Poesias

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

VALONGO - CAPÍTULO 22 - VERSÃO OFICIAL

Porém, ao retornar ao escritório, e em conversas com conhecidos, Venâncio descobriu que a jovem fora vista, por diversas vezes, conversando com rapazes em bares e casas noturnas.
Foi o bastante para o rapaz exigir satisfação da moça, que tentou a todo custo dizer que não havia saído de casa, e que devia ter sido confundida com outra pessoa.
Venâncio porém, não queria saber de desculpas.
Ríspido, perguntou-lhe se era para isto que havia ficado em São Paulo.
Argumentou que se ela não estava interessada em ter um relacionamento sério com alguém, não deveria ficar enganando-o e mentindo para ele.
Ester tentou argumentar, disse que estava sendo radical, mas Venâncio estava irredutível.
Não queria saber de desculpas.
Razão pela qual terminou seu relacionamento com a moça.
Quando Carolina soube da novidade, lamentou o ocorrido, mas asseverou que havia males que vinham para o bem.
Venâncio contudo, ficou muito desapontado com a moça.
Para consolá-lo, Vandré conversou com ele.
Disse que logo logo ele iria encontrar uma boa moça, e esquecer a decepção que tivera com Ester.
O moço porém, não queria falar na moça.
Assim, sempre que ameaçavam tocar no assunto, Venâncio tratava logo de desconversar, encaminhando a conversa para outros temas.
Perguntava do trabalho de Vandré.
Nestas conversas, Venâncio perguntava ao irmão se estava progredindo, em suas pesquisas.
Vandré respondeu-lhe que sim.
Participou-o das novidades.
Falou-lhe do interesse em pesquisar amuletos.
Venâncio perguntou-lhe se acreditava realmente no poder de amuleto.
Vandré disse-lhe que por enquanto estava apenas pesquisando.
Argumentou que precisava entender por que a família acreditava tanto em maldição.
Venâncio respondeu que ao conhecer um pouco mais da história da família, passou a entender o por quê de tantas pessoas acreditarem em maldição.
Dizia que de fato eram pessoas sofridas, e compreensível sua apreensão.
Vandré concordou.
Argumentou porém, que acreditar em maldição, no entanto, era um pouco prematuro.
Venâncio ofereceu ajuda, mas Vandré respondeu-lhe que esta busca cabia a ele.
Completou dizendo porém, que caso precisasse, o chamaria para acompanhá-lo em suas pesquisas.
Venâncio respondeu que estaria sempre a postos.
Nos dias que se seguiram, Ester ficou a ligar para Venâncio, que se recusava a atendê-la.
Assim, sempre que via o número do telefone da moça em seu aparelho celular, o rapaz tratava de desligar o aparelho.
Certa vez, a moça apareceu no escritório do homem.
Dizia estar arrependida do seu jeito desinteressado e do jeito displicente, pelo qual conduzira o namoro.
Tentando argumentar, Ester dizia que desta vez tudo seria diferente.
Insistia em ter uma nova chance com o rapaz.
Mas Venâncio estava irredutível.
Com isto, sempre que a moça ligava para o escritório, Venâncio, instruía a colega Tânia a despachá-la.
E Tânia inventava diversas desculpas.
Dizia que Venâncio estava em uma reunião, que havia saído, que não se encontrava no setor.
Aborrecida, Ester chegou a cercar a moça na saída do escritório.
Queria tomar satisfações.
Disse-lhe que sabia que estava sendo instruída por Venâncio, mas que não se daria por vencida e trataria de reconquistá-lo.
Por fim foi embora.
Tânia ficou perplexa e a se perguntar do por quê da atitude da moça.
Contou o ocorrido a Venâncio.
O moço, ao tomar conhecimento do fato, ficou envergonhado.
Tentando se desculpar, argumentou que não tinha o direito de envolvê-la em toda aquela confusão.
Prometeu que iria conversar com a moça e dar um ponto final na história.
Tânia ao ouvir isto, argumentou que ele não tinha que dar satisfações para ela.
Mas o moço insistiu.
Argumentou que ela sempre fora muito gentil com ele e com todos os colegas do escritório.
Merecia ser respeitada.
Por fim, recomendou a mulher, que caso Ester lhe causasse mais problemas, deveria comunicá-lo, para que fossem tomadas as medidas cabíveis.
Tânia ao ouvir isto, comentou que não pretendia causar transtornos para ninguém.
Venâncio respondeu-lhe que quem havia criado problemas era Ester.
Nisto, dias depois, o moço apareceu de surpresa na casa da moça.
Ester ao vê-lo ficou radiante.
Por alguns instantes, acreditou que o moço estava disposto a reatar o namoro.
Contudo, quando o moço começou a dizer que ela havia passado dos limites, e que se continuasse a importuná-lo ou a qualquer de seus colegas, seria compelido a tomar medidas legais contra ela, Ester se assustou.
Nisto Venâncio argumentou que ameaça era crime, e que ela poderia ser presa por isto.
Ester ficou surpresa com a agressividade.
Argumentou que nunca havia visto ele tão nervoso.
Venâncio por seu turno, mencionou que tampouco conhecia o lado inconveniente da moça.
Afirmou-lhe que estava avisada, e que caso voltasse a ligar para o escritório, ou ficasse cercando seus funcionários, ela iria se entender com ele.
Ester tentou argumentar com o moço, mas Venâncio rebateu dizendo que ela estava avisada.
E assim, a moça teve que se calar.
Nisto o moço se retirou.
Ester fechou a porta.
Ficou chorando.
Estava arrependida da burrada que havia feito, mas já era tarde, não havia mais como consertar o estrago.

Com o tempo, o moço começou a sair com Tânia.
A moça atenciosa, era o oposto de Ester.
Certa vez, o moço ofereceu uma bonita bijuteria para a moça.
Tratava-se de um broche.
Dizia ter sido de sua avó.
Tânia ao observar o objeto, comentou que era lindo.
Contudo, argumentou que não precisava mentir, dizendo se tratar de um objeto de valor.
Venâncio ficou completamente sem graça.
Tânia então, tratou de completar dizendo que trabalhou numa joalheria, e conhecia um pouco de joias.
Rindo, disse que não seria fácil de enganá-la.
Ressaltou que sabia que não se tratava de uma peça de família.
Jantaram.
Venâncio pediu-lhe desculpas.
Disse que fora um tolo por mentir.
No que Tânia concordou.
Argumentou que entendia o fato dele estar ressabiado com as mulheres, mas que isto não justificava uma atitude tão boba.
O rapaz concordou.
Argumentou que fora infantil.
Que tentou testá-la, e o tiro saiu pela culatra.
Tânia riu.
Disse que não estava mais em idade de passar por avaliações.
Venâncio então, perguntou como a moça havia descoberto a mentira.
Demonstrou curiosidade.
Tânia então, após ao jantar, enquanto estava sendo conduzida ao carro pelo moço, resolveu contar o segredo.
Disse que ao observar a bijuteria, verificou os materiais.
Argumentou que por se tratar de uma suposta joia que pertencera a sua avó, era um objeto antigo, que certamente sofrera algum desgaste do tempo, pois, por mais cuidado que houvesse em seu manuseio, haveria desgaste.
Ressaltou que a peça não tinha marcas do tempo, parecendo ter acabado de sair da fábrica.
Novinha em folha, com um brilho imenso.
Mais tarde ao segurar a peça, comentou que era um trabalho muito bem feito, e que uma pessoa menos atenta, certamente seria enganada pelo truque.
Venâncio riu.
Estava admirado.
Disse-lhe que nunca havia conhecido alguém tão interessante e inteligente quanto ela.
Seus colegas advogados, ao tomarem conhecimento da novidade, parabenizaram-no.
Diziam:
- Até que enfim você se tocou!
- Já não era sem tempo!
- Até que enfim.
Todos que o conheciam, parabenizaram-no quando souberam que ele estava saindo com Tânia.
Nenhum deles gostava de Ester.
Consideravam a moça fútil e interesseira.
Nisto, quando o rapaz finalmente comentou do término do namoro com os amigos, todos lhe disseram que foi a melhor coisa feita por ele.
Que deixasse Ester encontrar alguém na justa medida para ela, era o que diziam.
E assim, quando Venâncio e Tânia passaram a namorar, todos os seus amigos comemoraram.
Elogiaram seu bom gosto, dizendo que Tânia era uma mulher bonita e inteligente.
Venâncio concordava.
Dizia ter tirado a sorte grande.
Considerava-se um homem de sorte.
Vandré, quando soube do namoro, também parabenizou o irmão.
Venâncio brincou com o irmão, que agora era hora dele desencalhar.
Vandré retrucava rindo, dizendo que estava satisfeito com sua solteirice.
Logo foi apresentado a namorada do irmão.
Tânia era uma moça educada, elegante, discreta.
Quando Venâncio contou ao irmão que falara um pouco sobre sua pesquisa à moça, mencionou que ela conhecia pessoas que possuíam coleções de objetos indígenas, entre eles amuletos.
Vandré perguntou ao irmão de onde ela conhecia estas pessoas.
Venâncio respondeu-lhe que a moça tinha amigos antropólogos e arqueólogos, e estes objetos seriam doados a um museu.
Curioso, o moço pediu para falar com Tânia, que lhe contou com mais detalhes a história.
Tânia comentou então, que já havia visto algumas peças e que estava todas muito bem conservadas.
Mencionou que o objeto que mais lhe impressionou foi um muiraquitã.
Vandré ficou interessado, e pediu a moça para agendar um encontro com os tais amigos.
Disse que tinha muito o que conversar com eles.
Tânia sorridente, respondeu-lhe que agendaria um encontro.
Venâncio agradeceu a gentileza da moça.
Por alto, Venâncio já havia lhe dito que o irmão estava empreendendo uma pesquisa sobre cultura indígena.
No que Tânia mencionou os amigos.
Relatou também que muita gente possuía ancestrais indígenas na família.
Venâncio concordou.
Certa vez, a moça comentou possuir curiosidade em conhecer a história de seus antepassados.
Seus ancestrais.
Comentou pouco conhecer da história dos avós, e menos ainda dos bisavós, e de quem os antecedeu.
E no entanto, lá estava ela, descendente de todas estas pessoas que não conhecia.
Contudo, mesmo não as conhecendo, faziam parte de sua história.
Rindo, Tânia comentou aquilo era meio louco.
Venâncio ficou a pensar nas palavras da moça.
Perdido em pensamentos, ficou pensando em como deveria ser reconfortante saber sua origem.
Curiosamente sabia das histórias de seus ancestrais, mas pouco sabia a respeito de seus pais, em especial, quem teria sido seu pai.
Tânia, percebendo a distração do moço, perguntou-lhe:
- Oi? Moço? Onde você está?
Venâncio então, ao perceber que a moça lhe chamava, pediu-lhe desculpas.
Disse que estava distraído.
Tânia perguntou-lhe então:
- Posso saber em que tanto pensas? Espero que não seja nenhuma mulher. - completou rindo.
Venâncio olhou a moça com deboche.
Rindo, comentou que estava pensando em muitas mulheres.
E nisto, começou a citar nomes de atrizes da tevê.
Tânia, ao perceber a provocação, jogou uma almofada no moço.
O jovem segurou o objeto.
Venâncio argumentou então, que a vida era muito engraçada.
Disse que enquanto alguns querem conhecer a história dos avós, bisavós, trisavós, outros só gostariam de saber quem foram seus pais.
Como se encontraram, como se conheceram, se houve amor entre eles.
Tânia ouvia com atenção.
Disse que aquilo tudo aquilo era familiar.
Foi então, que como todo o cuidado, perguntou se Carolina não havia lhe contado nada sobre seu pai.
Venâncio respondeu-lhe que não sabia nem se ele e Vandré eram filhos do mesmo pai.
Tânia ao ouvir isto, pediu-lhe desculpas.
Disse que havia se metido onde não fora chamada.
Venâncio então respondeu-lhe que não havia falado nada demais, e que ela como parte da família, tinha todo o direito de se inteirar de seus assuntos.
Tânia fez menção de argumentar, mas Venâncio, ao perceber isto, comentou que iria apresentá-la ao restante de sua família, quando voltasse a fazenda do Valongo.
Disse-lhe que iria apresentá-la como sua noiva.
Tânia tentou argumentar, mas Venâncio disse-lhe que eram favas contadas.
A mulher ficou intrigada.
Como assim, favas contadas?
E Venâncio respondeu-lhe que ela estava condenada a ficar a seu lado, por todos os séculos, dos séculos, dos séculos.
Ao ouvir isto, a mulher caiu na risada.
- Que conversa mais louca!
Nisto o homem segurou sua mão, beijou seu rosto, e perguntou-lhe se aceitava se casar com ele.
Tânia ria.
Venâncio impaciente, indagou-lhe, exigiu uma resposta.
Tânia risonha, respondeu que sim.
O moço, achando graça, comentou que já estava pensando que ela iria desistir dele.
Falou rindo para ela nunca mais repetir isto.
Tânia argumentou que ele era muito engraçadinho.
Mais tarde, quando recebeu um telefonema de Carolina, informando que a matriarca havia piorado, Venâncio convidou a moça para acompanhá-lo em viagem.
A jovem tentou desconversar, mas Venâncio foi mais rápido.
Disse que ela estava intimada a comparecer na Fazenda Valongo em sua presença, sob pena de condução coercitiva.
Risonha, Tânia perguntou-lhe como faria para conduzi-la coercitivamente, caso não fosse espontaneamente.
Venâncio respondeu-lhe que requisitaria força policial.
Debochada, Tânia perguntou do que se tratava a tal força policial.
Venâncio respondeu que chamaria toda a Guarda Nacional, na pessoa de seu irmão, seus amigos, e sua mãe.
Argumentou que caso precisasse tomar esta medida drástica, estaria perdida.
Tânia ria.
Disse-lhe que não tinha jeito, e que diante das circunstâncias, iria acompanhá-lo na viagem.
Por fim, argumentou se não iria incomodar se o acompanhasse.
Venâncio respondeu-lhe que não.
Tânia porém, insistiu para que o moço informasse a mãe de sua ida.
E Venâncio então, telefonou para a mãe.
Informou-lhe que estava noivo de Tânia e se poderia levá-la para lá.
Carolina, ao ouvir a história de noivado, ficou apreensiva.
Pensou que se tratava de Ester.
Venâncio teve que lhe contar que terminara o noivado com Ester.
Comentou que conheceu uma moça, que na verdade já era sua colega de trabalho, e estavam namorando.
Venâncio comentou que resolveu ficar noivo de Tânia.
Carolina ao ouvir o relato do moço, ficou desconfiada.
Chegou a perguntar ao moço, se não estava se precipitando.
Afinal, mal terminou um noivado e praticamente começou outro.
Carolina recomendou-lhe juízo e mencionou que esperava que ele soubesse o que estava fazendo.
Venâncio, um pouco decepcionado com a reação da mãe, e comentou que apesar do balde de água fria, estava feliz.
Argumentou que quando ela conhecesse Tânia, suas reservas iriam desaparecer.
Por fim, Carolina mencionou que não era momento de se levar visitas a fazenda.
No que Venâncio comentou que ela fazia parte da família, e que precisava apresentá-la a avó.
Carolina, percebendo o entusiasmo do moço, acabou concordando.
Contudo, recomendou-lhe que dissesse a moça que não se tratava de um evento festivo.
Venâncio concordou com as recomendações.

Carolina então, acabou aceitando receber a moça.
Com isto, dias depois, o trio seguiu viagem.
Venâncio contou do estado de saúde da avó.
Tânia chegou a lhe perguntar se aquela era a melhor hora para conhecer sua família.
Venâncio retrucou dizendo, que todos estavam esperando por ela.
Tânia concordou então, em acompanhá-lo.
Preparou sua mala.
Viajaram de avião.
E do aeroporto, seguiram de carro para a propriedade.
Um funcionário da fazenda, os aguardava no aeroporto.
Ao chegarem na fazenda, Venâncio lhe mostrou a porteira.
Disse-lhe que aquele lugar era o Valongo.
Tânia curiosa, perguntou o por quê do nome.
Vandré respondeu-lhe que se tratava de um antigo mercado de escravos.
A moça respondeu que havia uma cidade em Portugal, com o mesmo nome.
Venâncio argumentou que talvez por isto, o mercado tivesse este nome.
Nisto, chegaram a sede da fazenda, onde foram recepcionados por Carolina.
Venâncio apresentou as mulheres.
À mãe, Carolina, disse que a moça era bacharela em direito, sendo seu braço direito e esquerdo no escritório.
Venâncio apresentou a mãe, como a pessoa que cuidou dos filhos, e agora estava cuidando da própria mãe.
Tânia estendeu a mão.
As mulheres se cumprimentaram.
Nisto a mulher levou a moça para seu quarto.
Venâncio e seu irmão dormiriam em outro.
Séria, a mulher olhou para o filho dizendo para que tivesse juízo.
Tânia achou graça.
Mais tarde, ao passear pela propriedade, a moça comentou que Carolina era muito zelosa.
Venâncio rindo, comentou que ela não sabia o quanto.
O moço ensinou a moça a andar a cavalo.
Tânia retrucou disse que estava bem com os pés no chão, e não tinha interesse em ficar montada em um animal que não sabia controlar.
Mas Venâncio prometeu escolher um cavalo manso para que ela pudesse aprender.
E assim, depois de muito insistir, acabou convencendo a moça.
Tânia relutante, aceitou subir em um animal.
Venâncio auxiliou-a.
Segurou as rédeas do animal, e caminhou ao lado do cavalo.
A moça surpreendeu-se com os modos gentis ou cavalheirescos de Venâncio.

Luciana Celestino dos Santos
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