E assim, ao adentrarem a sala de aula, praticamente em seguida, eis que apareceu o
professor Marcílio.
Como ele já havia esgotado o assunto referente as antigas civilizações, começou a
falar então da Alta Idade Média.
Para tanto, foi logo dizendo:
"-- A Alta Idade Média, é o período compreendido entre os séculos V e XV.
No
entanto, normalmente, costuma-se chamar de Alta Idade Média à fase correspondente aos
séculos V a XI e de Baixa Idade Média, o período que se estende do século XI ao século XV.
Na Europa Ocidental, a Alta Idade Média caracterizou-se pela crise do escravismo Romano,
que colidiu com a desagregração das comunidades Germânicas e originou o Feudalismo.
Por
ter sido um período de estagnação econômica e atraso das forças produtivas, muitos
denominaram a Idade Média de Idade das Trevas.
Em verdade, a expressão justifica-se
apenas em parte.
Embora este período apresente um quadro de guerras incessantes, retração
na economia, no desenvolvimento técnico e na vida urbana – bem como, da ocorrência
catastrófica da Peste Negra, que dizimou grande parte da população européia no século XIV
–, a Idade Média conseguiu preservar, principalmente dentro dos mosteiros, a cultura e o
pensamento Greco-Romano.
Além disso, no Oriente, o período correspondente a Idade
Média, caracterizou-se pela formação do Império Bizantino, resultando da divisão do
Império Romano, e pela expansão do Islamismo.
Diante disso, durante os séculos IV e V o
escravismo passou por uma profunda crise.
A falta de mão de obra escrava gerou um grande
aumento no preço desse tipo de trabalhador, inviabilizando sua compra.
Por isso, a solução
encontrada pelos grandes proprietários rurais Romanos foi a gradual substituição da mão de
obra escrava pelo Meeiro (Colonato), onde o lavrador entregava uma parte de sua produção
ao proprietário.
Por isso, com a instituição do Colonato, a força de trabalho deixou de ser
uma mercadoria e a circulação monetária reduziu-se bastante, resultando no quase
desaparecimento da moeda, na decadência do comércio e na estagnação econômica.
As
grandes propriedades Romanas (as Vilas), antes totalmente dependentes da estrutura
escravocrata, tornaram-se cada vez mais auto-suficientes.
Destarte, devido ao caráter
predominantemente especulativo de sua economia, a região ocidental do Império, que possuía Roma como centro, foi a mais atingida pela crise do escravismo, pois os Romanos
viviam da venda de escravos e da cobrança de tributos das regiões conquistadas.
Essa
situação criou desajustes na superestrutura, com crise administrativa e déficit público.
Além
disso, o cristianismo, ao tornar-se religião oficial do Império, aumentou ainda mais o déficit
público, pois o clero passou a ser sustentado pelo Estado.
Assim, diante do quadro apresentado, o professor Marcílio, comentou, que a partir
daí, passaria a dizer com mais vagar, os detalhes desse período.
Em razão disso, ressaltou que, aproveitando-se da crise, os povos que viviam no limite
do Império Romano invadiram as províncias, estabelecendo Reinos Bárbaros.
Esse termo
“Bárbaros”, significava para os Romanos, qualquer povo estrangeiro que tivesse uma
civilização e cultura, diferentes da Romana, considerada então, a mais evoluída.
Os Hunos, povos orientais, que chegaram à Europa em 375, foram os principais
agentes da penetração bárbara.
Atraídos pelas terras quentes e fertéis do Império Romano, os
Bárbaros tinham medo dos Hunos, excelentes guerreiros que, saindo da Mongólia,
atravessaram a Ásia e chegaram às planícies da Ucrânia.
Ali derrotaram os Alanos e
dominaram os Ostrogodos.
Ademais, pressionados pelos Hunos, os Visigodos estabeleceram-se dentro do
Império Romano. Alojados na Macedônia, tornaram-se aliados, encarregados de defender a
fronteira Romana contra o ataque dos Hunos.
Os Visigodos então, começaram a se expalhar
na região, mas encontraram resistência na figura do Imperador Valente, que tentou expulsá-los.
Contudo, com a morte de Valente (378), Teodósio, seu substituto, deu terras aos
Visigodos para acalmá-los.
Conseguiu assim, que eles o ajudassem nas lutas contra os
Vândalos, cuja invasão ocorrera através da região do curso superior do Danúbio.
Com a divisão do Império Romano em duas partes (Império Romano do Ocidente e
Império Romano do Oriente), os Visigodos iniciaram sua grande invasão.
Cercaram
Constantinopla, mas foram desviados para o Oriente pelo Imperador Arcádio.
Em 410,
conseguiram saquear Roma e continuaram seus avanços até ocuparem a Península Ibérica e
o sul da Gália.
Considerando-se aliados dos Romanos, os Visigodos formaram seu reino
(Reino Visigótico) dentro das fronteiras do Império Romano do Ocidente.
Em 406, um grupo de Vândalos, Suevos, Alanos e Quados atravessou a fronteira do
Danúbio superior e invadiu o Império, liderados por Radagásio.
Os Vândalos ocuparam a
Espanha e atingiram a África.
Lá formaram o Reino dos Vândalos.
Os Burgúndios, por sua vez, ocuparam o Vale do Rio Ródano, em 443, fundando o
Reinos dos Burgúndios.
Os Anglos, Saxões e Jutos fixaram-se na Bretanha, onde formaram
vários reinos.
Na Gália do norte estabeleceram-se os Francos Sálios e os Francos Ripuários.
Em 476, o Império Romano ruiu por completo.
Nesse mesmo ano Rômulo Augústulo,
Imperador de Roma, foi derrubado por Odoacro, Rei dos Hérulos.
O Ocidente estava
totalmente dominado pelos Bárbaros.
Odoacro proclamou-se Rei da Itália, mas não reinou
por muito tempo, já que em 488, outro povo germânico, os Ostrogodos, vindo das margens
do Danúbio, invadiu a Itália.
Assim se denota, que os Reinos Bárbaros foram se formando por volta do século V,
com a crise do Império Romano do Ocidente, e evoluíram durante toda a Idade Média.
Daí
iriam se originar os Estados Nacionais Europeus, da época moderna.
Em razão da decadência da economia européia, praticamente desapareceram as
atividades comerciais.
O mercado limitava-se à compra e venda de artigos de luxo, lã, armas
e escravos.
A indústria se resumia ao trabalho de artesãos e os comerciantes eram na maioria Judeus e Sírios. Além disso, a economia tendia à ruralização e começava a apresentar as
características do modo de produção Feudal.
Com isso, os povos Germânicos (Vândalos, Ostrogodos, Visigodos, Burgúndios,
Anglo-Saxões) trouxeram novos hábitos e costumes, tornando-se com o tempo, a base do
sistema Feudal.
Na Germânia, vivia-se de maneira quase primitiva.
As habitações eram rústicas.
A
caça e a pesca eram os elementos básicos para a subsistência.
A população vestia peles de
animais e tecidos grosseiros.
A guerra, principal atividade, estava reservada aos guerreiros e
homens livres.
Mulheres e escravos cuidavam dos rebanhos e do cultivo da terra.
O pastoreio
constituía o sustentáculo da agricultura.
Quando as pastagens escasseavam, abandonava-se
a área de cultivo e o rebanho era conduzido para outro local.
Assim, os Germanos mantinham
uma atividade agrícola itinerante.
Com isso, o modo de produção dos Germanos combina a
propriedade comum e a propriedade individual do solo.
A propriedade comunitária era o
complemento funcional da propriedade privada (terreno de pastagem, caça, etc.).
Dessa
forma, a comunidade agrícola constituía uma associação de proprietários individuais.
Mas a partir do século I, o contato das tribos bárbaras com os Romanos, trouxe a
desintegração desse sistema comunitário Germânico.
O comércio com os Romanos gerou
disputas no interior das famílias e tribos germânicas.
Alguns chefes atacavam outras tribos
para obter prisioneiros e vendê-los aos romanos.
A terra passou a ser propriedade individual
e não mais comunitária, resultando na formação da propriedade privada.
E assim, essas mudanças alteraram a sociedade primitiva germânica.
Com o
surgimento de uma aristocracia ávida por promover guerras com o intuito de aumentar suas
riquezas, os chefes passaram a ter um poder semelhante ao de reis.
Em conseqüência disso,
formou-se uma nobreza germânica proprietária de terras, que explorava os camponeses.
A
sociedade dos Germanos, era ainda, Patriarcal, ou seja, o chefe da família tomava todas as
decisões.
Eram animistas, adoravam as forças da natureza.
Seu deus principal era Odin ou
Votan, protetor da guerra.
Acreditavam num paraíso onde as Valquírias, virgens guerreiras,
entretinham os felizes guerreiros, que se ocupavam com a caça, a guerra e os banquetes.
Sua
organização social e política compreendia a família, a aldeia, o cantão e a tribo.
Independentes, as tribos se reuniam em época de guerra ou com uma finalidade determinada.
Organizados essencialmente em tribos, os povos Germânicos impediam a existência de um
Estado organizado.
Além disso, as relações políticas eram temporárias, baseadas nos
contratos e no princípio da reciprocidade.
Os chefes deviam comportar-se com justiça e os
guerreiros deviam obedecer ao chefe.
Quem não cumprisse essas obrigações devia pagar por
tal erro.
Tal organização política se denominava Cominatus, Bando de Guerra, e exerceu
grande influência na formação do Feudalismo.
Contudo, entre os vários Reinos Bárbaros formados com o esfacelamento do Império
Romano, muitos não sobreviveram devido à ausência de uma estrutura administrativa e de
poder, que mantivesse a coesão das tribos.
Alguns reinos, entretanto, conseguiram estruturar um sistema administrativo,
principalmente pela dominação de populações que antes haviam sido submetidas à
autoridade romana.
Para a formação desses Estados foi fundamental a aliança entre a Igreja
Católica e os chefes Bárbaros, com sua conversão ao Cristianismo.
Na ordem Feudal em
ascensão, sobrevivia o poder da Igreja Católica.
As divisões administrativas tornavam-se
clericais (bispados, arcebispados), com a Igreja monopolizando todo o saber e tornando-se o
principal aparelho ideológico.
Portanto, a Igreja foi uma ponte indispensável entre a época antiga e a Idade Média,
numa passagem conturbada, marcada por invasões e destruições da velha ordem romana.
Nesse contexto, formou-se o Reino dos Francos, o mais poderoso da Europa Ocidental.
Subdivididos em Francos Sálios (estabelecidos perto da atual Bélgica) e Francos Ripuários
(na região do Baixo Reino), ocuparam as margens do Rio Reno, penetrando, no século V, na
Gália do Norte como aliados dos romanos.
Descendente de Meroveu, Clóvis (481-511) foi o primeiro grande rei Franco,
fundador da Dinastia dos Merovíngios.
Realizou numerosas campanhas militares, ampliando
as fronteiras do reino e aliou-se à Igreja Romana.
As ligações de Clóvis com a igreja
fortaleceram o poder real, com os bispados servindo de base para organizar a administração
do reino.
Os sucessores de Clóvis ficariam conhecidos como os “Reis Indolentes”, pois,
marcados pelo passado tribal recente, não tinham uma preocupação administrativa e
deixaram os negócios públicos nas mãos de um administrador, o Prefeito do Paço, que aos
poucos incorporou a autoridade do monarca.
O Prefeito Carlos Martel (714-740), depois de
vencer os muçulmanos na Batalha de Poitiers, ganhou força militar e política e conseguiu
unificar ainda mais o Reino Franco.
Seu filho, Pepino, o Breve, assumiu o poder com o título
de rei, dando início à Dinastia Carolíngia. Foi sagrado oficialmente pela Igreja Católica.
Com
essa dinastia, tornou-se ainda mais forte a aliança entre os reis Francos e a Igreja, criando
condições para a expansão das conquistas dos Carolíngios.
Carlos Magno (768-814), sucessor de Pepino, o Breve, construiria um grande
império, à custa de campanhas militares contra os Saxões, Eslavos e Muçulmanos.
A Igreja Cristã obtinha poder político e formava-se uma elite de guerreiros, que,
através das guerras, recebiam terras.
No Natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado
Imperador Romano do Ocidente pelo Papa Leão III. O Império Carolíngio, tinha uma
administração simples, mas eficiente.
Era dividido em províncias, chamadas de Marcas,
Condados e Ducados, fiscalizados por funcionários de Carlos Magno, os Missi Dominici
(Mensageiros do Senhor).
Apesar da estrutura política centralizadora, o Império Carolíngio,
pela sua base econômica agrária de subsistência, criou condições para a formação do poder
local de uma nobreza.
As cidades não possuíam um papel econômico, mas apenas militar e
administrativo.
Antes de morrer, Carlos Magno nomeou seu filho, Luís, o Piedoso, como seu
sucessor.
Pelo Tratado de Verdun, de 843, o Império foi dividido entre seus três netos.
Luís,
o Germânico ficou com a Alemanha; Carlos, o Calvo, com a França e Lotário com o norte
da Itália.
Assim, os Condados, Ducados e Marcas, tornaram-se hereditários, gerando uma
poderosa nobreza de condes, duques, marqueses, que adquiriram crescente autonomia
econômica e política, o que contribuiu para a formação do Feudalismo.
Dessarte, durante a Alta Idade Média, enquanto o Império Romano do Ocidente
desaparecia sob as ondas das invasões bárbaras do século V, Constantinopla, antiga colônia
Grega de Bizâncio, tornava-se o centro de um império que sobreviveria por um milênio.
Abrangendo a Península Balcânica, a Ásia Menor, a Síria, a Palestina, o norte da
Mesopotâmia e o nordeste da África, Constantinopla conseguiu manter a unidade do Império
Oriental e representou a síntese do mundo Greco-Romano e do mundo oriental.
O Império
Bizantino mantinha um ativo comércio com as regiões do Oriente, de onde eram trazidas
pedras preciosas, sedas e especiarias.
Nas principais cidades bizantinas, existia uma produção
artesanal de vidros, tecidos e prata, que eram vendidos na Europa Ocidental.
Na agricultura,
predominava a grande propriedade, onde camponeses submetidos à escravidão trabalhavam
para a riquíssima nobreza bizantina.
Formado da união de vários povos, o Império Bizantino apresentava uma estrutura
política multirracial, sendo a língua oficial o Grego.
O poder político estava concentrado nas
mãos do Imperador que, aliado à Igreja, exercia o despotismo total sobre seus súditos.
Durante o governo de Justiniano (527-565), o Império Bizantino atingiu o seu
máximo esplendor.
De origem camponesa, Justiniano chegou ao trono apoiado pelo tio,
Justino, que o adotou como herdeiro.
Casado com Teodora, uma atriz, depois de coroá-la
Imperatriz, Justiniano tornou-a ativa participante das decisões do Império.
Justiniano iniciou sua carreira como legislador logo depois de se tornar Imperador.
Constituiu uma comissão de juristas para a elaboração de um corpo de leis adequadas à
organização política do Império, e no fim de dois anos fez publicar os primeiros resultados.
O Código, revisão sistemática de todas as leis promulgadas desde a época de Adriano.
A
seguir as Novelas, que continham toda a legislação de Justiniano, e em 532, o Digesto,
sumário de todos os escritos dos grandes juristas.
O produto final foram as Instituta,
compêndio dos princípios legais, que orientavam o Digesto e o Código.
A reunião dos quatro
trabalhos em um só Códice configurou o Corpus Juris Civilis.
Mas além de legislador, Justiniano era teólogo.
Tentou reunir o mundo oriental e
ocidental através da religião.
Por isso, governou como representante de Deus.
Pretendendo
uma igreja unificada, imprimiu ao Estado feições absolutistas.
Era o resultado de uma
evolução desencadeada por Constantino, que ligando-se à Igreja, transformou-a na mola
propulsora do Estado.
Pela intimidade com o governo, tão cristão quanto ela própria, a Igreja
fortificou-se e enriqueceu. Ainda que o Patriarca tivesse grande importância, não podia
resolver as questões do Estado.
O Imperador, por outro lado, tinha poder de decisão mesmo
nas questões de fé, independentemente das doutrinas do Papa de Roma.
O Imperador
acumulava, portanto, as funções de chefe da Igreja e do Estado, união que recebeu o nome
de Cesaropapismo.
Constantinopla era uma grande cidade, repleta de palácios e igrejas suntuosas, onde
destacava-se a de Santa Sofia.
O poder e a grandeza do governo de Justiniano se fez pelas
guerras e pela cobrança excessiva de impostos aos súditos Bizantinos que viviam
miseravelmente, o que resultava em revoltas populares. Em 532, explodiu uma violenta
revolta no Hipódromo, conhecida como Revolta Nika, reprimida com a matança total dos
revoltosos.
Com isso, as lutas internas e a instabilidade política eram constantes.
Ao longo de
toda a sua história, existiram 360 imperadores em Bizâncio.
A instabilidade era resultado da
situação de miséria da população e do caráter multinacional do Império, que dificultava uma
dominação política estável.
No século VIII, o grande poder do clero, dono de vastas regiões,
foi combatido pelo Imperador Leão III, com o Movimento Iconoclasta.
Com o decreto de
725, proibiu-se o uso de imagens nos templos.
Na Igreja Oriental, qualquer imagem de Cristo
ou de santos, chamava-se Ícone.
Iconoclastas, quebradores de imagens, eram denominados
os que condenavam o uso de ícones no culto.
Os proventos, as riquezas dos sacerdotes,
derivavam grandemente da manufatura e venda de ícones. Mas a tentativa de aboli-los,
porém, limitou-se à eliminação das esculturas, pois as pinturas foram poupadas.
O Movimento Iconoclasta representou um estágio importante na reformulação das
tradições Romanas e Orientais, pois foi um prenúncio da separação definitiva entre os dois
ramos da Igreja, o Grego e o Romano, que se concretizaria em 1504, através do Grande
Cisma.
Assim, o Império Bizantino entrou em decadência com a Expansão Islâmica, e, em
1453, enfraquecida pelo avanço dos Mulçumanos, Constantinopla foi tomada pelos soldados
de Maomé II.
Por isso mesmo, a influência bizantina se fez sentir durante toda a Idade Média,
emanada principalmente de Constantinopla.
Sobretudo a Europa Oriental recebeu seus
legados: A antiga Rússia assimilou suas instituições, inclusive a Igreja Ortodoxa, sua
arquitetura, seu calendário e parte do alfabeto.
Também o Ocidente recebeu dos Bizantinos
os benefícios de sua cultura.
Além disso, durante a Idade Média, difundiu-se, por todo o Oriente Médio, o
Islamismo.
Trata-se de religião nascida entre os Árabes a qual se converteram muitos povos,
desde a Índia até o norte da África.
Com 600 milhões de adeptos, o Islamismo é atualmente
a religião que possuí o maior número de seguidores, depois do Cristianismo.
Antes de Maomé, a desértica e árida Península Arábica era habitada por tribos
nômades, que praticavam um paganismo primitivo, politeísta, ou seja, cada tribo possuía seus
próprios deuses.
E apesar das diferenças e rivalidades, essas tribos do deserto tinham como
centros as cidades de Meca e Iatreb.
Em Meca ficava a Caaba, o templo onde a Pedra Negra
era adorada por todas as tribos.
Esse local de peregrinação funcionava como pólo mercantil.
Nos séculos V e VI, através do comércio Oriente-Ocidente, do qual a Árabia era
intermediária, formou-se uma classe de comerciantes e proprietários que, para garantir o
poder sobre os nômades do deserto (Beduínos) precisava unir os Árabes e formar um Estado.
Maomé – o profeta –, nasceu em 570, em Meca.
Comerciante até os quarenta anos,
tivera, como condutor de caravanas, contato com Cristãos e Judeus e assim conhecera
religiões que cultuavam um só Deus.
Acreditando no monoteísmo, adaptou-o ao seu povo e
lutou para converter a Arábia à sua fé, que aceitou como dogma a existência de um só Deus,
com Maomé como seu apóstolo e profeta.
Maomé era um grande místico, mas também um
líder político que conhecia a realidade de seu país e compreendia que sua unidade estava na
dependência de um ideal comum.
Meca, além de ser um centro de peregrinação, era um entreposto comercial entre a
Arábia e terras do Oriente: Índia e China.
Uma oligarquia mercantil detinha o poder
dominando a Caaba.
Maomé contrapôs-se aos comerciantes, defendendo os oprimidos e
pobres.
Por isso, 622, foi obrigado a fugir de Meca para Iatreb.
Essa data até hoje é venerada
como a Hégira, o início da era muçulmana.
Em Iatreb (Medina), Maomé foi bem recebido.
O prestígio econômico se deslocava
para essa cidade que, com simpatia, aceitou a possibilidade de se transformar também em
centro religioso.
Nos dez anos que separaram sua fuga e sua morte (em 632), Maomé
converteu a maioria das tribos Árabes, às vezes usando a força, por meio dos exércitos que
formava, à nova religião.
E impôs aos convertidos uma série de leis morais e civis,
compiladas no livro sacro denominado Alcorão (O Discurso), que prometia aos bons e
corajosos o paraíso de Alá.
Alá é o nome do Deus único.
Além disso, durante a Expansão
Árabe, os mesmos demonstraram ser conquistadores bravos e tolerantes.
As regras que
impunham não afetavam a vida corrente.
A civilização dos povos submetidos não era
destruída, mas incorporada.
Capturaram Damasco, Jerusalém, Antioquia, dominaram o Egito
e a Pérsia.
Atingiram a margem Africana do Atlântico e os confins da Índia.
E assim,
sucessivamente, ao longo dos anos, atravessaram os Pirineus e penetraram na França.
Conquistaram a Sardenha, a Córsega, a Sicília, Creta e o sul da Itália.
Devido às diferenças étnicas, o mundo muçulmano foi dividido em Estados,
chamados de Califados. Assim, o Egito transformou-se no Califado dos Fatímidas.
A Síria
no Califado dos Abássidas e a Espanha no dos Almorávidas.
Os Califados dominaram o comércio do Mediterrâneo no século X, praticando uma
divisão internacional de trabalho, pela qual regiões como a da Síria, por exemplo, exportavam
produtos artesanais e importavam produtos agrícolas.
Com isso, os muçulmanos, não rejeitavam os sistemas filosóficos de outros povos ou
religiões.
Por isso, traduziram os pensamentos de Platão e de Aristóteles, pouco se
preocupando com o paganismo dos antigos Gregos.
Assim, através das produções Árabes, o mundo Europeu acabou conhecendo, em
plena Idade Média, os pensamentos dos filósofos gregos que, rejeitados como pagãos pelo
Cristianismo primitivo, eram simplesmente ignorados na Europa dos séculos anteriores à
invasão Árabe.
O contato com o mundo Grego, descoberto graças aos seguidores de Alá, não
somente modificou a filosofia cristã (como ocorreu, com São Tomás de Aquino), mas
também apressou as modificações sócio-culturais que geraram o Renascimento.
O primeiro grande filósofo árabe foi Al Kindi.
Viveu no século IX e considerava-se
neoplatônico.
Ibn Sina – chamado Avicena –, de origem Persa, viveu no século X e foi o
introdutor da indução na filosofia.
Realizou estudos de psicologia, influenciado por São
Tomás e Albert Magnus.
Ibn Rush – chamado Averróis –, natural de Córdoba, viveu no
século XII e transmitiu as idéias Aristotélicas ao mundo Ocidental Europeu, aceitando a
doutrina da dupla verdade: a religiosa e a intelectual.
Os Árabes desenvolveram a medicina, a química, e alcançaram grande progresso na
matemática, sobretudo na álgebra.
Além disso, foram responsáveis pela criação dos
algarismos.
Entretanto, a ciência árabe estava submetida ao ensino da religião islâmica, não
podendo desenvolver-se livremente.
Por isso, buscando muitas vezes na ciência o impossível
e o fantástico, acreditavam ser possível traçar o destino dos homens pelos astros, e por meio
de experiências químicas procuravam a pedra filosofal que transformaria metais comuns em
ouro.
A poesia era amplamente cultivada pelos Árabes.
O mais célebre poeta foi Omar
Khayam, autor do poema Rubayat.
A literatura também tinha importância para os Árabes.
Na época do califa Harun al-Rachid, em Bagdá, foi escrito o famoso livro As Mil e Uma
Noites.
Por fim, a destruição do comércio cristão no Mediterrâneo tornou a economia
Européia cada vez mais agrária e fechada, acentuando um processo iniciado com a queda do
Império Romano e com as invasões bárbaras.
Para alguns historiadores, esse fenômeno
econômico foi o fator fundamental na formação do modo de produção Feudal."
E assim, depois de duas aulas seguidas de história geral, os alunos puderam descansar
um pouco.
Isso por que, enquanto o professor passava a matéria, Fábio e seus colegas se
esforçavam ao máximo para a acompanharem a aula do mestre.
Por isto, estavam cansados.
Alguns alunos, chegaram até a comentar:
"-- Ave Maria. Esse professor não pára nem um minuto ... Ainda bem que a aula
acabou."
"-- É verdade. – concordou outro aluno – Eu não já estava agüentando mais."
Sim, neste último ano de curso, os professores estavam realmente exigindo mais
empenho de seus alunos.
Daí a dificuldade de alguns deles acompanharem as aulas.
Mas isso também não era um problema difícil de se resolver.
Para Fábio, era só uma
questão de se acostumar com o ritmo dos mestres, e nisso ele estava se empenhando muito.
Se empenhando tanto, que até seus próprios colegas percebiam isso.
De tanto que sonhava em ser professor, Fábio acabou conseguindo trabalhar, como
professor substituto na mesma escola que estudou.
Além disso, os próprios professores da
faculdade, não se cansavam de elogiar sua dedicação aos estudos.
Diferentemente de seus colegas de classe, o rapaz se preocupava em participar das
aulas.
Estudioso, como se já pôde constatar, o rapaz se ocupa todas as tardes, de seus
estudos.
Mas tanto empenho e dedicação aos estudos, também lhe traz alguns problemas.
Isso por que, nem todos os seus colegas de classe vêem com bons olhos, sua
dedicação.
Muitos ali, o consideram um verdadeiro puxa-saco.
Contudo, isso não incomodava nem um pouco o rapaz.
Acostumado a se cercar de pessoas amistosas, nunca se importou com isso.
No entanto, o que interessa aqui, é que, após o intervalo, os alunos retornaram para
suas classes, e a aulas prosseguiram.
Depois, já tarde da noite, Fábio retornou para casa.
Exausto, mais do que depressa guardou suas roupas no armário, e se preparou para
dormir.
Na cama, deitou-se e logo adormeceu.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução desde que citada a fonte.
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