Com isso, depois das provas, vieram as festas de junho.
Para tanto, havia os preparativos da festa, que neste ano visava a reforma da igreja, que necessitava de alguns reparos.
Por isso as beatas sugeriram ao Padre Olavo, que realizassem uma quermesse para angariar fundos para a Igreja.
Unidas as beatas convidaram algumas das ilustres senhoras, moradoras da cidade, que ajudavam nas obras de caridade, para com elas organizarem a quermesse, com barracas de comes e bebes, e prendas. Planejaram ainda, a realização de um show para animar mais ainda a festa, bem como a contratação de uma empresa especializada em espetáculos com fogos de artifício, para fechar a noite com chave de ouro.
As beatas animadas com os preparativos da festa, planejavam tudo nos seus mínimos detalhes. Como seriam feitas as barraquinhas, as prendas que seriam dadas, os preços dos comes e bebes, as músicas, enfim tudo o que fosse necessário para uma festa junina.
Queriam que a festa da cidade fosse a mais bonita de toda a região. Tudo isso por conta da rivalidade com a cidade de Água Viva, que até o momento se intitulava com a mais célebre dentre todas as cidades da localidade, só por conta de uma história acontecida há mais de cem anos.
Água Viva, cidade histórica, foi o berço de uma bela história que acabou de forma trágica. História esta, que poucos sabem o final. Talvez somente os protagonistas a possam contar, mas dada a época desta, seria impossível contatá-los.
Enfim, vamos ao que interessa.
Por conta do festejo, a cidade estava em polvorosa. Todos comentavam sobre a grande noite. Nem mesmo os alunos deixavam de mencionar sobre a aludida festa.
Nesse ínterim, Raíssa, Luís e Cláudio, tiveram ainda a oportunidade de aprontar mais uma de suas travessuras. Começaram uma guerra de giz dentro da sala de aula, por conta de um revide, uma provocação feita por um aluno da oitava série que apareceu na sala da sétima série para provocá-los. No entanto, inadvertidamente, acertaram o inspetor de alunos com um giz. Foi o suficiente para tomarem uma advertência na diretoria, por conta do ocorrido.
Dona Eulália ao ir buscar a enteada na escola por conta da advertência, tratou logo de lhe dirigir uma dura admoestação por conta de suas atitudes, na frente de todos os outros pais de alunos, que tudo ouviram. Segurou-a firmemente pelo braço e disse a garota, poucas e boas:
-- Raíssa, você é uma vergonha. Não respeita ninguém, nem os professores. Você não tem jeito. Não tem conserto. Você não tem vergonha na cara? Me faz largar meu trabalho para vir aqui ouvir sermão por tua causa. Você acha que eu não tenho mais nada que fazer da vida? Que eu posso ficar aqui perdendo meu tempo com você? Raíssa você é uma vergonha para todo mundo, inclusive para seu pai.
Tal afirmação para Raíssa atingiu-a como a um raio. Como ela poderia ser uma vergonha para seu pai, se há tanto tempo não o via? Que direito tinha aquela mulher tinha lhe dirigir tamanho impropério?
Por essa razão, abaixou a cabeça e ficou ali, só ouvindo o que sua madrasta dizia, repetindo dentro de si a última frase dita por ela.
No entanto, apesar de Raíssa merecer uma bela bronca pelo ocorrido, e até mesmo um castigo, nenhum dos pais que presenciaram a cena, entenderam como aceitável o comportamento de Dona Eulália, que foi censurada por suas palavras.
No entanto, mesmo tendo sido seu comportamento reprovado, continuou a arrastar a garota, até a saída da escola, quando então começou a dar-lhe uns safanões e continuou a repetir seus impropérios.
Ao chegar em casa, trancou Raíssa dentro do quarto e disse-lhe:
-- Você só saí daí quando tomar jeito.
No que Raíssa respondeu:
-- Você não pode me trancar aqui dentro.
-- Posso sim, você está sob minha responsabilidade. Eu tenho sua guarda. Posso fazer o que eu quiser. E tem mais, você vai dormir sem jantar. – respondeu gritando.
De dentro do quarto da garota não se ouviu mais nada.
Raíssa ficou furiosa com o castigo, mas jurou para si mesma que iria guardar toda sua raiva para despejar em cima da madrasta quando fosse o momento oportuno. Agora a única coisa em que pensava seria em como participar da festa junina.
Em como iria fazer para poder ver bem de perto a queima de fogos.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 4
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