Constam, em pinturas de ilustres artistas, a representação grandiosa da criação do
mundo, nas figuras de Adão e Eva.
Entretanto, para alguns autores, a primeira mulher a ser criada não fora Eva, e sim
Lilith, mulher de grande bravura e galhardia, libertária e independente, conquistadora.
Contudo, para os padrões machistas dominantes, tudo tivera que ser adulterado para
dar lugar a criação do mundo por Deus, e também no que se refere a criação dos homens
(leia-se mulheres também), à sua imagem e semelhança.
Então, passemos a ela.
Tudo iniciou-se quando Deus resolvera criar o mundo.
Tudo eram trevas e escuridão.
As trevas acobertavam o abismo e, segundo a história
da criação, o espírito do Senhor pairava sobre as águas.
No entanto, a despeito da imensa escuridão da terra, Deus ordenara:
--Faça-se luz.
E de acordo com a vontade divina, a luz fora feita e dissiparam-se as trevas.
Em razão disso, Deus nominara a luz de Dia e o negrume da escuridão de noite.
Com
isso, fora separado o dia da noite.
Ademais, sobreviera a tarde e em seguida a manhã, assim terminara o primeiro dia.
Às primeiras luzes do novo dia, Deus dissera:
--Faça-se um firmamento entre as águas, e separe-o destas.
E assim se fizera.
Deus nominara o firmamento de céus.
Porventura, o habitat dos seres celestes, dos anjos, arcanjos, os santos, entre outros.
Sobreviera à tarde, depois a noite, e assim terminara o segundo dia.
Ao raiar do novo dia,
Deus assim ordenara:
--Que as águas se ajuntem em um mesmo lugar e abram espaço para o elemento
árido.
E assim se fizera.
As águas agitadas se uniram e formaram um só elemento.
Deus
nominara o elemento árido de Terra, e ao conjunto de águas avolumadas e revoltas, de Mar.
Ao término do terceiro dia, ao observar os feitos de sua criação, o Criador se dera
conta do quanto sua criação era boa.
E admirado de tudo que fizera, ordenara a Terra, que
produzisse toda sorte de plantas, flores, ervas e árvores frutíferas que dariam frutos
conforme sua espécie.
E assim fora feito.
Tudo consoante o desiderato do Criador.
Quando do quarto dia de sua belíssima criação, Deus dissera:
--Façam-se luzeiros no firmamento dos céus, para que se separem o dia da noite, e
que eles sirvam de sinais e marquem o tempo, os dias, os anos, e resplandeçam no
firmamento dos céus para que iluminem a terra.
E com isso, foram criados dois grandes luzeiros.
O maior servira para presidir o dia
e o menor para presidir a noite.
Também, nesse momento, é que se originaram as estrelas.
Deus colocara-as no firmamento, para que iluminassem a terra, presidissem ao dia
e à noite e separassem a luz fugidia do dia, das penetrantes trevas.
Assim se encerrara o
quarto dia.
No romper do novo dia, Deus dissera:
--Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra,
debaixo do firmamento dos céus.
Em virtude disso é que se criara os monstros marinhos que segundo as crenças das
mais priscas eras, os homens os consideravam como estranhas criaturas.
Ademais, toda uma multidão de seres vivos aquáticos e marinhos foram criados.
Também criaram-se as aves, das mais variadas espécies, que a partir desse momento,
passaram a enfeitar os céus do Senhor.
Ao admirar-se de sua criação, Deus dissera:
--Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem
sobre a terra.
Sobreviera a tarde e a noite, este fora o quinto dia.
Ao romper da aurora, Deus ordenara:
--Produza a terra, seres vivos segundo sua espécie – animais domésticos e selvagens
– répteis, aves, etc.
E assim fora feito.
Deus criara os animais selvagens, segundo sua espécie, e assim
como fizera os animais domésticos e todos os outros animais que se arrastavam sobre a
terra.
Em seguida Deus procedera a criação do homem.
Para a realização de seu
desiderato, dissera:
--Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do
mar, sobre às aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos
os répteis que se arrastam sobre ela.
E Deus o fizera.
Criara o homem à sua imagem e semelhança.
E, como gesto de
afeição consagrara toda sua criação ao homem, para que dela tirasse proveito.
Por fim, Deus contemplara toda sua criação e viu que tudo era muito bom.
Sobreviera
a tarde, e depois a noite, este fora o sexto dia.
Terminada a criação, ao sétimo dia, Deus descansou do seu trabalho.
Abençoou-o e
o consagrou, porque nesse dia, segundo a Bíblia, o Senhor repousara e descansara de toda
obra de sua criação.
Após a criação do mundo, conforme os relatos bíblicos, seguira-se a vida no Paraíso,
criado por Deus, quando da criação do homem.
Homem, cópia esculpida e encarnada de Deus.
Deus formara e esculpira do barro da terra e inspirara-lhe nas narinas um sopro de
vida, e a partir deste momento o homem se tornara um ser vivente.
Ao adquirir vida, sua morada passou a ser um jardim, criado juntamente à criação,
o magnífico Jardim do Éden.
Este jardim, esplendorosamente criado por Deus, possuía a mais rica e exuberante
fauna que se podia imaginar.
Nesse jardim, Deus fizera brotar do seio da terra, toda sorte
de árvores, de aspecto agradável e de rara beleza, bem como frutos bons para se comer.
Havia ainda, flores de todas as cores e texturas, pássaros e diversos animais.
Todos
conviviam harmonicamente.
No centro do jardim havia uma árvore que não poderia ser tocada jamais.
Qual seja, a Árvore da Ciência do Bem e do Mal.
Um rio próximo, saía do Éden para regar o jardim e dividia-se em quatro braços.
Cada qual originara um outro rio.
Um deles ficava próximo a uma região rica em ouro.
A respeito da árvore proibida, Deus avisara:
--Podes comer os frutos de todas as árvores que quiserdes, mas não comas do fruto
da Árvore da Ciência do Bem e do Mal, porque no dia em que comerdes desta fruta, morrerás
indubitavelmente.
Passado algum tempo, Deus percebera a necessidade de o homem ter uma
companhia.
Ademais, findada a criação feita pelo Ordenante, o homem passara a nominar todos
os seres da criação.
E este passara a ser seu verdadeiro nome.
A despeito de todos os seres criados, o homem precisava de algo mais.
Então Deus
mantivera o homem em um sono profundo.
Enquanto o homem estivera dormindo, fora-lhe
tomada uma costela e fecharam com carne o lugar.
Desta costela Deus fizera uma mulher e levou-a para junto do homem.
O homem, ao despertar do sono que fora induzido, se apercebera da presença de
outro habitante humano no jardim.
Com isso, dissera:
--Eis agora, aqui, o osso de meus ossos e a carne de minha carne. Ela se chamará
mulher, porque foi tomada do homem.
E a partir deste momento passaram a serem companheiros.
Andavam nus pelo Jardim
do Éden e não se envergonhavam disto.
Até se dar início ao encanto da serpente, que seduzira ambos com seus argumentos,
e os impelira a cometerem um grave erro, tocando em seus pontos mais frágeis, a vaidade e
a ambição.
Assim, levando-se em consideração que a serpente era o mais astuto de todos os
animais dos campos que o Senhor criara, ela aproximara-se lentamente e dissera a mulher:
--É verdade que Deus vos proibistes de comerdes do fruto de toda árvore do jardim?
No que a mulher lhe respondera:
--Podemos comer dos frutos de todas as árvores do jardim. Mas do fruto da árvore
que está no meio do jardim, Deus disseste: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que
não morrais.
Mas a serpente insistiu:
--Oh, não! Vós não morrereis. Mas Deus sabe, no alto de sua sapiência, que, no dia
em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem
e do mal.
A mulher então, segundo nos relata a Bíblia, passara a partir desse momento a se
aproximar da aludida árvore possuídora do fruto proibido, e ao aperceber-se de que o fruto
era de agradabilíssimo aspecto, apoderou-se dele, comera-o e dera parte ao seu
companheiro, que igualmente o comera.
Então, os seus olhos se abriram, e apercebendo-se que estavam nus, tomaram folhas
de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si.
Após o ocorrido, ouviram o barulho de passos por entre a folhagem, e foram se
esconder por entre as ramagens.
Era o Senhor, que passeara no jardim durante a brisa da
tarde.
No entanto, este artifício, de nada adiantara, Deus chamara o homem e perguntou-lhe:
--Onde estás?
E o homem respondera:
--Ouvimos o barulho de vossos passos no jardim, e tivemos medo, porque estamos
nus e ocultamo-nos.
O Senhor novamente o indagara:
--Quem te revelou que estavas nu? Terias porventura comido do fruto da árvore que
eu te havia proibido de comer?
O homem retrucara:
--A mulher que pusestes ao meu lado apresentara-me deste fruto e eu comi.
Ao que Deus a inquirira:
--Por que fizestes isso?
No que a mulher retrucara:
--A serpente enganara-me, e eu comi.
Então o Senhor dissera à serpente:
--Por que fizeste isto, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos,
andarás de rastos sobre teu ventre e comerás pó todos os dias de tua vida. Porei ódio entre
ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela.
Esta te ferirás a cabeça e tu lhe ferirás o
calcanhar.
Dissera também a mulher:
--Multiplicarei os sofrimentos de teu parto, darás a luz com dores, teus desejos te
impelirão para teu marido e tu estarás sob teu domínio.
E ao homem:
--Por que ouvistes a voz de tua mulher e comestes o fruto proibido, maldita sejas a
terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento, durante todos os
dias de tua vida. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que retornes a terra de onde
foste tirado, por que tu és pó e ao pó retornarás.
A partir desse momento a primeira mulher, passara a se chamar Eva, porque ela era
a mãe de todos os viventes.
O Senhor fizera para eles então, umas vestes de peles e em seguida disse:
--Eis que o homem se tornou um conhecedor do bem e do mal.
Agora tenho que cuidar
para que ele não estendas a sua mão e tome igualmente do fruto da Árvore da Vida, e o
comendo, viva eternamente.
Com isso, Deus expulsara o homem do paraíso e inobstante sua decisão, colocara no
Jardim do Éden, querubins armados de espadas flamejantes para guardar o caminho da
árvore da vida.
Essa é a história do homem relatada pela bíblia, e é ela que nós é ensinada nas aulas
de catecismo. Mas como estas, existem inúmeras outras explicações a respeito do surgimento
do homem na terra. Todas igualmente lindas.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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