que ela trocasse de roupa.
Mencionou que ela tomou um banho para curar a bebedeira.
Maximiliano ficou chocado ao saber que a filha voltara bêbada para casa.
Com isto, dirigiu-se ao quarto.
Ao lá entrar, encontrou Dandara encolhida, encostada em um canto da parede do quarto, chorando.
Cuidadoso, o homem perguntou o que estava acontecendo.
Dandara respondeu-lhe que estava cansada de ser maltratada, desconsiderada. Mencionou que um dia iria pegar suas coisas e sumir.
Nunca mais iriam saber dela, ameaçava.
Maximiliano, tentando colocar panos quentes, dizia que não precisava exagerar.
Disse que ela precisava apenas se acalmar um pouco, e que as coisas iriam se ajeitar.
Dandara, sempre que ouvira estas palavras, ficava irritada.
Dizia que não queria se acalmar, que estava cansada de aceitar as coisas como estavam.
A certa altura, o próprio Maximiliano se impacientou a filha.
Exigiu que ela trocasse a roupa molhada, se recompusesse, pois aqueles não eram modos de uma moça.
Quando Dandara pediu para sair do quarto, Maximiliano retrucou dizendo que estava proibida de sair de casa pelos próximos dias.
Gritando, a moça respondeu-lhe que não poderia proibi-la de sair.
O homem olhando-a nos olhos, disse em tom elevado, que estava sim, proibida de sair.
Com isto, retirou-se do quarto. Trancou a porta.
Dandara então, trocou de roupa.
Chorando, deitou-se em sua cama.
Meia hora depois, Laura se encaminhou ao quarto da filha. Dandara dormia pesadamente.
Nisto, retirou a roupa molhada - jogada num canto do quarto -, entregando-a a uma das empregadas.
Conforme Maximiliano determinara, Dandara ficou alguns dias de castigo.
Não podia sair da casa.
Por diversas vezes, a moça tentou fugir, mas sempre era impedida pelos seguranças.
Quando se encerrou o período do castigo, a moça foi liberada para freqüentar a faculdade, sempre acompanhada de um segurança.
Dandara só saía de casa para ir a faculdade e voltar.
A companhia constante do segurança, estava lhe causando problemas.
Seus colegas, ao saberem do fato, começaram a fazer brincadeiras com ela.
Diziam que sua vida estava em perigo, brincavam que ela era a testemunha secreta de um crime, entre outras coisas.
Por conta disto, Dandara passou a questionar os pais.
Insistiu em dizer que não era preciso um segurança em seu encalço.
Relatou que estava cansada das brincadeiras e piadinhas.
Maximiliano retrucava dizendo que ela devia ter pensado nisto, antes de optar por agir de maneira tão irresponsável. Argumentou que ela só voltaria a sair sozinha quando demonstrasse ser digna de confiança.
Um dia porém, Dandara conseguiu se desvencilhar da marcação do segurança.
Aproveitando-se de um momento de distração, em que o moço foi abordado por alguém que lhe fazia uma pergunta, a moça aproveitou para caminhar na direção oposta a que estava.
Encostando-se em uma parede, Dandara aproveitou para sair do campo de visão do homem.
Por fim, quando o mesmo olhou em volta, percebeu que a moça havia sumido.
Diligente, procurou-a por todos os lugares próximos.
Contudo, não conseguiu encontrá-la.
Precisou então, contatar os pais da moça.
Com o tempo, Maximiliano montou um escritório próprio para trabalhar.
E assim, passados os anos, o escritório se tornou uma microempresa.
Isto, sem a ajuda de Laura e enquanto as filhas cresciam.
O pouco dinheiro da mulher investido no negócio, foi devolvido com juros, por ele.
Laura não fazia questão de receber o dinheiro de volta, mas Maximiliano fez questão de devolver a quantia recebida.
Cumpre destacar, que quando as meninas ainda eram pequenas, Laura encontrou Ludmila a caminhar pelas ruas da capital.
Estava acompanhada das duas crianças.
Ao perceber que Laura estava por perto, resolveu se aproximar.
Ficou encantada ao saber que a mulher tivera filhas.
Procurou conversar com Laura, que permanecia monossilábica.
Em dado momento, Ludmila lhe disse que já era avó, pois seus três filhos homens se casaram e lhe deram netos, mas não sabia que ela também havia tido filhos.
Laura respondeu-lhe que as meninas não eram suas netas.
Ludmila ficou sem graça.
Incomodada, Laura perguntou-lhe o que fazia ali, por viera falar com ela.
Por que não fingira não tê-la visto?
Ludmila respondeu que tinha o direito de se aproximar. De conversar, afinal, ela era sua filha, tanto quanto os rapazes.
Laura nervosa, respondeu que ninguém que abandona um filho tem o direito de chamá-lo por este nome. Comentou que não a reconhecia como mãe e que mãe era quem criava.
Ludmila tentou retê-la.
Laura por sua vez, gritou para que ela a deixasse em paz.
Ao perceber que os passantes olhavam para elas, Laura resolveu se afastar.
Ludmila permaneceu no local.
Sentou-se um banco de madeira e começou a chorar.
Dandara e Júlia não passavam de dois bebês.
A mais velha, era conduzida pelo braço, enquanto Júlia permanecia no colo de Laura.
Fora uma das raras tardes em que as três ficaram juntas. Passearam no shopping.
Laura comprou algumas roupinhas para as filhas, e levou-a para brincar.
As crianças estavam calmas.
Quando Laura contou a Maximiliano sobre o encontro, o moço criticou-a.
Disse que ela não devia ter rechaçado Ludmila.
Nervosa, a mulher argumentou que Ludmila não fazia parte de sua vida, que não era parte de sua família.
Maximiliano lhe dizia que ela era muito teimosa.
Mas Laura permanecia firme em sua disposição de manter-se longe de Ludmila.
Com Zélia e Olavo, as coisas melhoraram um pouco.
A mulher de vez em quando viajava para a fazenda onde moravam.
Aproveitava para ficar alguns dias em companhia da família, conversava com os irmãos.
Com o tempo, comprou uma pequena propriedade para os pais de criação, que passaram a cuidar da mesma.
Maximiliano por seu turno, ficou feliz ao saber que a moça presenteara os pais com um presente tão bonito.
Laura também comprou um sítio para Rosália e Antunes.
Disse que era um presente, e que não aceitaria nenhum dinheiro por conta da aquisição.
Maximiliano porém, devolveu todo o dinheiro que a mulher investira na propriedade.
Disse que seus eram sua preocupação, e que ela não precisava se ocupar disto.
Laura contudo, não se importava em ajudar quando podia.
Maximiliano ficava encantado com isto.
Quanto a Dandara, a moça, ao se ver livre do segurança, aproveitou para visitar uma amiga das baladas.
Passou dois dias na casa da garota.
Juntas, saíram a noite, paqueraram, beberam.
Certa noite, a moça agarrou um homem e abraçou-o.
O rapaz aproveitou para beijá-la.
Por fim, Dandara voltou para casa.
Ao lá chegar, assustou-se ao ver um carro de polícia.
Laura e Maximiliano, aflitos, chamaram a polícia.
O casal, ao ver a filha entrando na casa, ficou aliviado.
Os policiais por sua vez, ao perceberem que a moça procurada adentrara a residência, recomendaram ao casal que fossem a delegacia retirar a queixa.
Com isto, os profissionais pediram licença e se retiraram.
Laura, ao ver Dandara diante de si, perguntou-lhe se estava tudo bem.
A moça respondeu-lhe que sim.
Nisto, perguntou que circo era aquele que fora armado na frente da casa.
Foi o bastante para Maximiliano se impacientar com a moça e mandá-la se recolher em seu quarto.
Dandara respondeu que estava tão feliz que não se importava em ficar trancada.
Assim, subiu as escadas e fechou-se em seu quarto.
Maximiliano e Laura se entreolharam.
Não sabiam o que fazer.
A cada dia que passava, Dandara voltava mais tarde para casa.
Um dia, em suas andanças pelas ruas da capital, a moça se deparou com um senhor sentado sozinho em um bar.
Ao notar que se tratava de um senhor de idade, o qual estava muito bem vestido, resolveu se aproximar.
Dirigindo-se a ele em tom preocupado, perguntou-lhe se não deveria estar em casa.
Argumentou que sua família o devia estar esperando, que seus netos poderiam estar aguardando para brincar com ele.
Sorrindo, o homem respondeu que não tinha mais família. Que as poucas pessoas que restavam do que seria uma família, estavam longe, e ele não queria incomodá-las.
Nisto, ao reparar no semblante jovem que o fitava, o homem perguntou o que uma menina tão jovem, estava fazendo em um ambiente daqueles.
Dandara respondeu que estava acostumada a freqüentar aqueles ambientes, e que não era tão jovem quanto ele pensava.
O homem riu.
Achou graça nos modos da moça, tanto que comentou que ela parecia uma menina, menor de idade até.
Aborrecida, Dandara retrucou dizendo que não era menor de idade, e que não estava sozinha.
O homem então, cumprimentou-a.
Disse se chamar Felipe, pediu-lhe desculpas pelo comentário.
Argumentou que o fato de envelhecer o estava fazendo perder a percepção das coisas. Rindo, comentou que não tivera a intenção de ofendê-la.
Dandara, ao ouvir as palavras do homem, comentou que ele falava de um modo divertido.
Felipe respondeu que era por que pertencia a um tempo muito antigo, um passado que não voltava mais.
A moça então, percebendo que ainda não havia se apresentado, pediu desculpas por seus modos e se apresentou.
Ao ouvir o nome da garota, Felipe falou que este nome lhe lembrava uma música muito bonita, e que ela lembrava a jovem da canção. Simpático, disse que era um nome muito inspirado e que só poderia pertencer a alguém com muita personalidade.
Dandara sorriu.
Foi o bastante para o senhor lhe dizer que ela tinha o mais belo sorriso que já tinha visto nos últimos anos. Por fim, completou dizendo que não a estava cantando, comentou que estava velho demais para isto, e que tinha um refinado senso do ridículo.
Dandara riu.
Seus colegas, ao verem a moça conversando com o senhor, começaram a dizer:
- E aí Dandara, vai ficar aí com o tiozinho? É o seu namorado?
Dandara retrucava dizendo que eles eram uns bobões.
Felipe respondeu então:
- Tiozinho não. Se é para chamar de velho, chamem logo de tiozão mesmo.
Ao ouvirem o comentário, todos riram.
Com isto, o homem respondeu que Dandara era uma moça muito bonita, mas que ele não se atreveria a paquerá-la, sob o risco de passar por um velho patético. Comentou que talvez fosse um pouco, mas que isto não precisava ficar tão evidente assim.
Ao longo da noite, o senhor havia se tornado amigo dos garotos.
Pagara bebida para eles, e fizera um desafio.
Provocou-os dizendo que pagaria uma pequena quantia, para aquele que fosse capaz de após beber, segurar uma bandeja cheia de louças, sem derrubar um copo.
Todos os que tentaram, caindo de bêbados que estavam, não conseguiram realizar o intento.
Felipe por sua vez, indenizou o dono do bar.
Por fim, dizendo que eram todos um bando de trôpegos, comentou que ninguém levaria o prêmio.
Dandara, riu da brincadeira.
Nesta noite não colocara uma gota de álcool na boca.
Felipe então, olhando para a moça, sugeriu que ela carregasse a bandeja.
Dandara tentou se livrar do desafio, mas não teve jeito.
Felipe intimou-a e a moça carregou a pesada bandeja.
Um tanto titubeante, a jovem conseguiu segurar a bandeja andando de um lado para o outro do bar.
Ao vencer o desafio, Felipe aplaudiu a moça.
Com isto, Dandara recebeu uma pequena quantia em dinheiro.
Dias depois, ao voltar ao mesmo bar, lá estava o homem.
Sempre elegantemente trajado, de chapéu, e bebericando um whisky.
