Poesias

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Mar dos Insensatos

Molusco de grandes profundezas.
Afunda em grandes mares, muitas voltas.
Na areia úmida do fundo do mar uma vida brota de suas carnes, emaranhadas de uma concha que traz consigo os mistérios do mar, reino de Netuno que governa as águas inconstantes do seu grande encontro.
Mirem-se na flora cristalina e sombria a se construir, conquistas sem derradeiro final.
A gota d’água que aflora se transforma num turbilhão descarregando-se no fundo do lodo quente e úmido.
O substrato da vida.
O céu iluminado que paira sobre as águas clareando-as com luz, vida e morte das águas, que voltarão para o fundo do mar, repousando suavemente em suas entranhas.
A areia reclinada à margem das águas se move por sobre as ondulações da natureza, manifestos simbólicos sem a modernidade dos grandes poemas.
A lua se mostra serena e calma, não alardeia o mar que repousa em si mesmo toda sua essência.
Ó Mar dos Inconstantes!
Jangadeiros lançam suas redes ao mar e nem sentem o sol fustigando-lhes a pele já doirada e ressecada.
O sol que já lhes infligiu o castelo de torturas por qual se tornou desafio, ó mar... dos inconstantes, dos desolados, dos aflitos, dos fugidios.
Daqueles que procuram por refúgio o encontro de tuas águas profundas, águas que abrigam em seu seio acolhedor muitos corpos desaparecidos que lá fazem parte da tua história.
Agora, esqueçamo-nos do desalento e cantemos as tuas alegrias, a volta a ti, mãe das águas, destas de onde saímos e para onde ainda poderemos voltar, molhar os cabelos na areia molhada, mergulhar os corpos no grande mar que está a nossa frente e descobrir os mistérios do império do sal, o seu zelo eterno e sereno, e tranqüilo.
Ó, Mar dos Navegantes!
PS: O eterno lema, Mar dos Insensatos.

Luciana Celestino do Santos
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