E assim, no dia seguinte, mais do que depressa, se preparou para ir a escola.
Como havia perdido as primeiras duas semanas de aula, Dona Eulália precisou ir, no horário de almoço até a escola, para resolver os problemas atinentes a rematrícula da enteada.
Fora isso, o dia transcorreu normalmente.
Raíssa voltou para casa na hora do almoço, e mais tarde, foi até a casa de Luís.
Precisava pegar a matéria que havia perdido enquanto estava viajando.
Luís ao vê-la, foi logo dizendo:
-- Andou sumida, hein? Nem contou pra gente onde esteve.
-- Desculpe, Luís, não podia. Se eu contasse onde estava, logo minha madrasta descobriria e iria atrás de mim.
-- E deu tudo certo?
Nisso Raíssa, contou que precisava de um tempo.
Um tempo para que pudesse contar para todos os amigos onde esteve. Contou ainda, que precisava da ajuda de todos eles para por uma idéia em prática. Segundo ela, uma idéia que desejava há muito tempo, transformar em realidade. Contudo, não podia adiantar sobre o que se tratava. Mas afirmou que seria algo muito bom para todos os que estivessem como ela.
Aproveitou ainda, para pedir o material, as anotações referentes aos dias faltados.
No que Luís, ficou surpreso. Como pode? Justo ela, a garota mais bagunceira da classe, interessada em anotações de caderno.
Foi então que Raíssa explicou que precisava mostrar empenho nos estudos, pelo menos no momento, para que Dona Eulália não ficasse no seu pé. Precisava de se livrar das atenções da madrasta, ou então, nada do que estava planejando daria certo.
E assim, diante de tantas explicações, não restou ao amigo, senão concordar com Raíssa e emprestar-lhe o material.
Mas, realmente, Raíssa estava estranha. De visual novo, mais bem vestida, parecia outra pessoa.
Estranhamente, até mais comportada ficou. Estudiosa, passou até, a receber elogios freqüentes dos professores.
Contudo, sua madrasta, continuava desconfiada de tão súbita mudança. Era muita coisa boa acontecendo ao mesmo tempo. Não podia ser verdade. Desconfiada, sempre dizia:
-- Quando o milagre é muito, o santo desconfia.
Afinal de contas, como se tinha operado verdadeiro milagre?
Estranhamente, Raíssa havia mudado da água para o vinho.
Mas reticente, Dona Eulália passou a vigiar os passos da enteada, desconfiava que algo esquisito estava acontecendo.
Afinal de contas, como Raíssa conseguiu arranjar um trabalho tão bom em tão pouco tempo? Como conseguiu se dar tão bem em outra cidade?
Enfim, achava tudo isso muito estranho. Sem contar o comportamento da garota.
Mas, a despeito de suas desconfianças, Dona Eulália não conseguiu descobrir nada que implicasse em prejuízos para a enteada.
Como estava mais quieta e disciplinada, os professores só lhe eram elogios. Até as notas melhoraram.
No entanto, Dona Eulália continuava desconfiada. Para ela, tinha que haver algo de errado. Raíssa não dava ponto sem nó, em suas palavras.
Inconformada, fez de tudo para descobrir uma falha que fosse, nos planos de Raíssa.
Mas não logrou êxito.
Contudo, mesmo diante do fracasso da madrasta, a garota passou a ser mais cautelosa, em seus contatos com os amigos.
Ademais, para afastar a presença inconveniente da madrasta, tratou de arrumar um esconderijo.
Um lugar escondido, para que pudesse, com seus amigos, planejar a instalação de um ponto na cidade, para realizar os ‘servicinhos’ de que estava encarregada. Para isso, no entanto, precisava de alguns auxiliares.
Por essa razão, acabou por marcar um encontro com Luís, Cláudio e Léo, para que pudessem conversar a respeito da sua viagem e seus projetos para a cidade.
Precavida, tomou o cuidado de não revelar imediatamente do que se tratava. Disse apenas que era algo perigoso, mas que traria muitas vantagens para eles.
Era um negócio altamente lucrativo. Entretanto, não podiam revelar a ninguém o conteúdo da conversa que travaram. Não era interessante que pessoas estranhas soubessem do que estava acontecendo.
Assim, todos prometeram silêncio.
Contudo, os três garotos estavam receosos. Não queriam ter problemas com a polícia local.
Mas Raíssa, astuta como era, tratou logo de acalmá-los. Afastou seus receios ao argumentar que se fizessem tudo direito, não haveria problemas, não seriam pegos. Não tinham que se preocupar, pois, o plano era perfeito. Além do que, a polícia da cidade não estava preparada para lidar com uma situação dessas. O que era uma vantagem para eles.
Assim, demovidos de seus temores, por fim, resolveram aceitar o convite de Raíssa e juntamente a ela, participar do novo ‘negócio’.
O que deixou Raíssa, deveras satisfeita.
E assim o mais difícil conseguira, que era convencer seus amigos a participar de tudo isso.
Agora, só cabia explicar a eles, exatamente do que tratava e prepará-los para executarem os planos.
Contudo, Raíssa não revelou a eles tudo o que sabia. Disse apenas, o estritamente necessário, para que soubessem o que deveriam fazer quando recebessem o sinal verde, do já intitulado ‘chefão’.
Conscientes do que estavam fazendo, sabiam que era algo extremamente perigoso, mas vantajoso monetariamente.
Daí se concluí, que não houve coação de qualquer espécie, para que passassem a fazer parte da organização.
Até por que, depois de muitas conversas com Raíssa, os três estavam até animados com a novidade. Finalmente a independência financeira.
Estavam ansiosos.
Não viam a hora de tudo começar.
Mas, para tudo dar certo, não poderiam levantar suspeitas. Tinham que ser discretos. Para isso, precisavam mudar seus comportamentos.
Precisavam parecer meninos bem comportados. Precisavam convencer a todos que não estavam fazendo nada de errado.
Assim, Raíssa aconselhou-os, a prestarem mais atenção nas aulas, fazerem anotações no caderno. Se fosse o caso, até participarem efetivamente das aulas.
Contudo, isso teria que ser feito aos poucos, senão, ao invés de os livrarem de suspeitas, os fariam serem alvo de outras e infundadas suspeitas. Por isso, não podiam falhar.
E cientes disso, acataram os conselhos da garota.
Diante disso, dia após dia, Luís, Cláudio e Leocádio cuidaram de acompanhar as aulas com mais atenção. Chegavam até, a responder algumas perguntas que os professores lançavam para a classe.
Diversas vezes, conforme os meses se passavam, passaram a ser elogiados pelos professores.
Agora, diferente de Raíssa, não foram alvo de suspeitas. Satisfeitos, seus respectivos pais, gostaram muito da mudança.
Assim, ao final de quase seis meses de aulas, tudo estava transcorrendo da melhor maneira possível. Mas dado o avançar do ano, já estavam impacientes. Queriam começar a trabalhar.
Já estavam em Agosto e nada do ‘chefão’ dar o sinal de que eles poderiam começar a pôr o plano em prática.
Com isso, finalmente, ao final do mês, Raíssa recebeu o sinal tão esperado.
Finalmente, poderia pôr o plano em prática, o plano tão cuidadosamente estudado durante meses.
Assim, mais do que depressa, tratou de avisar os amigos de podiam começar a executar o plano.
Conforme já combinado, receberam as mercadorias e a guardaram em um depósito secreto.
Dessarte, mais do que depressa, passaram a se organizar para entrar em ação.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.
Poesias
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
A GANGUE DO TERROR - CAPÍTULO 21
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