Ao ver a moça novamente, comentou que sentira sua falta.
Conversaram durante toda a madrugada.
Felipe contou suas histórias para a moça, que o ouvia com muita atenção.
O homem contava histórias de fantasmas, antigas, de sua família, de como se tornara um grande empresário.
Todos o ouviam com atenção, até os garçons.
O homem contou que em sua infância, conhecera uma linda jovem com uma história muito triste, que o encantou.
Sorrindo, comentou que ela fora seu primeiro amor.
Contou sobre a origem de sua família.
Bisneta de uma famosa cortesã de uma cidade da região, nasceu em família rica, mas em meio a desatinos de seu genitor, perdera tudo.
Passou a viver como circense.
Felipe a conheceu quando fugiu de casa.
Para surpresa de todos, comentou que já trabalhou em um circo.
Animado, contou detalhes de sua peripécia.
De como mais tarde, foi contemplado herdeiro de uma tia que não conhecera.
Foi daí que um tio generoso, ajudou a consolidar sua fortuna.
Adulto, passou a administrar a empresa organizada pelo tio.
Os jovens ficaram impressionados com as aventuras do senhor.
Com o tempo, deixaram de chamá-lo de velho, de tiozinho.
O tratamento se modificou.
Felipe passou a ser, senhor Felipe.
Dandara se tornou sua amiga.
Contava-lhe sobre a dificuldade de convivência com seus pais. Dizia que eles não a entendiam, que ninguém a entendia.
Paciente e compreensivo, o homem lhe dizia para ter paciência.
Argumentava que eles pertenciam a outra geração, e que muitas pessoas tinham dificuldades para entender a mudança das coisas. Sentiam-se atropelados pelos acontecimentos.
Dandara falava-lhe das noitadas, das vezes em que arranjava ficantes.
Contou para um espantado Felipe, que já beijou vários paqueras numa mesma noite.
Felipe achou curioso aquele novo comportamento.
Perguntou detalhes, que Dandara, sem se fazer de rogada, explicou.
Brincalhão, o homem respondeu que ela gostava de beijar muito.
Os dois riram.
Em dado momento, ao ouvir que ela gostava de beber, e que já havia chegado várias vezes bêbada em casa, Felipe a censurou.
Disse que ela era jovem, bela e com uma vida inteira pela frente. Argumentou que beber era bom, divertido, mas que todo o excesso era ruim.
Preocupado, recomendou-lhe que não bebesse tanto.
Dandara riu.
Mencionou que ele usando aquelas palavras, parecia sua mãe.
O homem então, argumentou que se ela dizia aquelas palavras caretas, era porque estava preocupada com ela, importava-se com sua sorte.
A moça não gostou de ouvir estas palavras.
Disse que sua mãe não parecia se importar com ela, sempre lhe dando broncas, e a censurando por seu modo de ser.
Felipe, percebendo que a moça estava aborrecida, mudou de assunto.
Dandara sempre se podia, se dirigia ao bar onde Felipe costumava estar.
Certa vez, ao lá chegar com seus amigos, percebeu que seu dileto amigo não estava lá.
Preocupada, perguntou ao bartender, por Felipe.
O rapaz respondeu que fazia tempo que ele não aparecia por ali.
No dia seguinte, preocupada, a moça retornou ao bar.
Felipe estava sentando no balcão, bebericando um whisky como sempre fazia.
A garota, ao vê-lo, tratou logo de abraçá-lo.
Comentou que sentiu saudades.
Felipe brincou dizendo que ela devia sentir saudade de gente mais jovem, mais bonita e não de um velho esquecido de todos.
Dandara lhe disse que ele não era um velho e que nunca mais seria esquecido. Pelo menos no que dependesse dela.
Com o tempo, Dandara descobriu o endereço do homem.
Atento as mudanças tecnológicas, a dupla conversava por meio eletrônico.
Os colegas da garota também se divertiam com Felipe.
Com Dandara no entanto, a convivência era mais próxima.
Enquanto isto, a convivência com seus familiares estava cada vez pior.
