Isso por que, conforme foram se passando os dias, o rapaz, percebendo que o fim de ano se aproximava, enchendo-se de coragem, resolveu se declarar a moça.
Contudo, não seria nada fácil convencê-la, de que eles deveriam ficar juntos.
Isso por
que, em razão do fato dela ser sua aluna, as coisas ficavam ainda mais complicadas.
Mas o rapaz, investido de coragem, resolveu finalmente revelar a moça tudo o que se
passava com ele.
Assim, por se tratar de um encontro muito importante, Fábio escolheu sua melhor
roupa.
Quando entrou no quarto, Dona Irene, viu seu filho escolhendo o que vestir, e ficou
desconfiada.
Perguntando onde ele iria todo arrumado daquele jeito, o rapaz respondeu que iria dar
uma volta por aí.
Irene então, percebendo do que se tratava, não fez mais perguntas.
Fábio ao decidir sobre o que iria vestir, foi até o banheiro.
Quando voltou estava todo
arrumado. Até perfume havia colocado.
Irene, percebendo a expressão apreensiva do filho, não fez nenhum comentário.
Mas, acreditando que ele iria se declarar a Leonora, desejou-lhe boa sorte.
Depois de ouvir as palavras da mãe, foi se encontrar com a moça.
Caminhando foi até sua casa.
Ao chegar lá foi avisado por Dona Leonilde que sua filha se encontrava na praça,
conversando com suas amigas.
Fábio, agradeceu a mulher, e dizendo que tinha algo de muito importante para
conversar com Leonora, respondeu que não podia entrar.
A seguir, o rapaz caminhou até a praça.
Lá encontrou Leonora conversando com Sabrina, Sandra e Fabíola.
Sandra e Sabrina, que estavam a algum tempo namorando Caio e Felipe, já não
falavam tanto do professor.
Muito embora o considerassem bonito, encantadas que estavam
com seus respectivos namorados, tinham mais a contar sobre eles, do que qualquer outra
coisa.
Fabíola por sua vez, paquerando Rogério, já não implicava tanto com as amigas.
Mas as três, curiosas, sempre que se encontravam com Leonora, perguntavam-lhe
como estava indo sua relação com o professor.
Leonora porém, incomodada com as perguntas, sempre respondia que os dois eram
apenas amigos e que quanto a isso não havia nada demais.
Contudo, a despeito do que a moça dizia, nenhuma das três estava convencida de que
tudo aquilo era apenas amizade.
As demais garotas do colégio, ao saber que os dois estavam assim tão próximos, não
paravam de fazer comentários, e invejosas, diziam que aquele grude não iria demorar muito.
Leonora no entanto, não estavam nem um pouco preocupada com o que os outros
pensavam de sua amizade com Fábio.
Porém, o fato de só falarem nisso, a incomodava profundamente.
Por isso mesmo, dizendo que gostaria de ficar um pouco sozinha, distanciou-se das
amigas e caminhando pela praça, finalmente encontrou Fábio que há bastante tempo, a
observava.
A moça, quando viu o rapaz a observando, levou um susto.
Fábio, ao perceber que a havia assustado, pediu desculpas.
A seguir, ansioso,
comentou com ela que tinha algo muito sério a lhe falar.
Leonora ficou tensa.
O rapaz então, constatando que não tinha mais como voltar atrás, comentou que há
muito tempo nutria um sentimento de admiração por ela.
Seu afinco aos estudos, sua
dedicação, sua presença de espírito, eram dados de sua personalidade muito marcantes
segundo ele.
Além disso, extremamente simpática, tratava a todos com igual cordialidade.
Leonora, ao ouvir as palavras elogiosas, agradeceu.
Fábio prosseguiu.
Muito embora aquelas não fosse suas únicas qualidades, eram com
certeza as mais marcantes.
Dizendo porém, que apesar disso ainda tinha muito o que saber a
seu respeito, comentou que adoraria conhecê-la melhor.
Leonora ao ouvir isso, corou de vergonha.
Fábio percebendo isso, segurou suas mãos, e dizendo que ela não devia ficar
envergonhada, comentou que não estava dizendo nada daquilo para encabulá-la.
Pelo
contrário.
O que ele estava tentando dizer, era que há muito tempo há admirava.
Admirava e
lhe tinha carinho.
Muito embora fosse um sentimento terno, era muito mais do que amizade.
A moça, percebendo então a intenção do rapaz, tentou sair dali, mas Fábio, segurando-a pelas mãos, pediu para que ela ao menos terminasse de ouvi-lo.
Se depois, ela nunca mais o quisesse ver, ele entenderia.
Leonora então, desconcertada, prometeu que ouviria tudo o que tinha a dizer.
Fábio continuou a falar.
Dizendo que estava apaixonado por ela, comentou que tudo
o que ela fazia era especial para ele.
Encantado com seu jeito delicado de ser, Fábio comentou
que tudo o que ela fazia era encantador, desde o modo de andar, de falar, e até de se vestir.
Leonora sem jeito, só fazia ouvir o que o rapaz falava.
Fábio enchendo-se de coragem, ao perceber que deixara a moça perplexa, perguntou
a ela se depois que o ano terminasse e que o fato dele ser professor e ela aluna, deixasse de
interferir na relação, se ela aceitaria namorá-lo.
Leonora, atônita com o pedido, pediu ao rapaz, um tempo para pensar.
Fábio, percebendo que deixara a moça desconcertada, aceitou conceder algum tempo
para que ela refletisse sobre o assunto.
Enquanto isso, as aulas no colégio, prosseguiram.
Tanto na escola quanto na faculdade, faltavam poucas semanas para o término do ano
letivo.
Com as provas se aproximando, todos só queriam saber de estudar.
E assim foi.
Leonora, Sandra, Fabíola, Rogério, Caio, Felipe e Sabrina, montaram um grupo de
estudos e se debruçaram sobre os livros.
O resultado não podia ser melhor.
Em razão da dedicação aos estudos, todos foram
aprovados.
Fábio em seu curso superior, também logrou êxito.
Seus colegas de curso, também.
Quando Dona Irene soube da aprovação do filho, foi logo cumprimentá-lo pelo feito.
Muito embora soubesse da dedicação do filho aos estudos, sabia também que não era
nada fácil manter as boas notas.
Como esposa e mãe de professores, sabia que o mistério do saber reside no simples
fato de que não se pode ensinar as pessoas a como aprender.
Assim, aprender não é fácil, e é
algo que exige dedicação.
Esta é a única coisa que pode ser ensinada a quem quer aprender.
Os outros segredos só quem se dedica irá descobrir.
Assim, sabendo disso, tratou de elogiar o filho.
Fábio agradeceu.
Irene então, retomando o assunto da formatura, sem discutir ou se indispor com o
filho, comentou que gostaria de celebrar este grande momento.
Fábio constatando isso, tratou de satisfazer o gosto da mãe, e aos poucos, sem que ela
percebesse, pagou pela festa.
Dona Irene, quando tomou conhecimento do fato, ficou muito feliz.
Contudo, faltava o mais importante.
Quem seria sua companhia no baile?
Fábio não havia ainda obtido a resposta de Leonora.
Desanimado, já nem acreditava mais que iria obter uma resposta.
Nisso, depois de algum tempo, eis que surge Leonora, que depois de conversar com
os pais, revelou que Fábio a pediu em namoro.
Dona Leonilde ficou surpresa com a novidade, mas Seu Clóvis, não ficou nem um
pouco satisfeito com isso.
Alegando que ele era mais velho e seu professor, perguntou
diversas vezes a filha se ele a tinha obrigado a tomar esta atitude.
Leonora pacientemente respondeu que não.
Sua mãe então, tentando se recompor, ao perceber que ela estava decidida, resolveu
aceitar o namoro.
Devidamente convencida por sua filha, Dona Leonora acabou concordando.
Muito
embora não fosse exatamente o que queria para a filha, comentou que quem iria namorá-lo
era ela, uma moça, e não uma senhora experiente.
Além disso, Leonora era ainda muito jovem
para se envolver seriamente com alguém.
Com isso, acreditando que aquele namoro não iria durar muito, resolveu não se opor.
Já Clóvis, demorou um pouco mais para se convencer.
Desapontado com a escolha da filha, comentou que ela era ainda muito nova para
arrumar namorados, ainda mais um professor mais velho.
Leonora então, tentando explicar, utilizou todos os argumentos que estavam a seu
alcance usar.
Porém, muito embora tenha se empenhado em convencê-lo, não fosse a intervenção
de Leonilde, Leonora não conseguiria resolver a situação.
Mas sua mãe, usando de paciência e persistência, acabou vencendo-o pelo cansaço.
Argumentando que o namoro poderia não durar, já que a moça era ainda muito jovem,
Leonilde então, convenceu-o a deixar Leonora a namorar Fábio.
E assim, depois de algum tempo, finalmente Leonora foi se encontrar com Fábio e
dizendo que já tinha a resposta, encheu-se de coragem para dizê-la.
Nisso Fábio, que estava bastante ansioso, pediu para que ela respondesse logo.
Leonora então, respondeu:
-- Sim, eu aceito. Aceito namorar você.
Fábio ao ouvir a resposta, ficou bastante satisfeito.
Tão satisfeito que a carregou no colo e feliz, não parou de comemorar.
Com isso, a polícia, que já estava há bastante tempo no encalço do estranho que vivia
cercando Leonora, descobriu que o mesmo não passava de engraçadinho que, querendo
assustar a moça, ficava a seguindo.
Quando finalmente apresentaram o rapaz, seus pais, Dona Leonilde e Seu Clóvis, –
que fizeram questão de conhecer o sujeito – tiveram uma grande surpresa.
Isso por que ao saberem de quem se tratava, Seu Clóvis, estupefato, descobriu que de
um conhecido seu.
Dona Leonilde, que também conhecia o sujeito, resolveu contar então a
história.
O delegado atento, ouviu tudo.
O sujeito anos atrás, fora subordinado de Clóvis, na empresa em que este trabalhava.
Um dia, resolveu sair do emprego acreditando que estaria melhor se tivesse seu
próprio negócio.
Com isso arriscou-se, e empregando todas as suas economias em um
comércio, perdeu, depois de quase três anos de atividade, tudo o que investiu.
Não bastasse isso, fez inúmeras dívidas e ameaçados pelos credores, foi até o setor
onde Clóvis trabalhava e ameaçando-o, jurou que iria se vingar dele.
Alegando que fora
Clóvis que o incentivara a sair de seu emprego, jurou que não deixaria por menos.
Segundo Leonilde, o marido ficou assustado, mas depois de algum tempo, acabou se
esquecendo da história.
Tanto que mesmo sabendo que filha tinha sido seguida por um estranho, por diversas
vezes, nem por um momento atinaram que ele poderia ser o autor disso.
O delegado então, conversando com o sujeito, acabou descobrindo que ele tencionava
raptar a moça, e visando vingar-se do ex-patrão, matá-la.
Ercílio, argumentando que o patrão o insuflara a se demitir, insistiu em dizer, que
depois que faliu e ficou endividado, nunca mais conseguiu emprego.
Assim, ele tinha que tomar uma atitude com relação a Clóvis.
Clóvis então, contou a filha, que o estranho que a importunara era um antigo
subordinado seu.
Leonora, ao ouvir a história, ficou chocada.
Consoante o relato de seu pai, não havia motivo nenhum para ele querer se vingar de
sua família.
Contudo, como se tratava de uma mente doentia, para ele, a razão de todo o seu
infortúnio partira de Clóvis.
A moça, percebendo que seu pai, se sentia culpado por tudo que havia acontecido a
ela, tentando deixá-lo aliviado, comentou que ele não tinha como prever uma atitude dessas.
Mesmo assim, isso não o deixou mais calmo.
Seu Clóvis só se aquietou quando soube que o sujeito, em razão de graves
perturbações mentais, foi internado em uma clínica psiquiátrica.
Enquanto isso, Leonora, convidada para ser madrinha de Fábio, acompanhou-o até
seu baile de formatura.
Dona Irene, orgulhosa do filho, apreciou a festa.
Durante a cerimônia de entrega dos diplomas, Fábio, nomeado orador do grupo,
agradeceu a mãe pela conclusão do curso.
Dizendo que sem ela não teria terminado os
estudos, comentou que era um exemplo de mulher guerreira e batalhadora.
Depois no baile, abandonando a beca tradicional, o rapaz aproveitou para dançar com
Leonora.
E dançou.
Bailando ao som das músicas, dançaram e sonharam a noite inteira.
“Das voltas que eu dei no mundo
Nas voltas que o mundo deu
Passaram tantas coisas
Só quem sobrou fui eu...”
Luciana Celestino dos Santos
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