Poesias

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Dia 5 de Maio, 2003

Vejo no jornal notícias desconcertantes sobre a violência urbana.
Prédios sendo alvejados por bombas, atentados, tiroteios, mortes violentas e gratuitas, atingindo cidadãos inocentes.
Onde isso vai parar?
Já tombaram no meio dessa violência, prefeitos, juízes, promotores, policiais, pessoas de bem. Quantos mais precisarão morrer, ou mesmo ficarem incapacitados pelo resto, muitas vezes, de suas jovens vidas?
Se as autoridades não tomarem as devidas providências, o que já é um caos em virtude da omissão das mesmas, cada dia mais se tornará um inferno na terra.
Se é que já não se tornou e eu não me dei conta.
Sempre me disseram que o bem é mais forte que o mal, será?
Vendo o que eu estou vendo, chego a ter dúvidas.
Só espero que a solução para esse gravíssimo problema social não nos chegue tarde demais.
Ou será que nós, teremos que tomar a justiça pelas nossas próprias mãos e com isso abrirmos mão do tão propalado Contrato Social, onde renunciamos uma parcela de nossas liberdades individuais em virtude de uma maior segurança na nossa vida em sociedade, para passarmos novamente a viver no Estado de Sociedade, referente a Era Pré-Contratual a que tanto se referem os Contratualistas, e com isso dizer adeus a Sociedade Civil?
Ante algumas atitudes tomadas pela população diante dessa violência execrável, jogada a todo momento na nossa cara, parece que esta é a alternativa.
Teremos que tomar em nossas mãos então a resolução dos casos de violência?
Teremos nós mesmos que bater nos bandidos e matá-los por nossas próprias mãos, para que não cometam mais crimes?
Do jeito que em está caminhando a humanidade, daqui algum tempo, esta será com certeza, a única solução possível, pois da maior parte de nossas autoridades o que mais se vê são bravatas e não discussão política séria a respeito do combate a criminalidade.
Em tão pouco tempo de vida nunca concebi, nem nos meus sonhos mais loucos e terríveis, uma realidade tão aterradora e nefanda quanto esta.
Ao que me parece, existe solução para esse grave problema social.
O que falta muitas vezes é vontade política, como já bem disseram autoridades de renome no país. Falta pulso firme e respeito por nossas instituições públicas, muitas vezes, em decorrência das próprias autoridades que lá estão, que não se fazem respeitar.
A glamourização do crime é cada vez mais mostrada na mídia, que não se furta nem nos menores detalhes em perscrutar a vida de perigosos criminosos.
Chego a sentir raiva dessa situação onde o mal é muitas vezes mais respeitado do quaisquer valores morais que sejam apresentados.
Não é mais dado valor para as coisas saudáveis, como para a beleza, para o bem estar, para o respeito mútuo, para a educação, para a cultura.
Tudo é sangue é tragédia, desgraça.
A vida se resume agora a um filme de ação americano, onde a violência é a principal atração da película, que deixa de lado até mesmo a história, que passa a ser secundária.
Não quero ser a atriz principal de um filme americano de ação, prefiro as comédias bem feitas, quero um pouco de leveza na minha vida, e acredito que este desiderato não é somente meu.
Quero um dia ligar a televisão e constatar que os índices de violência caíram, que a vida voltou ao normal.
Não quero um jardim abarrotado de rosas, mas quero ao menos sentir a vida brotando, em flores, cores, sons.
Jorrando acontecimentos benfazejos a toda nossa população carente de coisas boas e positivas em suas vidas.
Quem sabe o caminho para o combate da criminalidade não comece por aí.
Construindo-se mentes positivas.
Com educação, trabalho e perspectiva de futuro as coisas mudam.
Assim eu acredito.
Acredito que um pouco mais determinação não seria nada mal para resolver esse problema.
Uma dica. Se as autoridades querem realmente acabar com a violência, que dêem então, mais credibilidade as nossas instituições, principalmente as jurídicas, mas também ponham aqueles bandidos vagabundos para trabalhar, pois já diz a sabedoria popular, “mente vazia é a oficina do diabo”.
Ocupem as cabeças desses desocupados com trabalho e Vossas Senhorias vão ver no que vai dar.
Dêem educação e possibilidade de trabalho para todos, mas também saibam impor respeito.
Criar cidadãos é como criar filhos, é preciso impor limites e saber se fazer respeitar.
Isso por que, infelizmente, já pude me dar conta a essa altura, que não basta só dar liberdade, é preciso ensinar as pessoas o valor desta, e mostrar também que, quando se quer a tão propalada liberdade é preciso fazer por merecer para poder conquistá-la.
Não penses vós que sou incréu.
Só eu sei, por estar vivendo um momento de dificuldades, que tudo custa muito para ser alcançado.
Se querem acabar com a violência, construam presídios onde os presos possam trabalhar, pagar com o suor de seu rosto, com o seu labor diário sua mantença na prisão.
Que parte desse dinheiro sirva para manter o sistema penitenciário e outra parte sirva para indenizar as vítimas desse criminoso.
Só depois disso é que se deve pensar em benefícios previdenciários para os presos.
Isso vale também para as FEBEM’S, ponham aqueles menores para trabalhar!
É uma infâmia termos que sustentar tão ignóbeis criaturas.
Os presos e os infratores é que tem que se manterem.
Temos que fazer com que os bandidos respeitem a polícia, que esta se torne mais bem preparada, mais bem equipada e principalmente, bem paga, o que desestimularia e muito a corrupção, e com certeza pouparia a vida de milhares de cidadãos brasileiros inocentes que tem suas vidas ceifadas, tolhidas inutilmente em virtude do despreparo de nossos policiais.
Temos que fazer da Polícia, uma instituição de credibilidade e de respeito.
Enfim, este é o meu brado, quero justiça, igualdade, educação, cultura, responsabilidade e consciência social.
Quero respeito, tolerância e valorização da dignidade humana.
Não quero que Comissões de Direitos Humanos só apareçam em presídios ou FEBEM’S, quero estas atuem também na causa das vítimas, para que ajudem a apurar com seu prestígio a responsabilidade pelos fatos criminosos que atingiram essas famílias.
Quero justiça.
Quero um judiciário mais célere, mais eqüânime, onde todos tenham acesso à justiça.
QUERO PAZ!
QUERO UM BRASIL MELHOR!

Luciana Celestino dos Santos
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