Vandré e Venâncio também se recordavam de sua história.
Vandré era um jovem bonito, mais novo que o irmão, e bastante apegado a família.
Sempre que podia, participava das reuniões em família.
Gostava de ouvir as histórias de seus ancestrais.
E munido de informações, anotava os relatos dos parentes.
Possuía até uma espécie de diário.
Venâncio, ao saber disso, brincava com o irmão dizendo que ele seria escritor.
Era o mais velho dos irmãos.
Estava noivo de Ester, uma moça muito bonita.
Mas a jovem, que não estava nem um pouco interessada nos assuntos da família do noivo,
argumentou que não estava muito bem de saúde, e que não poderia ir.
Venâncio ficou bastante desapontado, mas não insistiu.
Somente argumentou que não era a primeira vez que a moça ficava indisposta às vésperas de uma
viagem para conhecer sua família.
Mas para evitar brigas, respondeu-lhe que iria sozinho, e depois contaria como foi a viagem.
Conheceram-se em uma festa.
A moça muito bonita, e bem vestida, chamou a atenção de todos.
Inclusive de Venâncio, que a convidou para dançar.
Ester, receptiva, dançou com o moço.
Conversaram, e em pouco tempo, começaram a namorar.
Atencioso, o moço levava a jovem para almoçar em restaurantes sofisticados.
Levava Ester a festas badaladas, e presenteava a moça com roupas de grife.
A moça, mal acostumada, levava o rapaz para passear em frente a lojas caras, joalherias.
Contudo,
até o momento, Venâncio, não havia presenteado a namorada com uma jóia.
Em que pese as sugestões da moça.
Ester estava impaciente com isto.
Venâncio por seu turno, apaixonado que estava, não conseguia enxergar isto.
Com efeito, ninguém também tinha coragem de dizer que algo estava errado.
Neste sentido, a única pessoa que o alertava com relação a moça, era sua colega de trabalho Tânia.
Tânia, era uma mulher de cerca de trinta anos.
Divorciada.
Vivia aconselhando o moço.
Dizia para ficar atento a moça.
Foi ela quem o aconselhou a esperar um pouco, para presentear a moça com uma jóia.
Dizia que o valor de um presente estava na intenção de presentear, e não necessariamente em seu
valor monetário.
Venâncio certa vez, ouviu insinuações de que a mulher estava interessada nele.
O rapaz porém, dizia que isto era maledicência.
Curiosamente, agora que estava com sua vida longe dali, ao pensar no pedido de noivado que fizera a
Ester, tal fato lhe causava estranheza.
Pensou que embora gostasse de Ester, a ponto de marcar um almoço de noivado com a família da
moça, sem ao menos, comunicar o fato à sua família, estava inseguro.
Vandré, ao tomar conhecimento do noivado às pressas, perguntou ao irmão o que teria acontecido
para que tomasse esta decisão de forma tão intempestiva.
Venâncio não sabia o que dizer.
Argumentava que agira por impulso.
Dizia estar apaixonado pela
moça.
E assim, comprou um anel de noivado, e em um dos inúmeros jantares em que levou a moça,
aproveitou a ocasião, para lhe pedir em casamento.
Vandré então desejou-lhe felicidades.
Brincando, chegou a dizer que um dos solteirões finalmente iria se casar.
Chegaram a ir até a venda próxima dali, para comemorar o noivado.
Apearam de seus cavalos amarrando-os as árvores, e entraram no estabelecimento.
Vandré então, pediu uma garrafa de cerveja.
Brincando, depois da segunda garrafa, Venâncio respondeu que precisavam maneirar, pois iriam
dirigir.
Vandré argumentou que não estava dirigindo, e que quem iria guiá-los seriam os cavalos.
Rindo, Venâncio concordou.
Voltaram tarde.
Sua mãe Carolina, notou quando ambos chegaram, tropeçando nas escadas.
Não gostou nada do que viu.
Luciana Celestino dos Santos
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