Poesias

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Era um garoto que como muitos outros, amava os Beatles e os Rolling Stones, entre outras coisas...

Delicada tarde que se faz presente.
Sinto os passos do passado que seguem por toda a vida.
Não tenho memória de uma época que não vivi.
Mas vou contar para você o que desejo escrever nestas linhas.
O que tem se passado é muito antigo, resvalado no primado da vida que são os sonhos que a gente tem.
Num vale em que se fez tarde há muito tempo, vivia uma família grande que morava em uma casinha simples e que da terra tirava seu sustento.
Nessa vida de cultivar a terra, muito tempo se passou e muito se mudou.
Uma semente se lançou ao vento em busca de uma melhor vida.
Viagem que quase o lança para muito mais longe do que se pode alcançar.
Conheceu numa bela cidade, uma nova vida que não se furtou de aproveitá-la.
Trabalhou, estudou, se divertiu, juntou dinheiro e ajudou a família.
Bons momentos, creio eu, foram em profusão.
Na coca-cola da vida você soube apreciar outros refrigerantes que também deram sabor às suas tardes.

“Jovens tardes de domingo
Quantas alegrias...
E o que foi felicidade
Me mata agora de saudade
Velhos tempos
Belos dias... “

Na vitrola, todas “As canções que você fez pra mim”.
Nas suas belas viagens, “As curvas da estrada de Santos”.
Os bailes da vida.
Movimentos políticos, as críticas.
Mesmo vivendo numa bela cidade desenvolvida, passou dificuldades, mas soube se fazer superar.
Foi firme quando preciso e saboreou com fartos goles os melhores vinhos que a vida lhe ofereceu. Acredite, nem todos são conhecedores de vinho.
Vinho este que aparece aos poucos e em pequena quantidade, para que sua raridade o faça merecedor de tal raro prazer, que alcança tão poucos que tem a sorte de o reconhecer.
Quero que tenha ao menos tentado entender o que digo.
Não se coloque em situação de falsa modéstia.
Você soube fazer sua hora e aproveitou seu momento.
Mas, sem mais delongas, quero me ocupar do verdadeiro objetivo desta missiva em que despejo palavras sorrateiras por estas linhas.
Dizem que ter filhos é vencer a morte.
Não o creio, mas isso não vem ao caso.
O que creio eu, é verdade, que os filhos são as sementes lançadas aos ventos permanentes que os conduzem para os caminhos que a vida lhes oferece.
Filhos são a herança dos pais para a construção de um futuro.
Nunca serão cópias e é isso que se espera deles.
Os filhos são do mundo.
Filhos estes que são educados por pelo menos dois grandes professores, nossos mestres que nos aconselham os melhores caminhos, nos fazem pensar até chegarmos na luz das idéias.
O nosso iluminismo intelectual.
Sim, é verdade.
Nossos pais, nossos mestres e que a esses tudo lhes seja concedido.
Retomando a idéia original que me foi posta em relevante missiva, trouxe a idéia de um passado que ainda se faz presente em seus reflexos.
Sua cultura, suas belas músicas.
A rivalidade que havia em relação a determinado estilo musical.
Quantas injustiças não devem ter sido perpetradas em nome de uma suposta verdade que defendiam (os revolucionários da época) e que a tão fundo poço os levou.
Muitos foram consumidos por suas idéias.
Mas, vamos esquecer os problemas por que hoje tudo é festa.
Apesar das guerras, é o “Tempo do Amor”.
É melhor dançar um twist e esquecer as agruras da vida.
A “Festa de Arromba” só está começando.
Os Beatles os saúdam pela TV no programa “Ed Sullivan Show”.
Os carrões saem da garagem e salve-se quem puder na Rua Augusta.

“Entrei na Rua Augusta a cento e vinte por hora
Botei a turma toda do passeio pra fora
Fiz curva em duas rodas sem usar a buzina
Parei a quatro dedos da vitrine...”

Os brotos que abalavam, as paqueras.
O derradeiro caminhar dos bondes, resquício de antigüidade que precisava ser apagado.
Nas praças, os fotógrafos só faziam tirar retratos.
Os casais freqüentando as praças, que durante a noite ficavam iluminadas.
As feiras também eram bem cuidadas, havia muito o que se ver.
Tudo era um sonho.
Andar de braços dados na roda gigante era tudo.

“A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual mas estou triste
Por que não tenho você perto de mim...”

O que aqui se expõe é um breve relato do que havia naquele momento considerado revolucionário. Tudo se modificou muito a partir daí.

“Ao ver a roda gigante
Girando sem cessar
Recordei, momentos felizes
Que passei na roda a girar
Na roda a girar
O povo se divertia
As crianças a cantar
E a roda gigante girava
Girava sem cessar
Cem cessar...”

Concluindo tudo neste momento, devo ressaltar que muitas coisas se modificaram nesse vale perdido. As coisas mudaram.
Os filhos cresceram, viraram pais.
A continuidade da vida que se perpetua.
Muito a ti devemos.
Obrigada por tudo o que por nós foi feito.
Parabéns por seu dia!

Feliz dia dos pais 8 de Agosto de 1999.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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