Enquanto escrevo palavras jogadas numa folha de papel, sinto um pássaro batendo
asas dentro de mim.
Este colibri quer navegar por mares nunca dantes navegados.
Quer conhecer o
mundo.
Oh! Minha terra querida que os merecidos tempos e a vida não trazem mais.
Se tudo depende de nós, porque as coisas que lutamos para mudar, não mudam?
Talvez seja por falta de ânimo, por não sabermos esperar pelas mudanças, que são
lentas, vagarosas, quase invisíveis.
Sem percepção...
Aurora de saborosa manhã, um sol forte começa a se apresentar, só sinto sua brisa
quente a me acompanhar.
Por companhia só falta uma frágil e suave ventania.
Adeus triste
sombra gelada.
Agora só pretendo a companhia do lar.
Solar...
Músicas soluçam e ecoam por todos os ares que agora trazem sons que evaporam
por todos os sentidos.
Soam lirismo puro.
Lirismo arrasador, que perturbador arrasta a todos à uma dança voluptuosa e
frenética.
Sons lindos que fazem jorrar...
À sombra destas linhas horizontais que agora escrevo, sinto escorrerem por entre os
dedos...
Agora jaz em paz...
A tecla salutar soluça entre vertiginosos ais e já se desfaz, mas não se traz tão longa
esperança.
Adeus.
A patativa quando canta ao longe sobrevoa por entre folhagens.
A nívea paisagem, juntamente com o canto do uirapuru, o grande pássaro
amazonense de belas cores e penagens esplendorosas, enche a floresta de sons e cores.
Oh! Voz maravilhosa!
Ando a procura da vida, um passo distante, a lua brilhante se faz cada vez mais
distante.
Ah! Falso pesar, caminhar, desalento.
Um sentir de passos pesados.
A rua cintilava
de estrelas brilhantes, carros passando apressados pela avenida.
Ah! Distância quão ingrata tu és...
Cores do som das flores que exalam odores que pelo jardim se espalham.
Crianças correndo pelo quintal, velha bica abandonada.
A água jorra por dentre
musgos, que de limosos só se deleitam durante à tarde refrescante.
Calor ardente, o sol que despeja seus raios solares...
Agora vou aproveitar para lhe dar uma utilidade.
Será que guardarás as páginas de um livro velho abandonado na estante?
Ou será
um luminar de folhas novas, num livro contemporâneo, aberto às novas gerações?
Seu destino só depende de um gesto...
Livro – conjunto de folhas rabiscadas.
Fechadas no conjunto de uma obra.
Momento de deleite e esplendor diante da visão maravilhosa de um momento
inspirado do autor.
Instante de leveza...
Aurora querida, traga minha vida que o vento deixou para trás, por trás dos montes
que se espalham pela colina azul.
Quero correr por minha terra distante, por fado inconstante, ouvir o som do desejo.
Fim
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde citada a fonte.
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