Poesias

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

VALONGO - CAPÍTULO 20 - VERSÃO OFICIAL

E a jovem Carolina, ali sentada a sombra da árvore, a ouvir as histórias de Adroaldo.
Pensava em quantas vezes sua avó Carolina, ficara a esperar por Olavo.
Quem sabe ali, próxima da árvore.
A árvore não ficava muito longe da sede da fazenda.
Mais tarde, o moço convidou a moça para dançar.
Ainda sob os olhares vigilantes de Rosália.
Adroaldo, com seus modos refinados, faziam Rosália recordar-se de Abelardo.

Com ele, Carolina teria uma filha de nome Carolina, e um menino de nome, Tarcísio.
Também ela não viera a se casar.
Permanecendo solteira.
Adroaldo, morrera cedo, após uma convivência de cerca de oito anos com a mulher.
Tarcísio, o filho mais velho, ainda apresentou problemas de saúde.
Os médicos diziam que o menino não sobreviveria.
Contudo, o menino resistiu.
Como não apresentasse melhoras, Carolina achou por bem levar o filho para longe dali.
Adroaldo então levou o menino para a casa dos pais.
E Carolina, ficou a cuidar da propriedade.
Adroaldo passou meses no lugar.
Voltou mais disposto.
Quando chegou nas terras paternas, aparentava cansaço e tristeza.
Carolina ao vê-lo tão bem disposto, perguntou se o filho havia melhorado.
Adroaldo respondeu-lhe que sim.
Com o tempo porém, de volta ao lugar, o menino voltou novamente a piorar, precisando ser novamente encaminhado para outras plagas.
Carolina então, percebendo que o menino ficava melhor longe dali, concordou que ele fosse criado em outro lugar.
A última vez em que o menino passou mais tempo na fazenda, teve seus problemas respiratórios agravados, e quase morreu afogado em um dos rios do lugar.
Ao perceber a vida de seu filho se esvaindo, sem que nada pudesse fazer, Carolina fez uma promessa de que, em Tarcísio sobrevivendo, mandaria o menino para longe, onde estudaria, e se formaria.
Carolina cumpriu a promessa.
Conforme o menino se recuperou do acidente, foi levado para a casa dos avós, sendo criado por eles.
Mais tarde a criança foi matriculada em um colégio interno, onde passou a receber visitas dos pais.
Tarcísio porém, nunca aceitou bem a separação, e a falta de convívio com os pais.
Mais tarde, Carolina deu luz a Carolina.
Com isto, cerca de dois anos mais tarde, Adroaldo faleceu dormindo.
Era jovem ainda, fato este que causou perplexidade em todos os moradores da região.
Carolina não veio a se casar com o moço, em razão do mesmo já ser casado em primeiras núpcias com uma jovem.
Segundo Adroaldo, o casamento se desfizera em virtude de erro de pessoa.
Dizia ter sido enganado, pois ao casar-se com a moça, não sabia que a mesma possuía sérios problemas de saúde.
Esmeralda padecia de problemas mentais.
Embora aparentasse sanidade mental, com intervalos de lucidez, possuía sérios distúrbios de comportamento.
Com o tempo se tornou agressiva, ameaçando inclusive a integridade física do marido.
Que, sem condições de continuar a conviver com a esposa, precisou interná-la em uma casa de saúde.
Desde então vinha tentando anular o casamento, em que pese a reprovação da família da moça, que entendia o gesto como falta de caridade e humanidade.
Adroaldo dizia que jamais desampararia a moça, em que pese ter sido enganado, mas argumentava ter o direito de retomar sua vida.
Nisto mostrou a Carolina, uma marca de faca, a qual disse ter sido feita por Esmeralda.
Quando Carolina soube disto, ficou furiosa.
Dizia que havia sido enganada.
Exigiu explicações.
Perguntou-lhe por que não lhe dissera nada sobre o impedimento.
Adroaldo disse-lhe que havia gostado dela, e que se contasse a verdade, provavelmente seria rechaçado por todos os membros de sua família.
Carolina argumentou que sua mãe Rosália jamais aceitaria seu envolvimento com um homem separado, cujo desenlace conjugal não havia sido desfeito pelas leis da igreja, encontrando-se impossibilitado de se casar.
De fato, Rosália resistiu a ideia.
Dizia que a filha estava louca.
Carolina dizia que nenhuma das mulheres da família casara.
Argumentou que quem chegou perto da possibilidade de casamento, não conseguiu realizar o intento.
Dizia que poderiam realizar uma cerimônia e que ninguém precisava saber que não era de fato, casada com Adroaldo.
Com isto, para provar que estava sendo sincero, o homem levou a jovem para a casa de repouso onde Esmeralda estava internada.
Pelos documentos mostrados, a moça, quando da internação, ainda era casada com Adroaldo.
Como era de se esperar, a moça, que não reconhecia mais ninguém, foi agressiva com o casal.
Carolina ficou penalizada ao ver Esmeralda sendo amarrada e sedada pelos enfermeiros.
Adroaldo então, retirou-se com Carolina, da sala.
Rosália então, ao perceber que não teria como impedir a união, pressentindo que a filha poderia fugir com o moço, acabou por aceitar o relacionamento.
Preparou uma cerimônia religiosa.
Conversando com o padre, prometeu auxiliá-lo com doações, em troca do sigilo da cerimônia.
O homem concordou com a proposta.
Carolina vestia um bonito vestido branco.
Adroaldo usava um fraque.
Carolina guardava fotos do evento.
As poucas fotografias tiradas com um fotografo.
Lembrar fazia amenizar a saudade.
Pois como sua mãe e sua avó fizeram, bem como todas as outras mulheres que as antecederam, todas ficaram sozinhas no mundo a cuidar de seus filhos.
Carolina sua filha, também se envolveu com um forasteiro.
Grávida, a jovem se mudou para São Paulo.

Luciana Celestino dos Santos
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