A brisa do mar soprando ao longe, o mar escorrendo entre a areia e a espuma, que
se esparrama pela praia.
Um coqueiro maltratado balança ao sabor do vento.
As ondas enfurecidas elevam as águas verdes deste mar bravio.
Flores adormecidas
no fundo deste mar bravio.
As mais belas cores, formas, as anêmonas que presas à rochas
imersas não afloram sua beleza a superfície.
Peixes também variados competem em cor e
beleza com as flores exóticas.
Ondas agitam o mar, transformando-o em ira e espuma.
Atrasa-se perante os caprichos de Iara, a nossa mãe d’água, que adormece nas
profundezas do oceano.
Iara cultivou essas lindas flores para que elas crescessem no reino
de Netuno.
O rei dos mares ordenou que se espalhassem as flores vivas.
Por sua vontade, muitas
começaram a fazer cambalhotas e a se locomoverem andando em várias direções, outras
continuaram presas às rochas.
Águas-vivas e caravelas que, com sua beleza encantam e ferem, vieram na direção
do Oceano Atlântico.
Observaram as flores e mostraram também sua beleza ameaçadora,
enquanto a vida marítima continuava em seu curso natural.
Aqui, na areia do mar... o mar se entrega ao domínio da lua, que com seus movimentos
influencia o mar.
Mar que apaixonado nunca pensou em se libertar do encanto.
A lua em companhia
das estrelas, derrama luz por sobre a escuridão do mar.
Um lindo clarão onde se pode
avistar os rochedos ao longe, ilhas além mar que enfeitam o mesmo de mistério e sonho.
Quem terá sido o criador de toda essa maravilha?
Ninguém saberá responder tal pergunta, sem antes desvendar os mistérios do mar.
Uma aparição, uma figura humana surge das águas envoltas em sombras... seria a
Iara, a mãe d’água?
Talvez, pois suas formas lembravam a de uma mulher, de cintura muito
fina e delicada, longos cabelos negros balançando ao vento.
A forma humana se aproximava lentamente, de maneira que quem a visse poderia
admirar os seus suaves contornos.
A certa hora a figura ganhou formas nítidas, ganhou
luminosidade.
Uma forma de mulher que impressionou a todos os pescadores que a
observavam.
Depois de um certo tempo, a mulher foi se afastando até sumir na profundeza das
águas, num silêncio perturbador...
*Iara como deusa dos mares. Trata-se de uma licença poética, já que ela está vinculada aos rios e não aos mares.
Luciana Celestino dos Santos
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