Poesias

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Luminosa Tarde

Tarde que cai, manhã que se afasta se displicente.
Horas velozes, tempo que se distancia, ouço a memória do tempo.
Antiquário, móveis antigos, castiçais, candelabros, objetos ricamente adornados, trabalhados.
Uma moça passa vestida numa longa saia rodada, uma blusa discreta e uma bolsa pequena em uma das mãos.
Ao fundo um jardim, campo verde e florido, bancos de praça.
Ela passa ao lado de tantas belezas e não percebe.
Que pena!
Um dia tão lindo, e sozinha e nem se dá conta.
Antes passara por algumas pessoas que estavam de mudança, colocando pertences em um caminhão, velhos conhecidos, sendo alguns jovens de sua idade.
Enquanto atravessa o jardim, se mira na vitrine do antiquário e entra.
Ao adentrar o estabelecimento se depara com uma escada e resolve ir até o andar superior.
Caminha devagar, degrau por degrau, tomando o cuidado necessário para que não ouçam seus passos.
Quando chega ao topo da escada, entra no corredor e anda até chegar a um quarto que está com a porta entreaberta e, ao entrar no dormitório tem ela uma grande surpresa.
Um quarto todo arrumado, ricamente ornamentado, de cores suaves.
Na cama várias almofadas e ao lado um criado-mudo, um de cada lado.
Mais além, um toucador, sofás, mezinha, flores espalhadas por todo o quarto, armários, estante e muitos outros móveis.
A moça ficou encantada.
Reparou no ambiente e viu que não havia fotos e nada de pessoal no quarto.
Por isso achou que talvez não dormisse ninguém ali há muito tempo.
O que não esperava, era ser surpreendida por alguém.
Mas foi o que aconteceu.
No caso, um senhor de uns trinta e cinco anos entrou discretamente no ambiente e a moça não percebeu.
Assustada pediu para retirar-se, mas o homem a reteve segurando-a pelo braço.
Insistente, pediu para que ela não fosse embora.
-- Por favor. Me deixe ir. – respondeu.
A partir desse momento ele começou a conversar com ela dizendo que a conhecia e que não se surpreendeu com a invasão.
Disse ainda, que a mãe e a irmã moravam com ele naquele lugar.
E mais, disse para ela que voltasse quando quisesse.
Ele não se importava com as visitas da moça e gostou de sua presença.
Chegou a segurar em suas mãos.
Pediu para que ela ficasse, que não precisava fugir dele.
Ela então prometeu que voltava e ele a deixou sair.
Somente neste momento ele soltou suas mãos.
E a moça de prontidão atravessou correndo o corredor até chegar nas escadas.
Longo corredor, só agora se dera conta.
Desceu devagar os degraus e foi embora tranqüilamente.
Só voltou para aquele lugar depois de alguns dias.
Sentiu saudade e resolveu voltar.
Um dia voltou.

Luciana Celestino dos Santos
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