Poesias

sábado, 3 de abril de 2021

CARINHOSO - PARTE II - CAPÍTULO 19

Curiosos, perguntaram a mulher como era a vida na fazenda.
Agradeceram a mulher que lhes servia o café.
Enquanto isto, na sala, a fazendeira contava a Laura, como conhecera Lúcio.
Que Lúcio era seu pai. Que casaram-se, e foram muito felizes no pouco tempo em ficaram juntos.
Pesarosa, a mulher relatou que Lúcio fora vítima de um terrível engano. Preso, foi torturado e morto, em pleno tempo da ditadura militar.
A esta altura, a mulher começou a chorar.
Chorava copiosamente.
Até então, a mãe de Dandara ouviu a tudo calada.
Porém, condoída, Laura abriu sua bolsa e encontrando uma caixa com lenços de papel, ofereceu a mulher.
Ludmila agradeceu.
Segurou a caixa e pegou alguns lenços.
Enxugou as lágrimas.
Laura atenta, pediu a ela, se não fosse muito incômodo, que prosseguisse a história.
Também estava emocionada, mas procurou disfarçar a vontade de chorar.
Ludmila, percebendo isto, aproximou-se da moça.
Disse-lhe que se tivesse vontade de chorar, que chorasse.
Comovida, falou a mulher, que por muito tempo chorou a ausência do moço.
Chorando, comentou que procurou ajudá-lo de todas as maneiras possíveis.
Relatou em tom rogativo, que não abandonou o pai da moça.
Confessou que chegou até a ser assediada pelo delegado que prendera o rapaz.
Laura, ao ouvir isto, pediu que ela explicasse o fato.
A fazendeira contou-lhe tudo.
Laura ao saber que o pai fora morto e enterrado em uma cova qualquer, e que ninguém sabia onde estava enterrado, ficou muito sentida.
Neste momento, as lágrimas correram de seu rosto, sem que pudesse impedir.
Ludmila abraçou-a.
Laura não ofereceu resistência.
Ficaram abraçadas por alguns minutos.
Depois de alguns instantes de silêncio, a mulher perguntou a fazendeira, se não havia um meio de descobrir onde fora sepultado o moço.
Argumentou que ele merecia um sepultamento digno.
Complementando seu raciocínio, Laura respondeu que os arquivos da ditadura precisavam, não serem abertos, mas escancarados, para mostrar as pessoas, todo o horror que um ser humano é capaz de perpetrar a outro.
Com isto, se poderia evitar que tais atrocidades novamente ocorressem.
Ludmila comentou que seu atual marido, Emerson estava empenhado nisto, mas que após tantos anos, não acreditava mais que um dia teria conhecimento de toda a verdade.
Angustiada, relatou que procurava disfarçar seu sofrimento para não magoar Emerson, que sempre lhe fora leal.
A fazendeira então, explicou a filha, que se casara uma terceira vez, e que desta relação tivera outros filhos: Henrique, Carlos e André.
Ludmila comentou que ela tinha muitos irmãos.
Explicou-lhe que não a abandonara, mas que fizera o que fez, para preservá-la.
Relatou que fora ameaçada pelo delegado.
Isto porque, Silvério procurava intimidá-la ameaçando a integridade física da criança.
Apavorada, tendo em vista ter podido acompanhar, ainda que de longe, as atrocidades que infligira a Lúcio, comentou que não lhe restou outra alternativa.
Resolveu então, deixá-la aos cuidados de um casal, que havia perdido uma criança recentemente. Assim, não levantaria suspeitas. Ofereceu-lhes dinheiro, e prometeu que ajudaria na criação da criança, financeiramente.
Ludmila comentou que os anos de estudos em colégio interno, eram fruto daquele dinheiro enviado para Zélia.
Laura indagou do porquê da interrupção do envio do valor.
Ludmila respondeu dizendo que Zélia redigira uma carta, solicitando que parasse de enviar dinheiro.
A mulher não podia entender por que Zélia agira daquela forma.
Mas depois, recordando-se que a mãe de criação nunca incentivara o encontro dela com Ludmila, começou a perceber que nem tudo o que lhe fora dito, ocorrera da forma como lhe foi passado.
Afinal, constatou que Zélia faltou com a verdade.
A fazendeira por sua vez, ao perceber que Laura iria criticar Zélia, pediu para que não criticasse a mãe de criação.
Ludmila comentou que após tantos anos de sofrimento e ausência, compreendeu que a mulher tivera medo de perder a filha, que tanto amara, que criara com tanto desvelo, para uma completa estranha. Entendeu que para Zélia, ela não tinha direito nenhum sobre Laura.
Tal constatação lhe causava dor, mas ainda assim, conseguia entender.
Afinal, dizia, não fizera um papel bonito.
Ao ouvir as palavras da mulher, Laura respondeu que ela fizera o que achou melhor.
Tentando se desculpar, disse que não conhecia as circunstâncias do evento.
Disse que sempre que tentavam lhe explicar o fato, não acreditava. Julgava ser apenas balela. Conversa fiada somente para comovê-la.
Contudo, as palavras, saídas da boca da fazendeira, com tanta verdade, a convenceram.
Mais tarde, a fazendeira, mostrou a filha, fotos dela ao casar-se com Antenor, com Lúcio e com Emerson.
Os filhos.
Laura descobriu fotos de quando era bebê. Poucas.
Ao ver as fotos da fazendeira ao lado do pai, Laura comoveu-se.
Começou a chorar.
Ludmila a abraçou.
Laura correspondeu. Abraçou a mulher.
Depois se recompôs.
Observando as fotos, Laura comentou que ela fora uma mulher muito bonita.
Disse que Lúcio era igualmente belo.
Ludmila sorriu.
Disse que despertara suas paixões.
Laura completou dizendo que entendia por que o delegado a assediara.
De fato, era uma bela mulher.
Felipe e Maximiliano, ao perceberem a ausência das mulheres, indagaram para onde poderiam ter ido.
Felipe indagou se haviam se entendido.
Maximiliano redargüiu:
- Tomara! Laurinha tem duas histórias mal resolvidas para trabalhar. Espero que elas se entendam, e que a reconciliação se estenda a Dandara também.
- Amém! – respondeu Felipe.
Com isto, se encaminharam para o alpendre.
Contemplaram a beleza da fazenda.
Maximiliano ao ver a imensidão verde, comentou que contemplar toda aquela beleza lhe dava uma imensa saudade.
Felipe perguntou-lhe então, como havia conhecido Laura.
Sem se fazer de rogado, o homem respondeu que já vivera em fazenda, e foi numa dessas fazendas que conheceu a mulher.
Felipe o ouvia com atenção.
Em conversa com Ludmila, Laura contou a fazendeira como conhecera Maximiliano, e dos anos em que viveram separados.
A mulher contou-lhe que progredira, virou empresária.
Comentou que anos mais tarde, reencontrou Maximiliano.
Voltaram a viver como marido e mulher, tiveram duas filhas: Dandara e Júlia.
Laura comentou sobre as dificuldades de convivência com Dandara, dos excessos cometidos pela moça.
As noitadas, as bebedeiras.
A empresária comentou que a filha saía a cada dia com homens diferentes.
Não tinha uma vida regrada.
Nisto, começou a falar de Júlia.
Que era uma moça comportada, estudiosa, o oposto da irmã.
Ludmila, ao saber que filha tivera duas filhas, comentou que gostaria de conhecer Júlia. Sugeriu que ela viesse a fazenda para participar da festa junina.
Laura respondeu que a moça precisava apresentar um trabalho na faculdade, mas prometeu ligar para ela e perguntar se não poderia ir para lá.
Ansiosa, Ludmila pediu para que ela o fizesse logo.
Laura argumentou que a moça estava em aula naquele momento, mas que depois do almoço, ligaria.
Nisto a fazendeira olhou no relógio.
Percebendo que já era tarde, comentou que precisava voltar a sala.
Disse que iria ajudá-la a conversar com Dandara. Comentou que se tratava de uma boa moça, mas que precisava se ter jeito para lidar com ela.
Laura respondeu que não sabia como lidar com a filha.
Sorrindo, Ludmila respondeu que ela aprenderia a fazê-lo. Falou-lhe que ela não estava sozinha em sua luta.
Segurando a filha pelo braço, retornou a sala.
Caminhando pela casa, descobriram que Felipe e Maximiliano estavam no alpendre conversando.
Os homens, ao verem a fazendeira segurando a filha pelo braço, perceberam que as mulheres haviam se entendido.
Chorando, Maximiliano abraçou a esposa.
Laura também não pode segurar as lágrimas.
Felipe e Ludmila os olhavam, enternecidos.
Mais tarde, já no horário do almoço, Dandara, Cláudio, Henrique, Carlos, André, as esposas, e os demais filhos, chegaram do passeio pela fazenda.
Laura cumprimentou a todos.
Ao se saberem parentes, se abraçaram.
Ludmila contou a eles que a moça fizera sua própria fortuna.
Henrique respondeu que sabia que ela era uma importante empresária na capital.
Cláudio e Dandara foram os últimos a chegarem.
A moça, ao ver a mãe na sala de jantar, ao lado do pai e do amigo Felipe, ficou transtornada.
Nervosa, chamou o homem de traidor.
Ríspida disse que ele era a única pessoa que não tinha o direito de trair sua confiança, mas que ele, assim como os demais, a havia decepcionado.
Com pesar, Dandara respondeu que não confiava em mais ninguém.
Irritada, deu as costas a todos e saiu correndo da sala.
