Lauro, interessado em mostrar a Anne todos os detalhes da vida na fazenda, não se cansava de contar a ela as peripécias que praticara em infância com seu irmão Cláudio, que desde a mais tenra idade, sempre foi muito espoleta.
Por conta do temperamento irrequieto de Cláudio, muitas vezes fora ele que levara a culpa pelo irmão, pelos mal feitos que este fazia. Contudo, Lauro não guardava rancor de Cláudio. Ao contrário, sempre teve muito carinho por ele.
Anne, percebendo o carinho com que Lauro se referia a Cláudio, comentou irônica, que provavelmente a reciproca não era verdadeira.
Lauro, ao notar o tom de mágoa nas palavras da moça, comentou que nem sempre Cláudio era assim, cruel com as pessoas. Variadas vezes o rapaz, prestativo ajudava as pessoas.
Anne, ao ouvir as palavras do amigo, não acreditou nem um pouco nelas. Porém, para não desgostar Lauro, que sempre fora muito gentil com ela, a moça resolveu mudar de assunto. Conversando sobre amenidades, Anne descobriu desapontada, que assim que voltassem da viagem, seria questão de tempo para que o rapaz retornasse ao seminário.
Muito embora Lauro tivesse dúvidas quanto a sua vocação, acreditava que ao retornar ao seminário, novamente encontraria uma direção para sua vida. Sim por que, desde que conhecera Anne, muitas dúvidas passaram a surgir em sua mente.
Encantado com a postura da moça, desde que a conhecera, Lauro percebeu que ela era não como as outras garotas de sua idade. Leitora voraz de livros, Anne surpreendeu até mesmo Claudionor com seu interesse pela literatura.
Nisso os dois foram conhecer, o modo de trabalho na fazenda.
Mais tarde, Lauro e Anne foram novamente cavalgar.
E assim, cavalgando pelos verdejantes campos, os dois se deslumbraram com a beleza do lugar.
No entanto, a despeito das férias maravilhosas que estavam tendo, a moça estava triste. Isso por que, ao saber que sua estada na fazenda estava acabando, Anne foi tomada de um profundo sentimento de nostalgia.
Para ajudar, seu grande amigo, estava prestes a voltar para o seminário.
Isso tudo colaborou para deixar a garota, verdadeiramente desapontada.
Triste com o final das férias e com o fato de que tornaria a ver Cláudio, Anne tentou de todas as maneiras possíveis, encontrar desculpas para adiar o retorno. Inicialmente, bem sucedida, com o passar do tempo, já não tinha mais como evitar o que por si só era inevitável.
Lauro então, percebendo a tristeza e a apreensão de Anne, fazia de tudo para ficar sempre perto dela.
Certo dia, correndo com ela pela fazenda, acabou por trombar nela. Ao caírem no chão, os dois começaram a rir.
Outro dia, na piscina, enquanto Lauro ensinava a Anne uma nova forma de nadar, ao ver que a moça não conseguia boiar, o rapaz tratou logo de ampará-la. Colocando seu braço embaixo das costas dela, foi logo ajudando-a a se posicionar na água.
Nesse instante, os dois quase se beijaram.
Lauro então, finalmente percebeu que estava gostando de Anne.
Anne por sua vez, apesar da pouca idade, já sabia há muito, que o rapaz era uma pessoa muito especial. Tão especial que ela não se cansava de ficar perto dele. Tão especial, que quando fosse chegada a hora da partida, ele a deixaria morrendo de saudade.
Lauro, perturbado com a descoberta, fez de tudo para negar a si mesmo, o que até mesmo Cláudio já havia percebido e revelado levianamente. Talvez seu próprio pai já tivesse percebido.
Nisso, ao aventar essa possibilidade, por um instante o rapaz pensou: Impossível! Se Claudionor desconfiasse dessa possibilidade, jamais deixaria os dois viajarem sozinhos. Não, nem pensar.
Mas o certo é que ele já estava gostando da moça.
Todavia, reticente com relação a isso, Lauro ainda pensava e retornar ao seminário.
E assim, mesmo quando os dois retornaram a casa de Claudionor, Lauro ainda pensava nisso.
Seu pai, percebendo que o rapaz estava mudado, pediu para que ele pensasse um pouco antes de retornar ao seminário.
Lauro, sem compreender bem a atitude do pai, acabou concordando em esperar mais um pouco para se decidir.
Claudionor então, percebendo que o rapaz estava angustiado, aconselhou-o a pensar melhor antes de se decidir. Embora desconhecesse as razões da inquietude do filho, o empresário achou por bem recomendar-lhe que não agisse com precipitação.
Nisso, o finalmente o pedido de guarda definitivo foi concedido a Claudionor. Depois de muito lutar por Anne, finalmente lograra êxito em seu intento.
Quem não ficou nem um pouco feliz com a novidade foi Carla. Contudo, depois de receber uma bela quantia, a mulher deixou de se queixar de Claudionor. Feliz com o dinheiro que ganhou, pensou em comprar uma casa maior e um belo carro para ela.
Antônio porém, alegando que a casa em que viviam estava muito boa para eles, recomendou que o dinheiro ganho fosse guardado, para que numa eventual emergência, os dois pudessem se socorrer com a quantia.
Carla ao ouvir isso, ficou uma fera. Dizendo que estava cansada de viver com tanta dificuldade e tendo de fazer tantas concessões, fez questão de deixar bem claro que compraria uma casa nova, independente de sua vontade.
Érica, Carlos e Elena, ao saberem da novidade, ficaram bastante satisfeitos.
E assim, Antônio foi voto vencido na casa.
Desta forma, foi apenas uma questão de tempo para que Carla comprasse uma nova casa para a família morar.
Maior e mais amplo, o imóvel exigia empregados, para a limpeza.
Carla então, foi logo contratando dois empregados. Não satisfeita, tratou de comprar um carro para ela.
Seus filhos vendo o carro que ela havia comprado, foram logo pedir para que comprasse carros para eles também.
Carla ao ouvir o pleito foi logo lhes dizendo, que se queriam um carro, deveriam trabalhar, e muito para isso.
Érica, Elena e Carlos, ao ouvirem as palavras da mulher, ficaram desapontados. Acreditando que seria muito fácil convencer a mãe a lhes encher de mimos, os três não acreditaram quando ela se recusou a lhes dar um carro.
Chateados, chamaram a mãe de muquirana, mão-de-vaca, pão-dura, e tudo o mais que se referisse a pessoas que não gostavam de esbanjar.
Nesse ponto porém, Carla estava certa. Se ela tencionava ter um patrimônio, não poderia gastar o todo dinheiro que havia ganho de Claudionor. Ainda mais agora. Com a guarda definitiva de Anne nas mãos de Claudionor, seria impossível agora, arrancar dinheiro do empresário.
Mesmo assim, decidida a se dar bem, Carla tentou discretamente, extorquir Claudionor. Todavia, ao tentar, foi logo advertida para que desistisse do intento.
A mulher então, percebendo que não conseguiria arrancar nada do empresário, com a mesma facilidade de antes, resolveu fazer um escândalo. Dizendo que sabia que Cláudio era um criminoso, ameaçou denunciá-lo, caso Claudionor não lhe pagasse, o que segundo ela, havia sido prometido.
Claudionor no entanto, ao saber das ameaças, nem por um momento se dobrou.
Cláudio muito menos. Dizendo ao pai, que não havia com o que se preocupar, sugeriu o rapaz a ele, fazer uma viagem durante algum tempo pelo exterior. Assim, não haveria como ele ser pego.
Claudionor, percebendo que o filho tentava fugir de sua responsabilidade, proibiu-o de sequer pôr os pés para fora de casa. Cancelando cartões de crédito e pondo dois seguranças para vigiar seus passos, Claudionor não deu trégua ao filho, que por diversas vezes, tentou furar o cerco. Sem êxito.
Enquanto isso, procurando se prevenir com relação as ameaças de Carla, Claudionor consultou um advogado.
O causídico então lhe explicou como devia proceder.
Como havia o risco de o rapaz ser processado, o advogado prontificou-se a cuidar do caso.
Claudionor agradeceu o oferecimento.
O advogado então perguntou:
-- Por acaso, quando o senhor tomou conhecimento dos fatos, foi tomada alguma providência, como forma de comprovar a violência?
-- O doutor quer saber se foi realizado exame de corpo de delito, não é assim? ... Pois eu lhe digo, a moça é simples, e nenhuma providência foi tomada com relação a isso.
-- Então quer dizer, que não existe nenhuma prova da violência?
-- Física não. Nem mesmo o bebê que a moça esperava, e que infelizmente, ela acabou abortando. A única prova do que lamentavelmente ocorreu são as pessoas que tomaram conhecimento dos fatos, depois de ocorridos.
-- O senhor se refere a sua família, e a família da moça, não é mesmo?
-- Sim. – respondeu o empresário.
-- E somente Carla tem interesse em levar o caso à justiça, segundo o que o senhor me contou, não é mesmo?
-- Sim. – respondeu novamente o empresário, laconicamente.
-- E a garota? Alguma vez fez menção sobre o assunto, dizendo que queria processar Cláudio?
-- Não, nunca. Provavelmente ela nem sabia que poderia processá-lo.
O advogado então, sugerindo que Claudionor deveria entrar em acordo com Carla, comentou que ela não tinha como provar o que alegava. Além disso, se nem a moça tinha interesse em levar o caso para frente, não havia como ela tomar uma atitude. Ainda mais agora, depois de tanto tempo do ocorrido.
Claudionor então, ficou aliviado.
Mais tarde, explicando ao filho, que o caso não daria em nada, Claudionor, comentou que apesar da barbaridade que ele cometera, não havia com o que se preocupar.
Ao ouvir isso, Cláudio ficou aliviado.
A seguir, conversando com Anne, o empresário constatou que ela não tinha interesse nenhum em processar Cláudio.
Quanto a isso, Claudionor, mesmo satisfeito com a resposta da moça, ainda lhe perguntou se ela tinha certeza que não queria mesmo processá-lo.
Anne insistiu em dizer que não.
Com isso, quando Carla apareceu novamente na casa dos Morais, pronta para fazer um escândalo, Claudionor fez questão de mandá-la entrar. Decidido a não se deixar dobrar pelas ameaças da mulher, o empresário comentou que não lhe daria mais nem um centavo. Em seguida, explicando que havia consultado um advogado criminalista, Claudionor revelou-lhe que não havia nenhuma prova do que ela estava dizendo.
Carla então irritou-se. Dizendo que havia a gravidez e o posterior aborto de Anne, e que ela e toda a família sabiam do ocorrido, etc., ressaltou que tinha muitas provas de que o que estava dizendo, era a mais pura verdade.
Nisso, Claudionor, percebendo a arrogância da mulher, comentou que não havia nenhuma prova material contra seu filho, e que além disso, nem mesmo Anne se interessara em processar o rapaz, por aquilo que ele eventualmente poderia ter feito.
Carla ao ouvir isso, ficou ainda mais irritada.
Claudionor, percebendo isso, comentou que ela poderia fazer o que bem entendesse, pois sem provas, acabaria passando por mentirosa.
A mulher então, percebendo que não havia mais como extorquir o empresário, alegou que ele ainda iria se arrepender de tudo aquilo que estava fazendo.
Claudionor porém, nem ligou. Sabendo que aquelas palavras não tinham o menor fundamento, resolveu deixar de lado as ameaças.
Enquanto isso, Lauro, que havia prometido ao pai pensar melhor no assunto referente a seu retorno ao seminário, depois de muito pensar e meditar, chegou finalmente a uma conclusão. Entrementes, antes de contar a todos, qual era sua decisão, o rapaz decidiu primeiro conversar com seu pai, para depois revelar o que se passava em seu ser.
Claudionor notando que o assunto era sério, pediu aos empregados, que ninguém os interrompesse.
Fechados no escritório, pai e filho conversaram.
Lauro, procurando encontrar coragem, começou dizendo que já havia tomado sua decisão.
Curioso, o pai logo quis saber qual era a resposta.
Lauro então, dizendo que precisava contar primeiro o que se passava com ele, comentou que desde que voltara para casa, muita coisa mudou.
Claudionor então, relatou que já havia percebido que ele estava diferente.
-- Pois bem. – continuou o rapaz – É verdade! Muita coisa mudou nesta casa. Principalmente depois que Anne veio morar conosco.
Espantado, Claudionor, perguntou:
-- Mas o que Anne tem a ver com isso?
-- Muito. – respondeu o rapaz, cheio de coragem. – Muito. Anne é uma garota extraordinária! O senhor o sabe, muito melhor que eu. Tanto que até a acolheu em casa sem nem conhecê-la direito. Pois bem ... eu vou contar. Desde que nos conhecemos nos tornamos grandes amigos.
-- E...? – perguntou Claudionor.
-- E ... bom, nós fomos para a fazenda, ficamos nos divertindo por lá. Foi muito bom ficar algumas semanas ali. Foi lá que eu descobri algo que já devia saber há muito tempo, mas que ainda não havia me dado conta.
-- E o que era, Lauro? Fale meu filho. Fale.
O noviço então abriu o coração e disse de uma vez só:
-- Já faz muito tempo que eu estou enamorado de Anne. O senhor não havia percebido?
Claudionor ficou então, estupefato. Sem saber o que dizer nem o que pensar, comentou que a única coisa que havia percebido, era a evidente tristeza de Anne depois que voltaram da viagem. Porém, toda a vez que perguntava a moça sobre o que estava acontecendo, Anne se fechava em copas.
Revelando que estava preocupado com a tristeza da moça, Claudionor finalmente juntou os fatos, e percebeu a razão de tudo.
Lauro então confirmou:
-- Sim, esta era a razão da tristeza de todos nós... Mas, espera aí! O senhor nem desconfiava?
Claudionor respondeu que não.
Lauro então respondeu:
-- Mas até Cláudio, que sempre se preocupou mais com o próprio umbigo do que com o que acontecia nesta casa, percebeu...
-- Pois é. Eu não percebi. Durante todo esse tempo eu estava tão preocupado com meu trabalho, que nem sequer meu dei conta de quanto as coisas haviam mudado nesta casa. Me desculpe meu filho.
Preocupado, Lauro perguntou-lhe se ele não iria tentar impedir o relacionamento dos dois.
Claudionor respondeu que não. Com isso, ao saber da novidade, perguntou então ao rapaz:
-- Então meu jovem. Qual é a sua decisão?
-- Eu não vou mais voltar ao seminário.
Claudionor abraçou o filho.
Feliz com a decisão de Lauro, pediu logo para que uma das empregadas chamasse Anne e Cláudio. Ansioso para contar a novidade, assim que os dois entraram na biblioteca, Claudionor comentou que Lauro não voltaria mais para o seminário.
Cláudio, ao saber da novidade, comentou irônico:
-- Mas eu já imaginava! Depois que eu vi como ele e Anne se tratavam pensei: Aí tem coisa!
Anne ao ouvir as palavras de Cláudio, ficou logo sem graça.
Lauro então, percebendo isso, comentou que se decidiu por abandonar o seminário, por que não agüentava mais de saudades da família.
Com isso, tanto Cláudio, quanto Claudionor, ao ouvirem as palavras do rapaz, fizeram pouco caso.
Lauro então, prosseguindo, comentou, que além da família, havia outro motivo imperioso para ficar. Dizendo que havia conhecido alguém muito especial, Lauro prosseguiu. Era alguém, tão especial que ele nunca mais queria deixar de vê-la. Enchendo-se de coragem, finalmente comentou que queria muito namorar Anne.
A moça, ao ouvir a proposta ficou inicialmente surpresa. Por esta razão, Anne relutou um pouco em concordar com isso, mas depois de ouvir Cláudio e Claudionor aconselhando-a, a moça acabou aceitando.
E assim, os dois passaram a namorar.
Andando de braços dados pelo quintal da mansão, os dois ficavam a conversar e a namorar também. A sombra das árvores da casa, Anne e Lauro fizeram muitos planos juntos.
Nadando juntos na piscina da mansão, finalmente Lauro ensinou Anne a nadar, tão bem quanto ele.
Nisso, quando Cláudio via os dois juntos, chegava a sentir até, uma pontinha de inveja. Porém, o rapaz nunca pensou em atrapalhar o relacionamento dos dois. Isso por que, percebendo o mal que fizera a Anne, finalmente Cláudio notou que não tinha sequer o direito que pensar nisso. E assim, procurando se redimir, passou a tratar Anne de uma forma melhor.
Enquanto isso, Anne e Lauro se entendiam às mil maravilhas.
As pessoas, quando os viam nas ruas sempre juntos, não se cansavam dizer que nunca tinham visto um casalzinho mais lindo.
Anne e Lauro, sempre que eram parados para ouvirem essas palavras tão gentis, sorriam para as pessoas.
Era realmente, um encanto vê-los juntos.
Tanto era, que Claudionor, feliz por ver os dois juntos, não se cansava de tirar fotos do belo casal.
Como Anne era ainda muito nova, havia muito tempo ainda, para se pensar em casamento. Assim, Anne prosseguiu com seus estudos, e Lauro, e assim que abandonou o seminário, resolveu fazer uma faculdade.
Cláudio então, resolvendo tomar um pouco de juízo, concluiu os estudos e passou a auxiliar seu pai nos negócios.
Com isso, apesar de Cláudio e seu pai não terem levado muito a sério o namoro de Lauro e Anne, quando viram os dois planejando o casamento, finalmente se convenceram que eles ficariam juntos.
E assim, depois de Anne terminar a faculdade de história, casou-se com Lauro.
Claudionor que foi responsável pela garota enquanto ela era menor, agora não exercia nenhuma influência ou poder sobre ela.
Anne então sem o peso de um tutor, estava livre para se casar com quem quisesse. E assim, finalmente, depois de oito anos de convivência com a família Morais, casou-se.
Já Cláudio, mesmo acostumando-se com a vida de responsabilidades, não queria nem saber de casamento. Muito embora já tivesse pedido desculpas por tudo o que fizera a Anne e de a moça o ter desculpado, o rapaz nunca se interessou em ter um relacionamento sério.
Claudionor lamentava isso, profundamente.
Mas era o jeito de Cláudio. Muito embora estivesse mais responsável com relação a família, ainda não havia encontrado a pessoa que o faria desistir de ser um solteirão.
Mas Claudionor acreditava que algum dia, seu filho encontraria a pessoa certa.
Nisso Antônio, pai de criação de Anne, tomado de saudades da moça, ao saber que ela havia se casado, resolveu olhá-la de longe, enquanto passeava com seu marido. Sem querer atrapalhar, nem sequer se aproximou.
Feliz, mesmo depois de anos, sentia que Anne era como se fora da família.
Contudo, sem coragem para se aproximar, diversas vezes, escreveu-lhe cartas. Dizendo que estava bem, comentou que sentia muitas saudades dela.
Anne quando lia essas missivas, chorava de tristeza. Chorava por se lembrar da sua vida com sua família. Chorava também, por que sabia que ele não era feliz vivendo daquela forma, e que ela não podia fazer nada para mudar isso. Chorava também, ao se lembrar que uma mulher, de nome Estela, a abandonou.
Quanto a isso, descobriu que, pouco antes de Anne se acertar com Lauro, uma mulher estranha apareceu na casa de Claudionor, e dizendo ser mãe da moça que ali morava, comentou que só a abandonou por que o pai, não quisera assumir a criança.
Anne ficou chocada com a revelação. Sem entender o que estava acontecendo, Anne foi pedir explicações de Claudionor, que então, lhe contou toda a história.
Com isso, quatro anos depois do ocorrido, Anne ainda não conseguia aceitar a idéia de que tinha uma mãe biológica. Por isso mesmo, a moça nunca tratou Estela como mãe, e, mesmo quando ela tentou lhe explicar o por quê de seu gesto, Anne não demonstrou nenhum interesse em ouvir sua história.
E assim, mesmo diante dos pedidos de Lauro, para que entendesse Estela, Anne não quis saber.
Contudo, certo dia, depois de muito insistirem, Anne acabou atendendo a mulher, e ouvindo sua história. Cansada de guardar tantas mágoas de seu passado, Anne finalmente perdoou Estela. Contudo, mesmo ao perdoá-la, a moça fez questão de deixar bem claro, que ela não fazia parte de sua vida.
Estela, ao ouvir as palavras da filha, ficou profundamente triste, mas convencida de que Anne ainda deixaria ela partilhar um pouquinho de sua felicidade, esperou pacientemente que isto acontecesse.
Todavia, isso só foi acontecer quando a moça teve um filho.
Anne então entendeu que Estela só a deixara na porta daquela família, por acreditou que estava fazendo o melhor.
Com isso, a moça, determinada a acertar as contas com seu passado, chamou Antônio para conversar e disse-lhe que poderia ver a neta quantas vezes quisesse.
O homem, em virtude disso, ficou muito feliz e prometeu que sempre que pudesse, passaria para visitar a criança.
Porém, a despeito disso, Antônio continuava com o semblante triste. Contudo, era só pegar a criança, para logo ficar radiante e feliz.
Rafael, Enrique e Otávio, amigos de escola de Anne, também estavam casados.
Carla, continuava casada com Antônio. Já seus filhos, cada um tinha tomado um rumo diferente. As moças, casaram-se, já o rapaz, caiu no mundo e nunca mais se ouviu falar em seu nome. Dizem as más línguas, que entrou para o mundo do crime. Outros talvez mais cautelosos, comentam que arrumou uma madame rica para sustentá-lo.
Já Cláudio, cada dia estava com uma mulher diferente.
E Anne e Lauro, casados, continuavam muito unidos.
Recordando os primeiros tempos. Os tempos em que se gostavam mas não tinham coragem de assumir, os dois se lembraram da primeira estada na fazenda, e do quanto se divertiram.
Felizes, sempre que queriam ficar a sós, iam para lá. E lá, eram sempre felizes.
Porém, a primeira viagem que fizeram juntos, por melhores que fossem as posteriores, nunca embotaram a lembrança da mais linda viagem que fizeram.
A viagem para um tempo de sonhos.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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