Escolheste uma flor como lembrança, num momento sublime em que a história
começa.
No chão cinzento de um céu escuro, uma semente procura abrigo para germinar e
espalhar beleza por entre o quintal.
Pálida rosa que desabrocha sem vida e sem cor, de
ciúme da flor que se faz rival competindo com ela.
Triste jardim cinzento, sem terra, abandonado.
Esquecido em sua ternura.
O chão esquecido, quase todo de concreto, deu espaço para uma singela flor.
A casa
atrás, relembra antigas construções paulistas do início do século XX.
Belíssima edificação,
maltratada, faixada envelhecida.
Por dentro desta, móveis antigos, sendo muitos coloniais, amadeirados nobremente
com ricos detalhes barrocos.
Na sala de jantar, alguns castiçais e candelabros ricamente trabalhados enfeitavam
a mesa de madeira nobre, pés em forma de curvas, cadeiras altas revestidas de tecido no
assento.
Com muitos detalhes em seus espaldares, sendo o tampo da mesa de vidro.
Várias salas com muitos retratos, quadros, esculturas...
Nos quartos camas de
madeiramento pesado, muitos móveis, cômodos espaçosos e grandes.
Num dos quartos,
muitas recordações; um velho baú repleto de recordações.
Lembrou-me a vida de uma velha senhora que morrera a pouco.
Triste história perdida por entre os anos.
A casa envelhecida pelo tempo, não pôde
resistir a sua implacabilidade, desfalecendo-se em abandono...
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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