Poesias

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 14

E assim, a cada dia que passava, mais e mais se inteirava dos negócios do chefe.
Prestativa, sempre que podia, perguntava-lhe se não estava precisando de mais alguma coisa, ou se havia algo mais para ser feito.
No que ele sempre respondia que não.
Entretanto, conforme se seguiam os dias, notou que não seria fácil arrumar alguém para fazer o tal ‘servicinho’ na cidade vizinha. Assim, como quem não queria nada, chegou certa vez a perguntar para Raíssa:
-- Raíssa, você me disse uma vez, que morou em uma cidade das redondezas, não foi?
No que ela prontamente respondeu:
-- Sim. Mas por que a pergunta? Fiz alguma coisa errada?
-- Absolutamente. Eu estou satisfeito com seu trabalho ... Eu só estou perguntando isso a você, porque eu estou precisando de um contanto em uma cidade vizinha. Está interessada?
-- Claro. O que eu tenho que fazer? – perguntou animada.
-- Primeiro nós vamos fazer um treinamento com você. Aqui mesmo na cidade. Se você trabalhar bem, nós te daremos carta branca para continuar o serviço na sua cidade. Correto?
Animada, Raíssa concordou e se prontificou a trabalhar em tudo o que fosse necessário.
Com isso, nos dias que se seguiram, Raíssa passou a fazer, os mais diversos serviços para seu chefe. Continuou a mandar recados, mas também, realizava outros trabalhos.
Muito embora não estivesse totalmente inteirada sobre os detalhes do seu trabalho, sabia que era algo grande. Grande e perigoso. Mas não se importava com isso. Só queria se dar bem. Só queria voltar para sua cidade, de cabeça erguida. Não queria nunca mais, ter que dar satisfação de sua vida, para a madrasta.
Enfim, queria se dar bem. Queria também, se livrar de sua madrasta. Mas isso, com certeza, seria mais difícil de conseguir.
Assim, depois de quase três semanas na cidade de Água Viva, finalmente estava conseguindo alcançar seu objetivo. Enfim, tinha encontrado o trabalho perfeito. Mais bem remunerado, do que o de simples garota de recados, agora podia se dar ao luxo de comprar novas roupas e até comer melhor.
Como possuía um certo tempo livre, passou a passear pela cidade, para descobrir seus atrativos, o que possuía de diferente da cidade que morava.
Por ser ainda dezembro, não estava preocupada em voltar para sua cidade. Enfim, queria ficar por ali, o quanto pudesse. Isso porque, sabia que ao voltar para casa, continuaria trabalhando para seu chefe. Ou seja, não haveria prejuízo nenhum para ela.
Mas ainda assim, não tinha pressa. Queria aprender bem o novo trabalho, e só sairia da cidade quando estivesse apta para executá-lo em outra cidade.
Em razão disso, Raíssa passou durante várias noites, em pontos obscuros da cidade, vendendo estranhos embrulhos para os transeuntes que por lá passavam. Curiosamente, a cada dia, praticamente, mudavam de ponto. Afinal, não queriam ser descobertos.
Conhecedora da natureza ilegal de seu ‘trabalho’, Raíssa chegou a sugerir inclusive, que quem vendesse, os tais ‘embrulhos’, não deveria ser identificado pelos compradores. Assim, não haveria riscos de prisões desnecessárias. Para tanto, seria preciso que os vendedores, ficassem escondidos. Os compradores seriam conduzidos por alguém encapuzado até o ponto de venda.
No entanto, apesar de seu chefe considerar esta, uma boa idéia, seu comparsa, temeroso de isso chamasse a atenção, sugeriu que não fosse feito.
Por conta disso, chegaram até a discutir.
Seu comparsa discordando da idéia de fazê-la trabalhar para eles em outra cidade, achava Raíssa muito petulante e atrevida. Além do que, acreditava que ela poderia por tudo a perder. Isso por que a moça não conhecia o trabalho direito. Também não sabia muito sobre o que estava fazendo.
Mas Marcílio, o chefe de Raíssa, resolveu tentar.
Acreditava no potencial da garota. Por isso, cogitava a hipótese de torná-la uma de suas auxiliares.
Como era eficiente em seu trabalho, poderia perfeitamente, desempenhar a mesma função na outra cidade.
Conforme havia conversado com Raíssa, a mesma disse ter amigos dispostos a trabalhar para ela. E mesmo que eles não concordassem, não teria problemas em angariar pessoas de confiança para executar o serviço em Água Branca. Determinada, ela mesma se ofereceu para treinar essas pessoas.
Foi quando Marcílio, ofereceu-se para ajudá-la.
Primeiramente, informou-a de que teria que montar uma espécie de organização em sua cidade. Para tanto, receberia ligações em código para poder executar seu serviço.
Entretanto, foi advertida de que teria que decorar esse código dentro de poucas semanas e que não deveria revelá-lo a ninguém, sob pena de sofrer as conseqüências de seu ato. Igualmente, deveria memorizá-lo e queimar. Não deveria deixar nenhum registro de que tal código existia.
Por essa razão, passaram a lhe ensinar dois códigos. O código que utilizaria quando transmitisse mensagens, e outro para coisas corriqueiras.
Espertos, para não chamar a atenção, usavam expressões coloquiais, em um dos códigos, e outras mais sofisticadas em outras. Nada de termos suspeitos. Tudo era feito da forma mais discreta possível.
Raíssa, feliz, finalmente iria descobrir o que significavam as mensagens que diariamente passava. Freqüentemente, passava mensagens codificadas para o comparsa do seu chefe, no este lhe passava também, mensagens em código. Algumas vezes, chegou também a passar mensagens para outros contatos dos dois, mas geralmente era para eles, o chefe e o comparsa de nome Reginaldo, que trabalhava.
Durante o tempo em que ficou realizando esse trabalho, nutriu a curiosidade para saber do que se tratavam as mensagens. Tencionou até, descobrir o código. Muito embora ainda não soubesse como faria para consegui-lo. Mas queria por que queria descobrir o teor das mensagens.
Por isso, diante da possibilidade de aprender os códigos, não se fez de rogada. Empenhou-se o máximo possível para aprendê-lo. Dedicada, por seguidas horas, durante três semanas, se empenhou em aprender os códigos. Aplicada, não precisou de mais tempo para isso.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário