Poesias

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 26

No final do dia, ao voltar para casa, Raíssa, feliz pelo gesto que praticara, dormiu feliz e leve como uma pluma.
Mal podia imaginar como o dia vindouro se figuraria para ela.
Um céu cinzento se apresentava para ela.
Tranqüila, depois de passar a manhã inteira dormindo, a moça, resolvendo fazer um passeio pela cidade, resolveu freqüentar os arredores.
Foi exatamente durante seu passeio despreocupado que ela foi surpreendida por Marcílio.
O homem, dizendo que tinha algo muito importante a dizer-lhe, puxou-lhe pelo braço.
Raíssa bem que tentou resistir, mas ao ver um revólver apontado para suas costas, não teve outra alternativa a não ser acompanhá-lo.
Marcílio, levando-a para um galpão, disse-lhe que ela sabia demais e que por isso mesmo, ele não podia mantê-la viva.
Dizendo que tentou fazê-la se convencer de que estava errada, respondeu que pediu a intervenção de Eulália, na difícil tarefa.
Surpresa Raíssa perguntou a ele:
-- Mas o que ela tem que ver com isso?
-- Muita coisa. – respondeu ele. Muito mais coisas do que você imagina. Coisas que infelizmente você nunca vai saber, embora um dia pudesse vir a conhecer.
-- O que você quer dizer com isso? – perguntou ela perplexa.
-- Nada. Só quero que saiba de uma coisa. Eu lamento muito. Eu sei que vou me arrepender muito do que eu vou fazer agora, mas eu preciso. Se eu não agir logo, outros farão isso no meu lugar e isso eu não posso admitir.
-- Admitir?
-- Sim. Se os verdadeiros chefões descobrirem o teu deslize, antes de te matarem, eles vão te torturar bastante... E eu não posso deixar isso acontecer. Não posso. – respondeu ele pondo as mãos na cabeça, visivelmente desesperado.
Raíssa então, percebendo qual seria o seu fim, tentou correu para a saída do recinto. Tentando abrir a porta, Raíssa ouviu o primeiro disparo. Por sorte o tiro não a atingiu.
Em seguida, conseguindo abrir a porta que a separava da rua, Raíssa livre, correu. Correu, correu o máximo que pôde.
No entanto, não foi o suficiente para escapar dos tiros que se seguiram, certeiros.
Alvejada nas costas, Raíssa só teve tempo de olhar para o céu, e caindo no chão, cerrar os olhos.
Marcílio, ao ver o corpo estendido no chão, despediu-se da filha.
Jogando uma rosa ao redor do corpo, o homem disse com a voz embargada:
-- Descanse em paz.
Em seguida partiu.
Precisando sumir da cidade, arrumou suas malas e acompanhado de Reginaldo, voltou para Água Viva.
Leocádio, Luís e Cláudio, ao saberem do ocorrido, choraram desesperados. Muito embora soubessem que esse seria o provável fim da moça, os três não podiam acreditar no que se sucedera.
Revoltados, os três fizeram uma bonita homenagem durante o enterro.
Dizendo que ela fora uma grande amiga, arrancaram tímidos aplausos para os poucos acompanhantes da cerimônia fúnebre.
Pedro, em consideração aos amigos, acompanhou o enterro.
Luís, dizendo que ela se redimira, comentou com Pedro que ele e seus amigos sumiriam dali.
Seus pais, ao saberem de seu envolvimento com Raíssa, foram os primeiros a recomendarem que os mesmos saíssem de circulação.
Vendo o triste fim de Raíssa, os garotos cairiam no mundo.
Suas famílias ficaram.
Ficou também a lembrança da tragédia.
Embora muitos dissessem que ela tivera o que merecera, outros diziam que ela bem que tentou ter uma vida correta.
Eulália, vendo-se sozinha, ao ser apontada nas ruas como responsável pela morte da garota, cansada de ser recriminada, abandonou a cidade na calada da noite, e nunca mais voltou.
Nisso, os moradores da cidade, pleiteando o traslado do corpo de Frederico Lopes para a cidade, conseguiram fazer com que finalmente os dois fossem enterrados juntos.
Nesse dia, o cheiro das rosas perfumou o túmulo de Raíssa.

Bibliografia:
Drogas Prevenção, Escola. Paul Eugène Charboneau. Cocaína, p.119/23 e Maconha 140/154. Edições Paulinas. 3ª edição, 1988.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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