Poesias

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Noite

A noite escurecida de um longo carnaval, confetes se espalham pelo ambiente ao sabor do vento que sussurra noites mil, marchinhas inesquecíveis.
A lua risonha, murmura baixinho, não fazendo barulho para o astro rei não acordar de seu sonho profundo, zangado por causa da folia que por cá ocorre todos os anos numa repetição sem fim.
Ah! Carnavais Antigos, os velhos te saúdam com saudade dos tempos idos do carnaval de rua, tempos de melindrosas e pierrôs, colombinas, as fantasias tradicionais, detalhes delicados, lindos babados, o confete e a serpentina que se espalham pelo salão ao sabor do vento, derramando-se pelas ruas.
As mocinhas ricamente fantasiadas, das mais variadas formas, o rosto carregado de maquiagem, o olhar lânguido, envolvente...
Depois, ao terminar a passagem dos carros pela rua, o desfile de cortejos e também o espaço aberto, o banho noturno no mar, as fantasias de crepom que se desfazem na água.
O entrudo, a guerra de água e farinha.
Dizem os mais velhos, carnaval assim não mais existe.
Agora a realidade.
A apoteose de um longo passear, desfile de cores, penas e plumas, grandes adornos, figuras mitológicas, representações do enredo, shows de fumaça e fogo.
Tudo agora é right-tech, altos recursos para agradar a platéia agora delirante diante do desfile de imagens, mulheres semi-nuas, muitas sem corpo para fazerem isso, pura exibição de um momento efêmero que se extinguirá com a mesma rapidez com que as horas velozes do tempo passam, levando até mesmo a beleza de um momento tão mágico e fantástico.
O Carnaval, O Maior Espetáculo da Terra.
Encerro aqui o meu relato deste artefato.
O Carnaval.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Brisa do mar

A brisa do mar soprando ao longe, o mar escorrendo entre a areia e a espuma, que se esparrama pela praia.
Um coqueiro maltratado balança ao sabor do vento.
As ondas enfurecidas elevam as águas verdes deste mar bravio.
Flores adormecidas no fundo deste mar bravio.
As mais belas cores, formas, as anêmonas que presas à rochas imersas não afloram sua beleza a superfície.
Peixes também variados competem em cor e beleza com as flores exóticas.
Ondas agitam o mar, transformando-o em ira e espuma.
Atrasa-se perante os caprichos de Iara, a nossa mãe d’água, que adormece nas profundezas do oceano.
Iara cultivou essas lindas flores para que elas crescessem no reino de Netuno.
O rei dos mares ordenou que se espalhassem as flores vivas.
Por sua vontade, muitas começaram a fazer cambalhotas e a se locomoverem andando em várias direções, outras continuaram presas às rochas.
Águas-vivas e caravelas que, com sua beleza encantam e ferem, vieram na direção do Oceano Atlântico.
Observaram as flores e mostraram também sua beleza ameaçadora, enquanto a vida marítima continuava em seu curso natural.
Aqui, na areia do mar... o mar se entrega ao domínio da lua, que com seus movimentos influencia o mar.
Mar que apaixonado nunca pensou em se libertar do encanto.
A lua em companhia das estrelas, derrama luz por sobre a escuridão do mar.
Um lindo clarão onde se pode avistar os rochedos ao longe, ilhas além mar que enfeitam o mesmo de mistério e sonho.
Quem terá sido o criador de toda essa maravilha?
Ninguém saberá responder tal pergunta, sem antes desvendar os mistérios do mar.
Uma aparição, uma figura humana surge das águas envoltas em sombras... seria a Iara, a mãe d’água?
Talvez, pois suas formas lembravam a de uma mulher, de cintura muito fina e delicada, longos cabelos negros balançando ao vento.
A forma humana se aproximava lentamente, de maneira que quem a visse poderia admirar os seus suaves contornos.
A certa hora a figura ganhou formas nítidas, ganhou luminosidade.
Uma forma de mulher que impressionou a todos os pescadores que a observavam.
Depois de um certo tempo, a mulher foi se afastando até sumir na profundeza das águas, num silêncio perturbador...

*Iara como deusa dos mares. Trata-se de uma licença poética, já que ela está vinculada aos rios e não aos mares. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

‘Ano Novo Vida Nova’

No ano que se passou, quantas loucuras vieram, que nem de todas me recordo.
Céu de anil, todo azul, tão perto está de um passado.
Livros, livros e mais livros, tantas coisas para aprender.
Li tudo com muito interesse, até o que não interessava.
Assuntos interessantes descobri, coisas que nem sequer imaginava.
Meu horizonte, que imaginava tão amplo, se alargou ainda mais, abrangendo aspectos da vida que eu não conhecia.
Muitas coisas que planejei não se acertaram, mas tudo bem, neste ano posso fazer melhor.
Descobri a beleza das superstições para enfeitiçar mais ainda esta data cheia de magia que é o período de transposição entre o novo e o velho, o reveillon.
Período de preparação para a entrada em um novo ano, época de procura por frutas que dêem sorte para o ano que começa, por exemplo.
Romãs que adoçam o ano novo que começa.
Sua semente guardada, serve como garantia de que o novo ano será esplendoroso, com a mais completa realização dos mínimos desejos.
Nove uvas são degustadas e suas sementes cuidadosamente guardadas para sorte do ano que será bom.
Ou melhor ainda, segundo alguns, o número de uvas a ser saboreado deve ser doze, por que estará representando os doze meses do ano.
Comer lentilhas, dando três colheradas generosas para que o ano seja mágico, acreditando na cabala do número mágico.
Nesta época surgem receitas de fartura, correntes para começar bem o ano.
Receitas de boa sorte aparecem aos borbotões, como jogar alfazema no mar (arbusto aromático), com doce e suave cheiro que perfumam os caminhos.
Rosas brancas para a paz, vermelhas para o amor, amarelas para a sabedoria.
As roupas, conforme as lendas, também dizem muito sobre o futuro, pois a cor indica como será o novo ano.
Preto, segundo especialistas, jamais, fecha os caminhos da prosperidade.
Já o branco, que é a junção de todas as cores e portanto é o mais usado durante o ano novo, pois traz todos os desejos intrínsecos a cor.
O ano novo é o reinício de um novo ciclo, tudo novo.
Daí a esperança de um ano melhor.
Projetos que começam numa folha de papel, a ceia numa mesa ricamente arrumada, o arranjo de flores ao centro da mesa, pratos, copos, taças e talheres, juntos com a ceia generosa enfeitando a mesa.
Histórias de vida que começam no ano que se inicia.
Uma (história) que me faz pensar é aquela em que a pessoa diz que irá realizar o mesmo sonho todos os anos e não realiza, sempre deixando para depois.
Isto serve de exemplo para nós.
Não devemos fazer promessas que não podemos cumprir, devemos ser sinceros com nós mesmos.
Devemos ser persistentes com nossos sonhos e pensar grande, mas pensar o que está ao alcance, nem que se tenha que alcançar com luta.
Enfim, sonhar com o que é possível.
Sonho com uma praia com ondas espumantes invadindo a areia, um sol quente beijando delicadamente a água esverdeada do mar coberta de algas e de impurezas.
Barcos rasgando a praia de alto a baixo, escunas – barcos de passeio que navegam por entre ilhas, chegando até a desembarcar em algumas delas.
Alguns chapéus-de-praia balançando de acordo com o vai e vem dos ventos que sopram, (as vezes violentamente) murmúrios entre as folhas das árvores.
A brisa marítima que canta seus segredos e encanta a todos que permanecem na orla da praia durante a noite, bebericando um chopinho, ou então, reunidos, conversando animadamente, tomando um sorvete ou ainda bebendo uma batidinha de qualquer sabor que possa aparecer por lá.
Sei que estou com delongas, mas deveras, tenho muito o que contar e muitas vezes não sei como começar.
Um dia aprendo como tirar proveito de tamanha indecisão.
Agora só me resta ter saudade da praia, provavelmente não poderei freqüentá-la este ano, mas posso aproveitar e dar um passeio pela cidade.
Por acaso moro em Santo André, e por aqui tem muitas belezas.
Temos um museu de música que ainda não conheço, uma bela construção toda pintada de amarelo, o colégio Américo Brasiliense, em estilo neoclássico que está sendo restaurado, o centro da cidade, os shoppings que estão espalhados por todo o Grande ABC, sebos (lugares onde se vende livros e revistas antigos, sendo que alguns deles vendem até discos).
Posso ir até São Bernardo e até São Paulo, revisitar seu centro abandonado, mas ainda assim maravilhoso, com prédios antigos e o Vale do Anhangabaú.
Já conheci a Avenida Paulista, pedaço Nova Iorquino da cidade.
Nos jornais aparecem projetos que visam a recuperação do centro desta cidade que já foi conhecida como ‘a terra da garoa’.
Portanto pretendo aproveitar muito bem minhas férias conseguidas a duras penas, e que ainda não acabaram.

*Revendo este antigo texto, me pego a pensar que consegui realizar alguns pequenos desejos contidos ali. Que coisa boa.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Algumas Palavras

Palavras são como fúrias ao vento.
Dão vida ao mais singelo papel desde que devidamente empregadas.
Se mal empregadas só farão por diminuir o encanto e o deleite que repousam sobre a folha de papel.
Não temas as palavras, deixem-nas tocarem com suas liras o coração humano mais insensível. Toquem-nas com a alma, como quem toca as teclas de um piano.
Assim como a brisa dos ventos tocam nossos cabelos, deixem que o fervor das palavras tome conta de sua vida.
Deixem que as palavras se liqüefaçam nos seus interiores, assim como a água entra em ebulição e o papel se encontra em seu elemento, numa perfeita simbiose com as letras, palavras que combinadas formam um texto.
Como já dizia Caetano Veloso, “a nossa flor do Lácio”.
Flor que encanta, mas que também pode assustar...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 9

De lá foi até a sala do terceiro ano e começou sua aula.
Como sempre fazia, ao entrar na classe cumprimentou os alunos, abriu sua maleta e retirou um livro.
Ao abrir na página 91, começou a dizer:
"-- A Revolução Francesa, significou o rompimento do absolutismo.
Ela eclodiu em um momento no qual a burguesia e o sistema capitalista nascidos dentro do antigo regime estavam cerceados pelo próprio sistema político.
A monarquia absolutista, que trouxera tantos benefícios para o desenvolvimento do comércio e da burguesia na França, tornou-se, no final do século XVIII, um verdadeiro obstáculo para a expansão dessa mesma burguesia.
Os Grêmios de Ofício, limitavam o desenvolvimento de processos mais rápidos de produção.
Por essas e por outras razões, havia um descontentamento geral na França.
Não era só a burguesia que reclamava.
Os camponeses, tantos servos como rendeiros e pequenos proprietários, sentiam na pele o peso dos altos impostos cobrados pela Monarquia Absolutista.
Com isso, passou a haver uma indagação no ar.
O que fazer para superar essa situação?
A Revolução Intelectual, iniciada em meados do século XVIII, parecia oferecer algumas respostas nas críticas feitas pelos Iluministas.
Para eles, a única maneira de a França se igualar à Inglaterra, era passar o poder político para as mãos da burguesia – entre eles, comerciantes, industriais, banqueiros.
Era preciso destituir a nobreza que, aliada ao rei, mantinha o poder sob rígido controle.
Pois, se a Monarquia Absolutista representava um empecilho à modernização da França, esse obstáculo precisava ser removido.
E é este o significado da Revolução Francesa.
Com isso, se pode observar, que esta revolução, significou o fim do Absolutismo na França e ascensão da burguesia ao poder político, consolidando no plano econômico, as relações de produção capitalistas.
Além disso, as conseqüências deste movimento não ficaram adstritas à França.
O exemplo espalhou-se por toda a Europa, atravessou o Atlântico e influenciou movimentos de independência da América Latina.
Enfim, a Revolução Francesa foi um episódio tão importante na história do mundo ocidental, que se convencionou estabelecer este fato, com marco inaugural da Idade Contemporânea.
Ao terminar de proferir estas palavras, Fábio aproveitou para perguntar aos alunos, se estes tinham alguma dúvida em relação ao que foi apresentado.
Como a resposta foi negativa, aproveitou para continuar a aula.
E assim, retomando as explicações, disse que, a situação econômica na França, era bastante crítica.
Quase toda a renda da nação vinha da agricultura, sua população era de 26 milhões de habitantes e dentre estes, mais de 20 milhões moravam no campo.
No entanto, uma boa parte desses camponeses estavam ainda submetidos ao regime de servidão.
Para piorar, o comércio não podia se expandir, principalmente por causa das barreiras feudais que ainda subsistiam no interior do país, obrigando os comerciantes a pagarem altos impostos para os donos das terras.
Parece que até a natureza contribuiu para piorar a situação econômica do país.
Entre os anos de 1784 à 1785, alternaram-se inundações que resultaram numa flutuação dos preços dos alimentos, que, ora subiam, impedindo que os camponeses e os pobres em geral comprassem comida, ora baixavam, levando a maioria dos pequenos proprietários à falência.
Além disso, a situação da indústria francesa não era nem um pouco melhor, pois uma parte considerável da produção se baseava no sistema rural e doméstico.
As Corporações com todas as suas regras de controle, impediam que se desenvolvessem novas técnicas, que permitissem ampliar a produção de modo a atender um mercado consumidor crescente.
A atuação do governo na área de viticultura aumentou ainda mais o descontentamento.
Isso por que, a monarquia havia assinado um tratado comercial com os ingleses, pelo qual os vinhos franceses seriam trocados por tecidos ingleses, com isenção de impostos.
Tal acordo, levou várias pequenas fábricas francesas à falência, por não suportarem a concorrência da avançada técnica inglesa no ramo dos tecidos.
Além disso, a sociedade francesa, às vésperas da revolução estava dividida em três segmentos, conhecidos como Estados:
O Primeiro Estado representado pelo clero, e dividido em alto clero, – cujos membros eram oriundos da nobreza e de famílias ricas, possuindo todos os privilégios políticos e econômicos – e em baixo clero – proveniente das camadas mais pobres.
Já no Segundo Estado, a nobreza em geral, era a detentora de grandes privilégios, entre os quais, a quase total isenção dos impostos. Esta nobreza, no entanto, não formava um grupo homogêneo, estava subdividida em nobreza cortesã, que vivia junto ao rei, e a nobreza provincial que vivia nos castelos, no campo, e explorava o trabalho dos servos.
Quanto ao Terceiro Estado, este era constituído pela maioria esmagadora da população, aquela parte do povo, que suportava economicamente toda a França.
Os camponeses, que formavam a imensa maioria, forneciam com seu trabalho, alimentos e matérias-primas para a expansão econômica da sociedade.
Além disso, a maioria dos camponeses pagava, de uma forma ou de outra, pesados impostos – alguns deles feudais – para seus senhores.
Em menor número, mas também com importante participação no Terceiro Estado, estavam os trabalhadores das cidades, e também os desempregados, marginais que formavam o grupo dos assim chamados sans-culottes, nome dado aos pobres urbanos.
Este Estado, estava ainda dividido em pequenos burgueses – pequenos comerciantes e artesãos –, camada média – composta de comerciantes e profissionais liberais – e a alta burguesia – grandes banqueiros e comerciantes com o exterior.
No ano de 1774, subiu ao trono Luís XVI, neto do Rei Luís XIV.
Com isso, uma grande parte dos franceses, passou depositar certas esperanças de que o novo monarca conseguiria tirar a França da situação crônica de crise.
Mas as esperanças duraram pouco, o governo francês entrou em guerra com a Inglaterra, na época da Independência dos Estados Unidos, e o déficit cresceu ainda mais, o que obrigou o monarca, a aumentar os impostos.
Como as dívidas do Estado e o déficit do aumentassem, o rei tentou inúmeras soluções.
Convidou o fisiocrata Turgot para o cargo de Controlador Geral das Finanças, equivalente ao cargo de ministro da fazenda.
Turgot tentou sanear o déficit do tesouro, mas esbarrou com um problema de difícil solução, pois todos os impostos recaíam sobre o Terceiro Estado, deixando isentos o Segundo e o Primeiro.
Ao propor igualdade de taxações, Turgot foi demitido.
Assim, um novo Controlador Geral das Finanças foi nomeado, mas ele chegou à mesma conclusão de seu antecessor e teve o mesmo destino, isto é, a demissão.
O ministro seguinte, Calonne, propôs ao rei que convocasse a Assembléia dos Notáveis (composta somente de membros da nobreza) entre os anos de 1787 e 1788.
Os nobres ouviram as explicações de Calonne e, quando este sugeriu que seria necessário estabelecer a paridade de taxações, declararam-se em rebelião contra o próprio rei.
Diante disso, como era de se esperar, Calonne foi demitido.
Com isso, o déficit da França era, naquele momento, de 126 milhões de libras (a moeda francesa da época).
Como saída para a crise, sugeriu-se a convocação para os Estados Gerais, isto é, uma assembléia que reunisse representantes do Primeiro, do Segundo e do Terceiro Estado.
Os Estados Gerais deveriam discutir abertamente uma solução para a crise financeira que assolava o país.
Mas o Terceiro Estado pretendia muito mais que isso, queria aproveitar o ensejo para fazer exigências de caráter político.
Suas principais exigências eram: Duplicação do número de representantes nos Estados Gerais, garantindo pelo menos o empate com os outros dois Estados, uma vez que cada Estado tinha direito a um voto, e o Terceiro estava sempre em condições inferiores, dado que os dois primeiros partilhavam as mesmas posições e votavam de maneira idêntica. Queriam ainda, o Voto Individual.
Como o Terceiro Estado contava com a adesão de alguns membros do Primeiro e do Segundo Estado, esta seria uma estratégia para atingir a maioria nas decisões.
Contudo, a notícia da convocação dos Estados Gerais, caiu como uma bomba sobre a França.
Da noite para o dia, todo o país estava invadido por milhares de jornais, planfletos e cartazes.
A agitação geral da sociedade assustou o rei e a nobreza.
Enquanto isso, o Terceiro Estado se organizava para obter a aprovação de suas reivindicações.
Assim, ao abrir a seção inaugural dos Estados Gerais, o rei advertiu os presentes de que a Assembléia se destinava única e exclusivamente a discutir questões relacionadas às finanças, e que com isso, não se falaria de reivindicações políticas.
Com isso, diante da atitude do rei, o Terceiro Estado agiu prontamente, exigindo que as reuniões fossem feitas conjuntamente e não separadas por Estados.
Para garantir suas reivindicações, o Terceiro Estado proclamou-se Assembléia Geral Nacional.
O rei, desesperado diante da iniciativa dos representantes do Terceiro Estado, mandou fechar a sala de reuniões.
Mas, o Terceiro Estado não se deu por vencido e seus deputados tomaram a decisão de proclamar-se Assembléia Nacional.
Dirigiram-se a um salão que a nobreza utilizava para jogos e lá juraram permanecer reunidos até que a França tivesse uma Constituição.
E aos 27 de junho, o rei ordenou aos demais representantes dos dois primeiros Estados que participassem da Assembléia.
Assim, no dia 9 de julho de 1789, reuniu-se pela primeira vez a Assembléia Nacional para redigir uma nova Constituição.
Os deputados dividiam-se em dois grandes grupos, os Jacobinos e os Girondinos, cujas posições físicas nas bancadas da Assembléia era as seguintes: Na Ala esquerda ficavam sentados os Jacobinos – mais tarde Montanheses –, liderados por Robespierre, representando a pequena burguesia, profissionais liberais e lojistas.
Próximos aos Jacobinos estavam os Cordeliers – que receberam este nome por que seus adeptos se reuniam no Convento dos Franciscanos, os Cordeliers – sob a liderança de Marat e Danton, representavam igualmente os interesses do Terceiro Estado.
Nas cadeiras do centro, estavam os Girondinos – que mais tarde receberiam o nome de Planície ou Pântano – , representavam os interesses da alta burguesia comercial e financeira e também da nobreza liberal.
Formavam o maior grupo da Assembléia.
Por fim, na extrema direita, sentavam-se os representantes da nobreza e do clero.
Constituindo-se em minoria e defendiam a monarquia.
Além disso, dois grupos começavam a se formar, de um lado liderados por Mirabeau, onde de um lado, havia aqueles que defendiam uma monarquia institucional e de outro, uma minoria liderada por Robespierre, que defendia uma democracia republicana.
Para o rei, isto significava a perda do poder absoluto.
Por isso, sua reação foi imediata.
Demitiu o ministro Necker e ordenou ao exército que se preparasse para reprimir as manifestações da burguesia.
No dia 14 de julho, a burguesia apelou para a ajuda do povo parisiense.
Mas a Bastilha, construção utilizada como prisão política, foi invadida por populares.
Diante disso, a violência revolucionária rapidamente espalhou-se pelo interior da França. Camponeses invadiram os castelos da nobreza feudal, executaram famílias inteiras e exigiam uma reforma fundiária.
Os temores da burguesia voltaram-se então para as ações dos camponeses, que poderiam começar a avançar também contra a propriedade burguesa.
Para garantirem-se, decidiram abolir os direitos feudais, e quase ao mesmo tempo, instituíram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 26 de agosto de 1789.
Grande parte da nobreza, atemorizada, resolveu emigrar para a Holanda, Inglaterra, Áustria e demais países.
Esperavam conseguir restaurar o absolutismo, que caía em frangalhos.
Um dos atos mais importantes da Assembléia Nacional Constituinte foi o confisco dos bens do clero.
Estes bens serviram como garantia para os bônus que foram emitidos com o objetivo de arrecadar fundos e superar a crise financeira.
A Igreja Francesa reagiu e protestou, mas a Assembléia passou a prender qualquer membro desta, que se manifestasse politicamente.
Por isto, a situação política e social era bastante confusa, nos momentos iniciais da revolução.
O rei mantinha secretamente contato com os emigrados e com as monarquias absolutistas da Áustria e da Prússia, para conspirar contra o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
Numa tentativa desesperada, o Rei Luís XVI tentou fugir para a Prússia, mas no caminho foi reconhecido e preso por camponeses, sendo obrigado a voltar para Paris.
Os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que fosse aprovada uma Monarquia Parlamentar na Constituição de 1791 semelhante à inglesa após a Revolução Gloriosa.
O poder do rei (executivo) ficava, portanto limitado pelo poder legislativo (parlamento).
No entanto, o poder legislativo não era escolhido pelo voto universal (de todo o povo francês) mas pelo voto censitário (onde somente os mais ricos podiam votar).
Isso equivalia dizer, que o governo da França, ficava nas mãos de uma fração minoritária da rica burguesia e aristocracia.
Por isso o povo francês, continuava afastado das decisões políticas.
Além disso, a situação da política externa era tão grave quanto a crise interna da França Revolucionária.
As monarquias absolutistas vizinhas acompanhavam os acontecimentos com grande temor.
Crescia junto aos monarcas absolutistas a idéia de que era preciso esmagar a revolução no seu nascedouro, antes mesmo que se expandisse.
Já os revolucionários franceses passaram a raciocinar de forma oposta, isto é, pretendiam expandir a revolução através de uma guerra revolucionária, pois caso contrário, a França ficaria isolada e a revolução sucumbiria."
Nesse momento, o professor, vendo que sua aula acabaria dentro de alguns minutos, resolveu parar as explicações.
Continuaria sua explanação na aula seguinte, a qual seria na semana que vem.
E assim, arrumou suas coisas e saiu da classe.
Depois, ministrou aulas para as outras turmas do terceiro ano.
Após, o termino das aulas, foi até a biblioteca da escola, procurar outros livros para realizar o trabalho da faculdade.
Lá de tão empolgado que estava com sua pesquisa, só foi se dar conta das horas que se passaram quando saiu do colégio e voltou para casa.
Estava muito tarde.
Por isso, Dona Irene, ao vê-lo passar pela sala, foi logo lhe dizendo:
-- Chegou cedo para o jantar.
Mas Fábio nem ligou para a brincadeira.
Cansado, nem quis saber do almoço, foi logo se atirando-se em sua cama e dormiu.
O rapaz dormiu por cerca de duas horas.
Dormiu e sonhou com o dia em que terminaria seu curso e então finalmente poderia lecionar como verdadeiro professor que era.
Isso por que, faltava muito pouco tempo para se formar.
Sim, em menos de um ano, já poderia se considerar professor formado.
Mas em seus sonhos, rondava também, a figura de uma jovem, que nas últimas semanas, vinha lhe ocupando muitos de seus pensamentos.
Leonora em sonhos, vinha lhe trazer o diploma, pelo qual sonhara por anos.
Então seu sonho estava se tornando realidade.
E assim, no exato momento em que a moça lhe beijaria o rosto, o rapaz foi repentinamente acordado por sua mãe.
Dona Irene estava o chamando para jantar.
Ao ouvir isso, Fábio levantou-se num sobressalto.
Preocupado com o horário, chegou a perguntar para sua mãe se ainda daria tempo para tomar um banho.
No que ela respondeu:
-- Sim, mas não demore. Afinal, daqui uns quinze minutos, o jantar já estará pronto. Está bem?
Fábio concordou.
Por isso escolheu mais que depressa uma roupa para vestir e dirigiu-se ao banheiro.
Assim, quando Dona Irene colocou as panelas com arroz, feijão, carne, o suco, e o prato com salada, Fábio já estava mais do que limpo e vestido para sair.
Estava pronto também para jantar.
Com isso após o jantar, levantou-se, escovou os dentes, e depois, indo até o quarto, tratou logo de pegar seus livros e cadernos.
Antes de sair, despediu-se de sua mãe.
Após, foi caminhando até o ponto de ônibus.
Desta vez, para sua alegria, o coletivo demorou pouco tempo para passar.
Por isso, em menos de vinte minutos, já estava entrando na faculdade.
No entanto, como era ainda muito cedo para as aulas, Fábio aproveitou o tempo livre para ir até a biblioteca e pesquisar mais um pouco sobre o assunto de seu trabalho.
Ao lá chegar, foi imediatamente saudado por seus amigos que lá estavam, fazia algum tempo.
Eles, assim como Fábio, procuravam material para a redação do trabalho.
Por isso, enquanto a aula não começava, aproveitaram para pesquisar.
Verificando os livros da biblioteca, conseguiram achar um farto material para o aludido trabalho. Realmente, a incursão pela biblioteca da faculdade foi muito proveitosa.
Além disso, com o material que Fábio já havia reunido na escola em que ministrava aulas, os colegas já estavam mais do que preparados para redigirem e apresentarem o trabalho.
Por isso, diante do bom resultado das pesquisas, os rapazes resolveram marcar uma reunião com o restante do grupo, para começarem a distribuir o material coletado, e com isso, procederem a leitura do mesmo.
Mas, conforme combinavam a reunião, o sinal, anunciando o início das aulas, começou a soar, indicando que todos deveriam entrar em suas classes.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pérolas de Sabedoria

