De lá foi até a sala do terceiro ano e começou sua aula.
Como sempre fazia, ao entrar na classe cumprimentou os alunos, abriu sua maleta e
retirou um livro.
Ao abrir na página 91, começou a dizer:
"-- A Revolução Francesa, significou o rompimento do absolutismo.
Ela eclodiu em
um momento no qual a burguesia e o sistema capitalista nascidos dentro do antigo regime
estavam cerceados pelo próprio sistema político.
A monarquia absolutista, que trouxera
tantos benefícios para o desenvolvimento do comércio e da burguesia na França, tornou-se,
no final do século XVIII, um verdadeiro obstáculo para a expansão dessa mesma burguesia.
Os Grêmios de Ofício, limitavam o desenvolvimento de processos mais rápidos de produção.
Por essas e por outras razões, havia um descontentamento geral na França.
Não era só a
burguesia que reclamava.
Os camponeses, tantos servos como rendeiros e pequenos
proprietários, sentiam na pele o peso dos altos impostos cobrados pela Monarquia
Absolutista.
Com isso, passou a haver uma indagação no ar.
O que fazer para superar essa
situação?
A Revolução Intelectual, iniciada em meados do século XVIII, parecia oferecer
algumas respostas nas críticas feitas pelos Iluministas.
Para eles, a única maneira de a França
se igualar à Inglaterra, era passar o poder político para as mãos da burguesia – entre eles,
comerciantes, industriais, banqueiros.
Era preciso destituir a nobreza que, aliada ao rei,
mantinha o poder sob rígido controle.
Pois, se a Monarquia Absolutista representava um
empecilho à modernização da França, esse obstáculo precisava ser removido.
E é este o
significado da Revolução Francesa.
Com isso, se pode observar, que esta revolução,
significou o fim do Absolutismo na França e ascensão da burguesia ao poder político,
consolidando no plano econômico, as relações de produção capitalistas.
Além disso, as conseqüências deste movimento não ficaram adstritas à França.
O exemplo espalhou-se por
toda a Europa, atravessou o Atlântico e influenciou movimentos de independência da
América Latina.
Enfim, a Revolução Francesa foi um episódio tão importante na história do
mundo ocidental, que se convencionou estabelecer este fato, com marco inaugural da Idade
Contemporânea.
Ao terminar de proferir estas palavras, Fábio aproveitou para perguntar aos alunos,
se estes tinham alguma dúvida em relação ao que foi apresentado.
Como a resposta foi
negativa, aproveitou para continuar a aula.
E assim, retomando as explicações, disse que, a situação econômica na França, era
bastante crítica.
Quase toda a renda da nação vinha da agricultura, sua população era de 26
milhões de habitantes e dentre estes, mais de 20 milhões moravam no campo.
No entanto,
uma boa parte desses camponeses estavam ainda submetidos ao regime de servidão.
Para
piorar, o comércio não podia se expandir, principalmente por causa das barreiras feudais que
ainda subsistiam no interior do país, obrigando os comerciantes a pagarem altos impostos
para os donos das terras.
Parece que até a natureza contribuiu para piorar a situação econômica do país.
Entre
os anos de 1784 à 1785, alternaram-se inundações que resultaram numa flutuação dos preços
dos alimentos, que, ora subiam, impedindo que os camponeses e os pobres em geral
comprassem comida, ora baixavam, levando a maioria dos pequenos proprietários à falência.
Além disso, a situação da indústria francesa não era nem um pouco melhor, pois uma parte
considerável da produção se baseava no sistema rural e doméstico.
As Corporações com
todas as suas regras de controle, impediam que se desenvolvessem novas técnicas, que
permitissem ampliar a produção de modo a atender um mercado consumidor crescente.
A atuação do governo na área de viticultura aumentou ainda mais o
descontentamento.
Isso por que, a monarquia havia assinado um tratado comercial com os
ingleses, pelo qual os vinhos franceses seriam trocados por tecidos ingleses, com isenção de
impostos.
Tal acordo, levou várias pequenas fábricas francesas à falência, por não suportarem
a concorrência da avançada técnica inglesa no ramo dos tecidos.
Além disso, a sociedade francesa, às vésperas da revolução estava dividida em três
segmentos, conhecidos como Estados:
O Primeiro Estado representado pelo clero, e dividido
em alto clero, – cujos membros eram oriundos da nobreza e de famílias ricas, possuindo todos
os privilégios políticos e econômicos – e em baixo clero – proveniente das camadas mais
pobres.
Já no Segundo Estado, a nobreza em geral, era a detentora de grandes privilégios,
entre os quais, a quase total isenção dos impostos. Esta nobreza, no entanto, não formava um
grupo homogêneo, estava subdividida em nobreza cortesã, que vivia junto ao rei, e a nobreza
provincial que vivia nos castelos, no campo, e explorava o trabalho dos servos.
Quanto ao
Terceiro Estado, este era constituído pela maioria esmagadora da população, aquela parte do
povo, que suportava economicamente toda a França.
Os camponeses, que formavam a imensa
maioria, forneciam com seu trabalho, alimentos e matérias-primas para a expansão
econômica da sociedade.
Além disso, a maioria dos camponeses pagava, de uma forma ou
de outra, pesados impostos – alguns deles feudais – para seus senhores.
Em menor número,
mas também com importante participação no Terceiro Estado, estavam os trabalhadores das
cidades, e também os desempregados, marginais que formavam o grupo dos assim chamados
sans-culottes, nome dado aos pobres urbanos.
Este Estado, estava ainda dividido em
pequenos burgueses – pequenos comerciantes e artesãos –, camada média – composta de
comerciantes e profissionais liberais – e a alta burguesia – grandes banqueiros e comerciantes
com o exterior.
No ano de 1774, subiu ao trono Luís XVI, neto do Rei Luís XIV.
Com isso, uma
grande parte dos franceses, passou depositar certas esperanças de que o novo monarca
conseguiria tirar a França da situação crônica de crise.
Mas as esperanças duraram pouco, o
governo francês entrou em guerra com a Inglaterra, na época da Independência dos Estados
Unidos, e o déficit cresceu ainda mais, o que obrigou o monarca, a aumentar os impostos.
Como as dívidas do Estado e o déficit do aumentassem, o rei tentou inúmeras
soluções.
Convidou o fisiocrata Turgot para o cargo de Controlador Geral das Finanças,
equivalente ao cargo de ministro da fazenda.
Turgot tentou sanear o déficit do tesouro, mas
esbarrou com um problema de difícil solução, pois todos os impostos recaíam sobre o
Terceiro Estado, deixando isentos o Segundo e o Primeiro.
Ao propor igualdade de taxações,
Turgot foi demitido.
Assim, um novo Controlador Geral das Finanças foi nomeado, mas ele
chegou à mesma conclusão de seu antecessor e teve o mesmo destino, isto é, a demissão.
O
ministro seguinte, Calonne, propôs ao rei que convocasse a Assembléia dos Notáveis
(composta somente de membros da nobreza) entre os anos de 1787 e 1788.
Os nobres
ouviram as explicações de Calonne e, quando este sugeriu que seria necessário estabelecer a
paridade de taxações, declararam-se em rebelião contra o próprio rei.
Diante disso, como era
de se esperar, Calonne foi demitido.
Com isso, o déficit da França era, naquele momento, de 126 milhões de libras (a
moeda francesa da época).
Como saída para a crise, sugeriu-se a convocação para os Estados
Gerais, isto é, uma assembléia que reunisse representantes do Primeiro, do Segundo e do
Terceiro Estado.
Os Estados Gerais deveriam discutir abertamente uma solução para a crise
financeira que assolava o país.
Mas o Terceiro Estado pretendia muito mais que isso, queria
aproveitar o ensejo para fazer exigências de caráter político.
Suas principais exigências eram: Duplicação do número de representantes nos
Estados Gerais, garantindo pelo menos o empate com os outros dois Estados, uma vez que
cada Estado tinha direito a um voto, e o Terceiro estava sempre em condições inferiores,
dado que os dois primeiros partilhavam as mesmas posições e votavam de maneira idêntica.
Queriam ainda, o Voto Individual.
Como o Terceiro Estado contava com a adesão de alguns
membros do Primeiro e do Segundo Estado, esta seria uma estratégia para atingir a maioria
nas decisões.
Contudo, a notícia da convocação dos Estados Gerais, caiu como uma bomba sobre a
França.
Da noite para o dia, todo o país estava invadido por milhares de jornais, planfletos e
cartazes.
A agitação geral da sociedade assustou o rei e a nobreza.
Enquanto isso, o Terceiro
Estado se organizava para obter a aprovação de suas reivindicações.
Assim, ao abrir a seção inaugural dos Estados Gerais, o rei advertiu os presentes de
que a Assembléia se destinava única e exclusivamente a discutir questões relacionadas às
finanças, e que com isso, não se falaria de reivindicações políticas.
Com isso, diante da atitude do rei, o Terceiro Estado agiu prontamente, exigindo que
as reuniões fossem feitas conjuntamente e não separadas por Estados.
Para garantir suas
reivindicações, o Terceiro Estado proclamou-se Assembléia Geral Nacional.
O rei,
desesperado diante da iniciativa dos representantes do Terceiro Estado, mandou fechar a sala
de reuniões.
Mas, o Terceiro Estado não se deu por vencido e seus deputados tomaram a
decisão de proclamar-se Assembléia Nacional.
Dirigiram-se a um salão que a nobreza
utilizava para jogos e lá juraram permanecer reunidos até que a França tivesse uma
Constituição.
E aos 27 de junho, o rei ordenou aos demais representantes dos dois primeiros
Estados que participassem da Assembléia.
Assim, no dia 9 de julho de 1789, reuniu-se pela primeira vez a Assembléia Nacional
para redigir uma nova Constituição.
Os deputados dividiam-se em dois grandes grupos, os
Jacobinos e os Girondinos, cujas posições físicas nas bancadas da Assembléia era as
seguintes: Na Ala esquerda ficavam sentados os Jacobinos – mais tarde Montanheses –,
liderados por Robespierre, representando a pequena burguesia, profissionais liberais e
lojistas.
Próximos aos Jacobinos estavam os Cordeliers – que receberam este nome por que
seus adeptos se reuniam no Convento dos Franciscanos, os Cordeliers – sob a liderança de
Marat e Danton, representavam igualmente os interesses do Terceiro Estado.
Nas cadeiras do
centro, estavam os Girondinos – que mais tarde receberiam o nome de Planície ou Pântano –
, representavam os interesses da alta burguesia comercial e financeira e também da nobreza
liberal.
Formavam o maior grupo da Assembléia.
Por fim, na extrema direita, sentavam-se
os representantes da nobreza e do clero.
Constituindo-se em minoria e defendiam a
monarquia.
Além disso, dois grupos começavam a se formar, de um lado liderados por Mirabeau,
onde de um lado, havia aqueles que defendiam uma monarquia institucional e de outro, uma
minoria liderada por Robespierre, que defendia uma democracia republicana.
Para o rei, isto significava a perda do poder absoluto.
Por isso, sua reação foi imediata.
Demitiu o ministro Necker e ordenou ao exército que se preparasse para reprimir as
manifestações da burguesia.
No dia 14 de julho, a burguesia apelou para a ajuda do povo parisiense.
Mas a Bastilha,
construção utilizada como prisão política, foi invadida por populares.
Diante disso, a
violência revolucionária rapidamente espalhou-se pelo interior da França. Camponeses
invadiram os castelos da nobreza feudal, executaram famílias inteiras e exigiam uma reforma
fundiária.
Os temores da burguesia voltaram-se então para as ações dos camponeses, que
poderiam começar a avançar também contra a propriedade burguesa.
Para garantirem-se,
decidiram abolir os direitos feudais, e quase ao mesmo tempo, instituíram a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, em 26 de agosto de 1789.
Grande parte da nobreza, atemorizada, resolveu emigrar para a Holanda, Inglaterra,
Áustria e demais países.
Esperavam conseguir restaurar o absolutismo, que caía em
frangalhos.
Um dos atos mais importantes da Assembléia Nacional Constituinte foi o confisco
dos bens do clero.
Estes bens serviram como garantia para os bônus que foram emitidos com
o objetivo de arrecadar fundos e superar a crise financeira.
A Igreja Francesa reagiu e
protestou, mas a Assembléia passou a prender qualquer membro desta, que se manifestasse
politicamente.
Por isto, a situação política e social era bastante confusa, nos momentos
iniciais da revolução.
O rei mantinha secretamente contato com os emigrados e com as
monarquias absolutistas da Áustria e da Prússia, para conspirar contra o governo
revolucionário e restaurar o absolutismo.
Numa tentativa desesperada, o Rei Luís XVI tentou
fugir para a Prússia, mas no caminho foi reconhecido e preso por camponeses, sendo
obrigado a voltar para Paris.
Os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que fosse aprovada uma
Monarquia Parlamentar na Constituição de 1791 semelhante à inglesa após a Revolução
Gloriosa.
O poder do rei (executivo) ficava, portanto limitado pelo poder legislativo
(parlamento).
No entanto, o poder legislativo não era escolhido pelo voto universal (de todo
o povo francês) mas pelo voto censitário (onde somente os mais ricos podiam votar).
Isso
equivalia dizer, que o governo da França, ficava nas mãos de uma fração minoritária da rica
burguesia e aristocracia.
Por isso o povo francês, continuava afastado das decisões políticas.
Além disso, a situação da política externa era tão grave quanto a crise interna da
França Revolucionária.
As monarquias absolutistas vizinhas acompanhavam os
acontecimentos com grande temor.
Crescia junto aos monarcas absolutistas a idéia de que
era preciso esmagar a revolução no seu nascedouro, antes mesmo que se expandisse.
Já os
revolucionários franceses passaram a raciocinar de forma oposta, isto é, pretendiam expandir
a revolução através de uma guerra revolucionária, pois caso contrário, a França ficaria isolada
e a revolução sucumbiria."
Nesse momento, o professor, vendo que sua aula acabaria dentro de alguns minutos,
resolveu parar as explicações.
Continuaria sua explanação na aula seguinte, a qual seria na
semana que vem.
E assim, arrumou suas coisas e saiu da classe.
Depois, ministrou aulas para as outras turmas do terceiro ano.
Após, o termino das aulas, foi até a biblioteca da escola, procurar outros livros para
realizar o trabalho da faculdade.
Lá de tão empolgado que estava com sua pesquisa, só foi se dar conta das horas que
se passaram quando saiu do colégio e voltou para casa.
Estava muito tarde.
Por isso, Dona Irene, ao vê-lo passar pela sala, foi logo lhe dizendo:
-- Chegou cedo para o jantar.
Mas Fábio nem ligou para a brincadeira.
Cansado, nem quis saber do almoço, foi logo se atirando-se em sua cama e dormiu.
O rapaz dormiu por cerca de duas horas.
Dormiu e sonhou com o dia em que terminaria seu curso e então finalmente poderia
lecionar como verdadeiro professor que era.
Isso por que, faltava muito pouco tempo para se
formar.
Sim, em menos de um ano, já poderia se considerar professor formado.
Mas em seus sonhos, rondava também, a figura de uma jovem, que nas últimas
semanas, vinha lhe ocupando muitos de seus pensamentos.
Leonora em sonhos, vinha lhe trazer o diploma, pelo qual sonhara por anos.
Então seu sonho estava se tornando realidade.
E assim, no exato momento em que a moça lhe beijaria o rosto, o rapaz foi
repentinamente acordado por sua mãe.
Dona Irene estava o chamando para jantar.
Ao ouvir isso, Fábio levantou-se num sobressalto.
Preocupado com o horário, chegou a perguntar para sua mãe se ainda daria tempo
para tomar um banho.
No que ela respondeu:
-- Sim, mas não demore. Afinal, daqui uns quinze minutos, o jantar já estará pronto.
Está bem?
Fábio concordou.
Por isso escolheu mais que depressa uma roupa para vestir e dirigiu-se ao banheiro.
Assim, quando Dona Irene colocou as panelas com arroz, feijão, carne, o suco, e o
prato com salada, Fábio já estava mais do que limpo e vestido para sair.
Estava pronto
também para jantar.
Com isso após o jantar, levantou-se, escovou os dentes, e depois, indo até o quarto,
tratou logo de pegar seus livros e cadernos.
Antes de sair, despediu-se de sua mãe.
Após, foi
caminhando até o ponto de ônibus.
Desta vez, para sua alegria, o coletivo demorou pouco
tempo para passar.
Por isso, em menos de vinte minutos, já estava entrando na faculdade.
No entanto, como era ainda muito cedo para as aulas, Fábio aproveitou o tempo livre
para ir até a biblioteca e pesquisar mais um pouco sobre o assunto de seu trabalho.
Ao lá chegar, foi imediatamente saudado por seus amigos que lá estavam, fazia algum
tempo.
Eles, assim como Fábio, procuravam material para a redação do trabalho.
Por isso,
enquanto a aula não começava, aproveitaram para pesquisar.
Verificando os livros da
biblioteca, conseguiram achar um farto material para o aludido trabalho.
Realmente, a incursão pela biblioteca da faculdade foi muito proveitosa.
Além disso,
com o material que Fábio já havia reunido na escola em que ministrava aulas, os colegas já
estavam mais do que preparados para redigirem e apresentarem o trabalho.
Por isso, diante do bom resultado das pesquisas, os rapazes resolveram marcar uma
reunião com o restante do grupo, para começarem a distribuir o material coletado, e com isso,
procederem a leitura do mesmo.
Mas, conforme combinavam a reunião, o sinal, anunciando o início das aulas,
começou a soar, indicando que todos deveriam entrar em suas classes.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário