Estive pensando no quanto as palavras são em várias ocasiões supérfluas.
Muitas
vezes, para se externar um grande momento não se fazem necessárias, basta contemplar a
beleza do espetáculo.
Tudo na vida é tão simples e lá vão os homens complicá-las com estranhos
estratagemas metafísicos e escatológicos.
Isso tudo somente para dificultar a inteligência do
que é demasiado simples.
A transcendência do homem reside na sua transmutação de essência potencial do ser
para a sua causa final, se transmudando, lapidando o diamante bruto que permanece latente
em todos nós.
Para entendermos o que está imanente em nós, nem sempre se faz preciso a
utilização de palavras, que nem sempre expressam a verdade, e nem sempre são exatas, pois
perdem a precisão no meio da inexatidão da vida, que é rica, que nos explora, que nos suga
e nem sempre nos leva onde queremos ir.
Quanto mais eu vivo, mais eu percebo que a beleza das palavras reside em simples
toque da pedra filosofal, aquela que magnífica, realiza a transformação dos metais pouco
nobres em preciosa riqueza mundana, ouro.
A beleza das palavras reside no simples
momento em que elas são eternizadas numa folha de papel, onde são colhidas as melhores
flores deste jardim que é o idioma, e exploradas com grande estudo e cuidado.
O falar em
muitas ocasiões é pobre, efêmero e muitas vezes não acrescenta nada ao momento que se
está vivendo.
A situação vivificada é tão mais preciosa que palavras lançadas ao vento!
Vento que não faz mais do que perder a força do momento.
Já parou para pensar naquelas frases de efeito?
É muito triste reduzir a vida a tão
grande pobreza de linguagem.
A vivência de um grande momento sentido no coração não se
faz traduzir nem por dezenas de milhares de palavras.
O momento é único, só a memória da
vida os fotografa e consegue captá-los em sua exatidão.
Por isso brindo às palavras sem brilho das páginas de um livro empoeirado.
Com
certeza ele tem mais beleza do que muitas frases sem nexo que se ouvem perdidas pelo vazio
do tempo.
Um brinde as palavras que se fazem brindar por sua força e perenidade.
Afinal,
contradizendo o ditado, o que é bom, permanece.
"O poema da vida é tão bom que permanece cristalizado na pena do artista.”
Luciana Celestino dos Santos
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