As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer
Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização
Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar
O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas
Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas, a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias, a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar
O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar
Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras
E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também
Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres
Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente
E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!
Luciana Celestino dos Santos
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