Nervosa, rumou para a construção dos fundos, vindo trancar-se em seu quarto.
Laura por sua vez, tencionou ir ao lugar, com vistas a iniciar uma conversa com a filha.
Ludmila aconselhou-a não fazê-lo.
Disse que a moça estava nervosa, e que aquele não era um bom momento para conversarem.
Laura ficou atordoada.
Ludmila tentando acalmá-la respondeu que tentaria conversar com a moça, mas que por enquanto a deixasse sozinha.
Neste momento comentou que entendia por que a moça não queria falar de sua família.
A fazendeira disse a mulher, que Dandara se sentia sozinha no mundo.
Que esta fora a expressão usada para se referir a atual situação em que vivia.
Nisto, todos trataram de sentar-se a mesa.
Conversaram animadamente.
Henrique, ao notar o ar preocupado da mulher, respondeu-lhe que as coisas se ajeitariam, que não se preocupasse.
Carlos recomendou-lhe que procurasse se divertir.
Laura procurava rir das brincadeiras e piadas que eram ditas a mesa, mas estava com a cabeça na construção dos fundos da casa.
Maximiliano também percebera isto.
Laura praticamente não tocara na comida.
Ludmila ao término do almoço, percebendo isto, comentou que ela não havia comido direito.
Laura respondeu que não sentia fome.
Maximiliano comentou com a fazendeira, que a mulher, sempre que ficava nervosa ou ansiosa com algo, perdia o apetite.
Ludmila respondeu que mais tarde prepararia um lanche para ela.
Maximiliano e Felipe, comentaram rindo que ela havia ganhado mais uma mãe.
Mais tarde, a mulher ligou para a filha. Perguntou-se haveria problema em se ausentar por alguns dias da faculdade.
Júlia indagou-lhe o por quê da pergunta.
Laura então explicou-lhe que havia localizado Dandara, e que havia uma pessoa que precisava muito conhecê-la.
Com isto, explicou que havia se entendido com sua mãe biológica.
Júlia, com presteza, respondeu-lhe que sim.
Mencionou que pegaria o carro e rumaria para lá.
Laura recomendou-lhe que tivesse cuidado.
Pediu que visitasse os avós.
Nisto, perguntou a fazendeira se poderia convidá-los para a festa.
Ludmila concordou.
Laura então, pediu a filha, que convidasse os avós para uma visita a fazenda.
Explicou-lhe o caminho. Recomendou-lhe que se tivesse dúvidas, poderia ligar para o telefone existente na fazenda.
Forneceu o número.
Também disse que poderia contatar a ela ou Maximiliano pelo celular.
Rindo, Júlia respondeu-lhe que não precisava se preocupar.
Laura então, disse-lhe que tivesse algum problema em convencer os avós a se dirigirem a fazenda, que contasse que iriam se encontrar com ela e a família.
Júlia respondeu que o faria.
Minutos depois, a mulher desligou o telefone.
A fazendeira ao entender a estratégia da mulher, comentou que ela era deveras inteligente.
Orgulhosa, falou que aquela característica era dela.
Ludmila comentou que Lúcio tinha uma grande capacidade de tirocínio, mas não foi capaz de se evadir da fazenda enquanto teve oportunidade.
Arriscou-se demais.
Ao dizer isto, os olhos da mulher encheram-se de lágrimas.
Emerson ficou incomodado.
Henrique e André, por sua vez, começaram a falar sobre amenidades.
Mais tarde, Ludmila providenciou um almoço para Dandara.
Como Cláudio questionasse o comportamento da moça, a fazendeira explicou-lhe que Laura era a mãe de Dandara, e que as duas não vinham se entendendo há algum tempo.
Cláudio ao saber da história, conversou com Laura.
Disse que a Dandara que conhecia, nem de longe lembrava a moça que ela era.
Cláudio comentou que a moça se vestia de modo discreto. Que era até elegante.
Ludmila comentou que a moça aprendeu a cozinhar, a cuidar de uma casa. A costurar.
Laura ficou perplexa.
Comentou que haviam trocado a filha dela.
Mais tarde, a moça se apresentou na sede da fazenda.
Pediu para conversar a sós com a fazendeira.
Ludmila atendeu-a.
Recebeu a moça em seu escritório.
Lá, conversaram sobre a disposição da moça em partir.
A fazendeira comentou que não sabia de nada.
Disse que só descobriu que ela era sua neta, ao ver a filha diante de si, e depois de conversarem muito. Feliz, disse que isto explicava tanta afinidade.
Comentou que Laura estava disposta a conversar com ela, a ouvir seu ponto de vista.
Mencionou que a mulher, com a sua autorização, convidou os outros avós da moça para se dirigirem a fazenda.
Em tom amistoso, contou que havia uma festa junina para acontecer, e que gostaria de ver todos reunidos. Comentou que não sabia quanto tempo ainda viveria, e que gostaria de ter a alegria de vê-los todos juntos, ao menos uma vez.
Dandara, sem jeito para recusar um pedido da então avó, abraçou-a.
Chorando, ouviu o relato da senhora sobre a origem de Laura.
Algum tempo depois, mãe e filha conversaram.
Ludmila participou da conversa.
Em dado momento, revelou que o nome de batismo de Laura era Odara.
Surpresa, a mulher perguntou sobre a mudança do nome.
Ludmila respondeu que isto era necessário para garantir sua segurança.
Rindo, comentou que mesmo sem saber, havia batizado a filha mais velha de Dandara.
Ludmila respondeu que aquele encontro já estava previamente traçado, e que o fato das duas serem mãe e filha, não era por acaso.
Comentou que também não fora por acaso que Laura retornara para sua vida.
Emocionada, a mulher comentou que já não acreditava mais que encontraria a filha.
Dandara então compreendeu tudo. Percebeu que a tal filha ausente era sua mãe.
Laura, ao ver a filha tão arrumada, elogiou-lhe o talhe.
Segurando suas mãos, comentou que ela estava muito linda.
Dandara gostou do elogio.
Comentou que ela nunca havia elogiado sua aparência antes.
Laura concordou.
Disse ainda que suas roupas não a ajudavam a mostrar sua beleza.
Nisto a mulher perguntou se havia cortado o cabelo.
Ludmila respondeu que a levou a um salão, para fazer um pequeno corte.
Comentou que a moça não deixou mudarem a cor do cabelo.
Laura comentou que nem tudo era perfeito.
Dandara reclamou:
- Estavam demorando as críticas! Não é mesmo Dona Laura? Quer dizer, Odara.
Laura perguntou a Ludmila por que escolhera um nome tão exótico.
Ludmila respondeu que atribuíra-lhe o nome de Odara, por motivos semelhantes aos dela.
Nisto, a fazendeira comentou que Dandara não era um nome muito comum.
Ludmila completou dizendo, que considerava Odara, um nome forte.
Laura, por sua vez, disse que gostou de uma música que falava em uma Dandara. Achou um nome, bonito, sonoro.
Ludmila comentou que conhecia a música, e que Dandara atendia as descrições da música.
Brincando, disse que a música parecia ter sido feita para ela.
Comentou que a esposa de Zumbi dos Palmares, chamava-se Dandara. Nome de guerreira.
Laura comentou que quando a primeira filha nasceu, queria um nome diferente, especial.
Com isto, depois da moça explicar-se, Laura abraçou-a.
Emocionada, comentou que nunca imaginou encontrar a filha bem.
Contou que Dandara a surpreendera. Estava diferente, e não era só na aparência.
Ludmila comentou que a moça, que a filha descrevera, não se parecia nem um pouco com a jovem que conhecera.
Curiosa, a fazendeira perguntou se a moça havia aprontado tudo o que sua mãe, falara.
Dandara respondeu dizendo que já fez coisa muito pior.
Laura pediu-lhe desculpas.
Disse que errou procurando educá-la. Comentou que não era fácil lidar com ela.
Dandara, ao observar a avó, inclinou-se para abraçar a mãe.
Chorando, pediu-lhe desculpas.
Ludmila afastou-se então.
Percebeu que as mulheres precisavam ficar a sós.
Depois de meia-hora, a mulher retornou ao escritório.
Bateu na porta.
Perguntou se não gostariam de comer algo.
Ludmila havia preparado uma bonita mesa para o lanche da tarde.
A família aproveitou para conversar.
No dia seguinte, todos seguiram para uma cavalgada.
Quando Laura viu a destreza de Dandara sobre o cavalo, comentou que quem a visse em cima do animal, pensaria que não fizera outra coisa em sua vida.
Dandara então, comentou que pretendia ficar na fazenda.
Maximiliano ao ouvir as palavras da filha e a expressão da esposa, ficou apreensivo.
Laura por sua vez, tentando não criar novos atritos, comentou que mais tarde conversariam sobre o assunto.
Assim, todos passearam a cavalo.
Ludmila mostrou aos parentes os lugares que mais gostava da fazenda.
À filha, mostrou o lugar onde conhecera Lúcio.
Laura prometeu a ela que iria investigar a morte do pai. Prometeu a mulher, que descobriria onde estava seu corpo.
Ludmila disse-lhe que não precisava se preocupar com isto.
Laura respondeu-lhe que se tratava de uma questão de honra. Argumentou que aquela história fora interrompida, e que precisava ligar os fios que foram cortados.
Chorando, Ludmila abraçou a filha.
Os demais parentes, distantes, não ouviram a conversa.
Dois dias depois, Júlia apareceu na fazenda, acompanhada de Antunes e Rosália, Zélia e Olavo.
Diante da reunião da família, vieram também os tios Antonio e Vicente, e suas famílias.
Júlia, ao notar que todos queriam ir até a fazenda, ligou para a mãe perguntando se não haveria problemas.
Laura por sua vez, perguntou a Ludmila, se os irmãos de criação também poderiam acompanhá-los.
A fazendeira não se opôs.
E assim, Júlia trouxe uma pequena comitiva.
Ao chegarem na fazenda, foram recepcionados pelas criadas, que já o aguardavam.
Minutos depois, Ludmila e a parentalha adentraram a casa.
Zélia e Olavo, ao notarem que Júlia seguia em direção a fazenda em que moraram, perguntaram se ela sabia em que direção deveria seguir.
Ao ouvir isto, Júlia respondeu que estava seguindo as indicações feitas por sua mãe.
Apreensiva, Zélia comentou com Olavo que ela havia se encontrado com Ludmila, e que provavelmente haviam se entendido.
Olavo retrucou dizendo que isto era muito bom.
Afinal, já não sem tempo. Com isto, argumentou que aqueles desentendimentos deveriam acabar.
Zélia contudo, não concordava.
Antonio e Vicente por sua vez, comentaram que Laura tinha muitas histórias mal resolvidas, e que precisava aparar suas arestas, se queria viver em paz.
Olavo, concordando com as palavras dos filhos, perguntou a mulher se ela não queria a felicidade da filha.
Zélia calou-se então.
Júlia atônita, ao perceber a pequena confusão, parou em um posto.
Somente quando os ânimos serenaram, retomou a estrada.
Quando chegaram a fazenda, assim que encontrou a mãe e teve tempo para conversar a sós com ela, comentou sobre o incidente.
Laura desculpou-se então com a filha, dizendo-lhe que imaginou que aquilo aconteceria.
Contudo, não poderia alertá-la sobre o fato, sem prejuízo de longas explanações. Argumentou que tais explicações não poderiam ser dadas por telefone.
Júlia ouviu as palavras da mãe.
Ao término da explanação, a moça compreendeu os motivos de Laura.
Brincando, disse que ela estava desculpada.
Zélia e Olavo ao verem a filha, a abraçaram.
O homem cumprimentou a fazendeira.
Perguntou como ía.
Sorridente a mulher respondeu que estava muito bem.
Zélia por sua vez, não gostou de ver a fazendeira, mas diante da insistência do marido, que a olhava com olhar de reprovação, cumprimentou a mulher.
Rosália e Antunes, foram muito simpáticos com a fazendeira.
Mais tarde, tomaram conhecimento de que a mulher era a mãe biológica de Laura.
Entenderam as reservas de Zélia em relação a fazendeira.
No dia seguinte, após os preparativos a festa começou.
Laura, e os demais convidados ajudaram na preparação dos comes e bebes.
Laura, Zélia, Rosália, as esposas de: Henrique – Fernanda, Carlos – Clara, André – Marlene, Antonio – Iara, e Vicente – Joana, além de Isaura, Elisa e Carla, participaram da preparação da festa.
Isaura foi convidada por Júlia para se dirigir a fazenda.
Dias depois, a mulher apareceu por lá, para alegria de Dandara e Júlia.
Tudo com a anuência de Ludmila, claro.

Nisto, Dandara e Cláudio saíram para cavalgar.
Emerson os acompanhou até certa parte do caminho.
Ives seu irmão, resolveu seguir para outro lugar.
O moço estava acompanhado, dos primos: Rogério e Andréia – filhos de Carlos; Margarida e Amanda – filhos de André; Sérgio e Francisco – filhos de Antonio; além de Valéria e Mateus – filhos de Vicente.
Zélia e Olavo, seus filhos e netos, além das noras, juntamente com Rosália e Antunes, ficaram abrigados na construção aos fundos da sede.
Dandara por sua vez, estava no quarto em que os pais estavam.
Depois de conversar com a neta, a mulher acabou convencendo-a ficar no mesmo quarto que os pais.
Júlia também ficou com Laura e Maximiliano.
As irmãs ao se verem, abraçaram-se.
Conversaram animadas.
Júlia elogiou a aparência da irmã.
Ficou igualmente impressionada com sua mudança de comportamento.
Dandara estava de fato mudada.
Mais tarde, a moça ensinou a irmã a cavalgar.
Júlia contudo, tinha medo de montar.
Razão pela qual Ives a auxiliou na tarefa.
Um dos peões da fazenda, ao perceberem que a moça iria cair da montaria, acorreu em seu socorro.
Acabaram por ficar amigos.
Clodoaldo era seu nome.
O moço segurou a jovem, impedindo que ela caísse.
Ives por sua vez, tentou socorrer a jovem mas o peão foi mais rápido.
Júlia, ao se perceber amparada, pediu para que o jovem a ajudasse a descer do animal.
Clodoaldo atendeu ao pedido.
Ives por sua vez, tentando acalmá-la, disse que fora apenas um susto, e que cavalgar era muito bom.
Júlia por sua vez, argumentou que nunca mais chegaria perto de um cavalo.
Dandara, ao ver o incidente à distância, acorreu em sua direção. Perguntou se estava tudo bem, se havia se machucado.
Como Júlia dissesse que estava tudo bem, a moça tranqüilizou-se.
Contudo, brincando com Ives, Dandara disse que não queria seu anjo loiro machucado.
Todos riram.
Clodoaldo, que estava por perto, comentou que ela realmente parecia um anjo, com seus cabelos cacheados.
Mais tarde, todos se afastaram.
Cláudio curioso, perguntou de onde ela tinha tirado a expressão anjo loiro.
Rindo, Dandara comentou que ouvira uma música sertaneja que falava de um anjo loiro de cabelos cacheados.
Disse ter ouvido a canção, nos discos que Ludmila tinha.
De vez em quando, a mulher ligava o toca discos e ficava ouvindo antigas canções sertanejas.
O moço por sua vez, ao ouvir a moça, começou a cantar um trecho da música.
Dandara comentou que era aquela música.
Elogiou a voz do rapaz.
Brincando, disse que ele tinha muitos predicados.
Cláudio por sua vez, comentou que não sabia que ela se interessava por este tipo de música.
Dandara redargüiu dizendo que ele não sabia muita coisa sobre ela.
Cláudio respondeu que gostaria de conhecê-la melhor.
Nisto a moça sugeriu fazerem uma corrida, para chegarem mais rapidamente ao lago.
E assim foi.
Cláudio, não querendo deixar por menos, a acompanhou.
Ao chegarem no local, o moço comentou que ela estava muito agitada.
Dandara respondeu-lhe que sempre fora agitada.
Cláudio comentou que ao conhecê-la, julgou-a calma e centrada.
Dandara achou graça nas palavras do rapaz.
Cláudio falou então, que ela se escondia em uma máscara de rebelde, mas que ela não era nada daquilo.
Era apenas, uma pessoa que ansiava ser compreendida.
O moço, aproximando-se da jovem, comentou que podia entender sua angústia, pois já sentira algo parecido.
Com isto, relatou que por diversas vezes, sentiu-se inadequado, por gostar de coisas que a maioria das pessoas não curtem.
Dandara respondeu que nunca imaginou que encontraria uma pessoa que lhe diria aquelas palavras. Colocando a mão no rosto do rapaz, comentou que ele era uma pessoa especial, e que a mulher que se relacionasse com ele, teria muita sorte.
Cláudio sorriu.
Dandara então, aproximou-se do lago. Agachou-se.
Embevecida, relatou que não se cansava de olhar para aquelas águas calmas, aquele sol dourando as águas. Comentou que nunca em sua vida, apreciara uma paisagem tão bonita quanto aquela da fazenda.
Cláudio sorriu.
Comentou que ela estava se saindo uma legítima caipira.
Dandara achou graça.
Relatou que nunca vivera no campo, e que até chegar a fazenda da avó, a qual não sabia ser sua parente, não tivera quase contato nenhum, com aquela realidade.
Curioso, o moço perguntou se estava gostando daquela vida.
Dandara respondeu-lhe que sim. Disse que nunca se sentira tão leve, tão solta, e tão livre.
Emocionada, comentou que buscou aquela sensação de paz, por muito tempo.
Cláudio completou dizendo, que a natureza acalmava mesmo, trazia paz.
Comentou que gostava muito daquilo tudo. Contou sobre os tempos em que vivera na fazenda.
Com isto, sentou-se ao lado da moça.
Recomendou-lhe que se sentasse, ou ficaria cansada.
Dandara sentou-se.
Cláudio segurou a mão da moça.
Por alguns minutos, ficaram observando o lago.
Dandara sorria para ele.
Mais tarde, caminharam ao redor do lago.
A moça comentou que o lugar era o cenário propício para um encontro como o de Ludmila e Lúcio.
Cláudio só lamentou o desenlace.
Mas ponderando, argumentou que se assim não fosse, Ludmila não teria se casado com seu avô, não teria tido Henrique, Carlos e André, e portanto, ele não existiria.
Dandara discordou.
Argumentou que provavelmente ele existiria sim, mas que provavelmente não seria a pessoa que era.
Cláudio ficou confuso, mas ao perceber o adiantado da hora, comentou que precisavam voltar a fazenda pois se aproximava o horário do almoço.
Argumentou porém, que retomariam o assunto.
E assim, montaram em seus cavalos e retornaram a sede.
Júlia por sua vez, ficou nas cocheiras.
Ficou conversando com Clodoaldo e Ives.
Simpática, a moça ficou sabendo que o peão sempre vivera em fazendas.
Clodoaldo tinha adoração pelo trabalho que executava.
Falava do cuidado com os animais, quase todo o tempo.
Ives por sua vez, dizia gostar de cavalos, mas pouco sabia do cuidado que exigiam.
Comentou que vivera na fazenda, mas nunca se interessou pelo assunto. Dizia que sua vida estava na cidade. Muito embora gostasse de uma boa estada no campo.
Júlia comentou que adorava ler, e que gostava da vida na cidade.
Relatou porém, que a fazenda era muito bonita, que os animais estavam muito bem cuidados, e que de vez em quando, visitava os avós em seus sítios.
Razão pela qual, aquele cenário não era uma completa novidade para ela.
Considerou porém, que viver naquele cenário, devia ser bem diverso do que fazer um passeio.
Ives concordou.
Clodoaldo por sua vez, ficou lisonjeado com os elogios da moça, para com os cuidados com os animais.
No dia seguinte, Ives, após muita insistência, acabou convencendo a moça a cavalgar.
Júlia tentou resistir aos apelos, mas diante de Dandara, acabou convencida.
A moça disse a irmã caçula, que parecia assustador, mas que assim que pegasse o jeito iria adorar.
Dandara ficou a incentivar a moça a cavalgar.
Cláudio também ajudou na tarefa.
Por fim, a moça estava trotando com o animal.
Ives acompanhou-a no passeio.
Mostrou-lhe as belezas da fazenda.
Júlia ficou encantada com as dimensões da propriedade.
Ives comentou que poderiam ficar dias cavalgando, para conseguir percorrer toda a propriedade.
Júlia falou que nunca havia visto tanta terra em sua vida.
Dandara e Cláudio por sua vez, retomaram o assunto das existências e probabilidades de ser ou não. E de que forma seriam.
Contudo, não chegaram a nenhuma conclusão.
Cláudio insistia na idéia de que se não nascesse de Fernanda e Henrique, não existiria.
A moça por sua vez, argumentava dizendo que ele poderia sim, ter nascido de outras pessoas, mas que não seria o mesmo ser.
Neste ponto, Cláudio dizia que se não seria a mesma pessoa, então seria outro, e portanto, não seria ele.
Dandara ao ouvir as palavras do moço, começou a rir.
Disse que o argumento era muito maluco.
Rindo, comentou que depois ela era considerada a doida.
Cláudio começou a rir também.
Nisto o moço abraçou a jovem.
Neste momento, a garota parou de rir.
Cláudio e Dandara ficaram a se observar.
O moço então tomou a iniciativa e beijou a moça.
Dandara correspondeu.
Júlia por sua vez, em seu passeio com Ives, ficou encantada observando a paisagem.
Ao voltarem a sede da fazenda, a moça levou o cavalo que lhe servira de montaria para a cocheira.
Lá, avistou Clodoaldo, com quem ficou a conversar por algum tempo.
Ives por sua vez, estava incomodado com a amizade entre Júlia e o peão.
Cláudio ao perceber o olhar aborrecido que o irmão direcionava a dupla, aconselhou-o a ser mais direto com Júlia, pois ela não estava percebendo seu interesse.
O moço, ao ouvir as palavras do irmão, ficou aborrecido.
Comentou que ele estava imaginando coisas.
E assim, Ives deixou o moço falando sozinho.
Cláudio e Dandara por sua vez, estavam cada vez mais próximos.
Ludmila acabou percebendo que a dupla estava se entendendo.
Laura ficou um pouco incomodada.
Comentou que eles eram primos. Argumentou que aquilo poderia não ser conveniente, nem apropriado.
Ludmila redargüiu dizendo que tudo aquilo era bobagem. Comentou que se houvessem proibições, o casal ficaria ainda mais unido. Disse que se eles tivessem que ficar juntos, ficariam, a despeito da oposição de todos.
Contudo, se aquilo fosse passageiro, o interesse diminuiria e cada um seguiria para seu lado.
Laura então, prometeu não tomar partido da questão.
E assim, naquela manhã, no dia da festividade, a área próxima a sede da fazenda amanheceu toda enfeitada de bandeirinhas.
Animada, Ludmila respondeu que Dandara auxiliou na confecção das bandeirinhas.
Laura ficou surpresa.
Argumentou que nunca imaginou a filha tão prendada.
Brincando, Cláudio respondeu que ela já podia até casar.
Laura ao ouvir as palavras, comentou que ainda era muito cedo.
Argumentou que ela não havia terminado os estudos, e que a faculdade estava esperando por ela.
Dandara por sua vez, respondeu que não voltaria para a cidade.
Laura argumentou que ela não poderia abandonar os estudos.
Ludmila percebendo que iria se iniciar uma discussão, disse que aquele assunto seria discutido mais tarde, e que agora era momento de festividade e comemoração.
Laura concordou.
Mas argumentou que o assunto não morrera e que queria que a moça tivesse um diploma.
Dandara observou-a contrariada.
Nisto, prosseguiram os preparativos.
Foram montadas mesas para receberem os comes e bebes, preparados dias antes.
O lugar também foi enfeitado com balões feitos com papel de seda.
Música sertaneja, principalmente as canções de raiz, foram ouvidas por dias a fio, inclusive durante os preparativos da festa.
Dandara procurava prestar atenção nas letras das canções.
Geralmente canções tristes.
Ludmila sentia saudades, muitas saudades ao ouvir as canções.
Dandara percebia isto.
A mulher respondeu que muitas daquelas canções permearam sua vida.
Argumentou que desde que se casara com Antenor, sua vida mudara muito.
Emerson, contou que sempre vivera na fazenda, e que aquelas canções sempre o tocaram muito. Comovido, comentou que algumas delas, fazia recordar de antigos relacionamentos, namoros, e que muitas lembravam do tempo em que conhecera Ludmila. Contou que muitas daquelas canções faziam parte de sua relação com a esposa.
A fazendeira concordou.
Laura por sua vez, comentou que fazia tempos que não ouvia música sertaneja.
Relatou porém, que durante o tempo em viveu em fazenda, ouvia muito as canções.
Maximiliano respondeu que nunca deixou de gostar daquelas canções.
Todos trocaram suas impressões sobre aquele universo.
As tardes e as noites em que a família se reunia para conversar, eram muito agradáveis.
Tanto, que até mesmo os avós de Dandara e Júlia, passaram a interagir.
Zélia chegou a trocar algumas palavras com a fazendeira.
Durante a festa, as mesas estavam repletas de pés-de-moleque; marias-mole; cocadas; pipoca doce e salgada; quentão; vinho quente; ponche; pamonha e cural; bolo de milho; caldo verde; cachorro quente; carne louca; doce de leite e paçoca; refrigerantes; milho verde; pães. Além de churrasco e maçãs do amor. Havia também algodão doce e suspiro; além de doce de geléia; arroz doce; canjica; sagu; doce de abobora e cocadas.
Fernanda, Clara, Marlene, Iara e Joana, comentaram que estavam engordando, só de olhar para todas aquelas gostosuras.
Ludmila por sua vez, comentou que todos poderiam comer tudo o que tivessem direito.
Depois iriam se preocupar com a balança.
Cuidadosa, preparou até uma fogueira para a ocasião.
Os netos iriam dançar a quadrilha. Para tanto, foram devidamente ensaiados para a ocasião.
A princípio, todos reclamaram.
Mas depois, passaram a se divertir com a idéia.
A fazendeira providenciou roupas juninas para os netos.
Sérgio e Francisco, Valéria e Mateus, que não eram netos de Ludmila, perguntaram se poderiam participar da festa.
A mulher respondeu-lhe que todos ali seriam tratados como netos, e que não haveria nenhuma distinção.
Resultado, uma quadrilha com: Cláudio e Dandara; Júlia e Ives; Rogério e Andréia; Valéria e Mateus. Sérgio e Francisco dançariam com Margarida e Amanda.
Enfim a festa estava animada.
Todos se divertiam.
Até os colonos participaram.
Na fazenda, havia cerca de vinte famílias ainda morando no lugar.
Os netos dançaram a quadrilha.
Olha a cobra!
É mentira!
Anavam!
Anarriê!
Todos aplaudiram a apresentação.
De brincadeira, foi celebrado um casamento na roça.
Cláudio e Dandara foram os noivos.
A jovem usava um vestido de noiva estilizado.
Todos usavam chapéus de palha desfiados.
Os homens usavam calça com remendo xadrez e camisa xadrez.
As moças trajavam vestidos de chitão.
Dandara usou dois vestidos na festa.
Durante a brincadeira do casamento, vestiu o tal vestido de noiva estilizado.
No restante da festa, um vestido florido, de chitão.
Tudo idéia de Ludmila.
A fazendeira, auxiliada pelo marido, tirou fotos da festa, dos passeios da família a cavalo.
Elisa e Carla também se divertiram.
As demais empregadas que trabalhavam na sede da fazenda também.
Todos estavam felizes.
A festa durou toda a madrugada.
Razão pela qual as pessoas acordaram tarde no dia seguinte.
A festa foi assunto da família por dias.
Nos dias que se seguiram, os convidados e familiares de Ludmila continuaram a passear pela fazenda.
A fazer passeios a cavalo.
Em dado momento, Ives se desentendeu com Clodoaldo.
Quando o filho de Henrique viu o peão se aproximando de Júlia mais uma vez, resolveu tomar satisfações.
Irritado, Ives começou a empurrar o moço.
Não fosse a intervenção de Cláudio, e os dois teriam partido para a briga.
Emerson também interveio.
