Quando criança, lembro-me que brincava por entre as duas árvores do quintal de
minha casa.
Árvores frondosas, de espessas copas.
Lembro de um cipreste, que hoje
pobrezinho, está até abandonado.
E das lindas roseiras que enfeitavam o lugar.
A casa, simples, abrigava os cômodos necessários para o nosso conforto e moradia.
O quintal, era grande, amplo e arejado.
Nunca mais morei numa casa tão espaçosa.
Lembro que tinha um cachorro, Snoopy, que nos foi tirado quando da mudança para
outra cidade.
O outro, o primeiro, mordeu o elástico que o prendia e partiu rumo à liberdade.
Os balanços, eram os brinquedos.
Como gostava de me balançar e ficar a sonhar com mundos distantes.
Quimeras,
fantasias.
Em nosso antigo lar, havia dois lugares em que eu podia fugir para outras realidades: o quintal dos fundos, numa parte em que havia sido planejada uma construção; e no meu
saudoso balanço.
Querido balanço, baú de tão lindas recordações.
Hoje nem existe mais.
Às vezes, lá ía a noite meu irmão a balançar e a admirar as árvores distantes, que as
vezes pareciam monstros assustadores.
Recordações de medos infantis.
Lembro-me do delicioso aroma de uma misteriosa dama-da-noite, que sempre me fez
sonhar com este adorado lar.
Adorava ir à sorveteria, passear pelo lugar, conhecer novos caminhos com meu pai.
Sair à noite com minha mãe e meu irmão para nos deliciarmos com suculentos
hambúrgueres.
Por quê quando se é criança, precisa-se de tão pouco para ser feliz, e quando
crescemos, ficamos tão insatisfeitos com à vida, nada mais nos alegra tanto quanto antes,
por quê?
Quem souber a resposta, por favor me responda.
Em outras paragens, também morei, mas em nenhum outro lugar fui tão feliz quanto
nesta linda e outrora encantadora cidade, Araraquara.
Araraquara, terra de sol e calor.
Morada do Sol, como diziam os índios que por lá
passaram.
Araraquara de cores raras, terra encantada dos meus sonhos de infância.
Terra onde:
"Nossa alegria é de amar você....”
Comemorações outras, também se faziam presentes, como a Semana da Pátria, onde
era hasteada a Bandeira do Brasil e cantado o Hino Nacional.
Também me lembro vagamente, que todas as sextas-feiras, ou quase todas, antes de
voltarmos para casa, cantavamos o Hino Nacional.
Lindos tempos, tão lindos tempos.
Tempos de dificuldades também, e de tristezas.
Dificuldades na escola.
De brigas
com os coleguinhas.
Hoje até os problemas e as incompreensões, me parecem doces.
Época de se cantar hinos, de se comemorar o Dia das Crianças, as nossas pequenas
grandes formaturas.
Tempos das tias, professoras de quem até hoje eu me lembro.
Tempo
de se brincar nas quadras de esporte do SESI, de exaltar a instituição mantida pela indústria.
De nadar. Me lembro que isso ocorreu pouquíssimas vezes, na piscina da escola.
Recordo-me que, quando voltava da escola, adora fantasiar-me, fazer de conta que
era outra pessoa.
Ou então, brincar numa piscina de plástico que nós tinhamos.
Aquilo para
mim era um sonho.
E que sonho!
Araraquara, que nos tempos da lembrança mais triste e doce, quando conheci os
primeiras versos dos grandes poetas, eu comparara a “Passargada”, do maravilhoso
Manuel Bandeira.
Durante muitos anos, mesmo inconscientemente, esta cidade interiorana fora uma
imagem onírica para mim.
Palco de lembranças muito felizes.
Mas deveras, não posso ser injusta com as outras cidades que me acolheram, de
todas também guardo momentos felizes.
Só que a primeira, a primeira cidade da minha
lembrança, é a mais marcante, e também, a mais especial.
De Campinas, a cidade de lindos e verdejantes campos verdes, me ocorre mencionar
o Parque Taquaral, belíssimo parque onde havia uma réplica de uma das caravelas de Pedro
Álvares Cabral, o descobridor destas paragens.
Íamos com certa freqüência a alguns
restaurantes e pizzarias.
Portanto, em relação a passeios, Campinas fora uma cidade
realmente pródiga para mim.
Outras cidades conheci, em outras paragens morei.
De todas tenho lindas
recordações encartadas no coração de minhas memórias.
Mas realmente a mais marcante,
fora Araraquara.
O porquê?
Não sei explicar, só vivendo o que eu vivi para entender.
Até
porque, nos dizeres do filosofo, as águas de um rio não passam duas vezes no mesmo lugar.
Um abraço
Até breve
Luciana Celestino dos Santos
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