Poesias

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 11

Muito embora Raíssa tivesse ganas de pôr em prática seus planos secretos, e visivelmente, estivesse decepcionada com a notícia dada pelo médico, acatou suas recomendações.
Com isso, durante mais alguns meses, passava uma vez por semana no Posto. Nesse ínterim, submeteu-se a um tratamento na mancha da queimadura.
Foi aí que, finalmente pode retornar totalmente a sua vida normal.
Agora, sem ter que ir ao médico toda semana, poderia calmamente planejar sua saída da cidade.
Ademais, como o ano letivo tinha acabado, não tinha que se preocupar mais com a escola. Finalmente estava livre das lorotas contadas na sala de aula pelos professores. Por esta razão, começou a pôr em prática os seus planos de sair da cidade.
Discretamente, passou a reunir suas coisas e colocá-las numa mochila, que, depois de arrumada, foi logo escondida no maleiro do armário de seu quarto. Assim, ainda durante a madrugada do dia apropriado para a fuga, poderia pular a janela do quarto e fugir de casa. No entanto, para que pudesse viabilizar a viagem, pediu dinheiro aos amigos. Disse-lhes que precisava sair da cidade.
Surpresos, logo lhe perguntaram, o porquê de tudo aquilo.
No que ela imediatamente respondeu:
-- Preciso dar um rumo para minha vida. Por favor, vocês precisam me ajudar. Eu não tenho mais ninguém com quem eu possa contar.
-- Mas Raíssa, não podemos pedir dinheiro para nossos pais. Eles ficariam desconfiados. – disse Cláudio.
-- Gente, eu só preciso de dinheiro para comprar uma passagem. Pelo menos isso. Com a hospedagem e a alimentação, eu me viro.
-- Ah, sim? E como é que a suma inteligência vai fazer para comprar comida? E você quiser voltar, como vai fazer? – perguntou Luís.
-- Olha gente, se vocês me derem o dinheiro da passagem, do resto, eu mesma me encarrego. Mas eu preciso pelo menos, chegar até lá. É só o que eu estou pedindo.
-- Mas Raíssa. Para onde é que você vai? – perguntou Léo.
-- Não sei ainda. Mas quando eu tiver boas notícias, eu aviso vocês. Por favor, vocês tem crédito com seus pais. Cada um pode pedir um pouco de dinheiro. Vocês podem dizer que precisam comprar alguma coisa de uso pessoal. Eles não vão notar.
Assim, diante da insistência da amiga, decidiram o seguinte:
-- Está certo Raíssa. Em momentos diferentes nós iremos pedir dinheiro para nossos pais. Um pouco de cada um está bom? – perguntou Cláudio.
-- Está mais do que bom. Obrigada.
Enfim, tudo estava planejado. Assim, quando finalmente estivesse com o dinheiro que precisava, poderia sumir por algum tempo.
Quando então, depois de alguns dias finalmente os amigos lhe trouxeram o dinheiro que conseguiram arranjar com os pais, Raíssa agradeceu-os e despediu-se.
Muito embora, Luís, Cláudio e Léo estivessem curiosos em saber para onde ela iria, Raíssa, dizendo que não podia contar, prometeu que voltaria.
Os três então se despediram dela e voltaram para casa.
E assim, as horas foram se passando, até que finalmente chegou a madrugada.
Enfim, a hora certa para fugir. Assim ninguém a veria saindo de casa. E assim tencionava fazer.
Contudo, deu uma passada pela sala para ver se tudo estava bem. Foi aí que percebeu a bolsa da madrasta, aberta e jogada no sofá. Aproveitando a oportunidade, não se fez de rogada, verificando que na bolsa havia alguns trocados, tratou logo de pegá-los. Depois, entrou rapidamente no quarto, pegou suas coisas e pulou a janela.
Correu pelo pequeno jardim, e, mais que depressa, alcançou a rua. Depois de alguns segundos, só se via seu vulto ao longe.
Correu, correu.
Durante vinte minutos, correu em desabalada carreira até chegar na Praça da Matriz. Cansada, resolveu descansar por mais alguns minutos. Depois, de descansar um pouco, continuou a correr. Entre passos apressados e correria, gastou aproximadamente quarenta minutos. Tempo suficiente para chegar quase no final da cidade de Água Branca. A partir daí, cansada que estava, começou a andar.
E assim, continuou andando para longe da cidade. Durante vinte minutos, caminhou na beira da estrada, ao lado de caminhões e alguns carros. Cansada, resolveu descansar mais um pouco. Para isso, afastou-se da estrada, escondendo-se no meio de um matagal ali próximo. Como sentia muito sono, acabou adormecendo.
Quando acordou, imediatamente olhou para o relógio. Assustada, deu-se conta de já estava amanhecendo. Alvoroçada, saiu de onde estava, e voltou para a estrada.
Dado o horário, tratou de voltar a correr.
Correu, correu, correu tanto que suas pernas começaram a doer.
Em razão disso, passou a seguir caminhando. E andando foi, até chegar a um restaurante a beira da estrada.
Lá, resolveu dar uma parada. Imediatamente, se dirigiu ao banheiro. Ao ver-se no espelho, abriu a torneira e molhou o rosto. Jogou água nas costas, em volta do pescoço, e debaixo dos braços. Precisava se refrescar. E ficou durante cerca de quinze minutos, jogando água no corpo.
Depois, sentou-se num dos bancos que havia ali e ficou um certo tempo descansando. Ao olhar novamente no relógio, pode ver que já era quase nove horas. Precisava se apressar. Sua madrasta, notando sua falta, poderia estar procurando-a.
Assustada e apreensiva, se levantou repentinamente, e dirigiu-se apressadamente para fora do estabelecimento. Ao chegar na estrada continuou a andar apressadamente.
Obstinada, caminhou durante quase duas horas, apesar de suas pernas estarem doloridas. Assim, quando sentia que estava no seu limite, retirava-se da estrada e descansava um pouco. Finalmente, por volta de três horas da tarde, já estava na entrada da cidade de Água Viva.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário