Poesias

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

TEMPOS DE OUTRORA - CAPÍTULO 29

Nisso a vida desses jovens prosseguiu.
Letícia mesmo sendo uma boa mãe para Antônio, continuava desafiando Álvaro. 
Isso por que, mesmo grávida, Letícia, continuava cavalgando sem parar. Dizendo que tinha que cuidar da propriedade onde morava, não falhava um dia.
Álvaro porém, não conseguia ficar calmo ao ver a mulher, segundo ele, se arriscando.
Nisso, Antônio, acompanhando a mãe, também aprendeu a andar a cavalo.
Álvaro, percebendo que não conseguiria convencê-la a parar, resolveu, depois de muito brigar, acompanhá-la em suas incursões pela propriedade. 
Enquanto isso, Horácio – detetive contratado por Rogério –, procurava saber por onde andava Júlio. 
Isso por que Letícia ansiava encontrar o amigo que em dos momentos mais difíceis de sua vida, a auxiliou. 
Nisso, quando finalmente o detetive encontrou o paradeiro dele, Letícia, esperançosa de voltar a ver o amigo, descobriu que o mesmo fora morto. Arrasada ao descobrir a verdade, não conseguia deixar de pensar que quem o havia matado fora Otávio. 
No entanto, essa era uma pergunta que nunca seria respondida. 
Isso por que, Otávio, que preferira a solidão a tornar a sofrer novas decepções, acabou vivendo os seus últimos dias sozinho. Mesmo quando seu filho apareceu para buscá-lo, Otávio se recusou a acompanhá-lo. Dizendo que preferia ficar sozinho, comentou que morreria ali.
Para Rafael, ouvir as palavras duras de seu pai, foi extremamente doloroso. Mas ciente da escolha que Otávio fizera, nunca mais voltou a vê-lo.
Com isso, Rogério, que gostava de Letícia, percebendo que nunca teria chances com ela, resolveu se casar com Margarida. A mesma que flertara Letícia, acreditando ser ela Ticiano.
Rafael também se casou com uma moça da Corte e vivendo por lá, se tornou guarda-livros.
Já Letícia, Antônio, Álvaro e Júlio, – o último, era o mais novo membro da família, que recebera este nome em homenagem a um grande amigo da moça –  faziam tudo para serem felizes.
Nisso Antônio que já era moço, começou a namorar uma jovem da região. Desta forma, dentro em breve ele também partiria.
Triste Letícia constatou que toda a sua vida se constituiu em despedidas. Álvaro, percebendo o desalento dela, comentou que apesar de doloridas, as despedidas eram inevitáveis. Além disso, todos um dia se deparavam com isso, até mesmo ele.
Letícia, com os olhos cheios de lágrimas, percebeu então que Álvaro também sofrera perdas. Muito jovem perdeu seus pais, e muito cedo teve que cuidar do patrimônio da família.
Ao ouvir as palavras do esposo, Letícia, percebeu então, que apesar de tudo, era uma pessoa de sorte. Afortunada por ter tido o privilégio de ter amigos com Rogério, ele, Rafael seu irmão, seus dois filhos Júlio e Antonio. Sortuda, por que pôde ter, mesmo que tardiamente uma família. Quantos não passavam a vida inteira sozinhos? Sim, apesar das tristezas, Letícia era uma pessoa de sorte. Amada por quase todos os que a conheciam, ainda que carregasse muitas tristezas em sua vida, ainda assim, possuía motivos para sorrir.
Pensando nisso, Letícia percebeu que era o chegado o tempo de ser feliz.  
Com isso, quando finalmente Antônio partiu, mesmo triste, Letícia não derramou uma lágrima. Feliz por seu filho estar buscando a felicidade, pediu a ele para que fosse eternamente feliz.
Antônio prometeu a mãe que nunca mais seria triste. Contente, pediu para que ela fizesse o mesmo. Letícia prometeu que o faria. 
Nisso, Julinho, que estava crescido, passou a acompanhar os pais em suas cavalgadas diárias. 
Essa era a lembrança mais querida dele. Isso por que, depois que os dois faleceram, era assim que ele gostava de se lembrar dos ambos. 
Com isso, Rafael e sua esposa, Rogério e Margarida, entre outros, ao saberem do passamento dos dois, ficaram pesarosos com a notícia. Por esta razão todos foram dar pêsames aos filhos do casal, Júlio e Antônio.
Júlio nessa época, já tinha quatorze anos, mas era ainda muito jovem para ficar sozinho. Por esta razão, passou a ser cuidado por Antônio. E mesmo tendo Antônio como irmão, nunca o desrespeitou. 
E assim Júlio, depois de viver toda a sua vida com os pais, agora tinha que se acostumar com uma nova família. Triste com a perda dos pais, ainda assim, só conseguia se lembrar dos momentos felizes com eles. 
Com isso Antônio assim como Júlio, adorava se lembrar das cavalgadas. 
Júlio também gostava de se lembrar de quando, mesmo em tempo de muito frio, passeava com eles a cavalo. E apesar do frio, sentia-se aconchegado por ter sempre a presença dos dois por perto.
Agora, não mais.   

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.   

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