Poesias

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 12

Ao verificar onde estava, sentiu-se aliviada. Conseguiu!
Agora só lhe restava seguir perguntando na cidade, onde poderia encontrar pouso e comida.
Poderia trabalhar. Até onde sabia, Água Viva, era bem mais desenvolvida que Água Branca. Facilmente se arrumaria na cidade.
Mas precisava se alimentar.
Com os amigos, conseguiu um pouco de dinheiro. Mais o produto do furto que praticara contra sua madrasta, outros bons trocados. Muito embora não fosse muito dinheiro, era o suficiente para ficar uns três dias na cidade.
Logo ficou sabendo disso, ao procurar uma pensão barata para dormir.
No entanto, por ser menor, não a deixaram dormir lá. Não queriam ter problemas com a polícia.
Com isso, ao chegar a cidade, primeiramente, procurou uma lanchonete. Ao encontrar uma, pediu dois salgadinhos e um refrigerante. Comeu e pagou. Ao se dirigir ao caixa, perguntou se não estavam precisando de alguém para trabalhar ali.
Desconfiado o caixa, perguntou-lhe se tinha dinheiro para pagar. Ao ver que era alvo de suspeitas, tratou logo de pagar e saiu apressadamente do local.
Ao sair de lá, foi procurar um lugar para dormir. Foi aí que chegou na aludida pensão. Só que não conseguiu ser aceita lá.
Assim, sem alternativa, caminhou durante toda a noite pela cidade procurando um lugar para dormir.
Conforme as horas iam se passando, começou a ficar cansada. Precisava arrumar um lugar para dormir. Estava cansada. Exausta, acabou se ajeitando numa das praças da cidade. Deitou-se num banco e dormiu.
Dormiu por longas horas, e só não dormiu mais porque ouviu um apito que a fez acordar. Era um guarda. Ao perceber que ele se aproximava dela, tratou de pegar sua mochila e correr. Não queria ser pega. E assim o fez.
Muito rapidamente, saiu da praça e entrou na primeira rua que surgiu na sua frente. Foi se esconder no meio de algumas pessoas, que oportunamente, entravam em um prédio do lugar. Sem ser notada pelo porteiro do prédio, teve acesso ao prédio. Assim, enquanto estas senhoras iam para seus apartamentos. Raíssa, parou em um andar antes.
Escondida na escada, pegou um espelho e penteou o cabelo. Precisava estar com uma aparência boa, para assim não chamar a atenção. Como estava suada, notou que também precisava de um banho. Mas como iria conseguir isso?
Foi então que cogitou a idéia de voltar novamente a uma daquelas pensões e pedir para trabalhar lá. Precisava ter um lugar para dormir.
Assim, depois de se ajeitar um pouco, saiu do prédio e foi em direção as pensões.
Visitou uma por uma novamente. Novamente pediu aos seus respectivos donos para trabalhar no lugar. Precisava de uma fonte de renda. Insinuou que precisava ter também um lugar para dormir. Insistiu que poderia auxiliar na limpeza e com isso pagar a estadia.
Em todos os lugares, a mesma resposta. Não estavam interessados em contratar empregados. Alguns, irritados, chegaram até a adverti-la para que não voltasse mais lá.
Desanimada, passou a tarde procurando emprego. Foi novamente a lanchonete onde esteve no dia anterior. Lá, se ofereceu para trabalhar. Precisava de um emprego.
Novamente, foi rechaçada. Mas não desistiu. Procurou emprego em outros lugares. Chegou a visitar lojas. Poderia ser vendedora.
E assim ficou por toda a tarde procurando trabalho. No entanto, mais uma vez, não logrou êxito. Mais um dia sem trabalho.
Preocupada, foi procurar um lugar para dormir. Passou, por diversos lugares. Até que encontrou um hotel, na periferia da cidade para se hospedar. Lá eles não se incomodaram com o fato de Raíssa ser menor de idade. Deixaram-na se hospedar.
Na recepção, fez sua reserva e lá mesmo deram-lhe a chave para o quarto onde iria dormir. Ao adentrar o quarto, retirou sua mochila das costas e foi até o banheiro. Suada que estava, tratou logo de tomar um banho.
Fez uma limpeza em regra.
Nunca havia pensado nisso. Nunca pensou que um banho pudesse ser tão refrescante. Deveras, se sentiu muito satisfeita com a sensação de limpeza.
E assim, ainda enrolada em uma toalha, deitou-se na cama. Primeiro ficou olhando para o teto. Depois, começou a observar os objetos do quarto.
Apesar da simplicidade do lugar, era tudo muito limpo. E o mais importante, não era caro. Assim, poderia pagar sua estada por alguns dias.
No entanto, precisava arrumar um emprego. Não queria voltar para casa tão cedo. Sabia que se voltasse, a convivência com sua madrasta ficaria ainda mais difícil. Diante de tal quadro, não poderia fracassar. Pois assim, estaria perdida.
Precisava trabalhar.
E assim, os dias se seguiram.
Como alimentação, lanches, salgadinhos, refrigerantes. Uma vez, foi num restaurante de comida por quilo, e comeu comida de verdade. Até porque, não agüentava mais comer tão mal.
Em razão de não conseguir nenhuma colocação, suas reservas financeiras estavam acabando. Precisava de um trabalho.
Foi aí que, ao ver num jornal, uma proposta de emprego, mais do que depressa, foi ao local da entrevista. Chegando lá, constatou que havia fila. Quando viu a fila, quase desistiu. Mas, como não possuía alternativa, resolveu insistir e ficou.
Ao chegar sua vez, foi levada até uma sala e ao ser atendida por um senhor de cerca de quarenta anos este foi logo lhe perguntando:
-- O que a mocinha veio fazer aqui?
-- Arrumar um trabalho.
-- Menina. Você não acha que está muito cedo para começar a trabalhar?
-- Por favor. Eu preciso trabalhar. Meus pais morreram, e eu fiquei sozinha. Se eu não trabalhar, eu vou morrer de fome.
-- Comovente. Mas eu não posso te contratar.
Nisso Raíssa se levantou e, quando já estava saindo da sala, o homem a chamou.
-- Mocinha espere. Quantos anos você tem?
Surpresa com a pergunta disse:
-- Quinze.
-- Estranho. Você não tem o porte físico de uma garota de quinze anos.
-- Mas eu tenho quinze anos.
-- Está certo. Então eu vou te encaminhar para um amigo que está precisando de alguém para fazer uns ‘servicinhos’. Está certo?
-- Certo.
E assim, o homem escreveu num papel o endereço e mandou-a estar no local combinado na hora marcada. Sem atrasos. Ao passar-lhe todas as informações, dispensou-a.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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