Ajustados entre si Vandré e Venâncio percorreram os cartórios da região, em busca de
registros da família.
Foi uma busca demorada e trabalhosa.
Com efeito, a criança de nome Tarcísio, fora registrada em outra cidade, E que na época
em que Dona Carolina era moça, fazia parte do município onde ficava a propriedade
do Valongo.
Para chegarem neste ponto, os moços perderam três idas em cartórios da região,
inclusive da cidade onde estava localizada a fazenda.
Desanimados, sempre que dirigiam aos cartórios e não encontravam informações,
ficavam desapontados.
Um dia, conversando na venda que havia na vila próxima a fazenda, os moços
comentaram entre si, como fariam para descobrir o registro de uma pessoa nascida por
volta do final dos anos quarenta e início dos anos cinquentas.
Nisto, um frequentador da venda informou que naqueles tempos, os registros de
nascimentos, quando eram feitos, eram realizados num cartório localizado em outro
município.
Desta forma, os rapazes agradeceram a informação, e no dia seguinte rumaram em
direção ao cartório.
Lá, depois de uma certa peregrinação, finalmente descobriram onde estava localizado o
registro de Tarcísio, filho de Carolina e Adroaldo.
Vandré, ao consultar o registro, ficou exultante.
Finalmente estava a encontrar
vestígios da origem da família.
O moço solicitou uma cópia do documento.
Dias depois, o moço regressou ao cartório, onde retirou a cópia solicitada do
documento.
Em casa, na sede da fazenda, o moço guardou o documento com todo o cuidado.
Afinal, ninguém poderia desconfiar que estava investigando o paradeiro e a origem do
homem.
Como já soubessem que o homem não havia sido criado na região do Valongo,
começaram a divagar sobre em que lugar o tal Tarcísio vivera, e onde estava sepultado.
Com isto, nos dias em que estiveram na fazenda, aproveitaram para conversar com as
primas Lara e Antonia.
Falavam sobre as crianças, sobre a importância de se ter uma família.
Elogiaram os
filhos das moças.
Lara e Antonia disseram que estavam vivendo em São Paulo, circunstância que
motivou Vandré a convidá-las a visitar sua casa.
Argumentou que eram uma família mas que conviviam muito pouco.
Venâncio respondeu que a correria do dia a dia afasta e priva as pessoas da convivência
diária.
Lara e Antonia concordaram.
Eram moças, e um pouco mais jovens que Venâncio, regulando a idade de Vandré.
Conversando com as jovens, os mesmos descobriram que as moças haviam se casado,
mas os relacionamentos pouco duraram.
Ao ouvir isto, os moços curiosos, perguntaram da maldição imposta sobre a família.
Rindo, as moças comentaram que casamento era forma de falar, já que viveram em
união estável, circunstância que se equipara a um casamento.
Curioso, Venâncio perguntou-lhes se não tiveram nenhum interesse em se casar.
Lara respondeu-lhe que não.
Argumentou que o que fazia a união de um casal não era um pedaço de papel e sim a
confiança e o amor existente entre eles.
concordou.
Venâncio brincando, respondeu que agora entendia por que o irmão não havia se
casado.
Vandré então rindo, pediu ao irmão para que se calasse.
Em dado momento da conversa, Venâncio falou as moças em tom de brincadeira, que
já sabia por que não haviam se casado no civil.
Curiosas, as moças perguntaram por que.
E Venâncio respondeu:
- Por que estavam com medo da maldição!
As mulheres se entreolharam e começaram a rir.
Descontraídas, as mulheres chegaram a dizer que estavam fartas da história da
maldição.
Da praga que uma velha maluca lançara sobre a família.
Antonia disse que isto só atingia quem realmente acreditava nestas besteiras.
Venâncio concordou.
Argumentou que por conta de uma bobagem, as mulheres de sua família, deixaram de
lado a possibilidade de serem felizes.
Para ele, as histórias de insucessos amorosos e filhos varões que não vingaram, eram
fruto de um tempo de grandes dificuldades, sem acesso a informação, E ao mínimo de condições básicas de saúde.
E que tal desinformação deram origem a lendas
e a crendices.
Nisto Lara argumentou que as Carolinas acreditavam seriamente nisto.
Venâncio retrucou dizendo que adorava a mãe e a avó, mas que se tratavam de pessoas
simples, e muito impressionáveis.
O jovem por seu turno, mudaria o seu modo de pensar.
Isto por que, ainda quando estava no velho casarão, o jovem e parte da família, se
depararam por um estranho, que surgira na cozinha da residência.
Era um homem idoso, cujo nome não foi declinado.
Estava agitado, andando de um lado para o outro.
Dizia querer falar com Josué.
Quando todos os que estavam na sala, se entreolharam, já bastante assustados com a
visita inesperada.
Ninguém conseguia compreender o que estava acontecendo.
Nisto, o homem desapareceu.
Sumiu da mesma forma que entrou.
Sem deixar vestígios.
Vandré e Venâncio, que estavam na sala ao lado da mãe, e das primas, ficaram
perplexos.
Nenhum dos empregados viu o homem entrando na casa e tampouco saindo.
Quando a velha senhora, Carolina, tomou conhecimento do ocorrido, ao ouvir nome
Josué, lembrou ser este um dos nomes de um dos filhos da primeira Carolina.
O garoto
morreu ainda em criança.
Intrigada, a mulher procurou se lembrar de alguém que vivia ou que vivera na região
e que possuía o mesmo nome.
Por mais que se esforçasse, a mulher não conseguia se lembrar.
Dizia que sua memória já não era mais a mesma.
Sua filha por sua vez, dizia para a mãe descansar.
Visando tranquilizá-la, disse que
fariam orações em memória a todos os antepassados, e também para que este homem
encontrasse seu rumo, e que não viesse mais importuná-los.
Nisto, recomendou para que os funcionários trancassem a porta da residência, mesmo
durante o dia, observando que entrasse e quem saísse do casarão.
Os visitantes por seu turno, avisariam quando saíssem da casa, se iriam para algum
lugar e quando voltariam.
Todos concordaram com a recomendação.
E precavidos, trataram de fazer as orações.
Chegaram a organizar um terço, onde toda a família se reuniu para rezar.
A mãe de Vandré e Venâncio também mandou celebrar missas na igreja que havia na
vila.
Com isto, sempre que os convidados saíam da sede avisavam.
Também informavam a
hora aproximada em que voltariam.
Vandré e Venâncio continuaram com suas andanças pelos arrabaldes.
Continuaram as conversas com Lara e Antonia, na esperança de descobrir algo sobre a
história de Tarcísio.
Mas as moças não comentavam sobre o assunto.
Parecia que não
gostavam de falar sobre o pai.
Circunstância que os deixou bastante intrigados.
Afinal de contas, por que tanto segredo?
Conversando sobre a mãe, Vandré tentou trazer a baila a memória de Tarcísio.
No que as moças comentaram que o pai era bastante ausente, e que não tinham muito
a dizer a seu respeito.
Venâncio, percebendo que não lhes agradou o comentário, resolveu mudar o rumo da
conversa.
Gentil, perguntou das crianças, já que tudo parecia tão silencioso.
Lara e Antonia concordaram.
Preocupadas, foram atrás dos filhos, para verificar o que
estava acontecendo.
Para variar, as crianças estavam na cozinha, a mexer nas panelas, tachos de cobre, e
demais utensílios domésticos.
Sempre que viam algo que não conheciam, perguntavam o que era.
Djanira, já acostumada com o jeito das crianças, respondia com toda a paciência do
mundo.
Quando Lara e Antonia apareceram na cozinha para ralhar com as crianças, a
cozinheira respondeu-lhes que se todas as perguntas e todos os problemas do mundo
fossem saber o que era um tacho de cobre, uma panela, uma escumadeira, tudo seria
muito mais fácil.
Djanira, comentou que eles estavam apenas curiosos.
Mas recomendou que não era
bom que permanecessem na cozinha, por não ser lugar de crianças curiosas.
Lara e Antonia concordaram com a cozinheira.
Razão pela qual retiraram as crianças
de lá.
Levaram as crianças para o alpendre e disseram-lhe que tinham um imenso campo a
frente para brincar, com a recomendação de que não poderia sair de suas vistas.
E assim,as crianças ganharam o mundo.
Brincaram de se esconder atrás das árvores.
Subiram em seu tronco, sentaram em suas
raízes.
Olharam o céu e as nuvens, para dizer com o que se pareciam.
Lara e Antonia olhavam envaidecidas para os filhos.
Venâncio e Vandré observaram as crianças brincando.
Lembraram de seus tempos de criança.
Rindo, comentaram que se tivessem tanto espaço livre para brincar quando eram
crianças, suas vidas provavelmente seriam bem diferentes.
Venâncio, argumentou que gostava da vida na cidade.
Dizia que seu escritório estava
indo de vento em popa, e que não tinha interesse de voltar ao campo.
Vandré, respondeu que sua vida acadêmica não lhe permitia viver no campo.
Com efeito, os rapazes e parte da família participou da festa organizada para Dona
Carolina.
Forma como era tratada por todos.
Com o passar dos dias, conforme o estado de saúde da matriarca se agravava, os rapazes
recomendaram a mãe que levassem a avó, para a capital, pois ali teria um melhor
tratamento, recebendo acompanhamento médico.
Mas a matriarca se recusava a sair de sua fazenda.
A mulher falou com detalhes sobre a história de suas ancestrais.
Dizia possuir
anotações, diários e relatos da vida de quase todas elas.
Venâncio e Vandré ouviram o relato da velha senhora com toda a atenção.
Conforme a história era contada, os moços começaram a entender as motivações da
mulher.
O por quê de levar a criança para longe de si.
De todas elas, percebeu o empenho em preservar a família, lutando pela sobrevivência
de todos.
Por um momento chegaram a acreditar que poderia ser uma sina.
Ficaram penalizados com as histórias de perda, com o sofrimento.
Diziam que era muita tristeza para uma mesma família.
Curiosos, chegaram a se perguntar se de fato havia uma maldição, o que poderiam fazer
para livrar o restante da família da triste sina.
Ao voltarem para São Paulo, retomando suas atividades diárias, Vandré comprometeu-se em conversar com especialistas em cultura indígena.
Gostaria de saber o que se pode
fazer quando uma suposta maldição é lançada sobre uma descendência.
Venâncio não mais debochava da ideia.
E assim Vandré, conversou com alguns especialistas.
De vários deles, ouviu que segundo lendas indígenas, poderia se fazer rituais, ou utilizar
amuletos, que segundo a crença dos nativos, protegiam contra os maus espíritos.
Vandré curioso, pedia detalhes, mais informações.
Chegou ao muiraquitã, mas descobriu inúmeros outros amuletos.
Cada qual com uma
finalidade.
Venâncio, voltou a encontrar a noiva, que parecia aborrecida com a demora do moço
em regressar para São Paulo.
Dizia que havia demorado muito por lá.
O moço perguntou-lhe se havia melhorado da indisposição.
Ester respondeu-lhe que sim.
Quando o moço perguntou-lhe se havia ficado em casa, a moça respondeu que sim.
Porém, ao retornar ao escritório, e em conversas com conhecidos, o moço descobriu
que a jovem fora vista por diversas vezes conversando com rapazes em bares e casas
noturnas.
Foi o bastante para o rapaz exigir satisfação da moça, que tentou a todo custo dizer que
não havia saído de casa, e que devia ter sido confundida com outra pessoa.
Venâncio porém, não queria saber de desculpas.
Ríspido, perguntou-lhe se era para isto que havia ficado em São Paulo.
Argumentou
que se não e estava interessada em ter um relacionamento sério com alguém, não
deveria ficar enganando e mentindo para ele.
Ester tentou argumentar, disse que estava sendo radical, mas Venâncio estava
irredutível.
Não queria saber de desculpas.
Razão pela qual terminou seu
relacionamento com a moça.
Quando Carolina soube da novidade, lamentou o ocorrido, mas asseverou que havia
males que vinham para o bem.
Venâncio contudo, ficou muito desapontado com a moça.
Para consolá-lo, Vandré conversou com ele.
Disse que logo logo, ele iria encontrar uma boa moça, e esquecer a decepção que tivera
com Ester.
O moço porém, não queria falar na moça.
Assim, sempre que ameaçava tocar no assunto, tratava logo de desconversar,
encaminhando a conversa para outros temas.
Perguntava do trabalho de Vandré.
Nestas conversas, Venâncio perguntou ao irmão se estava progredindo, em suas
pesquisas.
Vandré respondeu-lhe que sim.
Participou-o das novidades.
Falou-lhe do interesse em pesquisar amuletos.
Venâncio perguntou-lhe se acreditava realmente no poder de amuleto.
Vandré disse-lhe que por enquanto estava apenas pesquisando.
Argumentou que
precisava entender por que a família acreditava tanto em maldição.
Venâncio respondeu, que ao conhecer um pouco mais da história da família, passou a
entender o por quê de tantas pessoas acreditarem em maldição.
Dizia que de fato eram
pessoas sofridas, e compreensível sua apreensão.
Vandré concordou.
Argumentou porém que acreditar em maldição no entanto, era um
pouco prematuro.
Venâncio ofereceu ajuda, mas Vandré respondeu-lhe que esta busca cabia a ele.
Completou dizendo porém, que caso precisasse, o chamaria para acompanhá-lo em
suas pesquisas.
Venâncio respondeu que estaria sempre a postos.
Nos dias que se seguiram, a moça ficou a ligar para Venâncio, que se recusava a atendê-la.
Assim, sempre que via o número do telefone da moça em seu aparelho celular, tratava
de desligar o aparelho.
Certa vez, a moça apareceu no escritório do moço.
Dizia estar arrependida do seu jeito
desinteressado e do jeito displicente pelo qual conduzira o namoro.
Tentando
argumentar, dizia que desta vez tudo seria diferente.
Insistia em ter uma nova chance
com o rapaz.
Mas Venâncio estava irredutível.
Com isto, sempre que a moça ligava para o escritório, instruía a colega Tânia a
despachá-la.
E Tânia inventava diversas desculpas.
Dizia que Venâncio estava em uma reunião, que
havia saído, que não se encontrava no setor.
Aborrecida, Ester chegou a cercar a moça na saída do escritório.
Queria tomar satisfações.
Disse-lhe que sabia que estava sendo instruída por Venâncio,
mas que não se daria por vencida e trataria de reconquistá-lo.
Por fim foi embora.
Tânia ficou perplexa, e a se perguntar do por quê da atitude da moça.
Contou o ocorrido a Venâncio.
O moço, ao tomar conhecimento do fato, ficou envergonhado.
Tentando se desculpar, argumentou que não tinha o direito de envolvê-la em toda
aquela confusão.
Prometeu que iria conversar com a moça, e dar um ponto final na
história.
Tânia ao ouvir isto, argumentou que ele não tinha que dar satisfações para ela.
Mas o moço insistiu.
Argumentou que ela sempre fora tão gentil com ele, e com todos
os colegas do escritório.
Merecia ser respeitada.
Por fim, recomendou a mulher, que caso Ester lhe causasse mais problemas, deveria
comunicá-lo para que fossem tomadas as medidas cabíveis.
Tânia ao ouvir isto, comentou que não pretendia causar transtornos para ninguém.
Venâncio respondeu-lhe, que quem havia criado problemas era Ester.
Nisto, dias depois, o moço apareceu de surpresa na casa da moça.
Ester ao vê-lo ficou radiante.
Por alguns instantes, acreditou que o moço estava
disposto a reatar o namoro.
Contudo, quando o moço começou a dizer que ela havia passado dos limites, e que se
continuasse a importuná-lo ou a qualquer de seus colegas, seria compelido a tomar
medidas legais contra ela.
Argumentou que ameaça era crime, e que ela poderia ser
presa por isto.
Ester ficou surpresa com a agressividade.
Argumentou que nunca havia visto ele tão
nervoso.
Venâncio por seu turno, argumentou que tampouco conhecia o lado inconveniente da
moça.
Afirmou-lhe que estava avisada e que caso voltasse a ligar para o escritório, ou ficasse
cercando seus funcionários, ela iria se entender com ele.
Ester tentou argumentou com o moço, mas Venâncio rebateu dizendo que ela estava
avisada.
A moça teve que se calar.
Nisto o moço se retirou.
Ester fechou a porta.
Ficou chorando.
Estava arrependida da burrada que havia feito, mas já era tarde, não
havia mais como consertar o estrago.
Com o tempo, o moço começou a sair com Tânia.
A moça atenciosa, era o oposto de Ester.
Certa vez, o moço ofereceu uma bonita bijuteria para a moça.
Tratava-se de um broche.
Dizia ter sido de sua avó.
Tânia, ao observar o objeto, comentou que era lindo.
Contudo, não precisava mentir
dizendo se tratar de um objeto de valor.
Venâncio ficou completamente sem graça.
Tânia tratou de completar, dizendo que trabalhou numa joalheria e conhecia um pouco
de jóias.
Rindo, disse que não seria fácil de enganá-la.
Ressaltou que sabia que não se
tratava de uma peça de família.
Jantaram.
Venâncio pediu-lhe desculpas.
Disse que fora um tolo por mentir.
No que Tânia concordou.
Argumentou que entendia o fato dele estar ressabiado com
as mulheres, mas que isto não justificava uma atitude tão boba.
O rapaz concordou.
Argumentou que fora infantil.
Que tentou testá-la, e o tiro saiu
pela culatra.
Tânia riu.
Disse que não estava mais em idade de passar por avaliações.
Venâncio então, perguntou como a moça havia descoberto a mentira.
Demonstrou curiosidade.
Tânia então, após ao jantar, enquanto estava sendo conduzida ao carro pelo moço,
resolveu contar o segredo.
Disse que ao observar a bijuteria, verificou os materiais.
Argumentou que por se tratar
de uma suposta jóia que pertencera a sua avó, era um objeto antigo, que certamente
sofrera algum desgaste do tempo, por mais cuidado que houvesse em seu manuseio.
Ressaltou que a peça não tinha marcas do tempo, parecendo ter acabado de sair da
fábrica.
Novinha em folha, com um brilho intenso.
Mais tarde ao segurar a peça, comentou que era um trabalho muito bem feito, e que
uma pessoa menos atenta certamente seria enganada pelo truque.
Venâncio riu.
Estava admirado.
Disse-lhe que nunca havia conhecido alguém tão interessante, e inteligente quanto ela.
Seus colegas advogados, ao tomarem conhecimento da novidade, parabenizaram-no.
Diziam:
- Até que enfim você se tocou!
- Já não era sem tempo!
- Até que enfim.
Todos que o conheciam, parabenizaram o moço, quando souberam que ele estava saindo
com Tânia.
Nenhum deles gostava de Ester.
Consideravam a moça fútil e interesseira.
Quando o moço finalmente comentou do término do namoro com os amigos, todos
lhe disseram, que foi a melhor coisa feita por ele.
Que deixasse ela encontrar alguém na justa medida para ela, diziam.
Quando Venâncio e Tânia passaram a namorar, todos os seus amigos comemoraram.
Elogiaram seu bom gosto, dizendo que Tânia era uma mulher bonita.
Venâncio concordava.
Dizia ter tirado a sorte grande.
Considerava-se um homem de
sorte.
Vandré, quando soube do namoro, parabenizou o irmão.
Venâncio brincou com o irmão, dizendo que agora era hora dele desencalhar.
Vandré retrucava rindo que estava satisfeito com sua solteirice.
Logo foi apresentado a namorada do irmão.
Tânia era uma moça educada, elegante, discreta.
Quando Venâncio contou ao irmão que falara um pouco sobre sua pesquisa a moça,
mencionou que ela conhecia pessoas que possuíam coleções de objetos indígenas, entre
eles amuletos.
Vandré perguntou ao irmão, de onde ela conhecia estas pessoas.
Venâncio respondeu-lhe que a moça tinha amigos antropólogos e arqueológos e estes
objetos seriam doados a um museu.
Curioso, o moço pediu para falar com Tânia, que lhe contou com mais detalhes a
história.
Comentou que já havia visto algumas peças e que estava todas muito conservadas.
Mencionou que o objeto que mais lhe impressionou foi um muiraquitã.
Vandré ficou interessado e pediu a moça para agendar um encontro com os tais amigos.
Disse que tinha muito o que conversar com eles.
Tânia sorridente, respondeu-lhe que agendaria um encontro.
Venâncio agradeceu a gentileza da moça.
Por alto, já havia lhe dito que o irmão estava uma pesquisa sobre cultura indígena.
No que Tânia mencionou os amigos.
Relatou também que muita gente possuía ancestrais indígenas na família.
Venâncio concordou.
Certa vez, a moça comentou possuir curiosidade em conhecer a história de seus
antepassados.
Seus ancestrais.
Comentou pouco conhecer da história dos avós, e menos
ainda dos bisavós, e de quem os antecedeu.
E no entanto, lá estava ela, descendente de
todas estas pessoas que não conhecia.
Contudo, mesmo não as conhecendo, faziam
parte de sua história.
Rindo, comentou aquilo era meio louco.
Venâncio ficou a pensar nas palavras da moça.
Perdido em pensamentos, ficou pensando em como deveria ser reconfortante saber
sua origem. Curiosamente sabia das histórias de seus ancestrais, mas pouco sabia a
respeito de seus pais, em especial, quem teria sido seu pai.
Tânia, percebendo a distração do moço, perguntou-lhe:
- Oi? Moço? Onde você está?
Venâncio então, ao perceber que a moça lhe chamava, pediu-lhe desculpas.
Disse que
estava distraído.
Tânia perguntou-lhe então:
- Posso saber em que tanto pensas? Espero que não seja nenhuma mulher. - completou
rindo.
Venâncio olhou a moça com deboche.
Rindo, comentou que estava pensando em muitas mulheres.
E nisto, começou a citar
nomes de atrizes da tevê.
Tânia, ao perceber a provocação, jogou uma almofada no moço.
O jovem segurou o objeto.
Venâncio argumentou então, que a vida era muito engraçada.
Disse que enquanto
alguns querem conhecer a história dos avós, bisavós, trisavós, outros só gostariam de
saber quem foram seus pais.
Como se encontraram, como se conheceram, se houve
amor entre eles.
Tânia ouvia com atenção.
Disse que aquilo tudo aquilo era familiar.
Foi então, que como todo o cuidado, perguntou se Carolina não havia lhe contado nada
sobre seu pai.
Venâncio respondeu-lhe que não sabia nem se ele e Vandré, eram filhos do mesmo pai.
Tânia ao ouvir isto, pediu-lhe desculpas.
Disse que havia se metido onde não fora
chamada.
Venâncio então respondeu-lhe que não havia falado nada demais, e que ela, como parte
da família, tinha todo o direito de se inteirar de seus assuntos.
Tânia fez menção de argumentar, mas Venâncio, ao perceber isto, comentou que iria
apresentá-la ao restante de sua família, quando voltasse a fazenda do Valongo.
Disse-lhe que iria apresentá-la como sua noiva.
Tânia tentou argumentar mas Venâncio disse-lhe que eram favas contadas.
A mulher ficou intrigada.
Como assim, favas contadas?
E Venâncio respondeu-lhe que ela estava condenada a ficar a seu lado, por todos os
séculos, dos séculos, dos séculos.
Ao ouvir isto, a mulher caiu na risada.
- Que conversa mais louca?
Nisto o homem segurou sua mão, beijou seu rosto, e perguntou-lhe se aceitava se casar
com ele.
Tânia ria.
Venâncio impaciente, indagou-lhe, exigiu uma resposta.
Tânia risonha, respondeu que sim.
O moço, achando graça, comentou que já estava pensando que ela iria desistir dele.
Falou rindo para ela nunca mais repetir isto.
Tânia argumentou que ele era muito engraçadinho.
Quando recebeu um telefonema de Carolina, informando que a matriarca havia
piorado, Venâncio convidou a moça para acompanhá-lo em viagem.
A jovem tentou desconversar, mas Venâncio mas foi rápido.
Disse que ela estava
intimada a comparecer na Fazenda Valongo em sua presença, sob pena de condução
coercitiva.
Risonho, Tânia perguntou-lhe como faria para conduzi-la coercitivamente, caso não
fosse espontaneamente.
Venâncio respondeu-lhe que requisitaria força policial.
Debochada, Tânia perguntou do que se tratava a tal força policial.
Venâncio respondeu que chamaria toda a Guarda Nacional, na pessoa de seu irmão,
seus amigos, e sua mãe.
Argumentou que caso precisasse tomar esta medida drástica,
estaria perdida.
Tânia ria.
Disse-lhe que não tinha jeito, e que diante das circunstâncias, iria
acompanhá-lo na viagem.
Por fim, argumentou se não iria incomodar se o acompanhasse.
Venâncio respondeu-lhe que não.
Tânia porém, insistiu para que o moço informasse a mãe, de sua ida.
E Venâncio então, telefonou para a mãe.
Informou-lhe que estava noivo de Tânia e se
poderia levá-la para lá.
Carolina, ao ouvir a história de noivado, ficou apreensiva.
Pensou que se tratava de
Ester.
Venâncio teve que lhe contar que terminara o noivado com Ester.
Comentou que
conheceu uma moça, que na verdade já era sua colega de trabalho, e estavam
namorando.
Venâncio comentou que resolveu ficar noivo de Tânia.
Carolina ao ouvir o relato do moço, ficou desconfiada.
Chegou a perguntar ao moço,
se não estava se precipitando.
Afinal, mal terminou um noivado e praticamente
começou outro.
Recomendou-lhe juízo e mencionou que esperava que ele soubesse o
que estava fazendo.
Venâncio, um pouco decepcionado com a reação da mãe, comentou que apesar do
balde de água fria, estava feliz.
Argumentou que quando ela conhecesse Tânia, suas
reservas iriam desaparecer.
Por fim, Carolina mencionou que não era momento de se levar visitas a fazenda.
No que Venâncio comentou que ela fazia parte da família, e que precisava apresentá-la a avó.
Carolina, percebendo o entusiasmo do moço, acabou concordando.
Contudo,
recomendou-lhe que dissesse a moça que não se tratava de um evento festivo.
Venâncio concordou com as recomendações.
Carolina então, acabou concordando.
Com isto, dias depois, o trio seguiu viagem.
Venâncio contou do estado de saúde da avó.
Tânia chegou a lhe perguntar se aquela era a melhor hora para conhecer sua família.
Venâncio retrucou dizendo que todos estavam esperando por ela.
Tânia concordou em acompanhá-lo.
Preparou sua mala.
Viajaram de avião.
E do aeroporto, seguiram de carro para a fazenda.
Um funcionário da fazenda, os
aguardava no aeroporto.
Ao chegarem na fazenda, Venâncio lhe mostrou a porteira.
Disse-lhe que aquele lugar
era o Valongo.
Tânia curiosa, perguntou o por quê do nome.
Vandré respondeu-lhe que se tratava de um antigo mercado de escravos.
A moça respondeu que havia uma cidade em Portugal, com o mesmo nome.
Venâncio argumentou que talvez por isto, o mercado tinha este nome.
Nisto, chegaram a sede da fazenda, onde foram recepcionados por Carolina.
Venâncio apresentou as mulheres.
A mãe, Carolina, disse que a moça era bacharela em direito, sendo seu braço direito e
esquerdo no escritório.
Venâncio apresentou a mãe com a pessoa que cuidou dos filhos, e agora estava
cuidando da mãe.
Tânia estendeu a mão.
As mulheres se cumprimentaram.
Nisto a mulher levou a moça para seu quarto.
Venâncio e seu irmão dormiriam em outro.
Séria, a mulher olhou para o filho dizendo para que tivesse juízo.
Tânia achou graça.
Mais tarde, ao passear pela propriedade, a moça comentou que Carolina
era muito zelosa.
Venâncio rindo, comentou que ela não sabia o quanto.
O moço ensinou a moça a andar a cavalo.
Tânia retrucou dizendo que estava bem com os pés no chão e não tinha interesse em
ficar montada em um animal que não sabia controlar.
Mas Venâncio prometeu escolher um cavalo manso para que ela pudesse aprender.
E assim, depois de muito insistir, acabou convencendo a moça.
Tânia relutante, aceitou subir em um animal.
Venâncio auxiliou-a.
Segurou as rédeas do animal, e caminhou ao lado do cavalo.
A moça surpreendeu-se com os modos gentis ou cavalheirescos de Venâncio.
No dia seguinte, o rapaz mostrou a mulher as ruínas do antigo mercado de escravos.
Denominado Valongo, o qual dera origem a fazenda.
Do antigo mercado, só restaram pedras e parte de uma parede.
Venâncio comentou que uma vez, ele e seu irmão brincaram por ali.
Disse que foi uma
festa.
Enquanto todos os procuravam pela fazenda, lá estavam os dois brincando de
esconde-esconde em meio às ruínas.
Venâncio falou que até a cozinheira, Djanira, procurou pelos meninos.
Venâncio e Vandré por sua vez, só retornaram ao casarão tarde da noite.
Carolina já os esperava de cinta na mão.
Rindo, Venâncio comentou que levaram uma surra daquelas.
Tânia ficou admirada do relato.
Afirmou que aquelas ruínas ficavam longe da sede da
fazenda, e que eles se arriscaram em ir sozinhos para aquele lugar ermo.
Comentou
rindo, que Carolina tinha toda a razão em lhes dar uma surra.
Venâncio rindo, concordou.
Comentou que na época não entendia direito a
preocupação de todos, apenas achava tudo muito divertido.
Agora porém, entendia
que os pais ficavam atentos, por conta das reinações das crianças.
Tânia concordou dizendo que com seus sobrinhos, era a mesma coisa.
Um minuto de
distração e lá estavam eles aprontando.
Os anjinhos, como costumava dizer.
Venâncio curioso, comentou que ela pouco falava da família.
Tânia argumentou dizendo que não havia nada demais, que a sua família, era igual a
tantas outras que haviam por aí.
Antes de viajarem, a moça agendou um encontro de Vandré, com seus amigos
pesquisadores.
Nisto, Venâncio, Tânia e Vandré seguiram para um sítio, onde foram muito bem
recebidos.
Capinam e seus auxiliares, mostraram aos visitantes amuletos, cocares, arcos e flechas.
Contaram sobre lendas indígenas.
Vandré demonstrou interesse nos rituais religiosos, na figura do pajé, e nas histórias
de feitiçaria.
Rindo Capinam disse-lhe que contaria tudo o que sabia sobre o tema.
Em conversas com o homem, o rapaz descobriu a história de uma maldição lançada
sobre uma família.
Vandré curioso, perguntou detalhes da história.
Capinam comentou que conforme a lenda, vários descendentes morreram, não vindo
a chegar a idade adulta.
Curioso, Vandré perguntou se o feitiço não poderia ser desfeito com algum ritual.
Rindo, o homem comentou que conforme a lenda, o pajé, usando ervas especiais, e
praticando um ritual com toda a tribo, conseguiu anular os efeitos da maldição.
Vandré fazendo troça, perguntou que ervas teriam sido essas, e qual teria sido o ritual
realizado.
Capinam argumentou que haviam diversas teorias, mas nenhuma resposta certeira.
Argumentou inclusive, que tal história era tratada como lenda, em que pesem
personagens reais retratadas na mesma.
Vandré ao ouvir isto, perguntou-lhe se podia dar mais detalhes da história.
Capinam respondeu-lhe que se tratava de uma família influente da região.
Contudo,
disseram-lhe que não poderia declinar seu nome, em respeito aos parentes vivos, os
quais não autorizaram, a liberação da informação.
Acreditavam que se o fizessem,
seriam vítimas de preconceito.
O moço ao ouvir isto, demonstrou um certo desapontamento.
Capinam ao perceber que aquelas informações eram importantes para ele, indagou do
motivo de tanto interesse.
Nisto o moço conversou que em sua família, haviam rumores de histórias parecidas.
Disse que seu interesse era histórico, pois estava interessado em escrever um livro
sobre o assunto.
Rindo, Capinam comentou que ele teria um vasto trabalho para pesquisar o tema.
Prestativo, ofereceu-lhe livros.
Comentou que não sabia se tratar de um pesquisador.
Mencionou que Tânia não lhe mencionara o fato.
Vandré retrucou dizendo que estava fazendo segredo.
Comentou que não que
ninguém sabia, pois estava fazendo uma surpresa.
Capinam estranhou mas entendeu as razões do moço.
Nisto, o homem convidou o trio para almoçar.
Tânia, Venâncio e Vandré, tomaram um café na propriedade do homem.
Mais tarde o trio caminhou pela propriedade, sendo apresentado os artefatos.
Durante o almoço, Capinam, sugeriu ao trio que o acompanhasse em uma caminhada
pelo litoral. Comentou que haviam descoberto sambaquis.
Vandré, ao ouvir isto, ficou interessado.
Nisto, a visita durou o dia.
O moço, sempre que descobria algo interessante, fazia anotações em um bloco.
Pernoitaram na propriedade do homem.
No dia seguinte tomaram um lauto café da manhã e seguiram viagem.
Capinam despediu-se do trio, desejando-lhes uma boa viagem, e que convidando-os a
voltar sempre que pudessem.
Ao regressarem a capital, Vandré agradeceu Tânia.
Disse-lhe que a visita fora muito
útil.
Com efeito, nas últimas semanas, ao conviver mais com Tânia, Vandré percebeu que
o irmão havia feito uma boa escolha ao eleger a moça como sua namorada.
Vandré conhecia Ester de vista, mas em conversas com o irmão, sempre que o nome
da moça era trazido pelas conversas, invariavelmente o moço comentava que ela era mimada.
Dizia que gostava de oferecer-lhe presentes, e que a moça sempre que
recebia algum agrado, se mostrava mais gentil.
Vandré ao começar a tomar conhecimento do comportamento displicente da moça,
passou a considerá-la uma péssima opção para o irmão.
Isto por que, todas as vezes em que agendou encontros com o irmão, a moça inventava
desculpas para se fazer ausente.
Vivia adoentada.
Tal fato não passou despercebido de Vandré.
Mas o moço evitava qualquer juízo de valor sobre a moça.
Ao contrário da mãe, que não gostava do jeito desinteressado da moça.
Mas Tânia era o oposto de Ester.
Mais presente, ofereceu-se por diversas para auxiliar nos afazeres domésticos.
Carolina é que sempre a dispensava das lides domésticas.
Dizia que uma moça urbana
como ela, que vivia comendo fora de casa, não devia nem saber cozinhar.
Rindo Tânia respondeu-lhe que seu trabalho lhe propiciava desfrutar de uma boa
condição de vida, e que em razão da vida corrida que levava, pouco tempo lhe sobrava
para fazer comida.
Contudo, em que pese este fato, relata que nos tempos de vacas
magras, cozinhou muito macarrão, muito arroz, feijão, ovo e frango.
Disse que não era tão boa dona de casa quanto as mulheres da família, mas que sabia
se virar na cozinha.
Carolina agradeceu, mas respondeu que não seria necessário.
Com o tempo, e conquistando a confiança da mulher, Tânia começou a brincar
dizendo que ela estava com medo de comer uma comidinha ligeiramente queimada.
Carolina olhou-a com espanto, e perguntou-lhe se costuma queimar a comida.
Rindo, Tânia respondeu que não.
Disse estar apenas brincando.
A mulher com o tempo, percebendo o jeito brincalhão da moça, com o tempo, deixou
de levar a sério seus comentários.
Certo dia, encontrando-se à sós com o filho, elogiou sua escolha.
Disse Tânia era uma
moça prestativa e que ele ao se casar com ela, estaria fazendo um grande acerto.
Comentou que não conhecera Ester, mas disse saber que ela não servia para ele.
Venâncio comentou que Ester fora um erro, mas que Tânia era a mulher de sua vida.
Carolina ao ouvir isto, sorriu para o filho.
Quando soube que o noivado fora apenas um pedido a moça, seguido da posterior
compra de um anel e oferecimento a ela, Carolina argumentou que o noivado precisava
ser comemorado em grande estilo.
Vandré concordou, argumentando que aquele noivado estava muito mixuruca.
Nisto, prepararam um belo jantar, onde o moço repetiu o pedido.
Carolina sugeriu que o moço presenteasse a jovem com uma joia da família.
Dona Carolina, já havia sido apresentada a moça.
A matriarca se encheu de encantos pela moça, dizendo-lhe que era uma mulher forte,
digna de entrar para a família.
Nisto, Dona Carolina entregou a filha, um broche, que pertencera a mãe de sua pentavó, Thereza.
Era uma joia pertencente a Carolina.
A filha, ao perceber que se tratava de um joia com a história da família, perguntou-lhe
se não preferia oferecer um presente menos pessoal.
A velha senhora, ao ouvir isto, argumentou dizendo que ela era a pessoa certa.
Disse
que ela se casaria com o moço e faria parte da família.
Carolina sentiu tanta certeza nas palavras da mãe, que deixou de lado suas prevenções.
E assim, no dia do jantar, a moça exibiu o anel de noivado ganho pelo moço.
Lara e Antonia ficaram admirando a joia, encantadas.
As crianças ficaram em volta observando a moça.
Tânia era só risos.
Carolina dias antes, conversou como o filho e lhe mostrou o camafeu, que havia sido
da primeira Carolina.
Venâncio pegou a joia e percebeu que dentro do mesmo havia um objeto.
Abriu o
broche e descobriu dentro dele fios de cabelo.
A mulher, ao perceber isto, recomendou-lhe que guardasse aqueles fios com cuidado.
Curioso, Venâncio perguntou-lhe se sabia a quem pertenciam.
Carolina respondeu-lhe que eram da primeira Carolina.
Comentou que após a morte da esposa,
o índio passou a guardar a joia como uma lembrança da memória da esposa.
A mulher comentou que no diário da moça, constava a informação de que durante a
fuga da fazenda, a moça trazia pendurado no pescoço uma corrente e um camafeu, o
qual foi perdido.
Anos mais tarde, ao se instalarem novamente na propriedade, o índio ofereceu-lhe um
novo camafeu de presente.
Joia que a moça usava em ocasiões especiais.
Adorno guardado como herança de família, pensou Venâncio.
Com isto, argumentou
que precisava contar a história do presente para a moça.
Carolina concordou.
Venâncio ao perceber o significado do gesto, abraçou a mãe.
Com efeito, durante o jantar, o moço, dizendo que já havia presenteado a moça com
um anel de noivado, comentou que havia um presente ainda mais especial para ela.
Curiosa, Tânia perguntou-lhe do que se tratava.
Venâncio disse então, que era uma joia muito especial, pelo significado que trazia.
Argumentou que se tratava de uma joia da família.
Nisto o moço sacou o objeto do bolso e o colocou nas mãos da moça.
Tânia ao tocar o objeto, pensou tratar-se de um broche, mas ao analisá-lo melhor,
percebeu se tratar de um camafeu.
Admirada, exclamou que conhecia a joia, dos romances que lera de Joaquim Manoel
de Macedo, mas que nunca tinha visto um pessoalmente.
Encantada, abriu o presente, vindo a notar que em seu interior havia fios de cabelo.
Venâncio comentou que eram fios de cabelo da primeira Carolina.
A mãe de todos os
descendentes da família.
Tânia olhou-o com admiração.
Venâncio então, contou-lhe detalhes sobre a história da família.
Tânia ouvia a tudo com muito interesse.
Em dado momento, Dona Carolina pediu a palavra ao neto.
Disse que precisa contar
detalhes da história a moça.
Nisto a matriarca mostrou o diário de Carolina para ela.
Leu trechos do relato para Tânia, que interessada, perguntava mais detalhes sobre a
história.
A certa altura, Carolina – a filha pediu para que todos se dirigissem a sala de jantar,
pois a refeição seria servida.
Nisto, Tânia comentou que estava encantada de receber uma joia com tanta história.
Olhando para Dona Carolina, segurou suas mãos, e agradeceu o presente.
Disse-lhe
que nunca havia ganho nada tão lindo.
A matriarca ficou comovida com o gesto.
Agradeceu a gentileza da moça, e auxiliada por Vandré e Venâncio, foi conduzida a
sala de jantar.
Enquanto ceavam, conversavam animadamente.
Dona Carolina observava tudo com atenção, olhando para todos com extrema ternura.
Foi servido vinho e champagne.
No dia seguinte, a mulher chamou Tânia em seu quarto.
Apoiada em uma bengala, caminhou pelo recinto, mostrou os móveis que guarneciam
o quarto, a penteadeira e outros objetos da avó Carolina, e de Rosália sua mãe.
Comentou que alguns móveis da fazenda, vieram de outro casarão, lá em terras do Sul
do Brasil.
A mulher mostrou fotos e pinturas das mulheres da família.
Mostrou ainda, um baú, com uma série de cadernos.
Novamente leu trechos do que estava escrito, para a moça.
A certa altura a jovem percebeu que as ancestrais de Dona Carolina acreditavam que
havia sido lançada uma espécie de maldição sobre a família.
Tânia ficou intrigada.
Mais tarde, em conversas com Vandré e Venâncio, descobriu a história das maldições.
Os moços comentaram que por muito tempo acreditaram, que tudo não passava de uma
grande bobagem, mas que poderia não ser.
Rindo, Tânia acreditou que eles pudessem estar brincando.
A moça chegou a criticar os moços por acreditar naquela história.
Dizia entender que
os mais antigos acreditassem, mas eles não.
Nisto afastou-se, indo se recolher em seu quarto.
Venâncio fez menção de ir ao seu quarto, mas Vandré aconselhou-o a esperar um
pouco.
Disse que a moça devia estar confusa e que precisava por suas ideias no lugar.
Dias depois a moça arrumou suas malas.
Estava disposta a ir embora, em que pesem os
argumentos de Venâncio para que ficasse.
Por conta disto, Vandré conversou com a moça.
Carolina também.
E Tânia teria partido, não fosse o sumiço das crianças.
Em razão da necessidade de se procurar por elas, a moça acabou desistindo de partir.
Prometeu auxiliar nas buscas.
E assim, no final da tarde, as crianças foram encontradas.
Tânia e Venâncio foram procurá-las nas ruínas do Valongo.
Vandré e Carolina foram procurá-las no celeiro e demais instalações da fazenda.
As crianças brincavam perto das ruínas.
Tânia e Venâncio, ao verem as três crianças brincando em volta de uma árvore que
havia ali perto, chamaram-nas.
Aproximaram-se das crianças, que sorriram para eles.
Nisto, levaram as crianças de volta para a fazenda.
Lara e Antonia ao verem os filhos a sua frente, correram para abraçá-los.
Como as
crianças estavam com fome, foram alimentadas.
Tomaram banho.
No dia seguinte, foram proibidas de sair da sede.
Estavam de castigo.
Os três tentaram argumentar, em vão.
Estavam proibidos de sair da casa.
Dias depois, Dona Carolina teve uma piora em seu estado de saúde.
Dois dias depois, a mulher veio a falecer.
Antes de falecer, falou com todos os descendentes da família.
Para Lara e Antonia, pediu que encontrassem um pai para seus filhos.
A filha Carolina,
pediu para que reconstruísse sua vida, e que não ficasse sozinha, isolada naquela
fazenda.
Aos netos Vandré e Venâncio, pediu para que se casassem e livrassem a família
da triste sina.
Comentou com Venâncio que Tânia era boa moça, e que Vandré também
iria encontrar uma boa moça.
Por fim, chamou o mais novo dos irmãos para um canto.
Cochichando em seu ouvido, disse que Tarcisio não tivera vida longa, mas que fora
muito feliz enquanto vivera.
A mulher então, apontou para seu guarda-roupa.
Vandré abriu o móvel.
Carolina apontou na direção dos cabideiros.
O moço vasculhou o móvel até encontrar um fundo oco.
Ao achar o fundo falso, o
moço retirou a madeira, vindo a encontrar pastas e livros.
Quase sussurrando, a mulher respondeu que tudo aquilo era seu.
Vandré ficou estático.
Foi preciso que Carolina insistisse, para que ele pegasse os livros.
A velha senhoria dizia que a história não poderia morrer com ela, e que todos os
integrantes da família, deveriam saber o que havia ocorrido com seus ancestrais.
Vandré pegou os papéis com todo o cuidado.
Retirou tudo do guarda-roupa.
Por fim, a mulher apontou para um baú.
Com um fio de voz, respondeu que ali estava guardado o tesouro das existências.
Carolina, a filha disse que estava guardada toda a memória da família.
Vandré deixou toda a documentação próxima.
Por fim, a senhora pediu para que todos se aproximassem.
Disse baixinho que não tinha do que se arrepender.
Nisto, mexeu a cabeça para um lado.
Faleceu.
Dona Carolina foi enterrada junto as outras mulheres da família.
Nos dias que se seguiram, Antonia, Lara e as crianças partiram.
Por fim, Vandré, Tânia e Venâncio partiram.
Vandré retomou sua rotina acadêmica.
Ministrava aulas, e nas horas vagas ficava
entretido na leitura dos diários das mulheres da família.
Teve o trabalho imenso o de encaminhar os documentos para sua casa na capital.
Carolina se incumbiu de providenciar o transporte do material para São Paulo.
Tratou-se de uma pequena mudança.
Venâncio, em visitas ao irmão, foi informado que parte dos livros precisava ser
restaurado, e que isto envolvia muito trabalho e dinheiro.
Venâncio então, tratou de entrar em contato com a moça.
Solicitou informações a
respeito do andamento do inventário.
Com o tempo, trouxe dinheiro para o irmão restaurar os papéis.
De posse do dinheiro, o moço contratou restauradores para a realização do trabalho.
O processo de restauração levou meses.
Enquanto isto, o moço lia as histórias, e fazia anotações em seu caderno.
Descobriu que o filho de Carolina, Abaeté, casou-se com uma branca, com ela vindo a
ter várias filhas.
O moço fora prefeito da cidade, trazendo melhorias para o lugar, como escolas e até
um pronto socorro.
Vandré descobriu que o homem era respeitado no lugar.
Habilidoso, conseguiu acrescer novas terras a antiga propriedade de seus pais.
Por conta de seu dinheiro, conseguiu casar-se com uma branca do lugar.
Helena, admirou-se do jeito corajoso do moço.
Embora se vestisse como um branco, era evidente sua ascendência indígena.
Nesta época, já havia feito melhorias na escola do povoado, angariando o respeito dos
fazendeiros e moradores da região.
Passou a participar das festas, e foi numa dessas comemorações que convidou a moça
para dançar.
Helena constrangida olhou para o pai, que prontamente a autorizou a dançar com o
moço.
Ao fim da festa, o moço ofereceu-se para acompanhar a moça e sua família no regresso
a fazenda.
Otacílio porém, respondeu que não havia necessidade.
Agradeceu a oferta, mais
informou não ser preciso.
Abaeté então retirou-se.
Porém, sempre que se encontrava com a moça e sua dama de companhia,
cumprimentava-as.
A certa altura, aproveitando uma ida de Otacílio a vila, disse ter interesse em lhe falar.
No que o homem perguntou:
- E qual é o assunto?
Abaeté então, sem pestanejar, respondeu que tinha interesse em Helena.
O fazendeiro olhou-o desconfiado.
O índio continuou.
Disse que pretendia se casar com a moça.
Argumentou que tinha casa, terras e que
poderia proporcionar uma boa vida a moça, com conforto, além de seu afeto.
O fazendeiro curioso, perguntou-lhe por que acreditava que ele autorizaria o enlace.
Abaeté, surpreso com a indagação, argumentou que era um homem de bem, e que
estando a moça sob seus cuidados, poderia ele ficar descansado que a moça nunca seria
maltratada.
Otacílio, respondeu-lhe que tinha certeza disto.
Contudo, argumentou que precisava
conversar com Helena.
Nisto, convidou o moço para visitá-lo na fazenda.
Abaeté concordou.
Nisto, ficou ajustado que se encontrariam pela manhã.
O moço ansioso, no dia combinado, vestiu uma de suas melhores roupas para visitar a
moça na fazenda.
Otacílio o esperava no alpendre.
Simpático, convidou-o para entrar.
Abaeté timidamente, adentrou a propriedade.
O fazendeiro comentou que em sua casa, as moças eram muito bem educadas.
Sabiam
bordar, costurar, cozinhar, tocar piano, cantavam e sabiam ler e escrever.
Otacílio
afirmava com orgulho, ser um dos poucos fazendeiros que permitiram as filhas
estudarem com professoras particulares.
Disse que Helena sabia até um pouco de francês.
Abaeté disse ao fazendeiro que quando tivesse filhos, todos estudariam, fossem
homens ou mulheres.
O moço comentou que Thereza sabia ler e escrever, e que Laura
também fora iniciada no mundo dos livros.
Ao ouvir o suspiro do índio ao falar da irmã, o fazendeiro disse ter lamentado a morte.
Abaeté respondeu-lhe o tempo passava, mas a saudade da irmã não.
Otacílio, se solidarizando com o moço, comentou que infelizmente a morte se fazia
muito presente naquelas paragens.
Comentou que ele próprio também perdera
diversos filhos.
Abaeté lamentou o ocorrido, dizendo sentir muito.
Otacílio então comentou que aquele não era o momento de lembranças tristes.
Disse ao moço para que seguisse até a sala de jantar, indicando-lhe o caminho.
Nisto chamou Helena.
Abaeté então se deparou com uma mesa repleta de bolos, biscoitos, frutas e demais
quitutes.
Uma escrava apareceu para servi-lo.
Abaeté então se acomodou.
Em seguida apareceu Helena.
O moço levantou-se.
Quando a jovem sentou-se em seu lugar de costume, o rapaz ofereceu-se para ajeitar
sua cadeira.
Helena com um gesto concordou.
Abaeté ajeitou sua cadeira.
Helena agradeceu e o moço tornou a se sentar.
Sem jeito, o moço lhe ofereceu bolos, suco.
A sinhazinha tinha que a todo o momento recusar os oferecimentos.
Só aceitou um
pedaço de bolo de fubá e o café.
Abaeté sugeriu servi-la, no que a moça retrucou dizendo possuir criadas para tanto.
O moço rindo, concordou.
A escrava então serviu-lhe um café fresquinho.
Conforme suas próprias palavras.
Abaeté e Helena se olhavam.
Depois de algum tempo, surgiram os pais da moça.
Abaeté novamente se levantou para cumprimentar a mãe da jovem.
A mulher agradeceu a gentileza do jovem.
Nisto o homem perguntou como ia a fazenda.
Abaeté que lá havia muito trabalho, mas também muita alegria.
Otacílio respondeu que em suas terras, não era muito diferente.
Muito trabalho, mas
também havia as festas.
O rapaz comentou que as recepções da família na cidade eram famosas.
Acrescentou
que suas celebrações na fazenda eram animadas, mas nada que se aproximasse em
requinte, das festas do senhor Otacílio.
O fazendeiro riu.
Comentou que também apreciava a simplicidade.
Acrescentou que
tinha interesse em ser convidado para os eventos ocorridos em sua fazenda.
Abaeté sorriu, e comentou que certamente seria convidado.
Mais tarde, o homem recomendou que a mulher e a filha se retirassem.
Disse que tinha
assuntos particulares a tratar com o moço.
Nisto, Abaeté e Otacílio conversaram sobre a proposta.
Abaeté reiterou sua intenção de casar, e perguntou se a jovem estava disposta a se casar
com um nativo, que não era branco, e cuja ascendência europeia se originava da mãe.
O estancieiro comentou que havia conversado com a mulher e com a filha.
Ressaltou que da parte dele, não haveria nenhum impedimento para o casamento.
Argumentou não se importar com o fato dele não ser um legítimo descendente de
europeus e sim, um legítimo filho da terra.
O fazendeiro argumentou que ele sim tinha
direito de se dizer brasileiro, pois nascera naquelas terras e conhecia aquelas matas.
Mencionou que a diferença de costumes não o incomodava, tendo em vista que havia
se adaptado com a convivência com os brancos.
Abaeté ressaltou que sempre vivera em companhia dos brancos, mas que nunca
abandonara sua cultura, apenas se adaptando a uma nova condição.
O fazendeiro concordou.
Argumentou que os primeiros portugueses, também tiveram
que desbravar florestas.
Rindo, o índio comentou que quanto a isto, não haviam muitas diferenças entre as duas
culturas.
O fazendeiro concordou.
Dizendo que estavam se entendendo, pediu licença, e se afastou.
Otacílio então, chamou a filha e a esposa.
Com as mulheres na sala, o homem informou que em conversa com a família, ficou
ajustado que a moça receberia visitas na fazenda, afim de conhecê-lo melhor.
Abaeté novamente cumprimentou a moça.
Em seguida o fazendeiro comentou que assim que estivessem firmes e decididos,
poderia marcar a data para o casamento.
Abaeté concordou.
Thereza sua irmã, assim como Laura, em que pesem serem filhas de Abaré, não
possuíam os traços indígenas tão marcantes quanto os do irmão.
Eram mais parecidas
com a mãe.
Até na cor da pele.
Quanto a isto, Thereza era a mais parecida com Abaré.
Com seus cabelos lisos, trazia-os sempre presos numa trança, enfeitada com uma fita
branca.
Às vezes colocava uma flor na ponta para enfeitar.
Vaidosa, adorava cantar modinhas.
Abaeté sempre que podia, levava a irmã em suas incursões pela cidade.
A moça sabia ler e escrever, e adorava as modinhas.
Certo dia, em passagem pela cidade, puderam acompanhar uma festa de fantasiados que
lançavam objetos uns nos outros.
O moço respondeu-lhe que se tratava de uma festa trazida pelos portugueses.
Thereza ficou chocada com a agressividade da comemoração.
Pediu para o irmão levá-la de volta para casa.
Abaeté comentou rindo:
- Depois os índios e os negros é que são considerados selvagens!
Nisto o rapaz segurou a irmã pelo braço.
Seguiram em direção a uma mercearia, onde o moço comprou alguns utensílios.
Thereza encantou-se por uma caixinha de música.
Abeté ao perceber que a mulher ficou o tempo todo a mexer no objeto, tratou de
adquiri-lo para a irmã.
A moça agradeceu.
Por fim, os irmãos seguiram de coche para casa.
A moça estava elegantemente vestida de vestido e anáguas, espartilho.
Trazia em seu pescoço um camafeu.
Jóia que pertencera a mãe.
Abaré, após o falecimento de Carolina, triste, abatido, ofereceu a lembrança a filha.
Abalado dizia não ter condições de se desfazer dos pertences da esposa.
Tanto que os objetos foram cuidadosamente guardados em um quarto afastado da casa.
Abaeté, após o falecimento do pai, resolveu deixar os pertences de ambos juntos.
Também não tivera coragem de se desfazer de nada.
Triste, dizia que tudo no casarão lembrava os pais, e que precisava honrar a memória
dos dois.
Enquanto lia os relatos, Vandré percebeu ao vasculhar os volumes, indagou se sua mãe Carolina
havia feito registros, como as suas ancestrais.
Em conversas com a mãe, exigiu que ela apresentasse seu diário.
Argumentou que
somente entenderia como desfazer a maldição, se soubesse de todos os relatos, toda a
trajetória da família.
Mencionou que lendo os diários das mulheres da família, descobriu a origem de
Tarcísio, e por que o mesmo carregava este nome.
Contudo, faltavam detalhes sobre
sua vida, como teria morrido.
Carolina tentou argumentar, dizendo que não sabia de detalhes da vida do irmão.
Argumentou que não conviveram.
Ressaltou que quando nasceu, o menino já havia
sido afastado da convivência da família.
Mencionou que a mãe acreditava estar
protegendo-o, em assim procedendo.
Mas Vandré, em visita a mãe, insistiu que ela apresentasse o diário.
Argumentou que
sem aquela ferramenta, pouco poderia fazer para que a maldição lançada sobre a família
fosse desfeita.
Carolina relutou, mas com o tempo, acabou concordando em entregar os diários.
Argumentou que escondeu parte da história, tentando proteger a ele a ao irmão.
Por fim, mostrou um livro guardado de Carolina.
Comentou havia achado o objeto, enquanto fazia a limpeza do quarto.
Mencionou que estava guardado em uma caixa, junto ao vestido de noiva que Rosália
fizera para ela, o qual nunca tivera oportunidade de vestir.
Luciana Celestino dos Santos
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VERSÃO ALTERNATIVA.