Disse aos brigões que não toleraria brigas, e que se aquilo tornasse a acontecer, seria obrigado a despedir Clodoaldo e a pedir a Henrique, que Ives saísse da fazenda. Que o moço voltasse para a cidade, e só tornasse a pisar na fazenda, quando esfriasse a cabeça.
Júlia por sua vez, pediu para que todos se acalmassem.
Disse que não seria necessário tomar medidas tão drásticas, e que se fosse o caso, ela poderia arrumar suas coisas e ir embora.
Cláudio ao ouvir as palavras da moça, disse que não seria justo ela ir embora da fazenda.
Dandara completou dizendo que não fora ela a causadora da briga.
Emerson disse que ela não precisava partir.
Comentou que havia gostado muito, de conhecer suas duas netas tortas.
Júlia e Dandara sorriram.
Nisto o homem mandou os dois rapazes se dispersarem.
Comentou que eles estavam proibidos de se aproximar.
Ives e Clodoaldo então, seguiram cada qual para um lado.
Ao ver os rapazes se afastando, Dandara comentou que Emerson era um tanto bravo.
Cláudio, e os outros netos, além de Sérgio, Francisco, Valéria e Mateus, começaram a rir.
Mais tarde, todos foram passear a cavalo pela fazenda.
Dandara e Júlia ficaram juntas.
Aproveitaram para conversar.
Júlia dizia não entender o comportamento do rapaz.
Falava que Ives havia surtado, e que Clodoaldo não estava fazendo nada de mais.
Dandara perguntou se não estava mesmo.
Júlia, perplexa, respondeu que não.
Argumentou que Clodoaldo só estava tentando ser simpático.
Dandara perguntou-lhe então, se o peão não poderia estar interessado nela.
Júlia respondeu que não.
- Por que não, minha irmã? Afinal de contas você é tão linda! Por que não?
Insistiu Dandara.
Júlia ficou sem palavras.
Nisto, a conversa se findou.
As moças permaneceram caladas.
Juntas, apearam do cavalo, e ficaram a contemplar a paisagem.
Caladas.
Em dado momento, Dandara abraçou a irmã.
Júlia se aconchegou nos braços da irmã.
Ao retornarem a fazenda, disseram que haviam sentido falta, uma da outra.
Dandara ficou visivelmente emocionada.
A moça comentou que da família, fora ela quem mais lhe fizera falta.
Disse que nunca conseguiu entender a mãe, mas que Júlia a entendia perfeitamente, e a aceitava do jeito que ela era.
Doidivanas, inconseqüente.
Júlia retrucou dizendo que ela não era nada daquilo.
Se o fosse, ela não conseguiria permanecer tanto tempo em um lugar plácido como aquele.
Júlia comentou que ela estava mudada. Que havia se tornado outra pessoa.
Dandara achou graça nas palavras da irmã.
Rindo, as duas jovens se encaminharam para a sede da fazenda.
Deixaram os cavalos aos cuidados de Clodoaldo.
Júlia conversou com o peão.
Pediu-lhe desculpas pelo incidente. Disse que não havia entendido a reação de Ives.
Dandara, percebendo que eles precisavam ficar a sós, afastou-se.
Cinco minutos depois, Júlia se aproximou de Dandara.
Caminharam em direção a sede da fazenda.
Recordaram as brincadeiras da infância.
Ao adentrarem a sede, conversaram com Laura, que falou sobre sua infância.
A mulher comentou que Zélia não a deixava brincar com as outras crianças, estava sempre a usar roupas arrumadas. Comentou que estava sempre bem vestida e que não podia amassar as vestes.
Dandara comentou que sua infância devia ter sido deveras triste.
Laura respondeu que foi muito podada em sua infância, e que só foi gozar de alguma liberdade, quando passou a estudar em um colégio interno.
Dandara achou irônica a circunstância.
Maliciosa, perguntou se a mãe não aproveitava para fugir do colégio, encontrar-se com rapazes.
Laura respondeu que não.
Acrescentou porém, que quando havia folgas, aproveitava para circular pela região.
Nisto, a pedido das filhas, falou de seu casamento com Maximiliano, dos tempos em que viveram juntos em uma fazenda.
Das cavalgadas que faziam.
A mulher comentou sobre a partida da fazenda; os encontros com Ludmila - quando ela se fazia passar por Luzia -; os tempos em que viveu na capital; o tempo de luta; o reencontro com Max.
Dandara, ao ouvir o relato da mãe, comentou que a história se repetira.
Ludmila precisou entregá-la para que outra família a criasse, e ela também deixou para trás sua família, a de criação, e a que havia acabado de formar.
A moça falou, que seu pai deve ter sofrido muito com o abandono.
Laura respondeu que sabia disto. Confessou que não acreditava que um dia ele a perdoaria.
Júlia, percebendo o ar pesaroso da mãe, comentou que aquele não era o momento para se criticar sua atitude.
A jovem argumentou que se a mãe agira daquela forma, foi por que acreditou que aquela era a única alternativa que tinha, afinal de contas, devia estar muito transtornada.
Tentando argumentar com Dandara, disse que devia ter sido difícil descobrir parte da verdade que cercava sua história, e de forma tão repentina.
Dandara calou-se então.
Júlia, com efeito, se encantou com a história de vida da mãe.
Comentou que sua vida daria um lindo romance, assim com a história da avó, que acabou por conhecer.
Ciente do desaparecimento do avô, perguntou a mãe se não seria possível localizá-lo.
Laura respondeu que para isto, teria que ter acesso aos arquivos do tempo da ditadura.
Júlia por sua vez, insistiu.
Argumentou que precisavam descobrir o paradeiro do Lúcio, e o que havia acontecido.
Laura prometeu que iria investigar o caso.
Mencionou que isto fazia parte de sua história, e que era questão de honra saber o que ocorrera.
Nisto, as três mulheres se abraçaram.
Mais tarde, Laura conversou com Emerson.
O homem comentou que há anos investigava o caso. Havia até contratado detetives, para tanto.
Contudo, pouco havia descoberto sobre o que acontecera ao jovem.
Laura desapontada, comentou que precisava saber a verdade.
Prometeu que moveria céus e terras, mas descobriria a verdade, descobriria onde o pai biológico havia sido enterrado.
Emerson se prontificou em ajudá-la na tarefa.
Dias mais tarde, Laura se despediu da mãe, disse que precisava voltar para a capital.
Argumentou que tinha negócios para resolver, e que não podia deixar tudo nas mãos dos empregados, por mais competentes que fossem.
Ludmila mesmo desapontada, concordou.
Disse que de fato era o olho do dono que engordava o gado.
Com isto, Laura, Max, suas filhas, Zélia, Olavo, Vicente e Antonio com suas famílias, além de Rosália e Antunes se despediram.
Dandara resistiu a idéia de retornar a capital.
Queria ficar na fazenda. Argumentava que ali era seu lugar.
Ludmila, ao perceber o interesse da neta pelo lugar, comentou que ela precisava se preparar para cuidar de tudo aquilo.
Precisava estudar, pois a vida no campo não era mais a mesma que conhecera quando moça.
Argumentou que ela precisava se especializar, cursar uma faculdade, fazer cursos. E assim, vivenciar a prática.
Diante dos argumentos da avó, Dandara acabou concordando em voltar a capital.
Prometeu contudo, voltar.
Ludmila comentou que a esperaria de braços abertos.
Com isto, as duas mulheres se abraçaram.
Mais tarde, a jovem se despediu do restante da família.
Com Cláudio, conversou reservadamente.
O moço comentou desolado, que também precisaria retornar a cidade.
Mencionou porém, que assim que terminasse os estudos, voltaria para a fazenda, e desta vez, para não mais sair de lá.
Dandara prometeu que também retornaria.
Com isto, combinaram que quando ela voltasse, ele estaria esperando por ela, e que abriria a porteira da fazenda para ela passar.
Dandara riu da brincadeira.
E assim, partiu.
A despedida foi triste.
Ludmila sentia a falta de todos, antes mesmo que partissem.
Antes porém, de retornarem a capital, Laura e família foram intimados a passarem alguns dias nos sítios de Zélia e Olavo, e Rosália e Antunes.
A mulher, não querendo contrariar os pais e os sogros, prometeu ficar dois dias em cada uma das propriedades.
Laura e Dandara conversaram nestes dias.
Júlia também.
Dedicada, a moça aproveitava para estudar um pouco.
Dandara ao ver a irmã em volta a livros jurídicos, criticou-a. Perguntou-lhe se não estava de férias da faculdade.
Júlia respondeu que não podia descuidar dos estudos.
Maximiliano ao ver Dandara criticando a irmã, comentou:
- Esta menina não tem jeito!
Todos riram do comentário.
Antes de partir da fazenda, a moça conversou com Felipe.
O homem, procurando se explicar, disse que tivera fortes razões para dizer a seus pais onde estava.
Pesaroso, comentou que era muito ruim conviver com fantasmas, e que estava tentando se libertar dos seus.
Disse-lhe que não agüentava mais viver do passado, com saudades do tempo em que cuidava de sua empresa, e que agora vivia dos encontros com poucos amigos dos tempos de faculdade. Faculdade de Direito.
Lamentava que quase todos já haviam morrido, e que se sentia cada vez mais sozinho.
Dandara ficou chocada com as palavras do homem.
Disse-lhe que não estava sozinho.
Sorrindo, o homem lhe disse que era deveras gentil, mas que isto não mudava o fato de que sua vida estava se esvaindo, que o tempo estava acabando, e que precisava aparar arestas o quanto antes.
Contou sobre Miriam e sobre Carina, sua descendente.
