PRIMEIRO CANTO – O PRADO
Verdes campos de minha terra
Para onde não mais posso voltar
Campinas, que de tão niveladas
E sem árvores, nos leva a uma antiga planície
No plano de nossas vidas
Prados verdejantes
Horizontes azuis, laranjas, roxos, rubros, flamejantes
Quero ver mais uma vez ao longe
A casinha pequenina
A pequena propriedade repleta de folhagens,
Plantas, culturas e recordações
Sinto a lembrança correr-me os pés
Esvair-se entre os meus dedos
A saudade da Vila velha
A “Eneida”, do grande poeta
Que de tão velha lembrava as mais ricas tradições...
Hélade afortunada
Sempre salpicada de propriedades rurais
Verdejante e acolhedora
A indevassável aurora dos meus ideais
Na velha Vila
A alegre “Eneida”
Gente amiga, velhos conhecidos
Boas estórias para contar
As cantigas a ecoar
A noite enluarada, as estrelas a enfeitar o céu
As modas de viola, os cantos entoados
Rodas de estórias
Cultura popular
De repente
Mudança de tempos
A brisa a murmurar o chiado dos ventos...
A chuva a cair por entre as folhagens
Gota por gota
E o som da plantação frutificar
As flores nascendo, as plantas crescendo
Os frutos se desenvolvendo
Onde em se plantando tudo dá
Sinto bem o cheiro da orvalhada
As flores, os odores, as cores
Ao longe, a bela Igreja branca
Onde eram as missas celebradas
Todas em latim, os cantos, os salmos, a liturgia
Ah, em minha memória errante,
Quase não lembro mais...
A cidadezinha distante
Que a nós parecia errante
Ansiava por mais uma nova visita
Os doces na Confeitaria e seus lanches apetitosos
Tudo lá era uma grande festa
Delírio onírico de belas construções
Ampla Àgora deleitosa
Por entre paragens tortuosa
Para sempre hei de me lembrar
SEGUNDO CANTO – CULTURA MOURA
Lembro-me que os doces sonhos de Sherazade
Em suas Mil e Uma Noites
Me fizeram despertar
Os sonhos de criança a me encantar
Sheik’s, mulheres misteriosas em suas auras de véu
Tapetes voadores
Suntuosos palácios ricamente adornados
Com jóias, flores, jarros, esculturas, tapetes, móveis...
Cruéis tiranos e assassinos...
A gentil consorte do autoritário e frio verdugo
Ansiava por melhor sorte
Em razão de outras esposas
Frias, jazidas em inerte leito, adormecidas
No eterno sono da morte....
Contava a cada noite uma nova estória maravilhosa....
Envolventes e lindas estórias contadas,
Por tão devotada esposa muçulmana
Tão esperançada em ver-se livre
Da fria lâmina da espada sarracena
Que de tão apaixonada pela vida
Fazia cada vez mais sua lira tocar
Em busca de tão belas e imaginativas narrativas
Os mouros, povo que da audácia
Fez seu forte e seu norte...
Conquistador
Apresentou sua cultura para inúmeros povos
Até hoje presentes, em seus mínimos detalhes
TERCEIRO CANTO - TRISTESSE
Aluno apaixonado, nota 10
Tudo que conhecia tirava de letra
Interessado pelo mundo
Vasto mundo
Tão inebriante, que o fez sair em disparada
Adeus prados verdejantes
Saudades da lira cantante de minha terra
O som e as modas de viola
Guardados eternamente no coração
Na sala de cinema
Brilham cada vez mais intensos os projetores
Que em poucos instantes nos transportarão
Para a película a ser exibida
Filmes, muitos filmes
Histórias vívidas na pele de outras pessoas
Tão reais que nos inflama o coração
Saudosos tempos
Conhecimentos do templo do saber
A vida na Selva de Pedra
Era realmente encantadora
A São Paulo de outrora
O Monumento dos Bandeirantes,
Os prédios imponentes da região central
O COPAN, o Edifício Itália, o Viaduto do Chá,
O Vale do Anhagabaú
O imponente monumento de areia e pedra
Nos seduz a visão
Hoje...
Na estrada poeirenta sinto a desolação
De mundo que triste
Pranteia a suavidade da vida de outrora
Essa violência maldita
Que nos assola
Parece cada vez mais nos afastar
De nossas glórias
QUARTO CANTO – PARIS É UMA FESTA
Desejos mil
A Paris dos meus sonhos
Cidade Luz
Canção dos meus ouvidos
Paixão dos meus olhos
Nos jardins, cuidadosamente criados
Simétricos, encantados
Os castelos de pedra edificados
Metempsicose, transmigração
Ruas iluminadas, o Rio Sena
Os Plátanos circundando pontes
Como as pontes de minha imaginação
Sucessão de ires e vires
Voltas, encontros, desencontros
Quimeras, desejos
Os cafés convidativos,
Onde se pode se deliciar com a paisagem
E ler um jornal
A Torre Eiffel, o Champ Elysées
Um Bonde Chamado Desejo
À todos, Paris é uma festa!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário