Poesias

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 5

Com isso, quando esteve a sós com seus colegas professores, foi logo perguntando sobre uma moça, que estava sempre participando de suas aulas.
Curioso, estava interessado em saber, se ela era participativa em todas as aulas.
Ao ouvir a resposta, ficou admirado.
A jovem não só era uma estudante muito disciplinada, como também, muito participativa e ótima aluna.
Em ouvindo os comentários, pôde perceber que a moça, era alvo de verdadeira adoração, por parte dos professores.
Sim, todos a adoravam.
Muitos deles nem sequer escondiam sua preferência pela jovem.
Isso por que, Leonora, era o sonho de qualquer profissional da educação.
Interessada, para ela, não havia problema nenhum em estudar.
Ao contrário, adorava a escola.
E disso, os professores sabiam.
Leonora era um modelo de aluna.
Por tudo assim, era mais do que natural que ele ficasse admirado com a jovem.
Depois disso, ao final da manhã, mais uma vez o jovem voltou para casa, almoçou, e ficou durante toda a tarde estudando, e preparando a aula do dia seguinte.
Em alguns momentos, enquanto estudava, lembrava do ocorrido a poucas horas atrás.
No entanto, quando percebia que estava por demais envolvido por aquela lembrança, tratava logo de retomar os estudos.
Afinal de contas, a moça era sua aluna, e portanto, não ficava nada bem, ele se interessar por ela.
E assim, procurando esquecer daquele acontecimento, voltou a estudar.
Com isso, com o passar das horas, mais uma vez a noite, dirigiu-se até a faculdade, e por lá ficou, durante três horas.
Na faculdade, preocupou-se em acompanhar detidamente as aulas.
Isso por que, ao término deste ano, seu curso estaria encerrado.
Portanto precisava estar preparado para quando colasse grau.
Além disso, como já foi dito, era seu último ano de curso.
Por conta disso, sua mãe estava lhe preparando uma surpresa.
Sim, Dona Irene, satisfeita com a dedicação do filho pelos estudos, procurou durante todo o tempo de curso do rapaz, uma forma de lhe presentear os anos de dedicação.
Com isso, durante o tempo em que seu filho freqüentou os bancos da faculdade, Irene procurava, todo mês, guardar uma determinada quantia em dinheiro.
Essa quantia, ao final de três anos já perfazia uma bela poupança.
Contudo, a despeito do zelo de Dona Irene, esta ainda não sabia o que fazer com o dinheiro.
Por isso mesmo, cuidadosa, a gentil senhora, procurou sondar o filho, no intuito de ter alguma idéia, sobre o que fazer com a quantia.
Assim, certa vez, em conversa com Fábio, perguntou-lhe, o seguinte:
Se ele tivesse uma boa quantia em dinheiro que pudesse gastar, o que ele faria com o dinheiro?
Este, surpreso com a pergunta, de início, não soube o que responder.
Mas, sua mãe, curiosa a respeito, insistiu com a pergunta.
Fábio intrigado, perguntou a mãe, o por que de tanta curiosidade.
Dona Irene, respondeu então, dizendo que a pergunta, era uma simples curiosidade que tinha.
Diante disso, Fábio pensou um pouco, e depois de alguns minutos, finalmente respondeu:
"-- Está certo, Dona Irene, você venceu.
Vou te contar o que faria com muito dinheiro.
Com esse dinheiro eu poderia continuar meus estudos, fazer um mestrado e até mesmo um doutorado em história.
Poderia ser até em um país estrangeiro, quem sabe."
Ao ouvir a resposta, Dona Irene ficou surpresa.
-- Só isso? – comentou ela, um pouco desapontada.
Como retribuição do muxoxo da mãe, foi a vez de Fábio ficar surpreso com a atitude de Irene.
Afinal de contas, ele se pudesse, investiria o dinheiro, em aperfeiçoamento profissional.
Foi então que Irene explicou.
Seu desapontamento se devia ao fato, de que o filho nem uma vez sequer, mencionou a idéia de participar da formatura da turma do curso de história.
Fábio ao ouvir isso, resistiu a idéia de participar da aludida festa.
Teimoso, disse a mãe que, mesmo que tivesse dinheiro para tal, jamais gastaria com uma festa boba como aquela.
Para ele, tal celebração era mais um desiderato das mulheres do que dos homens.
Irene, ao ouvir isso, repreendeu levemente o filho.
Isso por que, o sonho de uma mãe, não era uma bobagem.
Desejosa de que seu filho participasse da formatura, comentou com ele que tinha dinheiro para isso. Além do mais, se realmente fosse a vontade dele, ela também poderia disponibilizar parte do dinheiro, com sua especialização.
Enfim, não havia problemas para que fizesse as duas coisas.
Mas Fábio estava reticente.
Entrementes, Dona Irene não desistiria de convencê-lo.
Mas isso é tema para mais adiante.
O que interessa aqui, é narrar a rotina do jovem.
Rotina essa complicada, a qual cumpria com toda a disciplina.
Afinal, cursar uma faculdade e ministrar aulas, enquanto ainda era estudante, não era para qualquer um.
Por isso, precisava fazer o melhor possível.
Precisava convencer as pessoas de que era capaz.
Daí a razão de seu afinco e dedicação ao trabalho e aos estudos.
Para ele, a oportunidade que estava tendo, de ministrar aulas, era muito importante.
Isso por que, além de estar desempenhando o mister que sempre desejou, estava novamente freqüentando a escola onde estudou, há alguns anos.
Tal fato, para ele, era extremamente relevante.
Era um sonho antigo se realizando.
Mas, para as jovens, que ficaram fascinadas com o jovem professor, se tratava de um grande prazer, freqüentar suas aulas.
Afinal, segundo elas, era o professor mais bonito da escola.
Ao ouvirem isso, os rapazes, percebendo que muitas vezes, eram preteridos pelas garotas, pelo simples fato destas acharem o professor mais interessante, começaram a enfrentá-lo.
Assim, sempre ministrava suas aulas, os alunos arrumavam alguma forma de provocá-lo.
Isso tudo em razão da ciumeira que provocou neles, o simples fato de ser quase tão jovem quanto eles ser e alvo de quase todas as atenções femininas.
Sim, os rapazes, sempre que tentavam de se aproximar de alguma das garotas do colégio, eram sempre rechaçados por elas.
Pior, desprezados, começaram a sentir raiva da exagerada atenção que as garotas dedicavam a ele. Por isso, nas últimas semanas, freqüentemente o professor precisou chamar a atenção dos garotos para que estes parassem de conversar.
Assim, enquanto tentava explicar sobre os Fenícios, os Medos e os Persas, freqüentemente tinha que interromper a aula, para admoestar os alunos.
Começou desta forma.
Fábio, ao começar a aula, comentou que os Fenícios era um povo de origem semita, provavelmente provenientes das costas setentrionais do Mar Vermelho, e que, ao longo dos séculos se misturaram com vários povos de raças diferentes.
A Fenícia, localizada na atual região do Líbano, ocupava uma estreita faixa de terra, pressionada entre o mar e as montanhas.
Não havia terra apropriada para a agricultura.
Em compensação, as florestas abundantes, ricas em madeiras-de-lei, facilitaram e estimularam a confecção de embarcações aperfeiçoadas e resistentes.
Além disso, a construção de portos foi favorecida pela existência de um litoral recortado.
Tais condições geográficas obrigaram os Fenícios a atentarem-se às atividades marítimas.
Em seu estreito litoral desenvolveram-se várias cidades, como Ugarit, Arad, Biblos, Sidon e Tiro. Eram todas, cidades independentes, verdadeiras Cidades-Estados.
O poder político era quase sempre exercido por um rei, assistido por um conselho de anciãos ou de magistrados escolhidos entre os grandes comerciantes e proprietários agrícolas.
Os trabalhadores geralmente recebiam remuneração e o pequeno número de escravos destinava-se ao trabalho doméstico.
A Fenícia mantinha um comércio bastante variado, além da exportação dos tecidos de lã, cabia-lhe abastecer o mundo mediterrâneo de gêneros exóticos provenientes do Oriente e de produtos de primeira necessidade.
Com isso, o grande crescimento do comércio levou os Fenícios a fundarem feitorias na bacia do Mediterrâneo.
No entanto, sua prosperidade foi prejudicada pelo pagamento de tributos aos Assírios, que dominaram a região no século IX antes de Cristo.
Além disso, as rivalidades e lutas entre as cidades fenícias impediram a formação de um império unificado.
O Império Persa, constituído no século VI antes de Cristo, acabou dominando as cidades fenícias, que se tornaram uma Satrapia – província Persa.
Até esse ponto, a aula transcorreu normalmente.

No entanto, ao começar a tratar dos Medos e dos Persas, logo que começou a falar, o burburinho foi geral.
Os alunos, cochichando entre si, começaram a fazer gozações com o nome dos Medos.
Impertinentes, um deles chegou até a comentar:
-- Professor. O nome desse povo era Medo, por que eles se borravam nas calças?
A gargalhada foi geral.
Fábio, percebendo a provocação do aluno, imediatamente, chamou-lhe a atenção.
"-- Desculpe. Eu ouvi bem?
Por acaso vocês estão achando que eu estou aqui, de brincadeira?"
Nisso, outro aluno mais atrevido ainda, respondeu:
"-- Por que? Não se pode fazer uma brincadeira para descontrair o ambiente?"
Fábio ao ouvir isso, respondeu:
"-- Se eu ouvir outra gracinha dessas, o autor da brincadeira será expulso da minha aula. Estamos entendidos?"

Os alunos então, concordaram com o professor, e a aula prosseguiu.
Ao falar sobre os Medos e os Persas, o professor ouviu pela classe, algumas risadas abafadas, mas não se fez de rogado.
Sem se abalar com isso, continuou a aula.
Disse então:
"-- Os Medos e os Persas eram povos Arianos que atravessaram o Cáucaso para se estabelecerem no Planalto do Irã, às margens do Mar Cáspio.
Por volta do século VIII antes de Cristo, os Medos formaram um reino e em 612 antes de Cristo, destruíram Nínive, pondo fim ao Império Assírio.
Em 539 antes de Cristo, Ciro, chefe dos persas, unificou os dois povos, possibilitando a formação de um novo império.
Ciro fundou então, a Dinastia Aquemênida – a qual existe até os dias de hoje – e consolidou o Império Persa ao estender seus domínios do Rio Indo ao Mediterrâneo e do Cáucaso ao Mar Índico. O império obteria novas conquistas com Dario, filho de um governador e provavelmente aparentado com Ciro, reconhecido como soberano pelas grandes famílias.
Mas sua tentativa de conquistar a Grécia fracassou após a derrota na Batalha de Maratona, em 490 antes de Cristo.
Aqui, cumpre ressaltar que o Rei dos Persas não era considerado um deus, mas apenas um representante de Deus diante dos homens.
Esse governante cuidava da administração de seu país, a partir de grandes canais como Pasárgada, Babilônia e Susa, deslocando-se muito pouco através do império.
O Império Persa, dividido em Satrapias, eram unidades administrativas chefiadas por um Governador ou Sátrapa.
Como no Egito, a agricultura – base de sua economia – dependia das cheias dos Rios Tigre e Eufrates.
O controle econômico era exercido pelo Estado, conforme os padrões do modo de vida asiático. Assim, plantava-se cevada, trigo e centeio.
Ademais, apesar de terem um exército superequipado, os Persas tiveram grandes dificuldades em administrar os vastos territórios conquistados.
Em virtude disso, o Império Persa chegou ao fim em 331 antes de Cristo, quando Alexandre Magno derrotou Dario III na Batalha de Arbelas."
Até aí, a aula estava transcorrendo muito bem.

Mas quando o professor comentou passaria a falar sobre a cultura de todas essas civilizações, os alunos reclamaram.
Suas alunas porém, encantadas com o jovem professor, insistiram para que este, continuasse sua aula.
Com isso, explicando que precisava terminar aquele primeiro ponto, insistiu com os alunos, para que a aula prosseguisse.
E desta forma fez.
Prosseguindo a aula, disse que, a melhor garantia de poder, conferido a classe dominante, não são seus exércitos e sim as desigualdades sociais, idéias e crenças.
Isso por que estas, se convergem em um importante instrumento de dominação, ao qual denominamos ideologia.
Esse instrumento é usado por uma camada considerada superior, como forma de coação das camadas ditas, inferiores, os oprimidos.
Corroborando neste sentido, a religião, a arte e até mesmo a ciência são manifestações externas de ideologia, que, por sua vez, resultam da produção material, da divisão do trabalho e da forma de propriedade.
Por meio dessa bruxa, chamada ideologia, os poderosos controlam o comportamento e a forma de pensar da sociedade.
Mas a história, neste sentido denota que a consciência do que nos cerca, pode libertar as mentes.
Assim, as expressões ideológicas não aceitam a dominação das formas de consciência.
E desta forma, Fábio continuou as explicações sobre os principais aspectos da cultura e do Estado Egípcio, Mesopotâmio, Hebreu e Fenício.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

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