Desde as priscas eras o ser humano tentava explicar de alguma forma, o fenômenos e os elementos que circundavam sua vida.
Assim a chuva pode ser a ira de alguma divindade que, descontente, lançava raios furiosos para amedrontar os homens, e assim por diante.
Para explicarem o surgimento de algo tão maravilho como a pérola foi preciso mais.
Foi preciso se criar um mito para que fosse apreciada sua adoração.
Dizem que as pérolas são as lágrimas de uma deusa em tributo à eterna infelicidade, pois, despojada de seu maior desejo, perdeu o significado da vida ...
Muitos povos acreditaram durante muito tempo, que por toda a eternidade essa deidade ficara a lacrimar ...
Outras lendas existem ainda para tentar explicar a magnitude de tão maravilhosa criação, mas nenhuma capaz de suplantar com seu esplendor a beleza da mais bela criação divina definida como um glóbulo, duro, brilhante e nacarado, que se forma nas conchas dos moluscos bivalves.
A pérola.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Infância

Templo do amor-perfeito, onde tudo e todos tem um quê de onírico.
As recordações que tenho da minha infância são silentes, mas de certa forma também são eloqüentes, posto que remetem a um tempo de magia e de muitas brincadeiras.
Tudo é motivo para encantamento, deslumbramento.
Os canudos multi-coloridos usados para tomar refrigerante, se tornavam uma festa sem igual nas mãos de uma criança imaginativa.
Buliçosa que de traquina aprontava mil aventuras em sua fértil imaginação.
Os bonequinhos do bolo se transformam em mil e uma brincadeiras, cada qual, uma forma de contar variadas histórias.
Os amigos, a praça defronte a casa, as noites enluaradas em meio a brincadeiras e balanços, alegrias, choradeiras, confusões...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*Buliçosa é o feminino de buliçoso. O mesmo que: esperta, inquieta, arruaceira, contrariada, movimentada.

Sortilégios

Suave pendão auriverde de minha terra.
Longínquas fragatas lançadas ao sabor das borrascas e dos ventos alísios.
Tempestade, calma, serenidade.
O langor do corpo lasso que intrépido outrora, neste instante se queda inerte.
Passos largos se aproximam como num lento suspirar.
A combinar com o sabor dos ventos, um odor almiscarado.
Ao fundo, um jardim, repleto de madressilvas que rivalizando com as maravilhas da lua, eram todas elas de uma beleza sem igual, edulcoradas que eram pela natureza agreste do lugar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*alísio
adjetivo substantivo masculino
METEOROLOGIA
diz-se de ou vento que sopra durante todo o ano sobre extensas regiões do globo, das altas pressões subtropicais em direção às baixas pressões equatoriais; alisado, alíseo, aliseu [O alísio do hemisfério sul sopra de sudeste para noroeste e o do hemisfério norte de nordeste para sudoeste.].

*almiscarado
adjetivo
1. perfumado com almíscar.
2. que tem o odor do almíscar ou semelhante a essa substância.

*madressilva
substantivo femininoANGIOSPERMAS
1. arbusto volúvel ( Lonicera caprifolium ) da fam. das caprifoliáceas, nativo da Europa e da Ásia, de folhas coriáceas, flores aromáticas amareladas e bagas ovoides vermelhas, muito cultivado como ornamental; chupa-mel, madre-caprina, madressilva-dos-jardins.
2. design. comum a diversas plantas do gên. Alstroemeria, da fam. das alstroemeriáceas, cultivadas como ornamentais e por suas flores.

*Edulcorado é o particípio passado do verbo edulcorar. Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, edulcorar significa «tornar doce ao paladar». ... Também o Dicionário da Porto Editora nos dá «adoçar» como significado de edulcorar, enquanto, em sentido figurado, este verbo é o mesmo que «suavizar, amenizar».

O > Espetáculo da Terra

Gostaria de começar, escrevendo sobre uma linda história, mas como estou há muito tempo sem escrever.
Parece que eu perdi o jeito de lidar com as palavras
Princesas tão ariscas
Tão ariscas que parecem escapar por entre meus dedos, lisas como corredeiras de rios imensos e caudalosos
Procuro inspiração
Onde estás?
Respondas!

Tentei escrever sobre as grandes batalhas da terra Brasil
Fracasso
Não consegui desenvolver nada muito original
Muito embora a história deste país seja tão rica...
Escrevi sobre a origem do mundo e a beleza da criação divina

Nesta empreitada consegui ser um pouco mais feliz
Ao que me parece, perdi um pouco o jeito, fogem-me as idéias
Hoje, tenho que me esforçar um pouco mais para ter idéias criativas...

Espere, parece que me ocorreu uma idéia
Vou escrever sobre o carnaval, que é a maior festa popular do mundo
O ano de 2003 começou como qualquer outro ano ...
As comemorações de fim de ano...
No nosso caso, um churrasco para coroar a passagem do ano com flores – no caso de pano, mas ainda assim flores - música, boa música, a intragável posse do novo salvador da pátria do momento, e a expectativa de alguma novidade neste ano que surge.
Vesti uma saia longa preta juntamente com uma blusa cinza, estilo tomara que caia, maquiagem, pulseiras e o colar que ganhei de minha tia no meio do ano, como presente de aniversário, e os cabelos bem cuidados e soltos como sempre.
Na noite da passagem do ano, o Reveillon propriamente dito, estava usando meu vestido longo marrom que eu adoro, com uma tira num dos ombros, simulando um tomara que caia.
Estava igualmente maquiada e arrumada para tão especial ocasião como sempre me arrumo há muito tempo.
Para ser exata, há sete ou oito anos, desde São Caetano, é uma comemoração memorável no apartamento em frente a escola onde já estudei.
Naquela época, nossa árvore de natal de dois metros e quarenta, estava sendo comprada, e nós estavamos preparando a sala para o Natal.
Neste Natal, usei um vestido vermelho curto, com um scarpin vermelho que eu comprei para combinar com o vestido, maquiagem, cabelos presos, champagne e uma bela ceia.
Ouvimos música, inclusive os Beatles.
Tomei muito champagne e assistimos um pouco de televisão, depois ceamos.
Se não me falha a memória, usei no Reveillon, meu vestido branco com corselet, maquiagem, sapatos brancos, e como sempre a ceia que encerra toda passagem de ano.
Em Santo André usei um vestido preto longo que comprei quando já morava lá, e também um outro vestido de formatura branco que eu fiz.
Mas voltando ao churrasco de fim de ano e ao dia Primeiro de Janeiro de 2003...
No já tão propalado dia mundial da paz, embora por muitos esquecido.
Foi um belo churrasco, e o início de um ano que com certeza será venturoso e profícuo de mudanças.
Ainda no Natal de 2002, vesti o já conhecido vestido branco com corselet, e no dia seguinte, uma saia longa vermelha com uma blusa igualmente vermelha com uma alça em V.
Como sapato, usava uma sandália plataforma preta, maquiagem, meus brincos de argola, meu relógio dourado, e perfume.
Ademais, como já dito, sobreveio o ano de 2003, a minha formatura, no Anfiteatro da Faculdade de Direito...
Sucederam-se os dias, que na maior parte das vezes foram de estudo, muito estudo, dedicação, e também porque não, assistindo novelas, e a maravilhosa minissérie A Casa das Sete Mulheres, que conta a história da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos, e seus heróis e vilões, todos devidamente romantizados.
Chegou finalmente o final do mês de fevereiro, e com isso o Carnaval de São Paulo, muito organizado e bonito, e apesar das tragédias que aconteceram próximas a data, nada empanou o brilho da comemoração.
Não vou recordar exatamente, a ordem dos desfiles na Passarela Adoniram Barbosa, saudoso sambista que compôs e cantou as belezas e mazelas da cidade de São Paulo, mas vou fazer um gostoso esforço para me lembrar um pouco de cada um dos desfiles.
A começar pela Escola de Samba Barroca Zona Sul, que inclusive retornou para o grupo de acesso depois do desfile.
Na minha opinião, foi desfile fraco, com fantasias feias, apesar da carnavalesca Rosa Magalhães.
Já a Gaviões da Fiel, ganhadora do carnaval, falou do Brasil, através de suas cinco regiões.
Possuía lindas e ricas fantasias, fez um belo desfile, mas não considero como um desfile vencedor.
A Escola Águia de Ouro fez um desfile muito mais bonito ao falar da China.
Tanto que senti até vontade de conhecê-la; e a Rosas de Ouro, ao falar das frutas, tendo no Carro Abre-Alas uma rosa símbolo da Escola, bem como frutas tema do enredo.
E que também fez um belo desfile, adorei.
A Acadêmicos do Peruche, ao falar de Ziraldo, também fez um bonito desfile apesar dos problemas pelos quais passou, chegando até a perder alguns carros alegóricos em um incêndio, e nem assim foi poupada de ser rebaixada.
Achei isso, injusto e cruel.
Mas apesar disso, tal infelicidade mostrou o lado da solidariedade humana, ao vermos que as outras escolas, rivais, a ajudaram da forma que puderam.
A Vila Maria falou da Dutra, e da região limítrofe a rodovia, falou de Aparecida e de outras cidades do Vale do Paraíba.
Apesar de estar chegando no Grupo Especial, fez um senhor desfile.
A Nenê de Vila Matilde, infelizmente não me lembro de ter acompanhado seu desfile.
Temos a Leandro de Itaquera e a Acadêmicos do Tucuruvi, que falaram da imprensa e do jornalista Tim Lopes que foi assassinado em meados do ano passado, e que, na minha opinião, não fizeram um desfile bom, as fantasias estavam feias, e o enredo não foi bem apresentado e explorado.
Temos ainda a X-9 Paulistana, entre outras.
Subiram para o grupo especial a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, e outra que agora, não me recordo o nome.
Mas independente dos problemas com uma ou outra escola, o desfile de São Paulo é lindo, com certeza, e vale a pena ser prestigiado, independente da escola a desfilar.
No Rio de Janeiro temos a Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Beija-Flor – campeã do carnaval carioca ao falar da fome, Salgueiro – que falou da sua história, e convidou componentes da Mangueira para o desfile, posto que a Escola mencionada é sua madrinha –, Porto da Pedra, entre outras.
Adorei o desfile no qual o enredo foi não só a história do teatro, já abordado no mesmo carnaval por outra escola carioca, mas também a história de Bibi Ferreira.
Tão linda quanto a história estava a Comissão de Frente com uma bailarina de quatorze anos fazendo a Bibi Ferreira jovem.
Também adorei a Comissão de Frente da Mangueira ao mostrar Moisés levitando em plena Sapucaí, a passarela do samba.
A Passarela Professor Darci Ribeiro, conhecido educador, assim como Paulo Freire e outros que se não o são, deveriam serem conhecidos.
O Brasil, terra abençoada, apesar de seus inúmeros problemas, é uma terra fértil em grandes nomes em grandes campos do conhecimento.
Ainda bem.
Por fim, é uma pena não poder falar mais do carnaval, de suas marchinhas, de seus blocos que até hoje persistem e resistem.
Isso porque, muita coisa eu não conheço, e se falasse cometeria um grande erro, posto que pessoas muito mais abalizadas que eu é que podem falar sobre isso.
Mas tudo bem, agradeço aos que lerem essas baboseiras que eu acabei de escrever, e peço passagem para continuar escrevendo.
Obrigada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sonhos

Recordo-me do sonho de ontem.
Foi um sonho que eu tive e que por sinal foi bem interessante.
Era assim.
Uma bela e imensa construção, que aos que de fora olhavam, a imaginavam média.
Somente ao entrar nela se podia dar conta de sua grandiosidade.
Por fora da casa, toda pintada de amarelo claro, se tinha a impressão de ser uma casa de tamanho razoável.
Realmente, não era pequena.
Só que ao fundo da construção, se esta pudesse ser visível por quem de fora olhasse, poderia se perceber a magnificência da vasta construção.
A casa fora estrategicamente construída para que ninguém pudesse perceber quais eram suas reais dimensões.
Nem mesmo quem lá trabalhava, sabia exatamente o seu tamanho.
Os únicos que conheciam detalhes da casa, eram os donos da casa.
Nem mesmo a mocinha que habitava a casa, nem ela conhecia todos os segredos desta.
Em seu interior, a casa era bem maior do que parecia.
Tão grande, que mais parecia um labirinto cheio de secretas passagens e muito suntuoso.
Cheio de móveis antigos, esculturas que remontam do período grego, grandes pinturas nas paredes, flores, abajures caríssimos.
A cozinha por exemplo, abrigava um exército de trabalhadores que preparavam durante todo o dia o ambiente para as refeições da família, suas festas, e seu dia-a-dia.
Neste ambiente, cujo piso era de mármore, havia vários fornos, fogões, armários para guardar os  utensílios domésticos, e até uma mesa de mármore para preparar as refeições dos patrões.
Parecia uma cozinha industrial, tamanha a quantidade de equipamentos que lá havia.
Em outro cômodo da casa, próximo da cozinha, mais armários guardavam as louças e as pratarias da dona do imóvel.
A despensa era imensa, possuía todas as espécies de alimentos que se podia imaginar.
Cumpre salientar que esta dependência da cozinha, era de uso exclusivo dos donos da casa.
Atrás da cozinha estava a lavanderia, com vários cômodos.
Num deles, inúmeros tanques de lavar roupa.
No outro ficava o depósito com o armário para guardar os produtos de limpeza, ferros de passar, as tábuas que ficavam escamoteadas no armário, sabões, etc..
Ali também havia um outro espaço para se guardar as roupas passadas e tudo o que fosse necessário, e por último, uma grande área reservada só para os varais, ainda dentro da casa.
Com efeito, resta falar de um depósito de quinquilharias que existia ao fundo da casa, onde estavam guardadas as tralhas imprestáveis da família.
Num imenso corredor que saía da cozinha, se avistavam ainda, os quartos dos empregados.
Eram cerca de uns trinta e cinco quartos.
Tais quartos consistiam em: uma entrada e uma sala com sofás de madeira com tecido salmão, com mesa de centro e uma pequena estante com rádio e outros produtos de consumo da época.
Lá também havia uma mesa com quatro lugares, para realizar as refeições do fim do dia, bem com em alguns quartos, havia uma pequena cozinha e área de serviço, com espaço para um varal.
No mesmo ambiente, estava ainda o quarto dos filhos, geralmente com duas camas e três aparadores (geralmente), amplos armários, escrivaninha, banheiro com chuveiro, pia e sanitário, além de uma pequena sala repleta de brinquedos.
No quarto propriamente, um ambiente com cama de casal e dois aparadores de cada lado da cama, um sofá de tecido salmão aos pés da cama, penteadeira com cadeira revestida também de veludo salmão, ao fundo um pequeno closet, e um banheiro com chuveiro, uma pequena banheira, pia com um grande espelho e sanitário.
Esta é basicamente a composição dos quartos dos empregados, com poucas diferenças.
Geralmente quem trabalhava na casa levava sua família junto.
Agora, com relação o local das refeições dos empregados, o piso deste era de um mármore singelo, possuía cerca de umas quarenta mesas de vidro com pés de mármore e quatro cadeiras cada, todas de espaldar alto.
Tal cômodo ficava em outro setor da casa, onde ficava também a cozinha onde preparavam a comida que os outros criados da casa iriam comer.
Havia também uma imensa despensa para esta cozinha.
Para os serviçais, havia também uma lavanderia, quase do mesmo tamanho da dos patrões, para que pudessem cuidar de suas roupas.
Na área da casa onde ficava a cozinha havia um enorme local para refeições, onde havia fornos especiais para se prepararem pizzas, entre outras delícias, e era onde a família e os amigos eventualmente se reuniam, geralmente em finais de semana.
Enfim, a casa era um verdadeiro palácio.
Magnifico.
A seguir pode-se ver outros ambientes na casa: a entrada, suntuosa com grandes esculturas de pedra, colunas de mármore, e piso igualmente de mármore; após, a sala, com sofás de madeira trabalhada e recoberto por fino tecido, além de mesinhas e aparadores cheios de fotos, abajures e algumas esculturas.
Havia uma mesa de centro também em madeira, onde repousava um imenso vaso com flores e onde se tinha uma vista deslumbrante de um jardim de inverno que ficava dentro da casa.
Ao fundo havia ainda outras salas, uma com lareira, esta adornada com ricas esculturas de gesso como também com móveis de madeira e sofás recobertos de veludo verde e mesinhas e aparadores, como na outra sala.
Ao lado desta a sala de descanso, com inúmeros pufes para amparar as pernas cansadas dos moradores do majestoso lar.
Quanto a decoração, nada de sofás de madeira recobertos de tecido, e sim sofás estofados e de tecido, ricamente revestidos de veludo salmão.
Ao centro do cômodo um sofá redondo, no mesmo estilo.
E ao fundo uma pequena estante com divisórias para as correspondências dos moradores, bem um como um bar com sete lugares, igualmente feito em madeira, e repleto de bebidas, e atrás dele, uma adegada climatizada.
Na casa havia também uma sala de som, um estúdio para as músicas, um cômodo para guardar filmes, e uma sala íntima, com muitos sofás e de onde se podia avistar um dos inúmeros jardins internos da casa.
Num desses jardins existia um pergolado, e várias espécimes de flores, bem uma praça com esculturas e fonte de onde jorrava água.
Na outra sala estava um piano de calda, e também estava adornada à semelhança das salas anteriores.
Entre as inúmeras salas pude ver uma colossal escada, e ao se aproximar dela, pode se constatar a presença ainda, de uma sala de jantar com umas trinta ou até mais, cadeiras e uma mesa de vidro com pés de mármore, bem como de alguns móveis ao redor, assim como imensos arranjos de flores e algumas pequenas esculturas clássicas.
Ao lado, uma sala de almoço, com uma mesa redonda, umas quinze cadeiras, e uma ornamentação um pouco mais simples.
No escritório havia toilet, uma biblioteca de livros técnicos – imensa, dividida em vários setores, com espaço para revistas e jornais, além é claro de romances e clássicos da literatura, bem como enciclopédias –, uma sala de espera e uma pequena copa, tudo para que o senhorio pudesse trabalhar em casa.
Duas secretárias organizavam sua agenda, em uma sala só para elas, e lá mesmo ele atendia seus clientes.
Pode-se ver ainda outras duas salas, uma de estudos, com várias carteiras de madeira de lei, uma imensa biblioteca dividida em várias seções e que pelo tamanho devia ter uns trezentos ou quatrocentos metros quadrados.
Também pode-se ver uma farta sala de brinquedos, com tantas bonecas e brinquedos, que mais parecia uma loja.
Tudo isso me parecia imenso.
Se fosse calcular a dimensão destes cômodos, acredita-se, daria cada um uns cem metros quadrados ou mais.
Pode se avistar ainda uma enorme piscina olímpica, assim como os salões de jogos, com área para jogar pingue-pongue e cartas, além de sinuca e outros jogos, uma quadra poliesportiva, além de uma piscina coberta.
Havia também um magnífico salão de festas, com pista de dança, e que possuía serviço de cozinha próprio, toilet’s separados e tudo mais o que fosse necessário.
Até um barzinho com cinco lugares cada e com sua própria adega.
Havia ainda salas de ginástica, com vários ambientes, vestiários, e saunas.
No ambiente externo havia vestiários para a piscina, churrasqueira, barzinhos, ao todo três, com oito lugares, várias varandas e alpendres.
A casa possuía ainda uma capela com cem lugares, para os empregados rezarem, assim como os moradores da casa.
A capela era tão imponente que possuía inúmeros vitrais, confessionário, e um grande altar com inúmeras imagens de santos.
E uma sala de costuras, com três ambientes para que a mãe pudesse se distrair durante o dia.
E ainda, uma garagem para uns cinqüenta carros.
Ademais, não se pode deixar de esquecer de fazer menção de quem, em todos os ambientes da casa existem toilet’s ou lavabos sem exceção.
Na casa haviam também uma enorme sala de TV que mais parecia um cinema.
Suntuosa, era muito bem decorada.
Ademais ainda tinha um teatro, com palco, camarins, banheiros e auditório com cem cadeiras, entre os ambientes da imponente residência.
No jardim, imenso, havia uma grande variedade de plantas, flores e árvores, bem como um zoológico e um cemitério, distantes de olhares curiosos.
Por fim, adentrando a casa novamente, surgiu o corredor que dava acesso aos quartos, no andar superior da casa, e neste pode se ver o magnifico quarto onde uma jovem repousava, com móveis antigos, trabalhados em madeira.
Nesse quarto, uma imensa janela dava acesso a uma bela vista do lugar (este só visível para quem lá morava), e que poderia ficar escondida pela rica cortina azul que ficava sobre a janela.
Ainda neste ambiente havia uma penteadeira, com objetos de uso pessoal e uma cadeira com estofamento em veludo azul, um sofá comum também revestido de veludo na mesma cor, e ao redor da cama de casal, cortinas azuis.
Próximo a janela ficava a escrivaninha, acompanhada de uma cadeira de espaldar alto e revestida de azul, e uma estante, com livros e os objetos e estudo.
Ao lado da cama, um pequeno móvel de madeira de cada lado com abajures trabalhados datando da belle époque.
Na saleta que fazia parte do quarto, estavam os sofás de madeira revestidos do mesmo tecido, uma mesa de centro de madeira de lei, com flores, dois pequenos móveis de madeira atrás dos sofás, uma mesa com dois lugares e ao fundo se podia ver a porta do toilet e antes um imenso closet onde havia uma passagem.
Os demais quartos em muito se assemelhavam com esse, e por isso seria desnecessário descrevê-los, só atentando para o fato de que era uns trinta quartos ao longo de um imenso corredor, sendo quase todos avarandados e com algumas passagens secretas.
No último andar ficava um sótão também mobiliado e com alguns ambientes ricamente decorados e aparentemente abandonados, os quais nem a filha dos donos tinha acesso.
Pois bem, nesta casa morava uma jovem moça.
E neste sonho, a jovem moça estava procurando algo que ninguém saberia explicar.
Procurou, procurou, chegou a sair de sua casa escondida para que pudesse encontrar o que almejava.
Não conseguiu.
Por essa razão, em boa parte do sonho, ela estava fora da casa.
Somente no final do sonho retornou ao lar.
Ao entrar foi logo recebida por uma empregada que cuidou para não a vissem.
Nervosa, a empregada cobriu-a e a levou para o quarto.
A moça, devia viver como uma verdadeira lady neste monumento da arquitetura.
E tudo seguiria calmamente, não fosse o fato de a moça ter um amigo muito impertinente e atrevido.
Amigo este que conseguiu adentrar o palácio e se esconder nos aposentos da jovem mulher.
Viveu um bom período escondido a lhe fazer companhia, e quase foi descoberto, não fosse sua vivacidade e esperteza ao se esconder numa das passagens escondidas da casa, a tempo. E com isto, acabaria a combinação entre eles.
Isso porque uns dos empregados de seu pai adentrou seu quarto inesperadamente.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Saudosa

“No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz

Se a Débora Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é meio west
Eu sou o chique Valentino

Mas de repente
O filme pifou
E a turma toda logo vaiou

Acenderam as luzes,
Cruzes
Que flagra, flagra...”
(Rita Lee, “No Escurinho)

Lembrei-me dos tempos de outrora
Os tempos de minha antiga meninice
Onde recordo com saudade...

As lembranças que nunca tive
De um tempo suave e breve,
Revolto e sisudo
Lembranças de tempos que não são meus...

Nas ondas do rádio,
Tão longínquas e dolentes
As canções magníficas que eu já gostava de ouvir

Saudosas canções nostálgicas
Doces baladas, melodias românticas
Jackson’s Five, Beatles, Elvis Presley

Lindas canções que remetem
As mais belas épocas
Uma época de saudades
De um tempo que não vivi

Recordo-me que em criança, deitada, dormindo
Sonhava com esse mundo
Que a mim não pertencia...
Ao acordar, não entendia

Porque sentia tão vívida em mim
As lembranças dessas décadas
Recordações tão vivazes!

Os anos cinqüentas
Sua moda, suas vestimentas
Seus vestidos bufantes, compridos e inesquecíveis
E suas camélias a enfeitar

As saias rodadas com poás
Anáguas, blusas, pulseiras coloridas
A pesada maquiagem de suas mulheres

O cabelo cuidadosamente penteado com gel
A “Brilhantina”, fazendo as cabeças masculinas
Sapatos, plataformas, scarpins
Jaquetas de couro, camisetas brancas
Calças jeans, botas de cano curto

No imaginário da época
Havia ainda as Lambretas, Romisetas
Os carros, o deleite da sociedade

A sociedade de consumo que começava a se formar
Limusines, carros conversíveis Buick’s, Mustangues,
Landaus, Cadillac’s Gordinis, e até mesmo Fuscas
Tudo para encher as ruas de roncos e barulhos de motor
As épicas construções do início do século passado

O século XX ...
Surgem nesse momento ...
Repaginadas, com ares modernos
Móveis coloridos, televisões antigas,

Imagens em branco e preto
As séries de TV sucesso no momento “Papai Sabe Tudo”,
Programas nacionais “O Céu é o Limite”,
Jota Silvestre “Almoço com as Estrelas”, “Repórter Esso”

As grandes rádios e os ídolos da época
As novelas saídas do rádio, agora nas telinhas
“Sua Vida me Pertence”, e outras

Como forma de entretenimento
Namoricos na praça...
Lugares bucólicos, aprazíveis
Fontes monumentais,

Belos passeios,
Jardins esplendorosos,
Jardim da Luz, o Parque do Ibirapuera, recém inaugurado

As flores, os monumentos históricos
Saudade de uma época que não mais existe
De uma educação esmerada
De lindas canções de amor, de romances...

De sonhos
Que de leves a brisa os desfez “Blue Moon”,
“Moon Light Serenade”,
“My Way” Frank Sinatra,
Ray Connif, Henry Mancini

Tudo era divertido, um eterno bailar
Luvas brancas, tomara-que-caia
Poás brancos, vermelhos

No jardim, belas esculturas renascentistas
Com a banda ao fundo tocando algum sucesso
“Noturne”, não seria nada mal
Coca-cola, “Bossa Nova”, João Gilberto
Juscelino Kubstchek, “O Presidente Bossa Nova”
Na ilustre canção de Juca Chaves

No cinema, as pessoas trajadas elegantemente
Homens de terno e gravata
“Givenchi”, o sonho de consumo das mulheres
Os desfiles de Moda

A tranqüilidade do centro bem cuidado
Da terra da garoa
A outrora acolhedora cidade de Castro Alves
Dos poetas românticos,
Que com sua neblina envolvente e sedutora

Deu-me vontade de conhecer-te
No seu passado de glória
Que pena não poder te ver assim
Cidade querida

No Rio de Janeiro
O Hotel Quitandinha, em seu eterno esplendor
Os Concursos de Miss
Ah! O Brasil parou para olhar
O ideal de beleza que não mais existe...

“O Cruzeiro”, “Revista Manchete”
Marilyn Monroe e “O Pecado Mora ao Lado”
“Sabrina”, Audrey Hepburn
“A Place in Sun”, Montgomery Clift, Elizabeth Taylor
“Here from to Eternity”, com Burt Lancaster
“Absolutamente Certo”, com Anselmo Duarte
“Apassionata”, “Tico-tico no Fubá”
No eminente estúdio Vera Cruz

A derrota de 1950 e a grande conquista de 1958
O sonho do futebol
O torneio de Winbledon, o tênis
Maria Esther Bueno, a grande conquistadora...

James Dean e sua eterna
“Juventude Transviada”
O rebelde sem causa
E o desidério das jovens dessa geração

As chanchadas da Atlântida, na cidade carioca
Grande Othelo, Oscarito, Derci Gonçalves
Grandes estrelas do nosso cinema nacional

A seguir surgem
Os anos sessentas
Com suas cores psicodélicas, roupas curtas
Minissaia, Mary Quant e suas cortinas
Jovem Guarda,
Roberto Carlos, Wanderléa, Eramos,
Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e companhia

TV Record, MPB
Elis Regina, Jair Rodrigues, “O Fino da Bossa”
Jorge Ben

Os filmes estrelados por essas pessoas maravilhosas
Ditadura, Anos de Chumbo
Da rosa que tortura e mata
Tropicália,
Os Mutantes
“Divino Maravilhoso”
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque
Gal Costa, Maria Bethânia
Os Hippies, a Contra-Cultura
Geraldo Vandré, os Festivais da Canção

E pensar que todas essas elegantes referências
Pairavam na minha infância
Sem que eu as percebesse
Posto que nunca as sonhara
Somente a eterna sensação de nostalgia
De uma vida que não vivi
De alguma coisa que nunca tive
Tendo somente por companhia,
As minhas saudosas lembranças...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Efemérides Patrióticas

Sete de Setembro

Glorioso Sete de Setembro
Em que, aos 7 de setembro de 1822 fora proclamada, segundo os historiadores, a Independência do Brasil
Um ato supostamente heróico de Dom Pedro I que teria sido realizado
Às margens do Rio Ipiranga, em razão de um brado seu e do brandir de sua espada
Ao longo dos anos, seguiu-se a tradição de comemorar o Sete de Setembro
Linda cerimônia é organizada nesta data
Militares se esmeram em suas fardas paramentadas
Ricas e ornadas fardas, pertencentes a todos os que servem a pátria
Seja o exército, a marinha ou a aeronáutica
Seguem à pé ou à galope, ou em tanques de guerra
Realizam a salva de tiros e marcham a largos passos, perante um público cioso de suas tradições democráticas
Todos assistem atentos, ao longo do trajeto, o desenrolar do desfile histórico
A marcha dos militares
Ao fundo, o Hino da Indenpendência tocado por uma banda composta por militares, toca:
“...Brava gente, brasileira
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil...”
Salve, salve o Brasil
Nossa pátria amada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 8

E assim, quando o jovem professor entrou na classe e começou a ministrar sua aula, Leonora, acompanhou atentamente a aula.
Enquanto o professor falava da Expansão Ultramarina, a jovem, atenta a aula, procurava anotar, tudo o que de importante, era falado.
Com isso, o professor pôde perceber, que a moça estava bem.
E em assim, percebendo, continuou a aula.
"-- Somente após a formação de um Estado Nacional Português é que as navegações ganharam impulso.
Isso por que, apesar de somente a partir do século XV, com o desenvolvimento das caravelas, é que o país passou a se expandir.
Neste mesmo século, a Europa apresentava um quadro de denso crescimento populacional; deslocamento dos servos do campo para a cidade; desenvolvimento urbano; escassez de produtos agrícolas e ampliação comercial.
Essa ampliação exigia a expansão em busca de novos mercados produtores e consumidores.
Para complicar, o Mar Mediterrâneo estava dominado econômica e comercialmente pelas cidades Italianas, em especial Veneza.
Por isso, uma Europa, necessitada de novas mercadorias, impulsionou Portugal a enfrentar os desafios do oceano, para muito além de sua costa, em direção ao sul do Atlântico.
Essas, viagens, ficaram historicamente conhecidas como as Grandes Navegações.
Foi o momento da Expansão Ultramarina."
E nisso, Leonora, continuava a anotar as explanações do professor.
Enquanto isso, Fábio, continuava explicando, que a queda de Constantinopla nas mãos dos turcos em 1453, e o fechamento da rota terrestre por onde onde passavam os produtos vindos do Oriente, estimularam mais ainda a busca de um caminho marítimo para as Índias.
Contudo, os passos foram lentos.
Em 1415, houve a conquista de Ceuta, na África, importante base dos mercadores muçulmanos.
Este foi o primeiro porto do Atlântico fora da Europa.
Entre 1416 e 1431, aconteceu a conquista das Ilhas da Madeira e dos Açores.
Dois arquipélagos do Atlântico entre a Europa e a África.
Já em 1434, ocorreu o avanço sobre o Cabo Bojador.
Tal passagem, foi decisiva para a conquista definitiva da África.
Entre o período de 1440 a 1480, veio a conquista de várias ilhas, entre elas a de Cabo Verde e Porto Príncipe, e regiões do Continente Africano, como Guiné e Angola.
Em 1487, o navegador Bartolomeu Dias, dobrou o Cabo da Boa Esperança, no sul da África.
Trata-se da passagem do Atlântico para o Oceano Índico.
Já em 1498, Vasco da Gama chegou às Índias.
E por fim, em 1500, o Brasil foi descoberto, por Pedro Álvares Cabral.
Como se podia denotar, a cada conquista, ou avanço sobre o oceano, somavam-se novas experiências e conhecimentos.
Assim, com a conquista das regiões Africanas e Asiáticas, bem como a instalação de entrepostos comerciais, para as atividades mercantis, Portugal tornava-se a nação mais rica e de comércio mais organizado e lucrativo, de toda a Europa do século XV.
As Índias, representaram uma conquista importante para os cofres portugueses, pois de lá vinham a especiarias, pedras preciosas, marfins, perfumes, açúcar, ouro, prata, tecidos, madeira e porcelana.
Tudo para suprir as imperiosas necessidades econômicas européias.
A rota das Índias pelo Atlântico era muito mais lucrativa do que pelo Mediterrâneo, que incluía um longo trecho por terra.
A primeira viagem de Vasco da Gama foi exemplar para a economia portuguesa.
Com esta viagem, obteve-se um lucro de 6000% (seis mil por cento).
Veneza, por exemplo, jogava no mercado europeu, 420 mil libras de pimenta por ano.
Vasco da Gama, por sua vez, com apenas um navio, jogou 200 mil libras no mesmo mercado.
As viagens pelo Atlântico eram mais longas, mas os lucros compensavam, à medida que as transações comerciais cresciam.
Na última década do século XV, Portugal e Espanha eram as duas maiores potências econômicas da Europa.
A importância de tais reinos, pôde ser medida pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, com a aprovação do Papa, em que ambos dividiam entre si o mundo conhecido ou o que viesse a ser conhecido.
As terras encontradas a leste seriam de Portugal, e as terras a oeste, seriam da Espanha.
No entanto, o mais importante ainda não fora dito.
O que fizera Portugal se lançar ao mar e conquistar tanto poder e prestígio?
Para responder essa pergunta, foi preciso falar um pouco, do período que antecedera a tudo isso.
E assim, o professor começou a falar:
"-- A partir do século XII, com a realização das Cruzadas, estas possibilitaram aos Europeus entrarem em contato com povos diferentes.
As viagens pelo Mediterrâneo, as lutas entre Católicos, Muçulmanos e Bizantinos, acarretaram muitas transformações no cenário Europeu, com o aperfeiçoamento de técnicas de guerra, mudança de hábitos alimentares, novas palavras no vocabulário, e principalmente, o aperfeiçoamento de técnicas marítimas.
Ao longo dos séculos XIV, XV e XVI, os Europeus perceberam que a ajuda divina e da Igreja, não eram suficientes para suas vidas.
Era necessário também, um esforço pessoal nos empreendimentos comerciais, na produção agrícola, no domínio da natureza e no conhecimento de técnicas marítimas.
Enfim, os homens começavam a acreditarem em si mesmos.
Com isso, o Teocentrismo Medieval, dava lugar ao Antropocentrismo Renascentista.
O homem passava agora, a ser a medida de todas as coisas.
Por isso mesmo, no século XV, os Portugueses criaram a Escola Naval de Sagres.
Quando o infante Dom Henrique a fundou, foi dado um passo decisivo para as Navegações Portuguesas no Atlântico.
Esta escola, reuniu os maiores estudiosos do mundo Europeu em técnicas de navegação e lançou ao mar pelo menos um navio por ano para se fazer estudos sobre o oceano, fazer mapas e anotar as posições das estrelas para guiar os navegadores.
E assim, enquanto explica o surgimento da navegação portuguesa, Fábio aproveitava para observar o comportamento de Leonora.
Atenta, procurava como sempre, anotar os detalhes mais importantes da aula.
O professor, portanto, ao vê-la prestando atenção em sua explanação, ficou aliviado, e continuou a aula.
Assim passou a dizer que as tais viagens, eram extremamente perigosas.
Por isso, antes dos navegadores se aventurarem no mar, todos os tripulantes do navio, precisavam assinar o livro de óbitos."
Ao ouvirem isso, os alunos ficaram impressionados.
Um deles chegou até a exclamar:
-- Que loucos!
Com isso, o professor retomou as explicações:
"-- Sim. E mesmo diante da morte, eles não capitulavam.
Desejosos por encontrar riquezas em outras paragens, sem temor da morte, lançavam-se ao mar, em suas embarcações.
Além disso, a primeira expedição comercial às Índias, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, em 1500 – encerrando o século XV –, foi o marco definitivo das conquistas do país.
Nessa época, reuniu-se a maior e mais bem organizada frota para chegar às Índias.
Cabral, ao partir no dia 8 de março, o fazia com treze embarcações e mil e quinhentos homens.
Como única recomendação, o Rei Dom Manuel, só pedia ao navegante, que se afastasse o máximo possível das águas conhecidas para descobrir um caminho mais rápido para as Índias.
No entanto, desse afastamento, resultaram vários equívocos.
No dia 21 de abril, avistaram sinais de terra.
No dia seguinte pela manhã, avistaram um monte.
Como era semana da páscoa, deram-lhe o nome de Monte Pascoal.
No dia 23 seguiram os primeiros contornos e descobriram que não estavam nas Índias, por que os tradutores conheciam a língua do Oriente, e ao lá aportarem, estes não compreendiam o que os habitantes da terra falavam.
Assim, fora descoberta a Ilha de Vera Cruz, que depois passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz e por fim, Brasil.
Estava descoberto o Brasil.
Mas, no dia 1º de maio, a despeito disso, os navegadores decidiram continuar a viagem em direção as Índias.
Por isso, uma nau voltou a Portugal, anunciando a nova terra descoberta.
Para encerrar a aula, o professor, recitou um poema de Fernando Pessoa.
“Ó Mar Salgado, quanto de teu sal São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
 Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”"

 Ao término da récita, foi entusiasticamente aplaudido pela classe.
Mas ainda não era terminada a aula.
Por isso, continuou dizendo:
"-- Agradeço a todos, mas ainda tenho o que dizer. Esses versos ressaltam a força que o oceano tinha sobre a vida dos portugueses. Além disso, o lema da Escola de Sagres, e dos navegantes dos mares, era: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
Isso explica o enorme interesse dos portugueses sobre o mar. O mar lhes trouxe riqueza e grandeza, e isso para eles, era muito mais importante, do que suas próprias vidas."
E assim, a aula terminou.
Encantadas com a poesia, mais uma vez as garotas tiveram uma oportunidade de conversar com o professor.
Elogiando sua aula, e comentando que ficaram encantadas com a poesia de Fernando Pessoa, mais do que depressa, pediram a Fábio, para que lhes desse uma cópia do poema.
Este, educadamente, se prontificou a lhes trazer.
Contudo, como tinha pressa, tratou de se despedir das alunas e sair da classe.
Ao retornar para casa, acabou encontrando Leonora pelo caminho.
Ao vê-la tão vivaz e contente, ficou satisfeito.
Por isto, quando se aproximou da moça, comentou:
-- Gostei de ver sua atenção durante a aula. Ah, seria um gosto se todos os meus alunos fossem assim como você.
 Ao ouvir isto, Leonora ficou deveras lisonjeada.
Por isso agradeceu as palavras de Fábio:
-- Obrigada. É muita gentileza sua dizer isso. Mas tenho que discordar do senhor em um ponto. Existem inúmeros alunos e alunas dedicadas nesta escola.
Foi então que ele respondeu:
-- Eu sei que você não é minha única aluna dedicada. Existem outros. Mas ainda assim são poucos. E isso é uma pena. Muitos alunos não fazem a menor idéia do quão são importantes estes anos de estudos. Não sabem o que estão perdendo com tamanho desinteresse pelos estudos, e no dia em que perceberem isso, talvez já não dê mais para recuperar isso.
-- É. Eu sei. Muitas das minhas colegas não se interessam pelos estudos. Entendem que essas horas que ficam na escola, é um período em que têm que fazer sacrifícios. -- Sim. Isso é uma pena. Silêncio.
Sem ter o que dizer, os dois caminharam em silêncio.
Constrangidos, não sabiam mais sobre o que falar.
Foi então que Leonora, observando que algumas meninas faziam sinais para que se aproximasse, desculpou-se e despediu-se do professor.
Foi conversar com as amigas.
Nisso, Fábio continuou caminhando, em direção a sua casa.
Estava feliz com os últimos acontecimentos.
Os alunos deixaram de implicar com sua pessoa, todos estavam prestando atenção às suas explanações, e Leonora. Ah!, Leonora.
Esta estava acompanhando sua aula com toda a atenção.
Enfim, após enfrentar alguns problemas com seus alunos, e a chateação por ter sido repreendido por Seu Rubens, finalmente estava tendo momentos bons.
Ao perceber o contentamento do filho, Dona Irene se alegrou.
Isso por que, já fazia algum tempo que ela não via Fábio tão animado assim.
Por isso, encorajada com a alegria do filho, insistiu com a história da formatura.
Quando percebeu a manobra da mãe, ficou logo aborrecido:
-- Pronto. Já não posso contar nenhuma boa novidade, que a senhora vem com essa conversa de baile. Já não conversamos sobre isso?
Mas Dona Irene não desistiu de seus planos.
Queria por queria que seu filho participasse da formatura.
Afinal, ele era seu único filho e durante muito tempo sonhou com isso.
De tão obcecada que estava com a idéia, chegou até a perguntar:
-- Fábio. Mas o que te custa satisfazer um pequeno capricho de uma mãe? Eu só estou te pedindo um pequeno favor. Não estou te pedindo algo que deverá seguir a vida inteira. Está certo? O que te custa? O que é a breve alegria de uma mãe?
Ao proferir estas palavras, Dona Irene sentiu que começou a sensibilizar o filho.
Este ao ouvir o que ela disse, respondeu que:
-- Ei mãe. Eu não posso prometer que vou participar da formatura. Mas quero que saiba de uma coisa. Prometo que vou pensar com carinho na sua proposta. Está bem? Só não posso garantir que a minha resposta será positiva. Está bem?
No que ela concordou.
Entretanto, Fábio fez a mãe prometer que não tocaria mais no assunto, enquanto ele não se decidisse sobre o que fazer.
Afinal, havia muito tempo ainda para pensar nisso.
Assim, não havia razão para pressa.
Com isso, o rapaz conseguiu um pouco de tempo.
E assim, sossegadamente pode almoçar, para logo em seguida, dirigir-se a seu quarto e durante toda tarde, ficar estudando.
Estudando e pensando em Leonora, e na conversa que tiveram enquanto os dois voltavam para suas respectivas casas.
Sim, caminharam juntos por algum tempo.
Mas, foram interrompidos pelos chamados das colegas dela.
Enquanto se distraía com a lembrança da moça, Dona Irene entrou repentinamente em seu quarto.
O rapaz, distraído que estava, nem percebeu a presença da mãe.
Era como se ele estivesse em outro planeta.
Por isso, Dona Irene, tomou todo o cuidado para lhe chamar.
Mas mesmo cautelosa, ao chamá-lo para a atender uma ligação, acabou o assustando.
Fábio distraído que estava, ao ser chamado por Dona Irene para atender um telefonema, deu um pulo da cadeira em que estava sentado.
Dona Irene então, percebendo que assustou o filho desculpou-se e avisou-lhe de que tinha uma ligação para atender.
Nisso o rapaz levantou-se e foi até o telefone, atender a ligação.
Era a turma da faculdade ligando para informá-lo de que a reunião do grupo se realizaria antes da aula.
Com isso, depois que desligou o telefone, retornou para seu quarto e continuou os seus estudos.
Dona Irene por sua vez, ao notar que seu filho estava distraído, começou a especular sobre o que faria ele ficar perdido em seus pensamentos.
Afinal de contas o rapaz adorava estudar e nunca foi de ficar alheio ao que ocorria ao seu redor.
Sim, realmente, o comportamento de Fábio, dava o que pensar.
Mais atenta, Dona Irene, passou a prestar mais atenção em seu filho.
Por isso, durante o jantar – que teve que apressar, dada a hora em seu filho iria para a escola –, aproveitou para lhe perguntar se além do que havia contado à tarde, quando retornou do colégio, havia algo mais, que ele havia esquecido de lhe falar.
Fábio, cauteloso e desconfiado com a pergunta da mãe, respondeu que havia contado todas as novidades, e procurando desconversar, disse que tinha que se apressar, ou acabaria chegando tarde na faculdade.
Assim Dona Irene percebeu, que não seria nada fácil descobrir o que estava acontecendo.
Mas, como é de se esperar, o segredo não ficaria muito tempo escondido.
Entretanto, este é um assunto para mais adiante.
Agora o que interessa é contar que o rapaz foi até a faculdade, conforme o combinado e lá, conversando com seus amigos, aproveitou para descobrir a melhor maneira de dividirem o trabalho que estavam preparando.
Na discussão com o grupo, ficou estabelecido que ele cuidaria da apresentação do trabalho, enquanto o restante do pessoal, cuidaria da redação do mesmo.
Contudo Fábio, por trabalhar como professor, se comprometeu a ajudá-los a organizar o trabalho.
Assim, quando chegou em casa, antes mesmo de dormir, teve o cuidado de dar uma olhada nos livros que tinha em casa.
Dona Irene, ao perceber que o filho ainda não tinha ido dormir, aconselhou-o:
-- Vá se deitar, já esta tarde para você ficar aí, olhando estes livros. Deixe isso para amanhã.
No que ele respondeu:
-- Já estou indo. Só vou olhar uma coisa e depois eu vou dormir.
E assim procedeu.
Contudo, empolgado que ficou com o trabalho, só foi dormir as duas da manhã.
Mas, ao contrário do que sua mãe esperava, Fábio levantou-se na hora certa para ir trabalhar.
Animado que estava, ao sair de casa disse a mãe, que talvez demorasse um pouco para voltar, já que iria aproveitar o tempo na escola, para pesquisar na biblioteca sobre o assunto de seu trabalho.
E assim, quando saiu de casa, foi direto para a escola.
Enquanto caminhava, encontrou Leonora, acompanhada de suas amigas.
Leonora, ao notar a presença do professor, logo o cumprimentou.
Fábio por sua vez, respondeu o cumprimento.
Com isso, as duas garotas que a acompanhavam, encantadas com a presença do jovem professor, aproveitaram para perguntarem sobre as dúvidas que tinham.
Mas este, em percebendo que as garotas queriam arrumar assunto para uma longa conversa, simplesmente disse:
-- Olhe garotas, eu não quero ser indelicado com as senhoritas, mas eu aconselho as duas a me procurarem no horário da aula para fazerem suas perguntas, está bem? Aqui andando, observando esta bela praça, eu só quero me distrair um pouco. Daqui alguns minutos eu posso responder a todas as perguntas. Certo? Vocês não ficam chateadas, não é mesmo?
-- Não. – responderam.
E assim, continuou caminhando.
Percebendo que o silêncio se instalara, resolveu então, perguntar as moças se estas gostavam de estudar no colégio.
As duas moças então, responderam que sim.
Já Leonora, ao dar resposta, comentou que já estudou em outros colégios.
Fábio curioso, perguntou-lhe então, se havia morado em outra cidade.
Leonora respondeu-lhe então, que sim.
Já havia morado em duas outras cidades.
-- Então você não nasceu aqui? – perguntou novamente o professor.
-- Não. Mas já faz quase três anos que eu moro aqui. E o senhor, nasceu aqui?
-- Sim, eu nasci aqui. E também já estudei naquele colégio em que vocês estudam.
-- Ah, sim? Que interessante. – comentaram as duas colegas de Leonora.
 Nisso, acabaram chegando no colégio.
Fábio então, despediu-se das garotas e foi até a sala dos professores.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Vagas

Uma boa ideia perdida, não regressa mais
Voa para longe, em busca de campos mais férteis
E voos mais duradouros

Um texto perdido, um tema perdido
Não tem retorno
Permanece no campo morredouro

Ou talvez parta para novos rumos,
A ser trabalhado por melhores mãos
Uma boa ideia, não volta nunca mais   

Para sempre perdida
Sempre lembrada
Embora não se saiba exatamente como

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

AS CANÇÕES DE MINHA HISTÓRIA

As vitrines com suas belas roupas,
Acessórios e enfeites a adornarem as vidraças
Cenário em contraste com os carros as passar
As passadas apressadas dos pedestres

Todos a correr em busca de um sonho
Sucesso e realização profissional
Money no bolso, é tudo o que todos querem

Que venha a vida com suas mil possibilidades
Se for ficar, que fique comigo
Vamos cultivar a flor do Lácio
Posto que atração, é um trator, um motor,
A fundir nossos universos
Materializando nossos pensamentos
A voragem de nossas idéias não concretizadas

Em São Paulo, passeios pela mais Paulista das avenidas
Em seus faróis que logo se abrirão
E os carros ganharão as ruas da cidade
Passarão pelas ruas, ladeados por imensos arranha-céus

Só quem não te conhece,
Para não admirar-te os encantos
Na cidade onde todos ocupados estão
Em acumular dinheiros,
A contar o vil metal

Por isto, a todos se recomenda
Cuidado com o perigo nas esquinas
E o rio de asfalto e gente,
A germinar pelos caminhos,
Ora sombrios,
Da grande cidade
Oceano de concreto, em um mar de paredes

Seus Manoéis, uns audazes, outros nem tanto
A trafegar pela famosa avenida
Que um dia, detentora de imponentes palacetes
Resolveu um dia, exilar seus casarões
A abrigar hoje uma construção amarela,
Berço de cultura e poesia
Cenário de encantamento e deleite!

Em contraste as paredes acolhedoras,
De uma casa de conhecimento;
O vento de maio, a invadir os ares,
A permear e a envolver a atmosfera,
Com seus frios tons gélidos
A caminhar e a correr pela cidade inconstante,
Assim como nossos pais

Outrora caipiras, romeiros do coração,
E da saudade e de um sertão, que não volta mais

Quantas tardes fagueiras a pescar
Da casinha distante a cuidar,
Das plantações, as colheitas, as matas,
As brincadeiras a beira dos rios
Os passarinhos a cantar,
Com suas penas, suas cores, multicores

Os riozinhos amigos,
Cenários de tantas histórias
Dos encontros e das despedidas
De gente que chega, de gente que vai
Das pessoas que vão, das gentes que ficam
Dos abraços partidos,
Das lágrimas vertidas,
Os olhos cheios d’água
A lacrimar por um tempo já passado,
Distante, e que não volta mais

A saudade, triste palavra
A lembrar a nós todos
Tantas histórias de vida
Tanta tristeza, tantas belas coisas
Tanto passado para na memória se guardar
Histórias reveladas, outras tantas a jazerem
Somente sendo despertadas por eventos inesperados

Pois no meio da noite, a se esperar
Nunca poderemos esquecer-nos
De todos os que daqui partiram

Pois a vida é maior do que a canção
E uma canção é apenas um fragmento,
Da vida de qualquer pessoa
Só quem não te conhece,
Não se apercebe disto
Veleidades das frágeis mentes
Que ficam a vagar
Em cenário distante,
Sem rompantes de a tudo mudar

Quantos caminhos a percorrer
Quantas encruzilhadas por se desfazer
Tantas pedras no caminho
Pedregulhos mil
Falsas pistas a nos desviar,
Dos caminhos que a verdade levam!

E um sol de arrebol, a nos esperar
As estradas falsas,
A nos afastar do verdadeiro caminho

Rostos embrutecidos,
A esconder tanta luz e mistério
São tantas canções e emoções expressas
Em letras melodiosas e poéticas
Negra nuvem a passar,
Apartando as dores e as tristezas da vida     

Deitada no sofá, a ouvir baladas insanas
Buana, Buana,
E um cabelo à la garçon
Como uma fina chuva de vento
A embalar os sonhos infantis
Lembranças escritas nos páramos
Terrenos pedregosos de modesta cobertura vegetal,
De um amor sem fim,
Pela vida, com sua porfia
Contenda pertinaz com as palavras,
Os mistérios de seu lidar

A seguir de trem pela estação da vida
A contemplar a chegada do verão
Na estação da luz
Quantas paisagens a se observar
Quantos passeios para se fazer
Caminhadas

Lembrar das ruas, seus ramalhetes
Abraços, de um sonho a mais
Que não faz nada mal
Anjo

Pensamentos, na casa,
Apartamentos perdidos na cidade
Da cidade que todos conhecem,
Desconhecendo
Luz e pedras!

A desvendar seus olhares,
Neste véu escuro,
A desfolhar os mistérios da cidade
Construções grandiosas,
Monumentos
Parques, estátuas, pombos

Leituras enfindas
Caminhar ao som de canções
As canções me alcançar
Coração civil,
De uma interessada estudante,
A ter saudades de seu tempo de escola

Na estrada do sol,
A caminhar de manhã
Sem relva, sem orvalho, sem flores
Amparada por suave brisa

Até se chegar a um sonho de planeta
A contemplar um profundo mar azul
Todo o azul do mar,
A perder a visão em tão hipnótico cenário

Tanto tempo eu sei
A pensar, a sonhar, a viver
Carrossel a girar em seu sol
Como um país todo em flor

Músicas a construírem novas realidades
Em se ter na vida simplesmente
Uma casinha com janela,
A contemplar um lindo nascer do sol

Luz do sol, a ser cuidadosamente
Elaborada pelas flores,
Através da seiva das plantas,
Das fagueiras manhãs

Tardes frias de se ver,
Oceano de se olhar 
Que saudade da Serra do Luar
E poder voltar para se contar
Tantas viagens feitas,
Tantas coisas para se mencionar
Canções para se ouvir,
Descobrir e apreciar
Continuo a caminhar
Longas passadas ...

Um sonho de valsa a nos embalar!

Estas são, algumas das canções de minha história
Vivência onde não se cabe apenas uma canção
Para uma pessoa que não tem apenas,
Uma música em sua vida!

Pois todas em grande ou pequena parte,
Lembram os passos, os caminhos,
Os tropeços de uma jornada

E assim, todas, são as canções
Da minha vida,
Todas as belas melodias que me encantam,
Assim, como outras tantas serão 

Como a lembrar de passagens da vida:
Água de beber
Sede viver
Eu era criança,
E hoje você o é!

Viver as noites com sol ...
E entender o que a rosa diz ao rouxinol
A singeleza das pequenas coisas!

E o solstício, fenômeno de longos dias
Em virtude da inclinação do eixo terrestre,
Rivalizado com o efeito das noites,
Sem brumas e sem escuridade,
Para além das Américas ou da Europa,
Onde o sol não se põe por longas horas,
Longos dias, eternamente iluminados 

Música a entoar pelos caminhos
Ecoando pelos dial’s dos rádios
A permanecer por longos tempos
Em profusa sintonia
A contar uma romântica história

Músicas, e mais músicas!
Todas as fazerem parte de nossas vidas,
Como se feitas fossem para nós,
Sendo então, feitas para nós
Dirigem-se como flechas aos seus destinos,
Sempre certeiras

São as flores do jardim de nossa existência
A perfumar as nossas vidas
Com o frêmito de muitas emoções
Mil vidas que compartilhamos,
De alguma forma,
Sentidas e vividas por nós!   

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*arrebol
substantivo masculino
1. cor avermelhada do crepúsculo.
2. POR METONÍMIA - a hora em que o sol está surgindo ou sumindo no horizonte.

*porfia
substantivo feminino
1. contenda de palavras; discussão, disputa, polêmica. "adorava uma p. calorosa"
2. qualidade do que é persistente; insistência, perseverança, tenacidade.

*pertinaz
adjetivo de dois gêneros
que demonstra muita tenacidade; persistente.

*frêmito
substantivo masculino
1. som estrepitoso, ruído surdo; estrondo, bramido, estrugido. "f. dos trovões"
2. som frouxo, mas áspero
Conforme consulta ao Google - Dicionário.

*páramoˈ parɐmu
nome masculino
1. campo solitário, raso e deserto
2. lugar ermo e desabrigado
3. campos das altas montanhas (3000 a 4000 metros de altitude) da América do Sul
4. abóbada celeste; firmamento
5. cume; ponto mais alto.


                   

A LUA, O TREM, A JORNADA, O CAMINHO

A lua com seus ornatos multiformes
Atuando de forma desconforme
Em altaneiro cenário abobadado
Ora se faz brancura,
Linda e redondamente branca
Aos poucos vai se findando,
Minguando dia a dia

Postando-se no céu de forma mais elevada
A fazer variadas poses
Como se caminhasse em seu firmamento
Dando passadas cada dia mais longas
Distanciando-se mais e mais dos olhares
De seus poucos admiradores e amantes apaixonados

Um céu carente de estrelas
Poucas ainda teimam em brilhar em seu firmamento
Mas iluminam o céu escuro
Breu profundo

A lua a mostrar suas formas
Arredondada, branca,
Ora manchada em negro manto de poluição
A diminuir suas formas, até sumir de nossos olhares   

Inicialmente uma forma quase arredondada
A se desfazer aos poucos no horizonte
Linda em seu espetáculo noturno de transformar-se

A forma quase redonda, a diminuir os contornos
A ficar cada vez mais fina, mais esquálida
Até sumir nos céus
Obumbrada pelos movimentos de outros astros celestes
Nova configuração

Até novamente mostrar-se em seu formato cheio
Opulência branca
Mal posso esperar para admirar tanta beleza!
Natureza cíclica

E assim, a lua segue seu curso
Mostrando com suas transformações,
As mudanças por que passa o tempo
O tempo, sempre o tempo,
Cavalheiro tão inconstante

E o trem a atravessar as escuras e obscuras madrugadas
Em meu caminho de prédios antigos, construções abandonadas         

Uma velha chaminé de fábrica,
A soltar um pouco de fumaça, durante os dias fugidios
Chaminés a me acompanharem em meus caminhos
Em quase todos os destinos que faço
São Paulo, São Caetano, Santo André

Troleibus a circular por caminhos de prédios novos,
E construções abandonadas
Promessas de melhores tempos,
Com melhores moradas para se habitar

Ao chegar na estação férrea
Aglomerado das gentes, a se ajuntar quando o trem se aproxima
Condução dos moradores do ABC,
Migrantes nordestinos em grande parte,
E outros naturais do lugar,
Como uma simples moradora,
Há muitos anos afastada, e agora ocupante de um espaço no trem

Trem de cenários abandonados,
Fábricas e galpões envelhecidos,
Telhados tortos, telhas caídas,
Mato a crescer por todos os cantos,
Por todas as paragens
A rivalizarem com as belas árvores frondosas, que ainda compõe o caminho
Para embelezar um pouco a vida árida dos viandantes
Por que percorrer o mundo, atravessar cidades,
Visualizar novas gentes
A dispersar o cenário lúgubre

É uma aventura de todos os dias
Viagem diária, migração pendular
A em pé permanecer,
E o trem a percorrer os trilhos de um tempo presente
Memórias de um tempo passado
Assaz distante, recuado num tempo de mudanças velozes
A tremular ao sabor dos trilhos imperfeitos
E os passageiros embalados pelo balançar inconstante do trem

Diariamente a aguardar o trem na plataforma
E a esperar que não ocorram transtornos
Com a multidão constante, a invadir os trens, e as escadas
Enxame de abelhas a invadir escada açucarada,
Como se fora favo de mel

O trem a rasgar a escuridão da noite
A vislumbrar o dia amanhecendo aos poucos
E a escuridão da noite, azular,
Em seus tons escuros, clareando aos poucos

Certos dias, um lindo amanhecer alaranjado
Com certos tons amarelos

Presenciar um belo amanhecer pela janela imensa
Abraçar um mundo de prédios
Construções contornadas pelos tons da madrugada,
Azuis a comporem a atmosfera,
Cada vez mais definida!

Azul marinho, a se tornar cada vez mais claro
Abrindo os caminhos para a manhã
E o trem a contornar caminhos,
A percorrer silos, entrepostos
Construções de tijolos à vista
Até chegar ao seu destino
E a despejar as gentes em uma nova plataforma
Lagoa de gente a inundar escadas e caminhos

E a lua cada vez mais clara,
A se dissolver na claridade do dia
A pegar metrôs, em suas linhas coloridas
Verde, azul e vermelha
Para finalmente se chegar em algum lugar

Em tempos mais escuros
Caminhos de breu,
Andados a passos rápidos,
Em direção ao destino
Em prédio, em ermo lugar nas manhãs, madrugadas escuras
Noites escuras
Ladeado a jardim com frutas,
Maciços de beri amarelos, árvores com flores amarelas
E o chão do caminho com pedras, paralelepípedos
Substituído por concretos em grande parte
E o sol a aquecer as tardes, e queimar as peles dos passantes
A ter por consolo, a suave brisa da tarde

Em domingo de manhã,
A realizar densas provas
São Paulo de outrora a dar o ar de sua graça
Em textos repletos de muita poesia

Pensamento povoado de intrincadas questões
E o voo das aeronaves a riscar os céus com constância
Diversas companhias a riscarem os ares
Assim como naves de pequeno porte

Céu azul, de densas nuvens a embelezarem a tarde azul
Lindo jardim a enfeitar saída de estacionamento
Lugar de acessos intrincados, complicados
Como num labirinto

Passeio em meio a shopping repleto de lojas vazias
A regalar-me com lauta refeição
Feita com muitas e saborosas iguarias
Mariscos; camarões; bolinhos caprichados; arroz com cenouras cortadas em diminutos pedaços, presuntos com igual corte; cenoura cortada, milho; peixe com alcaparras, medalhão de frango; camarão na moranga; suco de laranja
Regalado repasto
Um festival de sabores e de sensações maravilhosas!

A tarde, mais provas,
Na mais dura prova que é viver
Enfrentar a vida, para que assim se possa melhores caminhos escolher
De um viver poético e incessante

Cidade de prédios imensos, belas construções
Lugares aprazíveis
Assim como de lugares horríveis, feios, sujos, solitários, abandonados
Cenário de ricos e dolorosos contrastes

E assim, em meio a extenuante dia de dedicações
Em meio a interminável espera em meio a trânsito infernal
Sentar em meio ao gramado, em uma mureta
Banco improvisado
A multidão, lagoa das gentes, a se ajeitar no concreto duro das calçadas
A conversar para matar o tempo,
Ou esperar a vida passar, e a carona chegar

O regresso para o lar em meio a trânsito e engarrafamento
Em meio a cenário de ruas vazias, caminhos sinuosos,
Longas e imensas avenidas, oceano de carros

A chegar em casa para descansar,
Depois de muito labutar

Labuta que acontece de diversas formas no palco da vida
Trabalhar, estudar, aprender, conhecer, viver, sofrer
Realizar provas testes, escritas, estudos, ensinos,
As provas da vida

E a lua a ressurgir no palco da noite
A retratar as passagens do tempo
A sinalizar que tudo se transforma
Para permanecer constante
Afinal de contas:
Tudo nunca é sempre muito igual!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Faz de Teu Sonho A Bandeira de Tua Vida!

Faz de teu sonho a bandeira de tua vida
Pendão de tua existência!
Lute por seus ideais, acredite em suas possibilidades!
O mundo é uma estrada de infinitas possibilidades
E o teu sonho só não pode ser menor que o seu mundo!

E vivendo e sonhando, seguimos nossas vidas
E de sonho em sonho, vamos construindo nossas realidades
E assim sigo sonhando
E pisando em poeira de estrelas, tropeçando nas fantasias
Delineando novos encantamentos, e novos sonhos ... 

Sonho um sonho irrealizado
Encontro marcado em um cenário azulado
Repleto de luar
Atmosfera vaporosa a enfeitar,
Uma bela morada
Com seus quartos arrumados,
Colcha a emoldurar a cama,
Objetos guarnecem o quarto com bibelôs e criatividade
Além de inventividade e beleza

Ao fundo no quintal banhado pelo luar
Uma moça que percorrera os cômodos da casa
E apreciara os pequenos detalhes de um quarto especial
Avista um vulto
É um alguém que a espera,
Diz uma voz que não se sabe de onde vem

E moça com seu lindo vestido
Lindo vestido claro, de longa saia, alças
Sai em direção ao quintal, o jardim

A jovem aproxima-se do vulto
Indiviso em meio a noite
E o vulto aparece
Mostra sua face, seu semblante, suas vestes
Estende sua mão a jovem
E embalados, ficam a valsar sob a luz da lua

A moça segura a barra do vestido,
E com a outra mão, segura a mão do moço
De longe, alguém parece observar a cena 
Do casal dançando, unidos ...

Em outro devaneio
Uma moça procura um jovem, em meio a simplórias construções
Procura, procura ...
Em dado momento, um moço aparece
A garota parece conhecê-lo
Caminham unidos ...

E os sonhos prosseguem turvos, indefiníveis, indecifráveis!
Sonho sonhos de casas, construções
Sonhos de passados distantes
Histórias vivificantes 
 
E entre os sonhos etéreos inconclusos
Há os sonhos de um mundo melhor, uma vida melhor
A fazerem de nossas vidas, um norte
Bandeira de nossas existências 
Obra de arte de tua existência!
Sonhos de ideais, alegrias e mortes
Simbólicas mortes!

Luciana Celestino dos Santos
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