Um velho navio, casco de madeira nobre, de grandes velas brancas.
No alto de um
dos mastros, um marujo verifica que a terra se aproxima.
O sol, quando aparece é sempre
festejado pela tripulação.
Mas, ultimamente a vida desta tripulação tem sido dura.
Este bravo navio tem
enfrentado muitas intempéries.
Correntes frias, geladas, que mudam o clima de uma hora
para outra e transformam o mar sereno em espuma agonizante, onde ondas tremendas
ameaçam destroçar o navio.
Navio este que corta os mares deixando para trás as tormentas, que se desloca ao
sabor das marés e dos ventos, e que apesar de grande e imponente, não é nada no meio do
mar.
É apenas um leve pedaço de madeira abandonada, mal talhada e colocada por cima
das águas que se movimentam sempre vivas, muito limpas e transparentes.
No seu interior
uma bela riqueza de mundo que ainda não foi descoberto.
Tudo parece tenebroso, mas nada os fazem desistir desta jornada a que se lançam
tão aventureiros. Querem conhecer mundos que suas vistas não podem alcançar, e que seus
olhos trêmulos nunca puderam vislumbrar.
Partindo nesta jornada, com tudo preparado, sentiram as dores de um desafio tão
sacrificante quanto perigoso.
Lutaram e demoraram, mas pensaram haver chegado onde
seus olhos queriam descansar.
Desembarcaram e deixaram sua tripulação seguir terra adentro consigo.
Na terra, índios de várias tribos embelezados com seus variados cocares e demais
adereços, observaram pasmados aqueles brancos portugueses que por ali passavam.
Pasmavam em ver uma cultura tão bravia.
Índios quase totalmente desnudos com o dorso a
se mostrar.
Os portugueses ofereceram-lhes presentes, produtos manufatureiros, coisas que
vendiam aos montes em seu longínquo país.
Travada uma pequena conversa no qual
nenhuma das partes se entendia, pois cada qual defendia sua língua, os aventureiros
trataram de conhecer as belezas da terra na qual estavam.
Qual não foi o espanto ao ver a exuberância do lugar.
Passaram tanto tempo entre o céu e o mar que pareciam não conhecer mais o
firmamento.
As doenças que os assolavam e que se alastravam como pragas.
As inúmeras mortes
totalizadas, as tormentas.
Tudo isso havia sido deixado para trás.
A terra era realmente bela.
Uma exuberância de flora, a natureza que desabrocha na beleza de suas flores
típicas, os belos coqueiros, as praias com suas areias quase brancas, o mar verde esmeralda
que por tanto tempo se cansaram de olhar.
A natureza se mostrava realmente pródiga.
Várias espécies de árvores, de matéria prima nobre, que eram exploradas e comercializadas pelos portugueses.
Árvores frondosas
de copas exuberantes, que ornamentam a floresta com seu verde sempre vivo.
A exaltação
das flores que por aqui desabrocham constantemente.
A brisa do mar que exala um suave
aroma salobro.
A fauna que se mostra por ora, de forma discreta.
A beleza das índias que receberam esse nome devido o destino dos portugueses.
Os portugueses conheceram as aldeias, belo conjunto de ocas construídas com folhas
de coqueiros e outros materiais retirados da natureza.
Lá, vivem os sílvicolas, na selva como era de se esperar, trabalhando, caçando,
pescando e passando suas tradições para os curumins, indiozinhos que começavam a
aprender os segredos da aldeia.
Depois de um certo tempo vivendo com os índios, os portugueses logo acharam que
os índios deviam ser educados e adaptados ao modo de vida europeu.
Foi aí que muitas
coisas ruins passaram a acontecer.
A escravidão dos índios, a destruição de sua cultura, as
doenças paras as quais não tinham anticorpos para se defenderem, etc.
Mas não falemos mais de coisas tristes.
Tudo isso não passa de um breve relato que venho a discorrer.
Lembrei-me de uma caravela que ornamentava uma lagoa abandonada e poluída,
pertencente a um parque que procurava homenagear os lusitanos.
Quanto tempo.
Tudo agora parece estar tão longe, mas ainda faz parte de um quadro de belas
lembranças.
Por que parece que certos momentos são eternos!
Tal ode escrevi para que se lembres sempre que tudo o que construímos deve ser
lembrado e se possível comemorado também.
Acredito que o paraíso na terra seja o lugar onde moramos bem.
Portanto meu lugar
continua sendo onde moro.
Onde tenho boas histórias para contar.
Lembranças.
Afinal para
que servem senão para lembrar momentos felizes?
Aniversários, por exemplo, e é por isso que te escrevo.
Parabéns, felicidades e muitos anos de vida.
Que essa data seja sempre presente em
todos os meses do ano.
Assim você poderá comemorar também o seu desaniversário, como
acontece hoje e sempre no país das maravilhas, o nosso paraíso na terra.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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