Contudo, essas digressões, acabaram por lhe render um sério problema com o diretor
do colégio, Seu Rubens.
Isso por que, seus comentários em sala de aula, sobre a ideologia dos povos antigos,
e sua crítica pessoal a respeito disso, era extremamente perigosa, naqueles tempos.
Por isso, preocupado, Seu Rubens, ao ouvir os alunos comentando em grupo sobre o
ocorrido, teve logo o cuidado de lhe chamar em sua sala, para adverti-lo de que tal conduta
era inadequada.
Fábio, por sua vez, ao perceber seu modo temerário de agir, desculpou com o diretor,
mas comentou: "-- Concordo com o senhor, que o regime em que estamos vivendo, não nos permite
sermos muito reflexivos. Mas eu também não posso me omitir e me furtar de comentar
mesmo que furtivamente, tal assunto. Afinal de contas, eu sou um educador ou não?"
Seu Rubens, sabendo que toda a atividade intelectual do país sofria censura, e que os
colégios, eram alvo de vigilância, ao ouvir o comentário do rapaz, concordou com ele, mas
disse, que ele estava proibido de falar sobre isso nas suas próximas aulas.
Tudo isso, sob pena de ser afastado do colégio, para sua própria segurança.
Afirmou
com pesar, Seu Rubens, que via no rapaz, um amigo.
Um amigo de distinta consideração, mas alguém também, pelo qual também devia
zelar e repreender, se necessário fosse.
Tal incidente, só serviu para desestabilizá-lo.
De tão chateado, chegou até a comentar com sua mãe, o ocorrido.
Para piorar, além do incidente com os comentários proferidos em classe, ainda tinha
que enfrentar a hostilidade ostensiva dos alunos em relação a sua pessoa.
Fábio já estava perdendo a paciência com seus alunos.
Mas Dona Irene, calma como sempre, aconselhou o filho, a não perder a tranqüilidade.
Este então retrucou dizendo que estava sendo difícil aturar tantas provocações.
No que Dona Irene insistiu com o filho:
"-- Mesmo assim, você não deve perder a calma. Afinal de contas, é isso que eles
querem. Se for o caso, leve o assunto a direção. Mas nunca aceite provocações. Está bem,
Fábio?"
O rapaz então, mais calmo, acabou concordando com a mãe.
Sim, Dona Irene estava certa.
Com relação a este assunto, não havia muito o que fazer.
A única coisa que devia continuar fazendo era ministrar suas aulas e se impor perante os
alunos.
Caso isso não desse certo, aí sim, seria o caso de se tomar medidas drásticas.
Mas por enquanto, ainda não.
No entanto, apesar dos dias que se seguiram, a animosidade em relação a ele,
continuava.
Mas, a despeito disso, precisava continuar a ministrar suas aulas.
Assim, de posse do livro de história, recomendou aos alunos que o abrissem na página
20.
E ao perceber que todos os alunos tinham aberto o livro, na página indicada, começou
sua aula. Primeiramente foi dizendo:
"-- Foi devido ao poder econômico de seu império, que a Pérsia conseguiu dominar
todo o Oriente Próximo.
No entanto, vencidos na guerra contra os Gregos, os Persas perderam
o predomínio sobre outros Estados da Antigüidade.
Dessa forma, a hegemonia econômica se
deslocou das civilizações do Oriente Próximo para a civilização grega.
Veremos, a seguir,
como a civilização grega se formou, conquistou o poderio econômico sobre todo o mundo
antigo e acabou perdendo-o para o Império Romano.
Mas primeiro, é preciso dizer que,
existem muitas maneiras de se dividir a história grega.
Contudo, o critério que considero
melhor, é o que inicia-se, pelo Período Pré-Homérico – que data de 2500 a 1100 antes de
Cristo –, este período antecedeu a formação do povo Grego.
O segundo período é o Período
Homérico – datado entre os anos de 1100 a 800 antes de Cristo –, esta fase foi retratada pelos
poemas de Homero, quais sejam, a Ilíada e a Odisséia.
Em terceiro lugar vem o Período
Arcaico – entre os anos de 800 a 500 antes de Cristo –, esta foi a fase da formação dos grandes
Estados.
O Período Clássico – entre os idos de 500 à 400 antes de Cristo –, esta fase envolve
o apogeu da civilização Grega.
E por fim, temos o Período Helenístico – 336 à 146 antes de
Cristo –, período correspondente ao declínio da Grécia.
Este país, está localizado a leste do
Mar Mediterrâneo, na Península Balcânica, apresentando relevo acidentado e um litoral
recortado por golfos e baías, banhado pelo Mar Egeu e pelo Mar Jônico.
Seu território é
recortado ao meio pelo Golfo de Corinto.
Ao norte deste golfo localiza-se a Grécia
continental.
Ao sul, a Grécia peninsular.
Vistos do Mar Mediterrâneo, esses dois territórios
têm a forma de uma mão aberta.
Existe ainda uma terceira parte, a Grécia insular, formada
por um conjunto de numerosas ilhas espalhadas pelo Mar Egeu.
A Grécia continental
apresenta grandes relevos, intercalados com planícies férteis, isoladas entre si. A Grécia
peninsular, localizada mais ao sul, é recortada por golfos e baías com uma orla marítima
extremamente favorável à expansão para seu interior.
Com isso, devido ao relevo
marcadamente montanhoso, a prática da agricultura revelava-se difícil na Grécia,
restringindo-se a um quinto das terras.
Diante disso, o comércio tornou-se a atividade
econômica básica.
Desta forma, o período anterior a formação do povo grego é denominado
Pré-Homérico, ou da Grécia Primitiva.
Na região, ocupada pela população Autóctone,
originada dali mesmo, desenvolveu-se a civilização Creto-Miscênica, cujos principais
centros eram a cidade de Micenas e a Ilha de Creta.
Os cretenses foram fundadores do
primeiro império marítimo de que se tem notícia.
Provavelmente eram de raça ariana,
chegando a Ilha de Creta procedentes da Ásia Menor através das diversas ilhas que percorrem
o Mar Egeu.
Vivendo nas planícies mais férteis da ilha, os Cretenses cultivavam vinhas,
cereais e oliveiras que utilizavam para seu próprio consumo ou para exportar para outras
regiões.
Ensinados por outros povos do Oriente, tornaram-se hábeis artesãos, trabalhando
principalmente com metais e cerâmica.
Utilizando as madeiras da ilha, construíam navios de
até vinte metros de comprimento.
Além disso, são famosos seus prédios públicos, embora
não tenham ficado vestígios dessas construções.
Cnossos, a Capital de Creta, era uma cidade
de grandes palácios, onde viviam reis (chamados Minos) cercados de uma poderosa nobreza,
o que refletia sua pujança econômica.
A civilização cretense possuía uma organização
política semelhante à egípcia no Antigo Império. Além do mais, a história de Creta e de seu
povo, foi considerada lendária até o século XIX.
Sua existência só foi confirmada pelo
trabalho de arqueólogos, como Arthur Evans, que tornou possível reconstituir a história de
seus palácios e documentos e estudar de forma científica seu passado.
A partir do século XX
antes de Cristo, sucessivas invasões de tribos nômades, de origem indo-européia, abalaram o
vigor cultural Creto-Micênico.
Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios saquearam e destruíram a
22ª região e assimilaram parte dos costumes e das instituições, formando pela mistura racial e
cultural, o povo Grego.
Assim, o primeiro grupo indo-europeu a chegar à Grécia foram os
Aqueus.
Originários da Ásia, vieram com seus rebanhos em busca de melhores pastagens.
Ocuparam as melhores porções do território, localizadas na Grécia Central.
Com o tempo,
tornaram-se um povo sedentário, vivendo da agricultura e do pastoreio.
Formaram pequenos
núcleos urbanos, cujo centro mais importante foi Micenas.
O contato de Micenas com os
Cretenses fez nascer a civilização Creto-Miscênica, resultante da integração das duas
culturas.
Mas, os Cretenses tinham muito o que ensinar aos Aqueus.
Como por exemplo,
técnicas agrícolas, construção naval e cultura religiosa.
Os Aqueus foram alunos tão
aplicados que por volta de 1400 antes de Cristo, acabaram destruindo a civilização cretense
e tomando Cnossos, sua principal cidade."
Com isso, após esta longa explanação, Fábio aproveitou então, para fazer uma breve
pausa para esclarecer às dúvidas dos alunos.
Mas, estes, ao invés de fazerem perguntas sobre a matéria que o professor estava
explicando, começaram a conversar entre si, e a fazerem gracinhas.
Fábio, ao perceber isso, resolveu continuar a aula.
E assim prosseguiu.
Ao falar sobre a Grécia nos tempos de Homero, o professor contou que, por volta de
1200 antes de Cristo, a Civilização Micênica atingiu seu apogeu e expandiu-se em direção à
Ásia.
Nesse ínterim, chegaram os Dórios, último povo indo-europeu a penetrar na Grécia.
Aguerridos, ainda nômades, sabendo utilizar armas de ferro, os Dórios massacraram as
cidades gregas.
Destruíram Micenas e fizeram com que a vida urbana praticamente
desaparecesse.
Com isso, a população retornou para um tipo de vida mais primitivo, voltando
a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou Gens.
A
história da Grécia entra, então, em um novo período.
A civilização que começa a se formar tem como base econômica a produção agrária
doméstica.
O centro da vida econômica e social é o Oikos, unidade familiar de produção.
A
grande família, ou Clã, trabalhava numa vasta extensão de terra e produzia o necessário para
seus habitantes.
Os membros deste Clã moravam juntos em grandes casas e obedeciam a um
chefe, denominado Páter. Vários Clãs, ou Gens, formavam uma Fratria, e várias Fratrias uma
tribo.
O chefe da tribo era o Basileu.
A princípio, vivia-se num regime de comunidade
primitiva.
Não havia propriedade privada e todos os membros tinham direitos iguais.
Quem
não desejasse trabalhar, era imediatamente expulso.
A posição social dependia do grau de
parentesco com o Páter-família.
Contudo, esse sistema se deteriorou, devido principalmente
a duas causas: o crescimento da população, que não foi acompanhado pelo crescimento da
produção, pois as técnicas de cultivo, eram muito rudimentares; e a tendência dos Gens a se
dividirem em pequenas famílias, o que causou o afrouxamento dos laços familiares.
Além
disso, a repartição dos bens comuns era realizada pelo chefe da comunidade, que beneficiava
seus filhos mais próximos, em prejuízo dos parentes mais afastados.
Com isso, mais tarde,
repartiu-se a própria terra.
Assim, a posse da terra, de coletiva, passou a ser privada.
Formou-se então, uma classe de grandes proprietários (a Aristocracia).
As conseqüências da desintegração dos sistema Gentílico foram inúmeras.
No plano
social, ocorreu um aumento das diferenças sociais.
Havia grandes proprietários de terras
férteis, pequenos proprietários de terras pouco férteis e muitos que perderam tudo.
Para estes,
só havia um caminho, procurar novas atividades.
Tornaram-se por isso, artesãos ou então,
passaram a se aventurarem em busca de outras terras além-mar.
No plano político, essa
desintegração provocou a passagem do poder do Páter-família para os parentes mais próximos, os Eupátridas (filhos do pai).
Estes passaram a controlar os equipamentos de
guerra, a justiça e a religião. Os Eupátridas deram origem à aristocracia grega, cujo poder
resultou da posse da terra.
Os aristocratas, não possuíam a força coletiva dos Gens.
Para se
defenderem, apoiaram-se nas Fratrias e nas tribos, e finalmente, formaram as Cidades Estados.
Os costumes e a própria história dessa época foram narrados de forma lendária por
Homero, autor da Ilíada e da Odisséia, os dois grandes poemas épicos da mitologia grega.
Na Grécia de Homero, além dos Aristocratas, a sociedade era composta por homens livres,
sem posses, os Tetas, e por artesãos, os Demiurgos.
Além disso, existia também um pequeno
número de escravos, utilizados em trabalhos domésticos.
E nisso, enquanto mostrava aos alunos um painel da cultura grega, os rapazes,
começaram a rir e a conversar entre si.
Fábio, ao perceber a conversa paralela em sua aula, advertiu os alunos, de que a
matéria que estava explicando, seria objeto de avaliação e que seria importante que todos
prestassem atenção nas aulas. Isso por que, além de ser um período importante da história,
era também necessário que eles conhecessem a matéria, insistiu o professor, para logo em
seguida, dar prosseguimento à sua aula.
Com isso, por algum tempo, houve uma calmaria na classe.
E assim, o professor continuou falando.
Retomando de onde havia parado, comentou que:
"O crescimento da desigualdade
social através da consolidação de uma sociedade de classes resultou na desintegração dos
Oikos e dos Gens e na formação das Cidades-Estados gregas.
E ainda, para terem segurança
da dominação social e se defenderem das constantes invasões, os parentes do Páter, os
Aristocratas, passaram a residir em refúgios fortificados, chamados Acrópoles. Em volta da
Acrópole, os Demiurgos faziam artesanato e praticavam o comércio, surgindo daí uma
concentração popular que originou a Pólis (a cidade).
No início, essas Cidades-Estados eram
essencialmente núcleos de proprietários de latifúndios (Aristocratas) e lavradores.
Viviam
dentro de muralhas e saíam todos os dia para trabalhar no campo, regressando à noite.
O
território de uma cidade grega incluía um perímetro agrário, com toda a população ali
existente. Em algumas Cidades, o crescimento do comércio e do artesanato, com uma divisão
social de trabalho mais intensas, fortaleceu uma camada média de Demiurgos.
As Cidades Gregas apresentavam características muito especiais.
Havia a Acrópole,
templo construído numa elevação.
A Ágora, praça central onde se reuniam os habitantes.
O
Asty, mercado onde se realizavam as trocas comerciais.
No momento em que esse tipo de
cidade se firmou, a economia passou do sistema Gentílico para o Urbano, embora
prevalecessem ainda alguns elementos da economia familiar.
Entretanto, a organização social
ainda refletia o passado tribal do Período Homérico.
Os habitantes das cidades permaneciam
divididos em Clãs e Fratrias, sendo os primeiros, de composição especialmente aristocrática.
Assim, formaram-se aproximadamente duas centenas de cidades, com um
desenvolvimento histórico diferente.
Mas as duas principais cidades foram Atenas e Esparta.
E apesar de contarem com poucas terras férteis, Atenas, Corino e outras cidades gregas,
estabeleceram governos onde o poder era exclusividade de quem possuía grandes extensões
de terras (latifúndios).
O aumento da população e a concentração da riqueza provocaram
conflitos sociais, nos quais as camadas médias se chocavam com a Aristocracia, pois a classe
de comerciantes e artesãos tornava-se rica e forte.
O pequeno proprietário rural levava uma
existência precária.
A pequena propriedade era engolida pela grande e a subdivisão das pequenas propriedades entre os herdeiros tornava impossível uma agricultura eficaz.
A
solução para todos esses problemas foi a colonização."
E assim, Fábio prosseguiu sua aula, falando sobre a colonização grega.
Para ele, os mesmos fenômenos sociais que provocaram a desintegração dos Gens a
partir do século VIII antes de Cristo, passaram a agir com intensidade nos séculos seguintes.
Os filhos mais novos ou os deserdados da fortuna começaram a abandonar a Grécia, indo em
busca de novos lugares, com o objetivo de ter uma vida mais lucrativa e agradável.
A nobreza
de nascimento, mas sem bens, assim como o pequeno proprietário empobrecido tinham na
colonização uma saída para seu crônico problema social.
Logo essa dispersão provocou a formação de novas cidades, entre as quais Marselha,
no Mar Mediterrâneo, e Bizâncio, onde hoje se localiza Istambul.
Ademais, o desenvolvimento do comércio e do artesanato exigia novos mercados
consumidores para ânforas, azeites e outros produtos.
Precisava-se também, de fornecedores
de alimentos, pois o árido solo grego não conseguia alimentar toda a população.
Além disso,
a fundação de colônias, com saques das tribos nativas, era um importante recurso de
aquisição de escravos.
E assim, o escravismo crescia, junto com o comércio e o artesanato.
Desse modo, além das condições sociais, a busca de novas terras e a necessidade de alimento
foram dois importantes fatores da expansão dos domínios da Grécia.
As colônias gregas
possuíam governo próprio, mas mantinham com a Cidade-Mãe, a metrópole, laços culturais
e econômicos.
Com isso, a ampliação do comércio entre a metrópole e a colônia resultou no
desenvolvimento, na metrópole, do artesanato e do comércio.
Algumas cidades gregas, como
Atenas e Corinto, transformaram-se em cidades rodeadas de bairros de comerciantes e
artesãos.
Assim, com a separação entre o artesanato e a agricultura, o trabalho escravo
cresceu largamente, sobretudo por que a escravidão não se devia apenas ao endividamento
do pequeno proprietário, mas também ao comércio, saque e importação de escravos
estrangeiros.
Dessarte, o crescimento do comércio e do artesanato, assim como o
desenvolvimento das forças produtivas, consolidou na Grécia uma sociedade de classes, com
predomínio do trabalho escravo.
A ampliação das camadas médias (Demiurgos) e do escravismo, bem como a
expansão do colonialismo, provocou a contestação do poder da Aristocracia, originando
conflitos sociais e políticos que caracterizam a passagem do Período Arcaico para o Período
Clássico.
Além disso, Reformas como a de Sólon, em Atenas, e a Tirania, como a de
Pisístrato, também em Atenas, foram reflexos políticos das mudanças sociais e econômicas
resultantes da colonização Grega.
Assim, o desenvolvimento da propriedade privada no século VIII antes de Cristo –
quando a economia era ainda essencialmente rural, baseada na exploração agrícola –
favoreceu o poder da Aristocracia.
Em toda a Grécia continental, ocorreram violentos
conflitos sociais motivados pelo incremento das relações mercantis, que privilegiam
comerciantes e artesãos, e por uma inadequada distribuição da propriedade fundiária.
Diante disso, a crise política tornou-se mais grave quando os Aristocratas perderam
definitivamente o poder militar.
Com a introdução de armas baratas – lanças e escudos de
madeira –, os pobres puderam ter a chance de defender-se mais ativamente.
Desse modo, os
Aristocratas viram-se atacados por dois inimigos: comerciantes e artesãos enriquecidos que
queriam participar do governo e defender seus interesses; e pobres marginalizados que, na
ânsia de melhorarem sua condição econômica, reivindicavam o fim da escravidão por dívidas
e uma repartição mais justa da propriedade.
Embora nas cidades mercantis, como resultado
das lutas sociais, o peso dos estratos urbanos tenha permitido a transição das Aristocracias tradicionais para as Democracias do período clássico (cujo melhor exemplo é Atenas), os
escravos pouco ganharam com esses movimentos.
Com isso, os escravos continuaram a ser o principal sustentáculo da economia grega,
já que tanto proprietários rurais como comerciantes e artesãos necessitavam de seu serviço
para expandir os negócios.
Na verdade, o trabalho escravo existia na Grécia desde o Período
Homérico, quando a forma mais comum de escravidão era a doméstica.
Inicialmente,
predominou a escravidão por dívida, isto é, o devedor passava a ser propriedade do credor,
ou os pais vendiam os filhos ou filhas considerados rebeldes, ato comum em sociedades
Patriarcais.
Com a colonização e o desenvolvimento do escravismo, no final do Período
Arcaico, houve uma diversificação das tarefas atribuídas aos escravos.
A economia das
cidades gregas passou a depender cada vez mais da mão de obra escrava para desenvolver
suas atividades produtivas.
Os escravos desempenhavam desde as funções de um trabalhador
braçal até atividades administrativas, recolhendo impostos para o Estado.
Juridicamente, eles
simplesmente não existiam, dessa forma, não possuíam nenhum direito e o proprietário (ou
Estado) podia fazer deles o que bem entendesse.
As mulheres escravas eram utilizadas como objeto sexual, sendo submetidas a uma
operação que as impedia de gerar filhos.
Os alunos ao ouvirem isso, voltaram a fazer troça das explicações do professor.
Do fundo da classe, se ouviam comentários do tipo:
"-- E ai professor! Isso é uma aula de história ou de pornografia?"
Ao ouvir isso, Fábio se enervou.
Rispidamente disse que ali era um lugar onde as
pessoas iam para aprender coisas novas e não para comentarem piadinhas.
Alertou-os ainda,
de que se tal situação se repetisse consideraria a matéria como aula dada e não retomaria mais
o assunto.
Diante disso, os alunos resolveram parar um pouco com as piadinhas em sala de aula.
E assim, o professor pôde novamente dar seguimento à sua aula.
Como isso, foi logo dizendo:
"-- Continuando.
O valor de um escravo variava conforme suas habilidades.
No
Período Helenístico, esse tipo de mão de obra alcançou um preço maior, devido ao afluxo de
ouro e prata.
As guerras do Período Clássico também resultaram no aumento do escravismo,
a partir do jugo imposto aos povos vencidos.
Nesse período, entre 70% a 80% da população
era constituída de escravos.
O Cidadão era aquele que não era escravo ou estrangeiro.
Como
praticamente não trabalhava, podia dedicar-se ao exercício da Cidadania, participando da
política e interessando-se pelo desenvolvimento da ciência e da filosofia.
Assim se observa
que o auge da cultura grega, coincide com a existência de uma massa escrava explorada.
Diante disso, quando o escravismo entrou em crise, o brilho cultural da civilização grega
entrou em decadência."
Com isso, encerrou-se a aula.
Contudo, antes de se retirar da classe, o professor avisou os alunos de que retomaria
o assunto, na aula seguinte.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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