Falou de Maria Rosa e Mário Oliveira Prates, de Mirtes e Henrique. Comentou que descobriu a história de todas estas pessoas em arquivos de jornais da capital.
Disse que a moça, que Miriam, fora seu primeiro amor, seu amor de infância.
Sorridente, contou a viu caminhando pelas ruas da cidade há algumas décadas atrás.
Estava triste, abatida, desalentada. Nem de longe lembrava a mesma moça bela e cheia de vida que conhecera em sua infância.
Mencionou que a reconheceu quando alguém gritou seu nome e lhe perguntou se ainda se apresentava no circo.
Felipe então gritou seu nome.
Contudo a mulher não respondeu. Apertou o passo, e seguiu seu caminho.
Contudo, lançou um rápido olhar ao homem que primeiramente a chamara, que a observava atônito.
Dandara se comoveu com a história.
Disse-lhe beijando seu rosto, que o entendia.
Imaginou a cena, com todos os detalhes.
Felipe por sua vez, disse sorrindo que sabia que havia sido desculpado.
Abraçaram-se.
Nisto, o homem se despediu da fazendeira.
Seguiu de carro até a rodoviária da cidade próxima. De lá seguiu de ônibus para a capital.
Dandara por sua vez, sugeriu que o homem acompanhasse sua família e seguissem viagem juntos.
Felipe contudo, argumentou que precisava ficar um pouco sozinho. Agradeceu a gentileza aceitando a carona até a rodoviária. Depois, seguiu viagem sozinho.
Isaura também se despediu de Laura, Maximiliano e as garotas, e seguiu viagem sozinha.
Partiu dias antes, antecipando a todos.

Enquanto isto, na fazenda de Ludmila, os filhos da mulher continuavam na propriedade.
Cláudio e Ives aproveitavam para cavalgarem.
Conversavam sobre a vida, as primas.
Cláudio comentou, que estava gostando de Dandara.
Ives por sua vez, dizia que Júlia parecia interessada em Clodoaldo.
Cláudio, ao ouvir o comentário do irmão, aconselhou-o a conversar com Júlia e lhe contar o que estava sentindo.
Recomendou-lhe sinceridade.
O moço, preocupado, comentou que ela poderia não estar interessada nele.
Seu irmão, aconselhou-o a arriscar.
Disse que ele poderia ter uma surpresa.
Ao ouvir isto, Ives sorriu.
Dias depois, os outros filhos e suas respectivas famílias, se despediram.
Ludmila ficou arrasada.
Comentou que fazenda ficaria triste e silenciosa novamente.
Henrique então, conversando com a mãe, disse que pretendia voltar a fazenda, e ajudá-la a administrar o patrimônio.
Ao ouvir isto, o rosto da mulher iluminou-se.
Ludmila disse que estava velha e que dali há alguns anos, não estaria mais presente.
Precisava que alguém se interessasse por tudo aquilo.
O homem, ao ouvir as palavras da mãe, censurou-a.
Disse que ainda era muito cedo para se pensar nisto.
Comentou que ela era forte, e que viveria ainda por muitos anos.
Com isto, falou que dali dois anos, estaria de volta a fazenda com sua família.
Partiram.
Ludmila e Emerson então, ficaram sozinhos na fazenda.
Dandara por sua vez, sempre que podia, contatava a avó pela internet.
Nas férias escolares, a moça se encaminhava para a fazenda.
Cláudio também.
Com o tempo, passaram a namorar.
Júlia e Ives, finalmente conversaram.
Aconselhado pelo irmão, o moço contou a jovem que ela era uma pessoa muito especial e que se ela quisesse, gostaria de conhecê-la melhor.
Ao ouvir as palavras do rapaz, a garota sorriu.
Ives, perguntou-lhe então, se poderiam ser namorados.
Surpresa, Júlia respondeu que não esperava ouvir aquelas palavras.
Nervoso, o moço perguntou se ela tinha algum interesse em Clodoaldo.
Júlia espantada, respondeu que não.
Ives por sua vez, alegrou-se com as palavras da moça.
Júlia indagou:
- De onde você tirou isto? Que idéia!
Nisto o moço comentou que ela era sempre muito gentil com o peão.
Júlia argumentou que tratar bem as pessoas era uma questão de boa educação.
Ives concordou.
Rindo, recordou-se das palavras do irmão.
Júlia não compreendeu a reação do rapaz.
Ives então explicou-se.
Comentou que havia sido ridículo, nutrindo ciúmes do rapaz.
Júlia, ao ouvir as palavras do moço, compreendeu o motivo da briga.
- Ah! Quer dizer que agora você entende! – falou o moço.
Com isto, puxou a moça para perto de si.
Insistiu no pedido de namoro.
Júlia comentou que não sabia se queria namorar.
Ives então, procurando convencê-la, disse que poderiam experimentar ficarem, e que se desse certo, poderiam começar a namorar.
Júlia sem graça, começou a rir.
Por fim, concordou.
Beijaram-se.
Dandara e Cláudio, ao avistarem a cena de longe, aplaudiram.
Júlia ficou sem jeito e Ives gritou ao irmão que ele estava certo.
Cláudio respondeu com outro grito:
- Não falei?
Dandara e Júlia não entenderam nada.
Como a relação ficasse sólida, já que estavam sempre juntos quando regressavam a fazenda, todos começaram a crer que aquele ficar, havia se transformado em namoro.
Júlia então, assumiu o namoro.
Depois de se terminar sua especialização na faculdade, o moço passou a morar na fazenda com sua família.
Quatro anos depois, foi a vez de Dandara regressar.
Na capital, iniciou o curso de administração de empresas, aconselhada pelo pai.
Durante este tempo, conviveu com Felipe.
Até seu falecimento, meses antes de retornar a fazenda.
O homem morrera sentado em um banco de praça.
Felipe madrugara.
Vestiu sua melhor roupa e saiu para caminhar pelas ruas da cidade.
Pelo caminho, recebia cumprimentos, os quais retribuía retirando o chapéu que usava.
Sentindo-se mal, foi levado para se sentar em um banco de praça.
Estava lívido.
Neste momento, começou a se recordar da infância, dos tempos em que brincara de desbravador, domador de animais ferozes, da fuga para o circo. De Miriam, Mirtes. Da origem das mulheres. De seu encantamento por Miriam, a beleza da jovem. Seu passado triste.
Foi então que começou a avistar vultos.
Chegou a ver as duas mulheres acenando para ele.
Miriam estava novamente jovem, bela, sorridente.
Ao lado das mulheres, estavam outras mulheres.
Felipe teve a impressão de ouvi-las dizendo que eram Carina e Maria Rosa.
Jovens e belas.
Neste momento, o homem recordou-se de ter visto pinturas de Carina.
Célebre cortesã, famosa por sua história trágica e por ser considera realizadora de milagres depois de morta.
Felipe sentiu serenidade em seu semblante.
A mulher sofrida, parecia ter encontrado a paz.
Ao ver Miriam, comentou que a amara, com sua ternura de criança.
Os circunstantes, ao ouvirem as palavras do homem, acreditaram que o mesmo estava delirando.
Felipe estendeu as mãos para a moça, que desapareceu.
Foi então que o homem se recordou de Irina, lembrou-se da visita em sua casa. De sua herança. De seu sobrinho interesseiro - Adolfo.
Epaminondas parecia acenar-lhe.
O moço recordou-se dos colegas de faculdade, dos momentos alegres que passou ao lado deles.
Chegou a ver vários deles diante de si.
Assustado, o homem acreditou que alucinava.
Reviu os pais, moços. Pediam para que estudasse.
Lembrou dos tempos em que trabalhou com afinco como empresário.
De Leila, adorável mulher com que se casou e teve filhos.
Recordou-se até da jovem com quem se envolvera e quase se casou, antes de encontrar o amor da vida inteira. Seu nome era Cíntia.
Chorou.
Sentiu que sua vida valera a pena.
Nisto, começou a sentir uma profunda dor no peito.
Tentou resistir, mas ao perceber que era chegado o momento da partida, deixou-se levar sem resistir.
Morreu sentado no banco de praça.
Antes de morrer, disse:
- Dandara, seja feliz meu anjo!

Com isto, quando soube da morte do dileto amigo, a moça ficou inconsolável.
Chorou por dias a fio.
Mesmo sendo consolada por Maximiliano, Júlia, Isaura e Laura, Dandara não conseguia se conformar.
Como um amigo tão querido poderia partir daquela forma?
Argumentou que ele nem ao menos se despedira dela.
Quando soube que as últimas palavras do amigo foram dedicadas a ela, Dandara ficou profundamente emocionada.
Compareceu em seu velório.
Conheceu os filhos, netos e bisnetos do homem.
Leila já havia falecido há alguns anos.
Maximiliano e Laura acompanharam a filha.
Dandara fez uma homenagem ao homem, dizendo que ele tivera uma história de vida intensa, e que sua memória não poderia ser esquecida.
Dois amigos dos tempos de faculdade, também compareceram.
Disseram que sem Felipe, o grupo ficava agora, ainda mais reduzido.
Comentaram que eram quase centenários.
Dandara acreditava que morrer era algo muito triste.
Dizia não querer morrer sozinha.
Maximiliano lhe respondeu dizendo que a vida era assim, nascia-se só e partia-se só.
A moça era só lágrimas.
Nisto, quando era chegado o tempo de férias, a moça descobriu que Ludmila estava seriamente adoentada.
Laura havia partido para a fazenda para cuidar da mãe.
Sentia-se em dívida com a mulher e optou em ficar a seu lado.
Neste tempo, Henrique já estava administrando a fazenda.
Fernanda sua esposa, ajudava nos cuidados com a senhora.
Duas enfermeiras cuidavam da fazendeira.
Quando Ludmila soube que Laura iria até a fazenda, a mulher animou-se um pouco.
Dizia que queria estar apresentável para a filha Odara.
Laura por sua vez, contratara os serviços de um detetive particular.
Em anos de investigação, o homem descobriu arquivos onde poderiam estar, os registros referentes a prisão e tortura de Lúcio.
Mencionou porém, que para ter acesso aos arquivos, talvez precisasse ingressar com ação judicial.
Laura por sua vez, tomou todas as medidas legais cabíveis.
Constituiu advogado e ingressou com uma ação, com vistas à exibição dos documentos.
Argumentou a necessidade de descobrir a localização do corpo do pai, com vistas a lhe providenciar enterro digno.
Com isto, quase sessenta anos depois do ocorrido, finalmente se pode ter acesso aos arquivos da prisão de Lúcio.
Perplexa, a mulher descobriu que o homem fora preso em virtude de uma denúncia anônima, e que fora espancado barbaramente até a morte.
Chocada e horrorizada, a mulher descobriu fotos de Lúcio morto, sendo colocado dentro do porta malas de um carro, com o corpo dobrado.
Nos arquivos, havia fotos do delegado Silvério, dos autores da prisão.
Fichas com os dados de todos os envolvidos, e uma ficha com os dados de Lúcio.
Ansiosa, a mulher colocou todos os documentos em uma caixa.
Muitos estavam bastante deteriorados.
Precisou mandar recuperar muitos deles.
Quando regressava do trabalho, depois de uma exaustiva jornada, a mulher se ocupava em ler os papéis.
Maximiliano passou a também se ocupar da tarefa.
Por diversas vezes Júlia e Dandara ajudaram a mãe na leitura dos documentos.
Com isto, o detetive continuava suas investigações.
Descobriu a localização dos parentes dos policiais e delegado, envolvidos na prisão.
Laura chegou a conversar com os familiares.
Dizendo não ter nada contra aquelas pessoas, argumentou que só queria entender o que levava alguém a prender alguém, com base em denúncias anônimas.
Laura argumentou que segundo relatos da mãe, Lúcio não era baderneiro e não estava envolvido em atividades subversivas.
Os parentes por sua vez, argumentavam que eles cumpriam ordens, e que naquele momento histórico do país, não seria possível agir de forma diferente.
Por fim, a mulher, acompanhada do marido, agradeceu a atenção e se despediu.
Pediu desculpas pelo incômodo.
Nisto, ao conversar com um conhecido do delegado Silvério, descobriu que o homem era um tirano, que sentia prazer em torturar seus prisioneiros.
O homem era um desafeto do delegado.
Dizia que desconfiava que o homem tinha feito, o que fizera com Lúcio, por despeito.
Curiosa, Laura perguntou-lhe por que dizia aquilo.
O homem respondeu ter ouvido dizer que o homem havia assediado a mulher do preso, e que como não havia conseguido o que queria, resolveu descontar sua frustração no moço.
Laura ficou chocada ao ouvir estas palavras.
Quando regressou a fazenda, ao ver a mãe debilitada, resolveu esperar que ela melhorasse um pouco, para lhe contar o que havia descoberto.
Ludmila ao vê-la, ficou profundamente feliz.
Seu rosto se iluminou e acabou apresentando uma pequena melhora.
Laura por sua vez, se desdobrava em cuidados com a mãe e em conversas com Emerson.
O homem estava profundamente preocupado com a doença da mulher.
Laura por sua vez, contou ao homem o que descobrira sobre a prisão de Lúcio.
Comentou que auxiliada por detetive da capital, localizou parentes dos envolvidos na prisão.
Disse que conversou com eles.
Angustiada, dizia que só restava saber onde o corpo estava, e providenciar um enterro digno ao homem.

Semanas mais tarde, Dandara se encaminhou a fazenda.
Estava preocupada com o estado de saúde da avó.
Triste, ao vê-la acamada, abraçou-a.
Como começasse a chorar, Laura decidiu afastá-la do quarto.
Ludmila, preocupada, perguntou o que estava acontecendo com sua neta.
Laura então, sem ter como esconder a verdade da mãe, comentou que Felipe havia falecido, e que Dandara estava inconsolável com a perda.
Ludmila lamentou o óbito, mas argumentou que era um fato da vida, e provavelmente a próxima pessoa a partir, seria ela.
Laura, ao ouvir as palavras da mãe, repreendeu-a.
A fazendeira então, calou-se.
Não queria suscitar discussões.
Acatando as recomendações da filha, procurou descansar.
Diante da gravidade da situação, os filhos, netos e noras acorreram para a fazenda.
Ludmila ficou feliz em ver a família reunida mais uma vez.
Atenciosas, as noras sempre se ofereciam para ficar um pouco ao lado da senhora.
Fernanda, que nesta época, morava novamente na fazenda com Henrique e os filhos, era quem mais auxiliava nos cuidados com a mulher, juntamente com Laura.
Ajudava a ministrar os remédios, lia para a mulher, contava-lhe histórias.
Recordava-se dos tempos em que vivera na fazenda, ao lado do marido e dos filhos pequenos.
Ás vezes permanecia a noite, ao lado do leito da fazendeira.
Quando Ludmila ficou febril, Fernanda não a deixou sozinha por um minuto sequer.
Como a fazendeira não melhorasse, a mulher concordou que o marido arrumasse uma enfermeira.
Henrique por sua vez, achou por bem, contratar o serviço de duas mulheres.
Justificou para a família dizendo que elas poderiam se revezar nos cuidados, e que nenhuma delas, ficaria sobrecarregada.
Fernanda e os filhos concordaram.
Emerson também procurava fazer companhia a esposa.
Quando Laura precisava se ausentar, era Fernanda e Emerson, quem se faziam mais presentes.
Seus netos também lhe faziam um pouco de companhia.
Dandara ajudava a avó a se alimentar.
Dizia que saco vazio não parava em pé, e que ela precisava se recuperar, para por ordem na fazenda. Repreendia a mulher, dizendo que alguém forte como ela, não poderia se deixar abater por uma simples gripe.
Ludmila achava graça nas palavras da moça.
Dizia que já velha, estava a levar broncas de uma mocinha que tinha menos de um terço de sua idade.
Quem estava no quarto achou graça.
Quarto amplo, espaçoso, cheio de móveis coloniais.
Aliás como toda a fazenda.
Ludmila achava que aqueles objetos faziam parte da vida da fazenda.
Até o rádio antigo, permaneceu na propriedade.
Dandara brincava com a senhora, dizendo que a sede da fazenda parecia um museu, ou um cenário de filme antigo.
A fazendeira não se importava.
Dizia ter muito orgulho de viver em um lugar carregado de história.
Dandara completava dizendo que era tudo muito antigo, mas muito bem cuidado, e que se sentia bem ali. Falava que era tudo muito lindo. Como o passado devia ter sido.
Ludmila sorria para a moça, quando Dandara lhe dizia que gostava daquele ambiente.
Certa vez, a fazendeira perguntou-lhe se não gostava de ambientes mais limpos, sem tantos móveis e objetos decorativos.
Dandara respondia que aquele ambiente tinha uma beleza única, e que não era atulhado de coisas. Decorado sim, mas na medida certa.
Dandara por sua vez, estava triste em ver a avó querida, tão abatida.
Sentia pesar, pois sabia que cedo ou tarde a mulher iria embora, e ela ficaria privada de sua companhia.
Cláudio certa vez, a viu chorando.
Dandara, tentando disfarçar, desconversou, mas Cláudio já a conhecia um pouco.
Sabia que ela estava sofrendo.
Desta forma, disse-lhe que Ludmila só iria embora quando fosse a hora, e que ela não precisava se preocupar, pois não ficaria só.
Cláudio abraçou-a.
Dandara se aconchegou em seus braços.
Os netos ficavam alguns minutos no quarto com a senhora.
Alguns conversavam, outros beijavam sua mão.
Desejavam melhoras.
Emerson estava deveras preocupado com a esposa.
Conversando com Laura, pediu para chamá-la de Odara.
Surpresa, a mulher concordou.
O homem então, confessou que estava preocupado.
Com os olhos marejados, comentou que Ludmila estava partindo.
Aflito, disse que havia falhado na promessa de localizar o paradeiro de Lúcio.
Laura, tentando confortar o homem, respondeu-lhe que não havia desistido de encontrar o corpo do pai, e que quando o fizesse, contaria a mãe.
Emerson aconselhou-a a se apressar, ou Ludmila poderia partir sem saber onde o moço fora enterrado.
Com efeito, nos dias que se seguiram, a empresária precisou se ausentar.
Dizendo que precisava resolver alguns assuntos particulares, comentou que precisaria ficar alguns dias afastada.
A fazendeira, ao ouvir as explicativas da moça, lamentou a partida.
Preocupada, pediu-lhe que não se demorasse muito na cidade.
Laura sorrindo, prometeu que voltaria logo.
Conversando com Fernanda, Henrique, Cláudio, Ives, Emerson, o marido e as filhas, a mulher comentou que estava investigando o paradeiro de Lúcio.
Disse que iria até a cidade, ficaria hospedada em um hotel, mas que havia dito a mãe, que voltaria para a capital e que eles deveriam confirmar a história.
