Poesias

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

DAS VOLTAS DO MUNDO

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23 de outubro de 2011 às 11:54
CAPÍTULO 1

“A minha profissão, vou ter que abandonar
Por que meu coração, não pode suportar, ai ai
Contei ao diretor, o que me aconteceu
Disse ele bravo professor
Até que enfim um amor o convenceu

Desta maneira  eu não posso lecionar
Há uma aluna que eu estou a namorar
Seu diretor não queira estar no meu lugar
Nem a história do Brasil eu sei contar

Essa garota não me deixa respirar
Nove vezes nove já não sei multiplicar
As minhas pernas começaram a tremular
Eu vou parar, eu vou parar
Eu vou parar de lecionar ...”

(O Professor Apaixonado – Nilton César)

E assim, ao som de um sucesso da época, começava o dia dos alunos que estudavam no Colégio Pedro de Alcântara.
Às seis e meia da manhã, a maioria dos estudantes já estavam a caminho da escola para as aulas, que começavam as sete horas.
Antes de sair de casa, se preparavam, tomavam banho, se vestiam, tomavam café, diziam bom dia para seus pais e conversavam um pouco.
Enquanto caminhavam pela calçada até chegar a escola, os pensamentos os levavam para o dia anterior, quando seus cantores preferidos apareceram na televisão em alguns dos programas de maior audiência da época.
A cidade parava só para ver Roberto Carlos, Wanderléa, Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso, Os Vips, Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, The Jordans, Golden Boys, Eduardo Araújo, Silvinha, Jerry Adriani, enfim, toda a Turma da Jovem Guarda.
Essa famosa turma, era alvo de verdadeira veneração dos jovens do lugar.
E  estes, entretidos em seus pensamentos, seguiam para a escola. Os alunos, queriam ainda, rever os amigos e contar-lhes as impressões que tiveram ao verem seus ídolos na televisão.
Sobre os programas de televisão, poderiam conversar o dia inteiro se quisessem.
Só que a escola, não é o local mais indicado para isso. Ainda mais quando a aula já começou, e os professores querem a atenção dos alunos todas para si.
Assim, quando o professor de literatura percebeu uma conversa paralela, tratou imediatamente de interromper a aula e chamar a atenção de quem conversava. Advertiu-os de que ali não era o local apropriado para se conversar. Ainda mais quando outra pessoa já estava falando.
Assim, diante da situação constrangedora, os alunos pediram desculpas ao professor e a aula prosseguiu normalmente.
Seguiu-se o discurso do mestre falando sobre as cantigas de amor, de escárnio e de maldizer. Até porque o período literário enfocado na aula, era o do Trovadorismo.
Com isso, aliás, o mestre ressaltou que apesar de muitos creditarem à Idade Média, a infame designação de Idade das Trevas, isso não era verdade. Nesse período histórico, ocorreram inúmeras manifestações culturais. Surgiu a arquitetura gótica, que data da época. Bizâncio, atual Constantinopla, resistiu por mais de mil anos depois da invasão dos bárbaros, quando da invasão romana. E ali perdurou uma rica cultura. Durante a Idade Média, como ele mesmo estava explicando, houve manifestações literárias. O teatro, invenção grega, passou a ser criado, agora, em seu modelo português.
O professor comentou ainda, que o maior expoente desse teatro foi Gil Vicente.
Enquanto ensinava um pouco mais sobre a cultura portuguesa do período, a aula se encerrou.

Para muitos dos alunos, foi um alívio. Já não agüentavam mais ouvi-lo falar do Trovadorismo.
A seguir, seria aula de história.
Por conta disso, muitas alunas ficaram alvoroçadas. Estavam encantadas com a beleza do jovem professor. Adoravam assistir suas aulas, ouvir suas histórias e seus comentários durante as aulas.
Isso por que, logo no primeiro dia de aula, quando o mestre se apresentou, as moças, já ficaram alucinadas.
Quando afirmou que seria ele quem ministraria as aulas de história nos próximos meses, as garotas desejaram que esses meses mencionados pelo jovem professor, se estendessem por anos.
Por ser ainda jovem, as garotas ficaram admiradas com o fato de terem um professor com quase a mesma idade delas.
Em razão disso, muitas delas aproveitavam para puxar conversa com ele sempre que tinham oportunidade. Faziam-lhe perguntas sobre a matéria da aula, e com isso aproveitavam para se aproximar.
E dessa forma, o professor passou a ser assediado.
Portanto, assim, que o mestre entrou na sala, pôde se ouvir um burburinho. Eram as alunas comentando entre si, sobre a entrada do professor em classe.
 Mas, assim que entrou na sala, o professor não fez de rogado. Abriu sua maleta e de lá retirou um livro de história. Ao fazê-lo, recomendou a todos os alunos que abrissem o livro na página quinze, para que pudesse começar a falar sobre a matéria da aula.
Prontamente, os alunos pegaram seus livros e o abriram na página indicada.

Foi aí então que começou a falar do processo de divisão dos períodos históricos. Mencionou que o processo histórico normalmente é dividido em História e Pré-história. Isso por que, o que separa um período do outro é o surgimento da escrita, que passou a ser o marco divisor da história. A partir de então, possibilitou-se a preservação da história e o conhecimento de acontecimentos remotos.
Contudo, nas palavras do mestre, não existe muita precisão no que tange a data de surgimento do homem na terra. O que se sabe atualmente é que, o início do primeiro período, qual seja, a Pré-história, foi calculado com base em pesquisas arqueológicas, nas quais foram encontrados instrumentos fabricados pelo homem, há cerca de dois milhões de anos. Assim, há mais ou menos dois milhões de anos, deu-se início a pré-história, período que se encerrou com o surgimento das primeiras civilizações.
O professor, comentou  ainda, que mesmo a Pré-história se subdivide,  em Paleolítico, também conhecido como Idade da Pedra e o Neolítico, ou então, Nova Idade da Pedra. No primeiro período, os instrumentos eram mais rudimentares, feitos de lascas de pedras. Já no período seguinte, os artefatos eram mais trabalhos, sendo produzidos através do desgaste e polimento das pedras. No Período Paleolítico houve também o início da agricultura e do cultivo de animais. Os homens dessa época eram nômades e coletores de alimentos. Quanto ao Período Neolítico, os antigos nômades, se tornaram agricultores sedentários, o que possibilitou sobremaneira, o surgimento da política.
A partir de então, o jovem mestre, passou a ressaltar que a natureza do homem, é de um ser político, gregário. Desde as mais priscas eras, o homem sempre sentiu necessidade de viver em sociedade. E foi a partir dessa época, que a política começou a se desenvolver.         
Com isso, retomou o tema inicial da aula e comentou sobre a Revolução Agrícola, ocorrida durante o período Pré-histórico.
Disse ainda, que o Período Paleolítico se divide em superior e inferior.
Nesse instante, começaram a surgir as primeiras brincadeiras sobre a aula.
-- Ah, professor, se decide. Quantas divisões das subdivisões tem esses períodos?       
-- Calma, pessoal. Eu já estou terminando com o período pré-histórico. 
-- Acho bom mesmo, professor. Esse período é muito chato.
E assim, se seguiu a aula.
Retomando, o professor, comentou ainda, sobre a origem dos primeiros hominídeos, ‘Homo Habilis’, ‘Homem de Java’, ‘Homem de Pequim’. Cujo surgimento, foi a cerca de dois milhões de anos atrás. Depois, veio o ‘Homem de Neanderthal’, as primeiras cerimônias de sepultamento dos mortos, e o uso de instrumentos mais elaborados para caçar. Foi nesse período que deu-se a descoberta do fogo e início da vida social. 
No Paleolítico superior, surgiu o ‘Homem de Cro-Magnon’. Foi a partir daí, que passaram também a fazer armas com os ossos e chifres dos animais mortos em caçadas. Os alimentos passaram a ser cozidos. A vida social começou a sofrer um processo de evolução com a divisão do trabalho. Época das pinturas rupestres, feitas nas paredes das cavernas, as quais, passaram a ser também, o habitat desses homens durante as épocas mais frias. Nessa época, se deu o surgimento das primeiras manifestações artísticas dos homens pré-históricos.
Enquanto explicava a evolução da pré-história, uma aluna perguntou:
-- Professor. Qual é a pronúncia do citado homem? Cro-Ma, o que?
-- É o homem de ‘Cro-Magnon’. Pronúncia-se ‘Cro-Manhon’.
-- Ah, bom. Está certo professor. Obrigada.
-- De nada.
Disse isso e retomou a aula.
Por fim, falou sobre o Período Neolítico. Nesse momento, surgiram os primeiros instrumentos confeccionados com pedra polidas. Nessa mesma época iniciou-se a produção de tecidos rudimentares, a fabricação de instrumentos de cerâmica e o uso de metais. E a partir daí, se possibilitou o surgimento das primeiras civilizações.
Entretanto, diante do término da aula, este era o tema da aula seguinte.
E assim, por ser a hora do intervalo, boa parte dos alunos tratou de sair da sala.

Alguns dos que ficaram, foram conversar com o professor.
Entre as pessoas que permaneceram na sala, estavam algumas garotas. E destas, três foram conversar com o mestre.
-- Professor. Muito interessante a Pré-história.
-- Concordo. Ali foram dados os primeiros passos para o surgimento da civilização como a entendemos. Nesse longo caminho, vocês também poderão constatar que essa mesma história não possuí uma trajetória linear, constante. Muitas vezes, a história da humanidade, retrocedeu em alguns pontos, ou mesmo permaneceu estagnada.
-- Como assim?
-- Conforme as aulas forem prosseguindo, vocês saberão. Agora vão para o intervalo de vocês que daqui a pouco acaba. Com licença.
Disse e se retirou da sala. Tinha aula com a turma do segundo ano, depois do intervalo, por isso, precisava se apressar.
Nisso, as meninas se despediram do mestre e foram para o pátio, conversar um pouco.

-- Você viu o programa ontem? – perguntou Sabrina.
-- Vi e adorei. Vocês sabem que eu adoro as músicas do Roberto Carlos. –  respondeu Sandra.
-- Pois eu não vejo a menor graça nele. – desdenhou Fabiola.
-- Ah, é? E em quem você vê graça? – perguntou Sandra.     
-- Eu vejo graça em quem eu posso ver de perto. – respondeu Fabiola.
-- Como o professor? – perguntou Sabrina.
-- Sim. Eu o acho bonito.
-- Nós também, Fabiola. – responderam as duas em uníssono.
-- Ele é um charme mesmo. – reiterou Fabiola.
Nisso bateu o sinal, prenunciando o início de mais uma aula. A temida aula de matemática.
Desanimados, os alunos entraram na classe para mais uma sessão de tortura.
Depois disso, ao término das aulas, os alunos retornaram para casa.

Luciana Celestino dos Santos
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