Embora a moça tenha dado um tempo nas bebedeiras, continuava a chegar tarde.
E como sempre, negligenciava os estudos.
Laura, sempre que podia chamava a atenção de Dandara, que sempre lhe respondia rispidamente.
A certa altura, a mulher disse que estava cansada de sustentar uma criatura tão imprestável.
Por várias vezes, a empresária despertou a filha aos chacoalhões, instando-a a se arrumar para ir a faculdade.
Por conta de suas constantes ausências, suas notas eram baixas, e seu desempenho – insuficiente.
Quando Laura soube disto, ficou furiosa.
Criticou a filha.
Disse-lhe que a única coisa que fazia era estudar, e que por esta razão devia se dedicar com afinco ao mister.
Júlia por sua vez, sempre dedicada aos estudos, era uma ótima aluna.
Razão pela qual foi usada por várias vezes como exemplo por Laura, que lhe dizia que devia se espelhar na irmã mais nova.
Dandara ficava furiosa com este tipo de comparação.
Falava a todo instante que não era Júlia e que nunca poderia ser igual a ela.
Dandara gostava de dançar, gostava da noite, de paquerar, namorar, e de beber.
Adotava um visual exótico.
Mas em que pese viver cercada de pessoas e de colegas, muitas vezes se sentia só.
Sentia-se rejeitada pela mãe, que não a aceitava como era.
Laura vivia elogiando o comportamento de Júlia.
De fato, a moça gostava de se arrumar.
Vaidosa, estava sempre muito bem arrumada, ora com vestidos, saias, calças jeans.
Maximiliano vivia a chamar a filha caçula de princesa, boneca.
Para Dandara, dispensavam gritos, broncas.
Nos últimos tempos, a convivência estava difícil.
Certo dia, Laura deixou escapar que a moça mudara muito.
Perguntou-lhe o que estava acontecendo. Comentou que quando criança era muito doce e gentil.
Dandara retrucou dizendo que ela também havia mudado.
Comentou que precisou pintar os cabelos escondida, pois ela não aceitava a mudança de visual. Argumentou que estava cansada de adotar o visual imposto por ela, que queria fazer suas próprias escolhas.
Discutiram sobre a aparência da moça, o modo autoritário de Laura, o comportamento de Dandara.
A discussão chegou a tal ponto que Laura chegou a mandar a filha sair de casa.
Disse-lhe que se não estava satisfeita como os modos como as coisas funcionavam naquele lar, poderia pegar suas coisas e não voltar mais.
Irritada, Laura falou que estava cansada de dar conselhos a filha, de alertá-la de que a vida não é uma eterna festa.
Argumentou que ela devia aprender então a enfrentar a vida. Quem sabe assim, aprenderia a valorizar o que tinha.
Dandara, ao ouvir as palavras da mãe, respondeu dizendo que iria sim sair de casa.
Relatou que estava cansada de ser destratada por todos na casa. Arrumaria suas coisas e iria embora sim.
Descrente, Laura respondeu ríspida que ela poderia fazer o que bem entendesse.
Não acreditava que de fato a filha arrumaria as malas e iria embora.
Júlia e Maximiliano, ao saberem da discussão, criticaram Laura.
Disseram que ela devia ter mais tato para conversar com Dandara.
Aborrecida, Laura mencionou que sempre que tentou usar de tato para conversar com a filha, as coisas não tiveram um bom termo.
Nervosa, relatou que precisava ter uma conversa definitiva com a moça.
Dandara por seu turno, em que pese as comparações com Júlia, gostava da irmã.
Em que pesem algumas rusgas, a convivência entre as moças era boa.
De vez em quando estudavam juntas.
Laura, sempre que via as irmãs unidas, ficava enternecida com a cena. Isto por que, nos últimos anos, momentos como aqueles eram raros.
Quando Dandara entrou na adolescência, começaram os problemas.
A moça sempre queria sair para dançar, e Laura impedia a menina.
Dizia que era muito nova.
A certa altura, depois de muitas brigas, e percebendo que não poderia segurar a moça por mais tempo, aos poucos, foi deixando a moça sair com os amigos.
Quando ingressou na faculdade, Dandara, ao conhecer uma turma chegada em uma festa, passou a freqüentar barzinhos e boates.
Quase todos os dias chegava tarde em casa.
Com o tempo passou a beber.
Bebia muito.
Laura se preocupava com a filha.
Dandara passou a freqüentar as aulas de forma esporádica.
Seu desempenho piorou.
Laura, então, tomou o carro com que havia presenteado a filha quando esta passou no vestibular.
Disse que ela não poderia ficar sozinha dirigindo até tarde. Falava que a madrugada era muito perigosa e que ela devia se preservar.
Quando descobriu que Dandara estava bebendo e chegando bêbada em casa, ficou furiosa.
Censurou a filha, fazia a moça tomar banhos gelados.
Perguntava quem havia lhe dado carona.
Como havia conseguido chegar em casa.
Muitas vezes porém, cansada de um extenuante dia de trabalho, Laura optava por dormir.
Por diversas vezes deixou de ver a filha bêbada entrando em casa.
Triste, chegou a comentar certa vez com Maximiliano, onde havia errado na criação de Dandara.
Perguntava-se a todo o momento como conseguira criar duas filhas tão diferentes.
Isaura, sua conselheira dos momentos difíceis, dizia que ela precisava ter paciência com Dandara e muito jogo de cintura.
Aconselhou-a a tentar entender o ponto de vista da moça.
Sorrindo, comentou que ela também tivera a idade da garota, e que também era uma pessoa difícil de se lidar.
Laura retrucou dizendo que não vivia em noitadas e que nunca teve o hábito de ficar bêbada.
Isaura por sua vez, dizia que mesmo com padrões de comportamento diversos, ela e Dandara eram sim, muito parecidas. Daí a razão dos conflitos.
Com efeito, naquela mesma noite, após a discussão, a moça mandou um recado pela internet para o amigo Felipe.
No recado, dizia que estava fazendo suas malas e que ficaria algum tempo longe da capital.
A moça de fato, arrumou sua mala.
Levou consigo várias peças de roupas, muitas delas, amassadas.
De madrugada, aproveitou o silêncio da casa e, cautelosa, desceu as escadarias da mansão com a pesada mala.
Com cuidado e evitando fazer barulho, atravessou a sala, abriu a porta e saiu.
Caminhou pelo jardim iluminado, sempre tendo o cuidado de não ser vista pelos seguranças.
De posse da chave de um dos carros da família, a moça adentrou o veículo com insufilme e dirigiu até o portão da residência.
Um dos seguranças ao ver o veículo, estranhou, mas ainda assim abriu o portão e deixou o veículo passar.
Dandara dirigiu com o veículo até uma cidade próxima.
Lá, deixou o veículo em um estacionamento.
Postou um telegrama informando os pais que havia pego o veículo e que o mesmo se encontrava em um estacionamento da referida cidade.
Laura, sempre apressada, foi se dar conta do sumiço de Dandara um dia após seu sumiço.
Como a jovem não tinha uma vida regrada, raramente se encontravam a mesa.
Com isto, ao perceber o sumiço da jovem, Laura tomou um susto.
Nesta ocasião, dirigiu-se ao quarto da moça.
Ao abrir o guarda-roupa da jovem, percebeu que o mesmo estava revirado, e que muitas peças que Dandara gostava de usar, não estavam lá.
Preocupada, perguntou a Leocádia se as roupas de Dandara estavam sendo lavadas.
Ao descobrir que a moça havia sumido, ficou desesperada.
Maxmiliano, ao tomar conhecimento do fato, decidiu novamente acionar a polícia.
Os policiais argumentavam que se a moça havia feito isto uma vez, poderia estar repetindo a prática.
Neste momento, Maximiliano recordou-se de quando a filha passou a ser acompanhada de um segurança. Como o estratagema não funcionara, depois do reaparecimento da moça, o segurança foi dispensado.
Dandara agora, sem rumo, decidiu viajar para o interior do estado.
Ao deixar o carro em um estacionamento, seguiu viagem embarcando em um ônibus.
Na rodoviária, escolheu o primeiro destino que encontrou.
Preocupou-se apenas em escolher um destino distante da capital.
Viajando por horas, a moça se deparou com uma cidade de médio porte.
Lá, hospedou-se em uma pensão.
Caminhando pela cidade, ficou a pensar no que faria de sua vida.
Foi então que resolveu comprar um jornal.
Ao ver a notícia que o periódico estampava na capa, a moça resolveu adquirir a publicação.
Interessada, leu a matéria com toda a atenção.
Tratava-se de uma edição que informava as últimas novidades sobre trabalho no campo, as novas tecnologias, as oportunidades na região.
Na série constava uma reportagem sobre uma fazenda em que havia atividades agrícolas, pecuaristas.
Era auto suficiente.
Usando de tecnologia, possuía poucos empregados e tinha um alto índice de produtividade.
Lá, as crianças estudavam em uma escola criada pela fazendeira, que se encarregava de ministrar algumas aulas.
Dandara ao ler a matéria, ficou encantada.
Desejou para si uma vida como aquela.
Interessada, procurou descobrir pela matéria publicada, a região onde ficava o latifúndio.
Estava decidida a se dirigir até lá.
Com efeito, ao perceber que estava com fome, decidiu entrar em uma lanchonete e comer alguma coisa.
A atendente, ao ver a moça segurando o jornal, comentou que conhecia a fazendeira que havia sido entrevistada.
Disse que ela uma mulher muito bem sucedida, e que sua fazenda não distava dali.
Curiosa, Dandara perguntou detalhes.
A moça lhe respondeu que mulher gozava de muito bom conceito na região. Era rica, bem sucedida, dona de uma vasta propriedade.
Nisto, a moça explicou-lhe como fazia para chegar na propriedade.
Dandara ficou animada.
Comeu um belo lanche de carne, e tomou um suco de laranja.
A noite, jantou em um restaurante próximo da pensão.
No dia seguinte, despediu-se da dona da pensão.
Dirigindo-se a rodoviária, perguntou se algum daqueles ônibus passava próximo a propriedade de Ludmila.
Um dos homens, perguntou a moça, por que tanto interesse na fazendeira.
Dandara respondeu que estava procurando trabalho.
Os homens, ao verem a moça segurando uma mala, usando roupas escuras jogadas no corpo, com seu indefectível cabelo vermelho, começaram a rir.
Aborrecida, a moça perguntou qual era graça.
Com isto, os homens se calaram.
Dandara respondeu que sim, viera de uma cidade grande, mas que estava disposta a viver uma nova vida, e que para isto, precisava de um emprego, e estava decidida a viver no campo.
O homem que lhe dirigira a pergunta, ao ouvir as palavras da moça, disse que ela não fazia idéia do que era a vida no campo.
Argumentou que para as pessoas da cidade, era tudo muito bonito, poético até.
No entanto, a vida no campo era árdua, a lida era difícil e puxada.
Dandara ao ouvir as palavras do homem, perguntou:
- Mas não é tudo mecanizado?
Rindo, o homem respondeu que boa parte do trabalho era sim, mas que ainda havia trabalho pesado, e que para operar as máquinas, era preciso qualificação.
Dandara, ao ouvir as palavras do homem, ficou um pouco desanimada, mas decidida, argumentou que precisava ao menos tentar.
O homem então, percebendo que a moça não desistiria de seu intento, explicou-lhe como fazia para chegar a propriedade.
Disse que poderia deixá-la entrar no ônibus, e que ela pagaria parte do valor da passagem e desceria ali na região.
Dandara agradeceu.
Com isto entrou no ônibus.
Seguiu viagem.
Ao chegar nas proximidades da propriedade, o motorista informou-lhe da aproximação.
Dandara agradeceu e desceu do ônibus.
O homem então, abriu o bagageiro e a moça pegou sua mala.
Despediu-se do motorista, e com todo o cuidado, atravessou a pista contrária.
A fazenda ficava do outro lado da estrada.
Dandara tentou arrastar sua mala de rodinhas, mas o caminho irregular não permitiu.
A moça precisou segurar a mala no braço.
Caminhando por cerca de meia hora, a moça chegou a porteira.
Ao chegar ao local, ficou impressionada na imensidão verde do lugar.
Árvores frondosas, campos verdes, flores.
Dandara nunca havia visto tanta natureza de perto.
Ficou encantada com o lugar.
Tão encantada, que não percebeu a aproximação de um colono.
O homem, ao ver a menina arrastando uma mala com rodinhas, ficou espantado.
Ao vê-la em posição contemplativa, pendurada na porteira, estranhou.
Chamou logo a moça.
Perguntou-lhe o que estava fazendo ali.
Surpreendida com a pergunta, a jovem começou a gaguejar.
Tentando articular as palavras, a garota explicou que estava procurando Dona Ludmila.
Comentou que tinha algo muito importante para lhe dizer.
O colono tentou descobrir o que a garota queria conversar com a fazendeira, mas não obteve êxito.
Dandara dizia que só trataria do assunto, na presença da dona da propriedade.
O homem ainda tentou argumentar dizendo que Dona Ludmila era uma mulher muito ocupada, mas Dandara não se deixou vencer.
Insistiu no encontro.
Sem alternativa, o colono abriu a porteira para a moça.
Recomendou-lhe que seguisse até a sede.
Curioso, perguntou como ela havia chegado até lá.
Dandara disse-lhe bom dia.
Falou que se chamou Dandara.
Nisto, comentou que havia vindo de ônibus até lá.
O colono ofereceu-lhe carona em sua carroça.
Dandara agradeceu.
O homem desceu e ajudou a jovem a colocar a mala na carroça.
Agradecida Dandara subiu.
Pelo caminho, a moça observou muitas árvores, plantas, flores, borboletas.
Avistou algumas plantações.
A moça era só elogios a beleza da fazenda.
Falava que nunca havia visto tanta beleza junta.
Colono achava graça no deslumbramento da moça.
Perguntava se ela nunca havia visto uma fazenda antes.
Dandara respondeu:
- Mas é claro que não! Como eu poderia ver uma, se eu sempre vivi na cidade?
Curioso, o homem perguntou de onde ela vinha.
Dandara respondeu que vinha de uma cidade de médio porte, próxima dali.
Comentou que estava disposta a mudar sua vida. Radicalmente.
O homem comentou que ela poderia não se adaptar a vida na fazenda.
Dandara dizia que vendo tanta beleza, só poderia se acostumar com tudo. Contou que já estava se sentindo em casa.
Em dado momento, o homem apontou para longe, tentando mostrar a Dandara, que se tratava de uma área preservada.
Mais tarde, a moça chegou a sede.
O colono depositou as malas no chão e se despediu da moça.
Desejou-lhe boa sorte.
Dandara agradeceu a carona.
Empurrando a mala, chegou perto das escadarias da sede histórica.
Ao se aproximar da construção, foi recebida por uma empregada que perguntou-lhe o que fazia ali.
Dandara respondeu que precisava conversar um assunto importante com Ludmila.
A mulher, ao ouvir as palavras da moça, espantou-se.
Comentou que a fazendeira não havia avisado que receberia visita.
Dandara redargüiu dizendo que não se tratava de uma visita, mas que era sim, um assunto importante.
A empregada respondeu então, que iria conversar com a patroa.
Pediu para que ela aguardasse no alpendre.
A moça por sua vez, agradeceu e segurou sua mala.
Subiu vagarosamente as escadarias.
Cansada, sentou-se uma das poltronas de vime que havia no lugar.
Aguardou o retorno da criada.
Nisto a mulher adentrou o imóvel.
Dandara do lado de fora, escutou um vozerio dentro da construção.
Acreditou que se tratava do diálogo travado entre a criada e a fazendeira.
Cerca de dez minutos depois, a empregada retornou.
Disse a moça que a fazendeira havia autorizado a entrada dela na sede.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
sexta-feira, 2 de abril de 2021
CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 17
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