A empresária comentou ter recebido uma ligação do detetive que havia contratado, e que este lhe dissera ter pistas sobre a localização do corpo do homem.
Dandara e Júlia, ao ouvirem as palavras da mãe, comentaram que iriam junto.
Laura tentou argumentar, mas Maximiliano aconselhou-a a deixar as filhas a acompanharem na viagem.
Com isto, as moças despediram-se da avó e de todos os parentes.
Rumaram para a cidade.
Emerson as acompanhou até lá.
Mais tarde, retornou a fazenda.
Durante o dia, as mulheres e o homem, acompanharam o detetive.
Juntos se dirigiram a delegacia instalada onde antigamente ficava o posto policial da vila.
Munido de uma ordem judicial, o detetive verificou os arquivos da delegacia.
Para a decepção de todos, nada encontrou.
Com isto, se dirigiram ao fórum da cidade.
Conversando com os funcionários do lugar, descobriram a existência de um arquivo referente aos processos judiciais, e um arquivo municipal.
O grupo seguiu para os dois lugares.
No arquivo da prefeitura, nada localizaram, em virtude da cidade ter sido criada décadas depois do ocorrido.
Laura lamentou o fato de não haverem preservado a memória anterior a fundação da cidade.
Argumentou que aquele lugar já era habitado antes de virar um município, e que o ocorrido anteriormente fazia parte da história da cidade.
Com efeito, ao se dirigirem ao arquivo relativo aos processos judiciais, o grupo obteve mais sucesso.
Lá encontram registros relativos a prisão de presos políticos, inclusive, arquivos referentes a prisão de Lúcio.
Laura encontrou no lugar, informações diversas das encontradas nos arquivos da capital.
Percebeu que não tivera acesso a todos os documentos referentes a prisão.
A mulher então, solicitou autorização para fazer cópias dos documentos.
Ao ouvir isto, o funcionário tentou opor resistência, mas Emerson, dizendo que eles tinham autorização para compulsar os arquivos, ameaçou chamar a imprensa, caso tivesse seu intento obstado. Comentou que era uma pessoa influente, e que poderia mexer os pauzinhos e fazer com ele fosse transferido para um lugar onde teria muito trabalho para fazer.
O funcionário, intimidado, concordou então. Autorizou as cópias.
Para isto, Laura precisou deixar seus documentos pessoais.
A mulher então, retirou cópias dos documentos, em uma papelaria da cidade.
Para isto, permaneceu algumas horas no lugar.
Mais tarde, retornou ao arquivo, devolvendo os papéis.
O funcionário devolveu então, seus documentos pessoais.
Com isto, ao saírem do prédio, a mulher comentou não saber que ele costumava utilizar aquele expediente.
Rindo, Emerson disse que a ocasião exigia, e que se ele não agisse daquela forma, ela não conseguiria fazer as cópias.
Laura concordou e agradeceu o empenho do homem.
Emerson então, percebendo o adiantado da hora, despediu-se de todos.
Disse que precisava retornar a fazenda, e que no dia seguinte, retornaria a cidade.
Comentou que iria contatar o detetive contratado por ele, e cobraria do homem, uma posição.
Laura por sua vez, agradeceu mais uma vez a Emerson.
Com isto, o detetive também se afastou.
A empresária por sua vez, agradeceu seu empenho e dedicação.
Comentou que ele seria muito bem recompensado.
O homem, agradecendo, contou que precisava ir.
Com isto, as três mulheres se dirigiram ao hotel onde estavam hospedadas.
Ansiosas, sentaram na cama e começaram a ler os documentos xerocopiados.
Perplexas, descobriram que Lúcio fora denunciado por um médico de uma cidadezinha afastada.
Verificando os relatórios, descobriram testemunhas que disseram que Lúcio tinha opiniões contundentes sobre o momento político da época.
Laura comentou que Ludmila, mencionou que Lúcio tinha uma visão de que a terra devia ser partilhada com todos, e não uns poucos privilegiados serem detentores de vastos territórios, latifúndios. Argumentou porém, que ele nunca se envolvera em atividades subversivas.
Dandara, ao ler o relatório, constatou que ninguém o acusou diretamente, de atividade subversiva. Comentou, existirem apenas insinuações sobre o fato.
Ao constatar isto, Laura ficou chocada.
- Como alguém pode ser preso apenas com base em insinuações? – indagou.
Entretidas na tarefa, as mulheres só foram se lembrar de jantar, tarde da noite.
Ansiosas pediram uma refeição no hotel.
E assim, enquanto comiam, aproveitavam para ler os registros.
Analisaram fichas, depoimentos.
Laura desconfiou do teor e idoneidade de muitos documentos.
Em vários deles, constavam denúncias de atividades subversivas, sem a assinatura do moço.
Em outros, as assinaturas não conferiam.
Ao perceberem este fato, as mulheres desconfiaram de que as assinaturas foram falsificadas, e que talvez ele não tenha assinado nenhum daqueles documentos.
Chocada, Laura comentou que tudo parecia pior do que havia imaginado.
Como trouxera consigo os arquivos obtidos na capital, a mulher passou a cruzar as informações.
Verificou conflitos nos depoimentos, incongruências.
Ao conversar com parentes dos torturadores, e com outras pessoas, a mulher descobriu que Silvério respondera processos por abuso de autoridade.
Laura recordou-se que na última conversa que tivera com o detetive, antes de rumar para a fazenda, o homem lhe confidenciou os últimos progressos realizados.
Relatou-lhe as visitas que fizera a parentes dos torturadores. Comentou ter ouvido depoimentos de torturados, e de pessoas que acompanharam de perto o caso de Lúcio.
Razão pela qual, preparou um relatório para a mulher ler, e somente agora Laura estava se ocupando dele.
As três mulheres passaram toda a madrugada a ler papéis.
Dormiram apenas três horas.
No dia seguinte, acordaram cedo, tomaram um belo café da manhã no hotel em que estavam hospedadas.
Enquanto estavam comendo, Laura recebeu uma ligação.
Emerson as aguardava do lado de fora do hotel.
Dizia ter novidades.
Laura convidou-o para tomar o café da manhã com elas, mas o homem argumentou que já havia tomado o desjejum na fazenda.
Com isto, as mulheres terminaram de tomar o café.
Dirigiram-se a entrada do hotel.
Emerson sem delongas, convidou-as a entrarem no carro.
Conversando com as mulheres, contou haver ligado para o detetive, e que este lhe contou onde estava enterrado o corpo de Lúcio.
Nisto, tocou o telefone de Laura novamente.
Era o detetive informando, que agora tinha certeza do paradeiro do corpo.
Disse-lhe para aguardá-lo na entrada do hotel que já estava se dirigindo para o local.
Laura ansiosa, pediu a Emerson que aguardasse.
Nisto Dandara subiu até o quarto e pegou alguns papéis que indicavam algo que parecia ser um mapa.
Em seguida, desceu e foi ao encontro do grupo, na entrada do hotel.
Laura mostrou a Emerson os documentos.
O homem feliz, comentou que as suspeitas do detetive estavam certas.
Com isto, relatou que o homem lhe dissera por telefone, as indicações do lugar.
Atento, procurou anotá-las.
Emerson comentou surpreso, que o próprio detetive havia tomado a iniciativa de contatá-lo.
O homem então, disse-lhe lamentar a demora na resolução do caso.
Argumentou que havia tentado ter acesso aos arquivos referentes da prisão, mas que em tempos de ditadura, isto era mais difícil. Comentou que muitos familiares passavam anos tentando saber o que se passara naqueles anos, sem nunca obter êxito.
Rindo, Emerson comentou dos êxitos do detetive contratado por Laura.
Disse que o homem ficou constrangido.
Com isto, o detetive argumentou que o outro profissional pegou o caso há pouco tempo, em um contexto político mais tranqüilo, e que estava mais próximo dos locais de influência da região, e isto facilitava seu trabalho.
Laura, ao ouvir as palavras do homem, comentou que o trabalho de investigação não era fácil, e que a conjuntura atual, facilitou o trabalho do detetive contratado por ela.
A mulher argumentou que o próprio profissional lhe dissera isto.
Disse ainda, que ele tinha algumas amizades no meio político, jurídico e policial, o que facilitou o acesso a certas informações privilegiadas.
Laura comentou que o advogado contratado para patrocinar a causa promovida por ela, foi indicado pelo detetive, que aconselhou a contratação de seu serviço, por ser homem conhecedor do assunto e notável na área.
Com isto a mulher confessou ter sido esta, a melhor decisão que tomara.
Neste momento, o detetive apareceu.
Pediu desculpas pela demora.
Conversando com Emerson, o homem indicou-lhe o lugar onde provavelmente o corpo estava enterrado.
Segundo as informações do profissional, era um local afastado da cidade, ermo até para os tempos atuais.
Maximiliano, que permanecera na fazenda a pedido de Laura, ao saber sobre a notícia do paradeiro de Lúcio, resolveu ir atrás da mulher.
Com isto, quando o grupo chegou ao local, encontraram Maximiliano a lhes esperar.
Laura ao ver o marido, aproximou-se dele e o abraçou.
Perguntou como a mãe estava, e Max lhe informou que ela estivera um pouco mais disposta, que no dia anterior.
Dandara e Júlia também o abraçaram.
Em seguida, o grupo caminhou em meio a uma mata fechada.
Deixaram os carros, próximos dali e caminharam em direção ao lugar descrito pelos detetives e indicado em vários documentos lidos pelas mulheres.
Caminharam por cerca de quinze minutos.
Munidos de enxadas, fizeram vários buracos.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário