Poesias

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Ao deus Netuno

Fascinação, encantamento, deslumbramento.
Nunca uma visão parecera tão maravilhosa.
No fundo do mar havia uma grande festa, todos foram convidados.
A todo o momento surgiam pessoas conduzindo seus elegantes cavalos-marinhos, cada qual mais belo que o outro.
O mar estava calmo, e os deuses pareciam estar felizes.
Todos confraternizaram, desde as humildes sardinhas, até as criaturas mais magníficas do mundo marinho, como os belos corais, que sempre enfeitaram o fundo do oceano com suas belas cores e formatos, e que muitas vezes, colocam em perigo a navegação dos desavisados.
Realmente, o mar apresenta muitos perigos para quem não o sabe respeitar.
Ademais, também compareceram as criaturas mais assustadoras dos mares, os tubarões, devidamente acompanhados das baleias.
Apesar da visão parecer assustadora, todos estavam em perfeita harmonia.
Não houve um único incidente que pudesse empanar o brilho de festa tão resplandescente.
Nenhuma única presa fora atacada por seu predador.
Os camarões e as lagostas, bem como os caranguejos, as outras espécies, todos puderiam ficar tranqüilos, e até mesmo entretidos em seus afazeres diários se o quisessem.
Os golfinhos faziam acrobacias magníficas enfeitando e abrilhantando ainda mais a efeméride.
Netuno, em sua linda carruagem, enfeitada de lindas algas e belos corais, assim como de reluzentes conchas do mar, parecia assistir a tudo satisfeito, afinal a festa fora feita em sua homenagem.
Todos os convivas estavam felizes, e tudo iria bem se não fora apenas um detalhe.
Qual detalhe?
Esqueceram-se da linda sereia.
Aquela que com seu lindo canto, envolvia os homens e os levava para o fundo do mar.
Enfurecida por ter sido esquecida, foi ter com o rei dos mares, Netuno.
Assim, no meio da festa – que estava maravilhosa, e onde havia sons de belas músicas ecoando pelos mares, se propagando através das ondas – apareceu magnífica, a bela sirena esquecida.
Radiante, ostentava uma exuberante diadema em sua fronte mítica.
As criaturas marítimas ficaram extasiadas diante daquela visão.
Todos queiram tocá-la, dançar com ela, e até mesmo quem sabe, invejavam a sua beleza.
A partir desse momento, todos passaram a disputar sua atenção.
E até que a simples disputa passou a dar ensejo a uma luta corporal.
Instituiu-se assim, uma contenda entre todos os convivas, que por fim, acabou por encerrar a comemoração.
Em razão do desfecho da festa, Netuno, o homenageado encolerizou-se e imputou a todos o castigo de serem perseguidos por seus respectivos predadores sem trégua por todo o período de suas existências.
Para a sereia, restou o castigo mais cruel.
Mesmo com toda sua beleza, não pôde escapar a ira do deus dos mares.
Seu castigo foi o de eternamente ser perseguida pelo que era, ou seja, por sua beleza.
Daí por diante, nunca mais teve paz por ser tão bela.

Luciana Celestino dos Santos
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