Poesias

quinta-feira, 8 de abril de 2021

GERAÇÃO 70 - INTRODUÇÃO

‘... Como se antes nada existisse
Por que nascemos hoje do nada
Por que nascemos hoje pro amor...

Nós estamos descobrindo os corpos ....
Como a canção descobre uma flor ...

Esse mistério azul ...
Esse desejo imenso de sexo
Essa fusão de angustia ...

E nós, vamos descobrir
Sem medo
A solidão de um tempo de guerra
E nossos sonhos,
Loucos e livres
Vão descobrir e celebrar a paz...’

(Taiguara – Geração 70)

INTRODUÇÃO

Sentado a beira de um rio, observou a natureza ao seu redor.
Um lindo campo verdejante, descortinando-se no horizonte.
Tudo em volta era lindo.
O lago de águas claras, a natureza. O céu, de um azul profundo que entristecia a tarde, as flores...
Contudo, não obstante toda a beleza que o envolvia, Flávio não conseguia fazer outra coisa senão chorar.
Chorava copiosamente.
Pranteava suas dores a beira do rio, sentido que estava, com o duro golpe que se abateu sobre ele.
Durante muito tempo, se sentiu duramente injustiçado. Não merecia ter passado pelo que passou.
Mas também, sentia-se culpado.
Nunca, mas nunca devia ter arrastado para viver o seu sonho tresloucado, uma pessoa tão querida. Não tinha o direito de envolver pessoas queridas em sua quimera falaciosa.
Pessoas estas que vagavam como almas penadas, em um país de fantasmas. Tristes, pesarosas.
Amigos com quem trocara confidências.
O amor de sua vida.
Como pode ser tão irresponsável? Perguntava-se sempre.
Por que acreditara tanto em um sonho que se revelou impossível? Por que desperdiçara os melhores anos de sua vida em algo tão inalcançável? Tão intangível?
Por horas caminhou, pensou e chorou suas mágoas à beira do rio.
Durante todo esse tempo, lembrou-se de sua juventude, dos amigos, dos sonhos, dos ideais, da namorada.
Lembrou-se de tudo.
Parecia estar diante de um filme no qual ele era o ator principal. Um filme que trazia de volta, detalhes de sua vida.
Histórias que jaziam, empoeiradas na parede da memória.
Como já dizia a canção, ‘Como Nossos Pais’, da saudosa Elis Regina:

“...Na parede da memória
Esta lembrança é o quadro que dói mais...”

Por todo esse longo tempo, carregou as dores e a tristeza de um tempo de muita luta.
Durante longos anos, vivera como se nada disso tivesse acontecido. Procurando fugir da dor, tentou esquecer o passado.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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