Poesias

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Pisares


Sentir os pés a tocarem a fina areia da praia
Ou os sapatos a sentirem as texturas do chão de concreto
Duro, áspero, saliente, repleto de falhas

O chão, ora recoberto das folhas das árvores
Colorido pelo cair das folhas do alto das copas das árvores
Repleto da cremosidade das frutas partidas em mil pedaços no chão
Goiabeiras

Cheiros e odores a comporem o cenário
De construções feias, frias e abandonadas
Lugar cinzento de outono gélido

Nos caminhos, chaminés de fábricas,
Construções antigas, abandonadas

A cidade vista do alto das novas estações do metrô
Boas construções, prédios

Algumas árvores resistem em certos pontos da cidade
E o gramado, pouco, falto, mas persistente
A se mostrar formoso abrigo das plantas, das flores
Que teimam em margear nossos caminhos de natureza

E o chão de concreto e de asfalto
A ser mais e mais invadido pela pressa dos passantes
Carros, bicicletas, motos e gentes em fúria
A pressa a tomar conta de tudo e de todos

E o chão a sentir as pisadas duras,
Rápidas, ríspidas, dos caminhantes
O pisar descompassado da pressa

Em contraste com as passadas,
Calmas e cadenciadas do contato com a areia
A brisa do mar a invadir as narinas

E o chão a se transformar, de concreto e asfalto
Em areia, em terra viva, gramada, verdejante
Repleta de flores e folhas
De cores e tons

O chão a criar vida,
E a fazer parte do cenário em que vivemos

O chão, a servir de sustentáculo para nossos pés,
Deveras cansados de tantas passadas
A repousar em leito confortável e macio
Juntamente as mentes combalidas

Ligar a tevê e se distrair, com as coisas mais prosaicas
As platitudes ou não, do cotidiano

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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