Poesias

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

‘Ano Novo Vida Nova’

No ano que se passou, quantas loucuras vieram, que nem de todas me recordo.
Céu de anil, todo azul, tão perto está de um passado.
Livros, livros e mais livros, tantas coisas para aprender.
Li tudo com muito interesse, até o que não interessava.
Assuntos interessantes descobri, coisas que nem sequer imaginava.
Meu horizonte, que imaginava tão amplo, se alargou ainda mais, abrangendo aspectos da vida que eu não conhecia.
Muitas coisas que planejei não se acertaram, mas tudo bem, neste ano posso fazer melhor.
Descobri a beleza das superstições para enfeitiçar mais ainda esta data cheia de magia que é o período de transposição entre o novo e o velho, o reveillon.
Período de preparação para a entrada em um novo ano, época de procura por frutas que dêem sorte para o ano que começa, por exemplo.
Romãs que adoçam o ano novo que começa.
Sua semente guardada, serve como garantia de que o novo ano será esplendoroso, com a mais completa realização dos mínimos desejos.
Nove uvas são degustadas e suas sementes cuidadosamente guardadas para sorte do ano que será bom.
Ou melhor ainda, segundo alguns, o número de uvas a ser saboreado deve ser doze, por que estará representando os doze meses do ano.
Comer lentilhas, dando três colheradas generosas para que o ano seja mágico, acreditando na cabala do número mágico.
Nesta época surgem receitas de fartura, correntes para começar bem o ano.
Receitas de boa sorte aparecem aos borbotões, como jogar alfazema no mar (arbusto aromático), com doce e suave cheiro que perfumam os caminhos.
Rosas brancas para a paz, vermelhas para o amor, amarelas para a sabedoria.
As roupas, conforme as lendas, também dizem muito sobre o futuro, pois a cor indica como será o novo ano.
Preto, segundo especialistas, jamais, fecha os caminhos da prosperidade.
Já o branco, que é a junção de todas as cores e portanto é o mais usado durante o ano novo, pois traz todos os desejos intrínsecos a cor.
O ano novo é o reinício de um novo ciclo, tudo novo.
Daí a esperança de um ano melhor.
Projetos que começam numa folha de papel, a ceia numa mesa ricamente arrumada, o arranjo de flores ao centro da mesa, pratos, copos, taças e talheres, juntos com a ceia generosa enfeitando a mesa.
Histórias de vida que começam no ano que se inicia.
Uma (história) que me faz pensar é aquela em que a pessoa diz que irá realizar o mesmo sonho todos os anos e não realiza, sempre deixando para depois.
Isto serve de exemplo para nós.
Não devemos fazer promessas que não podemos cumprir, devemos ser sinceros com nós mesmos.
Devemos ser persistentes com nossos sonhos e pensar grande, mas pensar o que está ao alcance, nem que se tenha que alcançar com luta.
Enfim, sonhar com o que é possível.
Sonho com uma praia com ondas espumantes invadindo a areia, um sol quente beijando delicadamente a água esverdeada do mar coberta de algas e de impurezas.
Barcos rasgando a praia de alto a baixo, escunas – barcos de passeio que navegam por entre ilhas, chegando até a desembarcar em algumas delas.
Alguns chapéus-de-praia balançando de acordo com o vai e vem dos ventos que sopram, (as vezes violentamente) murmúrios entre as folhas das árvores.
A brisa marítima que canta seus segredos e encanta a todos que permanecem na orla da praia durante a noite, bebericando um chopinho, ou então, reunidos, conversando animadamente, tomando um sorvete ou ainda bebendo uma batidinha de qualquer sabor que possa aparecer por lá.
Sei que estou com delongas, mas deveras, tenho muito o que contar e muitas vezes não sei como começar.
Um dia aprendo como tirar proveito de tamanha indecisão.
Agora só me resta ter saudade da praia, provavelmente não poderei freqüentá-la este ano, mas posso aproveitar e dar um passeio pela cidade.
Por acaso moro em Santo André, e por aqui tem muitas belezas.
Temos um museu de música que ainda não conheço, uma bela construção toda pintada de amarelo, o colégio Américo Brasiliense, em estilo neoclássico que está sendo restaurado, o centro da cidade, os shoppings que estão espalhados por todo o Grande ABC, sebos (lugares onde se vende livros e revistas antigos, sendo que alguns deles vendem até discos).
Posso ir até São Bernardo e até São Paulo, revisitar seu centro abandonado, mas ainda assim maravilhoso, com prédios antigos e o Vale do Anhangabaú.
Já conheci a Avenida Paulista, pedaço Nova Iorquino da cidade.
Nos jornais aparecem projetos que visam a recuperação do centro desta cidade que já foi conhecida como ‘a terra da garoa’.
Portanto pretendo aproveitar muito bem minhas férias conseguidas a duras penas, e que ainda não acabaram.

*Revendo este antigo texto, me pego a pensar que consegui realizar alguns pequenos desejos contidos ali. Que coisa boa.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário